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OS RECURSOS SONOROS DO POEMA

 

02/02/2011

Autor e Coautor(es)
LUCILENE HOTZ BRONZATO
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

MARIA CRISTINA WEITZEL TAVELA

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: processos de construção de significação
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Os alunos aprenderão com essa sequência que  o poema pode prescindir do sentido, valorizando apenas o arranjo dos elementos sonoros.  As  oficinas propostas farão com que os alunos percebam a força sonora de poemas como “Os sapos”, “Berimbau” , “trem de ferro” dentre outros. Além disso,  os alunos  perceberão que a literatura é a arte da palavra e esta se compõe de significante e significado.  

Duração das atividades
4 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Nenhum conhecimento prévio específico é necessário para esta sequência.

Estratégias e recursos da aula

Professor: exiba o vídeo http://www.youtube.com/watch?v=QhC2yJs8zX0  para que os alunos possam conhecer o som do instrumento Berimbau. Após a exibição deixe que os alunos comentem quais as emoções e imagens que o som do berimbau evoca.

Após a análise do som do Berimbau, mostre-lhes algumas imagens do instrumento Berimbau para que conheçam-no (disponíveis em http://portalcapoeira.com/images/phocagallery/historicas/alb_berimbaus/thumbs/phoca_thumb_m_img_1179589104_622.jpg

berimbau

Fonte: http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcS_HwkDvzkWafil2ND5Of6FlxcLJhLSkJL4JwAR3Dr2kt38tspkqA

Aproveite este momento e leia para os alunos algumas informações sobre o berimbau, dadas por FERNANDO KITZINGER DANNEMANN e disponíveis em http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=2250129

