Essa aula objetiva apresentar alguns recursos pelos quais indicamos atitude e avaliação em nossos enunciados e avaliar a presença desses recursos em relatório policial.

 

4 horas/ aula

Aulas elaboradas para alunos do 3º ano do ensino médio, com conhecimento sobre o gênero relatório: tipologia (relatório de experiência, relatório de viagem, etc), linguagem, normas e estilo.  

Aulas 1 e 2

Professor: conduza seus alunos ao laboratório de informática.  

Inicialmente, peça que eles relatem algumas experiências em elaboração de relatórios.   

Pergunte:

a) Em que situações caberia a elaboração de relatórios? Com que finalidade?

b) Que tipo de relatório já fizeram? Para qual disciplina? Houve aproveitamento? Foi feita alguma avaliação nesse sentido?

c) Que forma de linguagem foi utilizada: mais direta e precisa ou mais prolixa e retórica?

d) Quanto à estrutura sintática, qual foi a recomendação feita: utilização de frases  mais curtas e concisas ou mais longas?

e) E quanto à escolha do vocabulário, que orientações receberam? O uso de termos populares ou vulgares deveria ser evitado?  Palavras muito pomposas são inadequadas?

f) Um relatório tem caráter mais pessoal ou impessoal? Ou seja, trata-se de um texto mais subjetivo ou mais objetivo?

g) Requer observação às regras gramaticais?

Professor: sobre elaboração de relatórios, consulte, se necessário,  o site abaixo (p.18 a 20)

http://www.scribd.com/doc/2388460/Apostila-da-Lingua-Portuguesa 

Terminada essa revisão, informe aos alunos que eles irão assistir a dois vídeos sobre o Museu da Língua Portuguesa e que, posteriormente, produzirão um relatório de visita.

Antes de acessar os sites, distribua folhas para que façam as anotações que forem solicitadas. A tarefa será executada em grupo de três alunos.

Prosseguindo, peça que entrem no endereço

http://www.youtube.com/watch?v=DwjfnQuE_Mc 

contendo o depoimento de Antônio Carlos de Moraes Sartini, em vídeo postado pela Secretaria de Cultura de São Paulo, em 17 de março de 2010, sobre aspectos arquitetônicos, históricos e culturais do Museu da Língua Portuguesa.   

Finalizada a apresentação, faça algumas perguntas orais, como:

a) Em que cidade está situado o Museu da Língua Portuguesa? Mais especificamente, em que local?

(Resp.: Em São Paulo, na Estação da Luz)

b) Por que, segundo Sartini, o Museu nasceu com sorte?

(Resp.: porque está dentro de um prédio histórico, na frente do Parque da Luz e da Pinacoteca do estado.)

c) Por que o prédio é um marco arquitetônico e histórico?

(Resp.: porque é uma construção suntuosa, de 1901, feita com ferragens da Inglaterra; da Estação da Luz escoava-se toda a riqueza para o porto de Santos; hoje o prédio foi remodelado num trabalho primoroso.)

d) A que se dedica o Museu da Língua Portuguesa?

(Resp.: ao idioma; contempla a diversidade cultural do povo.)

e) Por que o projeto é referência no mundo todo?

(Resp.: a ideia do projeto nasceu em São Paulo e traz uma maneira revolucionária de ensinar a língua: não se trabalha com conceito de certo/errado, mas com  padrões diferenciados da língua portuguesa; há também uma preocupação quanto ao aspecto estético da língua, com exposições e instalações sobre os grandes poetas e escritores de língua portuguesa.)   

Professor: terminada essa interação, solicite aos grupos que escrevam na folha de anotações um parágrafo, contendo as informações sobre o Museu da Língua Portuguesa levantadas acima (localização, aspectos arquitetônicos e históricos, a função do museu, sua referência no mundo).

A seguir, acesse o vídeo abaixo para que os alunos façam o passeio virtual pelo Museu.

(Obs.: pode ser que demore cerca de 20 a 30 segundos para começar)

http://mais.uol.com.br/view/1xu2xa5tnz3h/museu-da-lingua-portuguesa-040218356AC4B94366?types=A 

Na sequência, peça que copiem na folha de anotações as etapas da visita numeradas abaixo. Para cada etapa, eles deverão anotar informações. Se necessário, poderão assistir ao vídeo pela segunda vez.

1) Entrada: a primeira acolhida

2) Auditório

3) Praça da língua

4) Árvore de palavras

5) Sala de exposições

6) Beco das palavras

7) Grande galeria

8) Totens (telas interativas)   

Finalizada a tarefa, distribua a atividade abaixo a cada grupo. Recolha ao final  para correção.

Atividade 

Elabore um relatório da visita virtual feita por vocês ao Museu da Língua Portuguesa. Utilize os dados da folha de anotações, inclusive o parágrafo elaborado após a apresentação do 1º vídeo. O texto deverá ter no mínimo 15 linhas e no máximo 20. 

