11/01/2011
Maria Cristina Weitzel Tavela
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Ensino Médio | Literatura | Literatura brasileira, clássica e contemporânea: criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada |
Ensino Médio | Literatura | Estudos literários: análise e reflexão |
Ler poemas de Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga;
identificar, em textos literários do Arcadismo, marcas discursivas e ideológicas dessa poética e seus efeitos de sentido;
relacionar características discursivas e ideológicas de obras árcades ao contexto histórico de sua produção, circulação e recepção;
reconhecer e caracterizar a contribuição dos principais autores árcades nacionais para a literatura brasileira;
reconhecer e relacionar as marcas discursivas do eu-lírico com a biografia do autor.
Habilidades básicas de leitura e escrita;
Iniciação ao estudo do Arcadismo.
Professor, esta aula se destina a analisar alguns textos de poetas árcades brasileiros, especificamente, Cláudio Manuel da Costa (sonetos) e Tomás Antônio Gonzaga (Marília de Dirceu) a fim de verificar como em seus poemas surgem marcas de sua biografia, e por outro lado, o que podemos classificar de fingimento pastoril, moldado às regras de composição da época.
Como os alunos, iniciados no estudo do Arcadismo, já têm uma noção do que são as características mais comuns deste estilo poético, tais como: a evocação da vida bucólica e simples no campo e o uso de pseudônimos de pastores, inicie com eles uma discussão sobre a vida de tais autores contrapondo suas biografias ao eu-lírico de seus poemas.
(1) indique para eles os dois links, abaixo, para a pesquisa biográfica sobre Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga:
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=836&sid=134
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=804&sid=332
(2) Baseando-se nas biografias dos autores, peça para os alunos destacarem e inferirem:
a) a profissão exercida pelos poetas.
b) o local onde exerceram essas profissões.
c) sua classe social.
d) dados relativos à sua participação na Inconfidênca Mineira.
(3) Peça para registrarem esses dados no caderno, pois serão úteis para o desenvolvimento das outras atividades.
Nesta segunda atividade, os alunos deverão buscar nos sonetos de Cláudio Manuel da Costa os elementos para a comparação entre a voz biográfica (autor) e a voz artística (eu-lírico).
Cláudio Manuel da Costa
http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=134
Seus sonetos estão em domínio público e podem ser facilmente encontrados na internet. Abaixo, a sugestão de um site:
http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/claudio.html
Considerado nosso primeiro árcade e o mais fiel às normas de composição do período, Cláudio Manuel utilizou como pseudônimo pastoril o nome de "Glauceste Satúrnio".
Sua poesia apresenta desde a artificialidade da linguagem pastoril e a de imitação européia (as ninfas e dríades), até a inclusão de marcas naturais do ambiente rústico que os rodeava (as paisagens montanhosas de Mariana e Ouro Preto - Vila Rica), como o Ribeirão do Carmo e os rochedos e penhascos.
(1) indique para os alunos a pesquisa dos seguintes sonetos: III, IV, V, VIII, X, XIV, XV, XX (outros poderão ser utilizados a gosto dos alunos).
(2) divida a turma em grupos de três alunos e sorteie um destes poemas para cada grupo.
(3) peça para compararem o eu-lírico dos textos pastoris com os dados da biografia do autor colhidos na atividade 1.
(4) instrua seus alunos a apresentar um seminário oral sobre o poema escolhido seguindo os seguintes critérios (poderá ter como suporte datashow, retroprojetor, o quadro, ou apresentado de maneira cênica etc):
a) leitura do poema.
b) o que o eu-lírico diz de si no poema, como descrevê-lo?
c) qual nome de musa (mulher desejada) surge nos sonetos?
d) como são caracterizadas a vida no campo e na cidade?
(5) sugira que cada grupo, após a apresentação, apresente uma relação comparativa para a turma entre o eu-biográfico e o eu-poético (características sociais de cada um).
Ao fim da atividade, deverá estar claro para os alunos que o fingimento pastoril perpassa todos esses sonetos, embora haja aspectos da natureza local, que os aproximam da "vida" do autor. O eu-lírico, porém, sempre revela-se conforme os ideais de rusticidade e bucolismo do arcadismo, além de manifestar seu desejo platônico pelas diversas musas percebidas nos textos: Nise, Francelina, Daliana, Anarda etc. Bastará os alunos lembrarem, após a comparação entre eu-biográfico e eu-poético, que o primeiro era um homem intelectual e fazia parte de uma classe burguesa e vivia na cidade, com posses, portanto, de maneira muito mais confortável do que numa rústica cabana, além de não ter sido casado.
Para a terceira atividade serão analisados textos de Tomás Antônio Gonzaga, incluídos no seu livro "Marília de Dirceu", o qual é dividido em três partes.