O berimbau, instrumento utilizado para acompanhar o gingado da capoeira, é um arco de madeira com as extremidades ligadas por um fio de arame que se faz vibrar, para produzir som, com a ajuda de uma vareta. De origem desconhecida, supõe-se que tenha sido criado há 15.000 anos aproveitando o arco de caça usado pelos homens primitivos para abater animais. Mas tal opinião não é unânime porque outros entendimentos defendem a teoria de que tenha acontecido o contrário, ou seja, do arco musical foi que surgiu a idéia de seu aproveitamento como arma para disparar flechas. A suposição de que o berimbau seja tão antigo nasceu em julho de 1914, quando desenhos datados do último período da Era Paleolítica, ou Idade da Pedra (de 2 milhões até 10.000 a.C.) foram descobertos em caverna no sudeste da França. Entre eles o de um homem coberto com peles de bisão e portando o que o abade francês Henry Breuil (1877-1961) considerado o “papa” da Pré-História mundial, identificou como sendo um arco musical.  Tal instrumento permaneceu ignorado até início do século 19, quando diversos exploradores registraram sua existência no continente africano e também no Brasil. Entre essas informações estava a de Hermenegildo Carlos de Brito Capelo (1841-1917) e Roberto Ivens (1850-1898), que em julho de 1877 exploraram o interior africano. Retornando a Lisboa em 1880, eles relataram no livro “De Benguela às Terras de Iaca”, o que tinham visto durante a expedição, incluindo um desenho do instrumento, mas sem fornecer maiores informações a seu respeito.  E também a de Ladislau Batalha (1856-1939) que em seu livro Angola, editado em Lisboa (1889), assinalou que “o humbo, um instrumento de corda, consta geralmente de metade de uma cabaça, oca e bem seca. Furam-na no centro, em dois pontos próximos. À parte, fazem um arco como o de flecha, com a competente corda. Amarram a extremidade do arco, com uma cordinha do mato, à cabaça, por via dos dois orifícios; então, encostando o instrumento à pele do peito que serve neste caso de caixa sonora, fazem vibrar a corda do arco, por meio de uma palhinha”.  Ou a de Henrique Augusto Dias de Carvalho (1843-1909), que publicou em Lisboa (1890) o livro Etnografia e História Tradicional dos Povos de Luanda, mostrando nele o desenho do mesmo instrumento. Mas lhe deu o nome de rucumbo, esclarecendo que era “constituído de uma corda distendida em arco de madeira flexível, que tem numa das extremidades uma pequena cabaça a servir de caixa de ressonância; o arco fica entalado entre o corpo e o braço esquerdo, indo a mão correspondente segurar nele a certa altura, o os sons são obtidos com a mão direita, por intermédio de uma pequena varinha que tange a corda em diferentes alturas”.  O mesmo aconteceu no Brasil. Em 1816, o português Henry Koster (1793-1820), também conhecido como Henrique da Costa, que chegara a Pernambuco em 1809, referiu-se ao instrumento em seu livro Travels in Brazil.(1816), descrevendo-o como “um grande arco com uma corda tendo uma meia quenga de coco no meio, ou uma pequena cabaça amarrada. Colocam-na contra o abdômen e tocam a corda com o dedo ou com um pedacinho de pau”.  Anos depois a inglesa Maria Dundas Graham Callcott (1785-1842), referindo-se aos instrumentos que examinara em uma fazenda fluminense (Diário de uma viagem ao Brasil, 1824), revelava: "Um é simplesmente composto de um pau torto, uma pequena cabaça vazia e uma só corda de fio de cobre. A boca da cabaça deve ser colocada na pele nua do peito, de modo que as costelas do tocador formam a caixa de ressonância, e a corda é percutida com um pauzinho”. Mais adiante, o francês Jean Baptiste Debret (1768-1848), que chegara ao Brasil em 1816 e retornara em 1831, publicou em Paris, de 1834 a 1839, uma série de gravuras sobre aspectos, paisagens e costumes do Brasil (Viagem pitoresca e histórica ao Brasil). Numa delas, que mostrava o berimbau, o artista explicava que "Este instrumento se compõe da metade de uma cabaça aderente a um arco formado por uma varinha curva com um fio de latão sobre o qual se bate ligeiramente. Pode-se ao mesmo tempo estudar o instinto musical do tocador que apoia a mão sobre a frente descoberta da cabaça, a fim de obter pela vibração um som mais grave e harmonioso. Este efeito, quando feliz, só pode ser comparado ao som de uma corda de tímpano, pois é obtido batendo-se ligeiramente sobre a corda com uma pequena vareta que se segura entre o indicador e o dedo médio da mão direita. À primeira vista o berimbau aparenta ser algo improvisado, sem destinação aparente, quando, na verdade, é um instrumento de percussão capaz de emitir diversas sonoridades. Antigamente, ele era encontrado na Bahia, Maranhão, Pernambuco e Rio de Janeiro, os quatro grandes centros de distribuição de escravos, não sendo possível estabelecer os motivos pelos quais essa área acabou ficando restrita apenas à Bahia, onde passou a ser identificado como elemento típico da capoeira. Chamando-o berimbau-de-barriga, os capoeiras o diferençavam e distinguiam do outro, o berimbau-de-boca, que é definido pelo Dicionário da Real Academia de Espanha como “um pequeno instrumento musical que consiste em uma barrinha de ferro em forma de ferradura, que leva no meio uma lingüeta de aço, a qual se faz vibrar com o indicador da mão direita, mantendo-se com a esquerda o instrumento entre os dentes”. Inspirada nele surgiu a pergunta que em outros tempos se fazia quando alguém cometia certo tipo de erro: você pensa que berimbau é gaita?  

Professor:  Leia, de forma bem enfática, o poema Berimbau, de Manuel Bandeira (http://poemasdebandeira.blogspot.com/2009/04/berimbau.html)

BERIMBAU

Os aguapés dos aguaçais
Nos igapós dos Japurás
Bolem, bolem, bolem.
Chama o saci: - Si si si si!
- Ui ui ui ui ui! Uiva a iara
Nos aguaçais dos igapós
Dos Japurás e dos Purus.

A mameluca é uma maluca.
Saiu sozinha da maloca -
O boto bate - bite bite...
Quem ofendeu a mameluca?
Foi o boto!
O Cussaruim bota quebrantos.
Nos aguaçais os aguapés
- Cruz, canhoto! -
Bolem... Peraus dos Japurás
De assombramentos e de espantos!...

A partir de perguntas  aos alunos, leve-os a perceberem que a riqueza desse poema está no arranjo dos sons das palavras, antes que no conteúdo que ele expressa. É importante, ainda, pedir aos alunos que identifiquem os efeitos que o arranjo sonoro é capaz de produzir.

etapa 2: Reproduza para os alunos o poema Berimbau, declamado pelo próprio Manuel Bandeira.Seria interessante que os alunos fechassem os olhos nesse momento da aula. http://blogln.ning.com/forum/topics/manuel-bandeira-recita-manuel?id=2189391%3ATopic%3A388957&page=2#comments

Verifique se as reações e sensações dos alunos diante da leitura do poema pelo professor permaneceram as mesmas com a leitura do poeta.

Mostre para os alunos a versão cantada do poema Berimbau Olívia Hime (http://www.artistdirect.com/nad/window/media/page/0,,3119749-6306072,00.html) .

etapa 3: Divida seus alunos em equipes e distribua a cada uma os poemas Os sapos (http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/sapos.htm), de Manuel Bandeira; Trem de ferro (http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/trem.htm), Manuel Bandeira e , de Cecília Meireles,     A gargalhada (http://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/gargalhada.htm) . Peça a cada equipe que prepare leituras bem expressivas dos poemas, explorando os recursos sonoros que cada um utiliza. Leve os alunos a perceberem que os títulos dos poemas são pistas para se descobrir a composição sonoro desses poemas.

Professor: caso você necessite de subsídios, leia a análise do poema Trem de ferro, disponível em http://www.literaturaemfoco.com/?p=135 e cujo trecho cito abaixo:

"O tema de Manoel Bandeira Trem de Ferro, é uma imitação sonora de um trem em movimento. Sua riqueza está entrada no ritmo e na sua musicalidade baseada na métrica, na aliteração e na assonância. Além de incluir três canções em seu interior (Ôo, Ôo, Ôo). O ritmo do trem é marcada pelo número de sílabas poéticas do verso, quando está indo é veloz e há trissílabos, quando perde velocidade possui quatro ou cinco sílabas poéticas (café/pão). A influência do modernismo já estava presente nesse poema; o rompimento com “amarras” poéticas, ousadia de versos livres e menos rimados, o uso da ironia e o senso crítico. Busca a cultura popular, sobretudo a nordestina, fazendo citações de cantigas antigas e elementos do folclore brasileiro como embolada, cordel, repente e cantiga de roda estão no centro deste poema. E como se fosse brincadeira de roda autor nos convida a retornar ao mundo lúdico. Como mostra uma cantiga cujo o nome é Trem de Ferro".

Etapa 4:  Deixe que as equipes apresentem as leitura expressivas, sendo que todas devem apresentar o mesmo poema antes de passarem para o próximo. A turma deve eleger a melhor leitura, ou seja, aquela que mais explorou os recursos sonoros de cada poema.  

Etapa 5:  Sistematização

Professor,  pergunte aos alunos quais recursos usados nos poemas lidos dão sonoridade e musicalidade aos poemas. Usando exemplos retirados dos textos trabalhados nessa sequência, os alunos deverão perceber que:

a) a rima contribui para que o poema fique mais sonoro. ( Para saber sobre rima, acesse http://www.lusofoniapoetica.com/index.php/artigos/teoria-poetica/rima.html)

b) a sílaba métrica também é um recurso que dá ritmo ao poema. ( Para saber mais, acesse o link anterior)

c) a aliteração (repetição de determinados elementos fônicos) faz parte dos recursos sonoros usados pelos poetas. ( Para saber mais, acesse http://www.infoescola.com/linguistica/aliteracao/)

d) o ritmo que é tão importante no poema quanto na música. (Para saber mais, acesse http://www.camelo.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=43631 

Recursos Complementares
Avaliação

Professor: desafie seus alunos e crie uma gincana literária. Distribua entre eles poemas que se utilizam de diferentes recursos sonoros e peça-lhes que preparem leituras originais e expresivas a serem apresentadas para toda a turma. Escolha as melhores leituras e faça uma sarau literário na escola.Mais algumas sugestões de poemas: Som (http://marifone.blogspot.com/2007/04/som-carlos-drummond-de-andrade-nem.html), Carlos Drummond de Andrade;    A onda (http://www.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/poesias/manuelbandeira_aonda.htm) , de Manuel Bandeira e Violões que choram (http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/cruz-de-souza/violoes-que-choram.php)  , de Cruz e Souza. Professor, tente premiar as melhores apresentações. 

Opinião de quem acessou

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Opiniões

  • Lucélia, Faculdades integradas Torricelli /Anahnguera , São Paulo - disse:
    lucyavieira@hotmail.com

    23/05/2013

    Cinco estrelas

    Parabéns!!!!! Tem tudo para ser uma aula construtiva e prazerosa! Amei!!! ♥


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