Observe as orientações abaixo.

1) Inclua data e objetivo da visita. Refira-se aos participantes, funções e/ou atividades de cada um.

2) Atente para os aspectos citados no início dessa aula quanto à elaboração de relatórios (linguagem direta, frases mais curtas e concisas, escolha adequada de vocabulário, objetividade, observação às regras gramaticais).   

3) Seja claro e coerente. Elimine ornamentos, repetições e ambiguidades.

Aulas 3 e 4

Professor: nesse início de aula, proponha aos alunos a discussão abaixo.

Vimos até agora que um relatório deve primar pela objetividade e pela impessoalidade. Mas, pergunta-se:  

1) Seria incorreto alguém expressar um estado psicológico na confecção de um relatório?

Por exemplo: Uma frase como “Infelizmente o réu foi condenado”, expressa por um relator.

2) Seria possível atribuir ‘juízos de valor’ em relatórios?

Por exemplo: em dado momento de um relatório, o relator dizer ou escrever algo como “A testemunha foi extremamente feliz em sua exposição”.    

Professor: aguarde as colocações de seus alunos. Conclua, dizendo a eles que as teorias deixam “brechas” a esse respeito. Se por um lado há autores que defendem um estilo mais livre em relatórios, há outros que afirmam a importância da objetividade, da impessoalidade, evitando-se frases qualificativas ou valorativas, pois a informação deve descrever e explicar, mas não intentar convencer.

Veja alguma informação a esse respeito no item 2.1 em http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/2105/  

Essa discussão é bastante ampla nos diversos domínios discursivos: jornalístico, jurídico e até mesmo filosófico.

Prosseguindo, informe aos alunos que, objetivando ampliar essa discussão, vocês farão atividades de análise em dois textos.

A primeira delas tem a ver com o caso Nardoni. Com o intuito de relembrar alguns dos envolvidos nesse caso, projete as imagens dos acusados e da delegada Renata Pontes, na própria sala de aula, utilizando o data-show.

Projete primeiro a imagem do casal Nardoni, disponível no site

http://youpode.com.br/wp-content/uploads/2010/03/casal-nardoni2.jpg 

Faça algumas perguntas:

a) Quem são essas pessoas? (Resp.: Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni)

b) Em que episódio estiveram envolvidas? (Resp.: na morte de Isabella Nardoni, filha de Alexandre; Anna Jatobá era a madrasta da menina.)

c) Houve júri popular para decidir se eram culpados ou inocentes? (Sim. Todo o processo e o julgamento foram amplamente divulgados pela imprensa.)

d) Qual foi o desfecho?

e) Sabem quem foi a delegada responsável pelas investigações?

Projete a imagem da delegada Renata Pontes- ao lado de Leda Nagle-, disponível no site

http://bloglog.globo.com/FCKeditor/UserFiles/Image/LEDA2.jpg 

Pergunte:

Quem são as pessoas da foto? (Resp.: a repórter Leda Nagle, apresentadora do programa Sem Censura, da TV Brasil e a delegada Renata Pontes.)   

Obs.: a foto foi tirada no programa “Estas mulheres valorosas e suas profissões inusitadas”:  uma tarde de mulheres no Sem Censura. Mulheres de profissões diferentes que contaram belas histórias de vida e de profissão. A mais alta é a delegada Renata Pontes que indiciou o casal Nardoni, na morte da menina Isabela. Indiciou, também, Suzane Richthofen, que matou os pais em São Paulo.

Mais informações sobre o caso Nardoni e uma galeria de fotos você encontra no site

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,casal-nardoni-e-condenado-pela-morte-de-isabella,529968,0.htm 

A seguir, distribua cópias da atividade abaixo. Ela será realizada segundo a técnica do estudo dirigido e deverá ser recolhida, ao final, para correção.

Atividade 1

Durante as investigações do caso Isabella Nardoni, o jornal Folha de São Paulo publicou uma matéria em que vários profissionais avaliavam o relatório apresentado pela  delegada Renata Pontes (9ºDP). Uma das seções da referida matéria, trazia o seguinte título: Relatório do caso Isabella vai além de simples relato e traz adjetivos. A seção inicia assim:             

No relatório final do inquérito sobre o caso Isabella, a delegada Renata Pontes (9º DP), usa adjetivos e emite juízos de valor ao tratar do casal Nardoni. Especialistas disseram à Folha que autoridades policiais não podem emitir opinião ou juízo de valor no relatório.

Um dos trechos escritos pela delegada diz:

 “Os indiciados apresentaram uma versão tosca, primária, inconsistente, débil, quiçá plausível face a capacidade intelectual deles próprios. Mantiveram a mentira de forma dissimulada, desprezando o bom senso e discernimento de todos, mesmo que a eles não se nivelem, tentando, por derradeiro, desqualificar profissionais, desqualificar provas, e até as leis da física, para permanecerem impunes, alheios aos sentimentos daqueles que verdadeiramente amaram Isabella; para poderem gozar da boa vida, sempre patrocinada pelo generoso e protetor pai e sogro, Antônio Nardoni, cujo dinheiro, é certo, nunca será o bastante para lhes comprar hombridade."     