O livro está disponível em vários sites, como este:
http://pt.poesia.wikia.com/wiki/Marília_de_Dirceu
Tomás Antônio Gonzaga
http://www.almanaquebrasil.com.br/voce-sabia/flor-de-17-poeta-de-40/
Suposta imagem de Maria Joaquina Dorotéia de Seixxas
http://www.tribunadonorte.com.br/especiais/brasil/brasil_fasc.php?fasc=7
A divisão em partes é importante para compreendermos certa "divisão" biográfica do poeta.
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), como visto na biografia pesquisada na primeira atividade, desempenhou o cargo de Ouvidor (magistrado) da Coroa Portuguesa em Vila Rica.
Gonzaga utilizava o pseudônimo pastoril "Dirceu", era noivo da jovem Maria Joaquina Dorotéia de Seixas a quem dedicou vários poemas sob o pseudônimo de "Marília".
Na primeira parte do livro podemos perceber a felicidade bucólica e o farto uso das convenções pastoris na relação entre Dirceu e Marília.
(1) indique para os alunos a pesquisa da Lira I:
http://pt.poesia.wikia.com/wiki/Marília_de_Dirceu/I/I
Se os poemas da primeira parte de Marília de Dirceu apresentam o modelo acabado do equilíbrio neoclássico, os da segunda parte da obra – escrita durante os três anos (1789-1792) vividos por Gonzaga na prisão da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, aguardando seu julgamento, longe da amada e na incerteza quanto ao futuro.
Nesta parte, podemos perceber o quanto o poeta, ao contrário de Cláudio Manuel da Costa, dá vazão ao seu egocentrismo, distanciando-se das artificialidades do pastoralismo e aproximando-se da subjetividade romântica.
(2) indique para os alunos a pesquisa das Liras XVIII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII da segunda parte do livro de Gonzaga.
http://pt.poesia.wikia.com/wiki/Marília_de_Dirceu/II/XVIII
http://pt.poesia.wikia.com/wiki/Marília_de_Dirceu/II/XIX
http://pt.poesia.wikia.com/wiki/Marília_de_Dirceu/II/XX
http://pt.poesia.wikia.com/wiki/Marília_de_Dirceu/II/XXI
http://pt.poesia.wikia.com/wiki/Marília_de_Dirceu/II/XXII
http://pt.poesia.wikia.com/wiki/Marília_de_Dirceu/II/XXIII
Após a pesquisa:
(3) peça aos alunos para destacarem dos poemas da segunda parte os trechos nos quais Dirceu menciona seu drama para a amada Marília.
(4) sugira que comparem estes poemas com a Lira I, entre outros da primeira parte.
(5) peça para apontarem oralmente, fazendo leituras dos trechos, quais são aqueles em que podemos relacionar o eu-artístico com o eu-biográfico (observar a linguagem alegórica da vidapastoral e relacioná-la aos aspectos históricos da vida de Gonzaga).
A partir destas leituras e comparações, os alunos poderão perceber que, apesar de nossos árcades em boa parte de sua obra obedecerem aos preceitos de escola, isto é, às convenções e regras da linguagem poética do período, em outros momentos, como visto na obra de Gonzaga, há espaço nos versos para os fatos históricos e para os dramas pessoais.
A prisão do desembargador nomeado da Relação da Bahia Tomás Antônio Gonzaga, entre 1789 e 1793, na Ilha das Cobras, ou na da Ordem Terceira de Santo Antônio, ambas no Rio de Janeiro, acusado por crime de lesa-majestade, pela participação na conspiração contra o Estado português, a Inconfidência Mineira. Portanto, o conhecimento da biografia é importante para a análise dos poemas.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1978.
CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1975.
CANDIDO, Antonio. Na sala de aula. São Paulo: Ática, 1998.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: Era Barroca; Era Neoclássica. São Paulo: Global, 2004.
FREITAS, Daniela Denize. Dicionário Ilustrado da Inconfidência Mineira. Belo Horizonte: 2008.
http://pt.shvoong.com/books/novel-novella/1655922-mais-bela-noiva-vila-rica/
http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S0034-83091998000200008&script=sci_arttext
http://www.unicentro.br/editora/revistas/guairaca/18/artigo%20%206%20tom%E1s%20gonzaga.pdf
http://lusitanocoelhomg2004.blogspot.com/2010/09/os-autos-de-devassa.html
Para a avaliação indique a pesquisa da Lira III, da terceira parte de "Marília de Dirceu":
http://pt.poesia.wikia.com/wiki/Marília_de_Dirceu/III/III
Após a pesquisa:
(1) sugira que os alunos anotem no caderno e depois escrevam no quadro as possíveis marcas da biografia do poeta e da vida social de Vila Rica incluídas no texto.
Avalie-os pela capacidade de perceber a referência aos negros cativos, trabalhadores das minas e na cultura do fumo e da cana para a produção de aguardente, e, principalmente, a relação entre Dirceu (não mais descrito como pastor), e seu trabalho (intelectual), relacionado aos volumes de livros consultados para decidir os pleitos, conforme a profissão de ouvidor, exercida por Gonzaga.
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