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A recuperação anafórica e a interpretação dêitica na produção de sentidos

 

11/01/2011

Autor e Coautor(es)
Marilene de Mattos Salles
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Língua Portuguesa Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

O objetivo desta aula é levar o aluno a perceber que muitas vezes precisamos considerar a ‘situação’ (ou contexto situacional) para produzirmos os sentidos dos enunciados. Inicialmente, será feita uma recordação da coesão referencial (anáfora e catáfora: sentidos das expressões recuperados no próprio texto); em seguida, o aluno será apresentado ao conceito de dêixis (sentidos das expressões ancorados no contexto).    

Duração das atividades
4 horas/aula
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Aulas elaboradas para alunos do 1° ano do ensino médio, que já tenham sido apresentados ao conceito de coesão referencial e que saibam identificar diferentes formas de referenciação.             

Estratégias e recursos da aula

Aula 1   

Professor: inicie a aula, apresentando aos alunos pequenos textos, para que eles construam o sentido das expressões referenciais que estão em negrito. Você poderá usar como recurso o data-show e projetar os textos em sala de aula mesmo. Não sendo possível, faça cópias xerocadas ou use o quadro de giz.   

1) Noivo foge e vai pescar; volta e quer casar   

Há uma famosa música sertaneja que diz: “ta nervoso?/ vai pescar.” Foi isso o que fez na cidade paulista de Ribeirão Preto o pedreiro Antônio Mondim. O problema é que ele ficou nervoso na véspera de seu casamento, e tudo porque brigara com a noiva, Sueli Casarotti. Antônio “se mandou” para pescar, só que juntamente com o anzol e a vara carregou R$ 19 mil, um carro e uma moto que pertencem a Sueli. Ela soube da fuga quando estava no salão de cabeleireiro se emperiquitando para o casório e, de , foi direto à delegacia. De repente o noivo voltou, sem peixe mas com a convicção de que quer mesmo casar [...]. Ela o perdoou porque o amor é lindo: “foi tudo um mal-entendido”. Antônio garante: “eu a amo demais”[...]                                  

(Revista ISTOÉ, Semana, Comportamento, 4/8/2010)   

a) Quais expressões se referem ao pedreiro Antônio Mondim?

(Resp.: ele, seu, Antônio, o noivo, o, Antônio, eu)   

b) Como você pode identificar o referente das formas em negrito?

(Resp.: a identificação pode ser feita recuperando-se o referente no próprio texto. Assim:

Ele – refere a Antônio Mondim

Seu (casamento) – (casamento) de Antônio Mondim

Antônio – primeiro nome de Antônio Mondim

O noivo – diz respeito a Antônio Mondim

O (perdoou)- ( perdoou) Antônio

Eu – Antônio Mondim referindo-se a si mesmo.   

Observação: repare que todas as formas referenciais (ele, seu, Antônio, o noivo, o, eu) referem-se a Antônio Mondim, nome já citado anteriormente. Esse é um caso de coesão referencial por anáfora.   

c) Quais delas se referem à noiva? (Resp.: Sueli Casarotti, Sueli, ela, ela, a)   

d) E quanto às formas abaixo, a que se referem?

Isso -

Lá  -

(Resp.: ‘isso’ se refere ao fato de Antônio supostamente ter ido pescar, porque estava nervoso; ‘lá' diz respeito a ‘salão de cabeleireiro’.)   

e) E quanto à expressão ‘tudo’ (linha 2 e linha 6)?

(Resp.: nos dois casos ‘tudo’ tem a ver com a briga que gerou o nervosismo).   

f) Verifique e explique de que forma os referentes foram retomados.   

(Resp.: todos os referentes foram retomados no próprio texto, por anáfora. Por exemplo, podemos recuperar a que a expressão ‘isso’ se refere voltando a algo já citado no texto.)  

2) Uma obra inédita de Van Gogh é descoberta na França   

Um quadro até então desconhecido do pintor pós-impressionista holandês Vincent Van Gogh foi encontrado em um museu da França. A ele o autor deu o nome “Le Blute-Fin” (retrata o moinho homônimo localizado em Paris) e foi pintado em 1886. A tela já pertenceu a Dirk Hannema, antigo diretor do museu Boyman Van Beunigen, na Holanda. A sua autenticidade foi atestada pelo museu Van Gogh, em Amsterdã.                                        

(Revista ISTOÉ, Semana, Museu, 3/3/2010)   

a) A primeira referência que se faz à obra encontrada é  ‘Um quadro ... do pintor  pós-impressionista holandês Vincent Van Gogh’, um sintagma nominal bastante extenso. Identifique as demais formas referenciais do mesmo referente (a obra encontrada).

(Resp.: ele, “Le Blute-Fin”, a tela, sua)   

b) Como foi possível identificar o referente, por exemplo, da expressão ‘ele’?

(Resp.:  retomando no próprio texto o referente já citado. Também aqui o caso é de retomada anafórica.)  

3) Arara  e aqui 

Praticamente extinta no Brasil, a ararinha azul está encontrando na Espanha um novo lar. Foi divulgada a foto de um novo exemplar dessa espécie, a quinta a nascer naquele país. A ave pertence ao governo brasileiro e faz parte de um projeto de recuperação montado em parceria com a ONG Loro Parque Fundación, cuja sede fica na ilha espanhola de Tenerife. Já foram investidos US$ 720 mil. Já se obteve oito ararinhas azuis.                                           

(Revista ISTOÉ, Semana, Cidades, 4/8/2010)

a) A simples leitura do título do texto permite identificar a que se refere as expressões ‘lá’ e ‘aqui’?  

(Resp.: não)   

b) Leia o texto e verifique se é possível fazer a identificação.

(Resp.: lendo o texto, chegamos à conclusão de que ‘lá’ se refere à Espanha; ‘aqui’ diz respeito ao Brasil.)    

c) A recuperação de ‘lá’ e ‘aqui’ também se dá por anáfora?

(Resp.: não, pois os referentes de ‘lá’ e ‘aqui’ ainda não haviam sido citados. Eles são recuperados posteriormente. Quando isso ocorre, temos um caso de coesão referencial por catáfora.)

Professor: após ter recordado com os alunos o conceito de coesão referencial (por anáfora e catáfora), proponha que eles resolvam a atividade abaixo, por escrito, em dupla. Faça a correção no final da aula. Antes, pergunte se eles sabem o que quer dizer ambiguidade. Caso não saibam ou não se recordem, peçam que anotem o conceito e o exemplo abaixo.

 

Ambiguidade: é a duplicidade de sentidos que pode haver em uma palavra, em uma frase ou num texto inteiro. Ela pode ser utilizada como recurso de expressão em textos poéticos, publicitários, humorísticos, em quadrinhos e anedotas.

 

Exemplo na propaganda: Não tem nada igual ao abraço de uma mulher quentinha. (Anúncio das Lãs Cisne.)   

 

Ambiguidade como problema de construção: nesse caso, haverá dificuldade para se compreender o texto e  a intenção comunicativa do enunciador.   

 

Exemplo: Álvaro disse a Paulo que ele chegaria primeiro. (A expressão ‘ele’ é ambígua, pois tanto se refere a Álvaro quanto a Paulo.)

 Atividade 1

Leia as frases abaixo e identifique por que elas apresentam ambiguidade. Em seguida, reescreva cada frase de forma a eliminar o duplo sentido.       

a) Comi uma macarronada na casa da minha prima que é uma delícia.   

b) Durante o jogo, Lúcio deu várias caneladas em Guilherme. Depois entrou o Marcelo no jogo e ele levou vários empurrões e pontapés.

Atividade 2     

Leia abaixo dois avisos paroquiais (verídicos). Em seguida, explique por que eles são engraçados. Depois, faça as devidas correções de acordo com a verdadeira intenção do comunicador.   

a) Na sexta-feira às sete, os meninos do Oratório farão uma representação da obra Hamlet, de Shakespeare, no salão da igreja. Toda a comunidade está convidada para tomar parte nesta tragédia.   

(Resp.: nesse caso, o leitor pode interpretar ‘nesta tragédia’ retomando anaforicamente dois referentes: a obra de Shakespeare ou a apresentação dos meninos do oratório. Portanto existe um problema de ambiguidade. A intenção do comunicador, certamente, é fazer referência à obra de Shakespeare.)   

b) Prezadas senhoras, não esqueçam a próxima venda para beneficência. É uma boa ocasião para se livrar das coisas inúteis que há na sua casa. Tragam os seus maridos! (Resp.: O problema aqui é que certamente o comunicador não quis enquadrar  ‘maridos’ como ‘coisas inúteis’. Essa interpretação é possível, mas  o texto é um aviso paroquial e não uma anedota.)

Aula 2   

Professor: inicie a aula, projetando a imagem abaixo.

http://www.ricardoazevedo.com.br/Se_aquilo.jpg

Promova uma breve discussão a respeito da obra, perguntando:

a) Conhecem o autor Ricardo Azevedo?

b) E quanto a essa obra, já a conheciam? Já leram algum dos contos que ela contém?

c) O que têm a dizer sobre a capa? Alguém se arrisca a apresentar alguma hipótese sobre o conteúdo da obra a partir da ilustração feita?

A seguir, informe que eles vão ler um pequeno conto desse livro denominado "Aquilo". Distribua cópias xerocadas e solicite que um aluno faça a leitura em voz alta.       

AQUILO   

Quando aquilo apareceu na cidade, teve gente que levou um susto. Teve gente que caiu na risada. Teve gente que tremeu de medo. E gente que achou uma delícia. E gente arrancando os cabelos. E gente soltando rojões. E gente mordendo a língua, perdendo o sono gritando viva, roendo as unhas, batendo palmas, fugindo apavorada e ainda gente ficando muito, muito feliz 

Uns tinham certeza de que aquilo não podia ser de jeito nenhum.

Outros também tinham certeza. Disseram: - Viva! Que bom! Até que enfim!

Muitos ficaram preocupados. Exigiram que aquilo fosse proibido. Garantiram que aquilo era impossível. Que aquilo era errado. Que aquilo podia ser muito perigoso.

Outros, tranquilos, festejaram, deram risada, comemoraram e, abraçados, saíram pelas ruas, cantando e dançando felizes da vida.

Alguns, inconformados, resolveram perseguir aquilo. Disseram que aquilo não valia nada. Disseram que era preciso acabar logo com aquilo ou, pelo menos, pegar e mandar aquilo para bem longe.

Muitos defenderam e elogiaram aquilo. Juraram que aquilo era bom. Que aquilo ia ser melhor para todos. Que esperavam aquilo faz tempo. Que aquilo era importante, bonito e precioso.

Alguém decidiu acabar com aquilo de qualquer jeito.

Mas outro alguém disse não! E foi correndo esconder aquilo devagarinho no fundo do coração.

Professor: terminada a leitura, pergunte aos alunos se, no próprio texto, é possível estabelecer um sentido para a expressão ‘aquilo’. Como não é possível, dê um prazo para que eles conversem entre si e discutam algumas interpretações. Peça que eles expressem as suas conclusões. Algumas certamente serão sérias, outras mais divertidas.

Informe aos seus alunos que muitas vezes necessitamos lançar mão de um contexto extralinguístico para produzir sentidos, ou seja, o sentido de uma expressão linguística vai depender  do contexto situacional. Ao produzir o sentido de ‘aquilo’ muitas histórias, cenas,  foram criadas por eles, possibilitando inúmeras interpretações.    

Para se informar, leia as considerações abaixo sobre contexto situacional e dêixis. Faça um resumo dessa teoria de acordo com o perfil da sua turma e coloque no quadro.    

 

Contexto situacional   

 

Todo falante reconhece, mais ou menos empiricamente, que sempre que codifica ou interpreta uma frase de sua língua faz uso de determinados conhecimentos que lhe são facultados pela situação em que a frase é usada.   

 

O contexto situacional é um aspecto central da comunicação: aos fatores linguísticos associam-se os não-linguísticos, como os papéis sociais, as identidades, as atitudes, os comportamentos e as crenças dos participantes, assim como as relações que se estabelecem entre eles para a produção do sentido.   

 

No entanto, existem regras e princípios, estabelecidos pela pragmática,  que determinam os limites contextuais da atividade verbal. Assim, existem restrições contextuais para as interpretações. Muitas vezes, a quebra  dessas restrições podem gerar humor. 

 

Exemplo:

Diálogo ( a mulher recebe o marido que chega em casa às 5 da manhã)      

Mulher: - Muito bonito!      

Marido: - Obrigado.

 

Embora correto sob o ponto de vista gramatical, o exemplo acima apresenta resposta que não corresponde à expectativa da mulher, evidenciando que, na interpretação do enunciado, não foram observados os limites contextuais que restringem a atividade verbal.   

 

De outra forma: considerando a situação, o que a mulher fez foi repreender o marido. Porém, este ignorou aquela situação contextual e interpretou a repreensão como sendo um elogio. O marido violou os limites contextuais para produzir uma resposta que lhe era favorável   

 

Para uma resposta convencionalmente esperada concorrem mecanismos exteriores à competência linguística, determinados pela interação social, que permitem ao interlocutor interpretar o enunciado. Tais elementos pertencem a um contexto próprio e, propiciados pela situação de uso da língua, constituem o enfoque pragmático.

 

(GOUVEIA, Carlos A. M. Pragmática In: FARIA, I. H. et alii (Org.) Introdução à linguística geral e portuguesa. Lisboa: Caminho)

Feitas as considerações sobre o contexto situacional, explique aos alunos que a palavra ‘aquilo’ naquele texto é uma expressão DÊITICA. Coloque no quadro a seguinte explicação:

 

Dêixis e anáfora   

 

- Chamamos de dêiticas as expressões que se interpretam por referência a elementos do contexto extralinguístico em que ocorre a fala. A palavra "dêitico" contém a ideia  de apontar, e as expressões dêiticas mais típicas apontam para elementos fisicamente presentes na situação de fala.

 

- A dêixis realiza uma espécie de “ancoragem” da fala na realidade. Realiza-se sobretudo por meio dos pronomes, dos artigos, dos tempos dos verbos e de certos advérbios.

                        (ILARI, R. Introdução à semântica: brincando com a gramática. São Paulo: Contexto, 2001)

 

 

A dêixis pode ser encarada em função de cinco grandes categorias: a dêixis pessoal, a dêixis espacial, a dêixis temporal, a dêixis discursiva e a dêixis social (Levinson, 1983).   

 

Alguns exemplos (meus):   

 

Cartaz em elevador de prédio: Amanhã faltará água. (Se não houver uma data no bilhete, torna-se difícil ancorar a expressão ‘amanhã’ à situação.) (Dêixis temporal)   

 

- Vira . (alguém, sentado no banco de trás de um carro,  orientando um motorista.) Dita dessa forma, a expressão 'aí' não fez o menor sentido. Portanto, a comunicação ficou prejudicada, devido ao uso de uma expressão dêitica: para sua interpretação teria sido importante que o motorista visse o carona apontando com o dedo o caminho. (Dêixis espacial)   

 

- Querida, como vai?  ( Para interpretar a expressão ‘querida’ é preciso levar em conta a pessoa com quem se fala, observando o contexto situacional.) (Dêixis social)   

 

- Me dê isso agora! ( Nesse exemplo a expressão dêitica me refere-se à pessoa que detém a fala naquele momento. Isso pode ser qualquer objeto que compõe o contexto. Só diante da situação é possível compreender a frase. Por exemplo, um professor solicitando ao aluno que lhe entregue uma ‘cola’.     

 

Anáfora   - Chamamos de anafóricas as expressões que se interpretam por referência a outras passagens do mesmo texto. As expressões anafóricas servem, tipicamente, para “retomar” outras passagens de um texto. Exemplos: verificar aula 1.  

Os elementos dêiticos estão também na poesia. Vejamos um exemplo (analisado no artigo “A dêixis na poesia”, publicado na revista Língua Portuguesa: conhecimento prático e transcrito abaixo.)

 

A dêixis na poesia   (Roberto Sarmento Lima)   

 

“Quando Manuel Bandeira, no poema Profundamente, afirma   

 

‘Quando ontem adormeci

Na noite de São João

Havia alegria e rumor

Estrondos de bombas luzes de Bengala

Vozes cantigas e risos Ao pé das fogueira acesas’   

 

não está, evidentemente, querendo dizer que isso aconteceu em um ontem relativo ao momento em que o leitor lê o poema, isto é, o dia anterior à leitura (e quantas leituras são?!). Nem está informando que se trata do dia anterior ao dia em que o poeta o escreveu (para complicar, fica combinado que o poeta não é o eu lírico). São momentos indiscerníveis esses, o da escrita e o da leitura, já que o suporte material da literatura não traz uma data para aquele ou esse texto, tal como acontece com o jornal ou o e-mail, por exemplo, que são sempre demarcados temporalmente. Mas nem por isso esse ontem de Bandeira deixa de ser um dêitico, porque, se não o fosse, o eu lírico teria dito, com toda a explicitude: “Naquela noite, anterior ao momento em que relembro a festa de São João...”. [...]  

 

Atividade 3  (encontra-se na obra de Ilari, já citada)   

Todas as frases que seguem foram copiadas de pára-choques de caminhões, portanto foram escritas para serem lidas pelos passageiros de outros veículos, na estrada. Tente dizer a quem fazem referência os pronomes grifados:   

“Mulher feia e frete barato eu não carrego”   

Eu sou imortal, pois não tenho onde cair morto”   

“Se você tem olho gordo, use colírio Diet”   

“Muitos me seguem, mas um só me acompanha”     

Atividade 4

Produza um outro final para o conto “Aquilo”, desvendando o que é ‘aquilo’. Em qual dos personagens você se enquadra: a favor de aquilo ou contra aquilo? Gosta de aquilo? Repudia? Teme? Que sentido aquilo tem para você?  

Aulas 3 e 4   

Professor: anote no quadro os enunciados das atividades 5 e 6 e peça aos alunos para copiarem no caderno. Em seguida, conduza-os ao Laboratório de Informática, onde ouvirão duas músicas e lerão um poema.     

Atividade 5

Ouça/leia a letra "Samba da pergunta", de Pingarilho e Marcos Vasconcellos,  disponível em http://letras.terra.com.br/leila-pinheiro/190785/  e , em seguida, identifique a que o autor se refere com a expressão ‘ela’. (Atenção: o samba foi composto no período da Ditadura Militar)    

(Resp.: como se vivia uma época de repressão, os autores usaram a expressão dêitica  ‘ela’ se referindo implicitamente à liberdade.)   

Atividade 6

Ouça/leia o samba “Quem te viu, quem te vê”, de Chico Buarque de Holanda, disponível em http://letras.terra.com.br/chico-buarque/45166/

a) Releia  a primeira estrofe e o refrão da música. Em seguida, responda: a quem se referem as expressões “você” e “eu” no samba?    

b) Entre os dêiticos mais usados estão os tempos verbais, que localizam os acontecimentos no tempo. O samba “Quem te viu, quem te vê” contrasta realidades presentes com verdades passadas num dado momento de fala. Quais são esses acontecimentos e em que tempo eles se inscrevem?

Atividade 7  (exercício adaptado de análise feita no artigo A dêixis na poesia, já citado)

Acesse o Soneto VIII do livro Obras, publicado em 1768, escrito pelo poeta neo-clássico Cláudio Manuel da Costa, no site  

http://www.sonetos.com.br/sonetos.php?n=685

Leia-o e, em seguida, atenda ao que se pede.

a) Fixe a sua atenção na primeira estrofe e perceba alguns elementos poéticos:   

- ritmo balouçante assegurado pela repetição de termos que faz a atenção do espectador ir de um lado a outro, como se estivesse realmente vendo o que lhe está sendo apontado – aqui um rio, mais adiante alguns arvoredos.    

- coincidência de sons que confere musicalidade (esta/florestas; rochedos/arvoredos).   

Se abstrairmos isso tudo, poderíamos pensar que se trata da fala de um guia turístico? Que atividade ele estaria desenvolvendo? (Resp.: sim; ele estaria guiando um grupo de pessoas numa excursão e mostrando a elas a paisagem.)   

b) O que há de comum em ambos os discursos?   

(Resp.: em ambos, apesar das diferenças, pressupõe-se um dedo indicador – um dedo virtual metido no poema, por se tratar de discurso escrito, mas materialmente presente no discurso oral do guia, uma vez que, nesse último caso, os falantes estariam colocados face a face, com sua voz e corpo interagindo durante o ato de fala.)    

Recursos Complementares

Para se aprofundar no estudo da Dêixis, leia “O lugar da Dêixis na descrição da língua”, no site abaixo.  

http://www.prof2000.pt/users/anamartins/ArtigoFIF.html

Avaliação

Leia, abaixo, o poema contranarciso, de Paulo Leminski.   

contranarciso

em mim

eu vejo o outro

e outro

e outro

enfim dezenas

trens passando

vagões cheios de gente

centenas   

 

o outro

que há em mim

é você

você

e você   

 

assim como

eu estou em você

eu estou nele

em nós

e só quando

estamos em nós

estamos em paz

mesmo que estejamos a sós                     

                             (LEMINSKI, Paulo. Caprichos & relaxos. São Paulo, Brasiliense, 1983)     

Faça uma breve análise do poema, considerando:   

a) O título e a intencionalidade (lembre-se da história de Narciso: personagem famosa da mitologia pela admiração à sua própria beleza. Hoje diz-se que é narcisista a pessoa muito vaidosa, que tem amor excessivo a si mesmo.)   

b) O preenchimento de sentido das expressões dêiticas eu, mim, outro,  você e nós, tendo em vista o título e as intenções do eu lírico.  

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