Responda:

a) Qual foi a crítica feita pelo jornal à delegada?

(Resp.: a crítica estava respaldada na opinião de alguns especialistas, segundo os quais o relatório policial é um texto técnico, devendo, portanto, ser impessoal e objetivo. Essa recomendação não fora atendida pela delegada.)

b) Segundo o jornal, a delegada usa adjetivos e emite juízos de valor. Exemplifique como isso ocorreu.

c) Na sua opinião, houve excesso?

d) Ao intervir no conteúdo da mensagem através desses índices, como fica o grau de comprometimento da delegada?

(Resp.: ao usar indicadores de atitude, a delegada expressa seu estado psicológico diante dos fatos; por meio das expressões adjetivas e das formas intensificadoras, a delegada manifestou juízos de valor, ou seja, fez uma avaliação dos fatos.)

e) Essa intervenção tem força argumentativa?

(Sim. Essa intervenção demonstra forte grau de indignação e poder de convencer  o outro de que o pai e a madrasta de Isabella são culpados.) 

Atividade 2

Leia uma simulação de Boletim de Ocorrência (BO), cujo intuito é produzir um modelo  para os policiais com pouca experiência em produção de BO.

"De acordo com o relato das testemunhas arroladas neste documento, a vítima desentendeu-se com o autor em razão de apostas num jogo de cartas que acontecia no endereço da ocorrência (Bar Copo Sujo). Fato seguinte, o autor desferiu três facadas na vítima e fugiu. Esta guarnição foi acionada pela Central de Operações e compareceu ao local onde se deram os fatos, sendo constatado que a vítima já se encontrava sem sinais vitais. Foram adotadas as providências de isolamento e preservação do local do crime até a chegada da perícia técnica, representada pelos peritos João e Maria. Simultaneamente à preservação do local, a viatura 9999, de posse das características do autor do delito, efetuou diligências no intuito de localizá-lo, conseguindo prendê-lo em flagrante no Beco do Além, de posse de uma faca suja com substância vermelha semelhante a sangue. Segundo o comandante da viatura 9999, Sargento Esperto, foi dada voz de prisão ao autor e lidos seus direitos constitucionais na presença das testemunhas arroladas como envolvidos 03 e 04, sendo apreendida a mencionada faca, conforme descrito no campo VII. O corpo da vítima foi removido pelo rabecão de prefixo 8888, sob o comando do agente Mauzé. Autor, testemunhas e o material apreendido foram encaminhados a esta delegacia."

http://www.universopolicial.com/2009/09/boletim-de-ocorrencia-policial.html   

Responda:

a) O Boletim de Ocorrência que você acabou de ler também é um relato. Que características ele apresenta quanto à linguagem utilizada?

b) Há nesse BO alguma manifestação do relator que expresse seu estado psicológico em relação ao conteúdo descrito?

c) O relator expressa algum juízo de valor em relação ao caso ou aos envolvidos?

d) Marque a opção INCORRETA.

De acordo com a discussão feita, comparando o BO com o trecho do relatório da Delegada Renata Pontes, podemos dizer que:

 (     ) O relatório da delegada Renata Pontes apresenta vários juízos de valor, o que inviabiliza a sua qualidade técnica. O BO, por sua vez, cumpre as exigências previstas para o gênero, o que faz dele um texto claro e coeso.

(    ) Redigir um BO exige a observância de princípios básicos para a elaboração de relatórios, tais como a objetividade e a impessoalidade. Quanto ao trecho do relatório da delegada, percebe-se a presença de expressões adjetivas que caracterizam sua interferência no conteúdo descrito. Porém, esse fato não chegou a inviabilizar o relatório.

Sobre Indicadores atitudinais e índices de avaliação recomenda-se a leitura de :

KOCH, Ingedore Villaça. Linguagem e argumentação. IN: A inter-ação pela linguagem.  São Paulo: Contexto, 1998.

Considerações sobre Relatório numa perspectiva da teoria dos Gêneros Textuais você encontra em:

http://www.alb.com.br/anais16/sem12pdf/sm12ss11_06.pdf 

Produza um relatório, descrevendo  suas observações acerca dessas quatro aulas realizadas sobre o gênero “Relatório”. Fale também sobre a sua participação durante as aulas ( o que fez, suas dúvidas, suas contribuições, etc). Você poderá optar entre ser mais objetivo e impessoal ou ser mais subjetivo, expressando estados psicológicos  e juízos de valor. O texto deverá ter no mínimo 10 linhas e no máximo15 linhas.

RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO E PARTICIPAÇÃO DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA ALUNO: ENSINO MÉDIO ANO:                                            TURMA:                                   DATA: