Professor: exiba para seus alunos a imagem, disponível em http://denelope.blogspot.com/2007/09/que-pas-este.html

Faça a leitura da imagem, considerando: as cores da bandeira do Brasil e suas representações, a paisagem tropical tipicamente brasileira, a beleza natural. Peça aos alunos que respondam à pergunta: Que país é este? , considerando o que nosso país tem de melhor. Anote os pontos positivos levantados no quadro negro.
Etapa 2: Professor, agora exiba a seguinte imagem, disponível em http://suicidiovirtual.blogspot.com/2006/05/campanha-eu-tenho-vergonha-de-ser.html

Retome com os alunos a leitura da imagem anterior e realce um dado novo, ou seja, o texto no qual se lê: Campanha: Eu tenho vergonha de ser brasileiro. Discuta com os alunos os motivos que poderiam levar um brasileiro a ter vergonha da sua pátria. Anote os argumentos no quadro.
Distribua aos alunos a letra da canção da banda Legião Urbana, Que país é este?(letras.terra.com.br/legiao-urbana/46973/) . Analise o conteúdo da canção, considerando as anotações do quadro.
Exiba o vídeo, disponível em http://www.videolog.tv/video.php?id=393323.
Tente observar se os argumentos dos alunos, da canção e do vídeo coincidem.
ETAPA 3: Leia com os alunos um fragmento do poema de Affonso Romano de Sant' Anna, Que país é este? (www.antoniomiranda.com.br/iberoamerica/brasil/affonso_romano.html) . Peça-lhes que comparem a letra da canção ao poema. Contextualize ambas as obras: autor, época, situação política, etc.
Que país é este? (fragmento)
Uma coisa é um país,
outra um ajuntamento.
Uma coisa é um país,
outra um regimento.
Uma coisa é um país,
outra o confinamento.
Mas já soube datas, guerras, estátuas
usei caderno “Avante”
- e desfilei de tênis para o ditador.
Vinha de um “berço esplêndido” para um “futuro radioso”
e éramos maior em tudo
- discursando rios e pretensão.
Uma coisa é um país,
outra um fingimento.
Uma coisa é um país,
outra um monumento.
Uma coisa é um país,
outra o aviltamento.
Deveria derribar aflitos mapas sobre a praça
em busca da especiosa raiz? ou deveria
parar de ler jornais
e ler anais
como anal
animal
hiena patética
na merda nacional?
Ou deveria, enfim, jejuar na Torre do Tombo
comendo o que as traças descomem
procurando
o Quinto Império, o primeiro portulano, a viciosa visão do paraíso
que nos impeliu a errar aqui?
Subo, de joelhos, as escadas dos arquivos
nacionais, como qualquer santo barroco a rebuscar
no mofo dos papiros, no bolor
das pias batismais, no bodum das vestes reais
a ver o que se salvou com o tempo
e ao mesmo tempo
- nos trai.Uma coisa é um país,
outra um ajuntamento.
Uma coisa é um país,
outra um regimento.
Uma coisa é um país,
outra o confinamento.
Mas já soube datas, guerras, estátuas
usei caderno “Avante”
- e desfilei de tênis para o ditador.
Vinha de um “berço esplêndido” para um “futuro radioso”
e éramos maior em tudo
- discursando rios e pretensão.
Uma coisa é um país,
outra um fingimento.
Uma coisa é um país,
outra um monumento.
Uma coisa é um país,
outra o aviltamento.
Deveria derribar aflitos mapas sobre a praça
em busca da especiosa raiz? ou deveria
parar de ler jornais
e ler anais
como anal
animal
hiena patética
na merda nacional?
Ou deveria, enfim, jejuar na Torre do Tombo
comendo o que as traças descomem
procurando
o Quinto Império, o primeiro portulano, a viciosa visão do paraíso
que nos impeliu a errar aqui?
Subo, de joelhos, as escadas dos arquivos
nacionais, como qualquer santo barroco a rebuscar
no mofo dos papiros, no bolor
das pias batismais, no bodum das vestes reais
a ver o que se salvou com o tempo
e ao mesmo tempo
- nos trai.
Etapa 4: Peça aos alunos que pensem em músicas que eles considerem de protesto. Disponibilize uma cartolina onde os alunos possam ir anotando alguns trechos dessas canções.
Etapa 5: Peça aos alunos que olhem no dicionário o significado da palavra "engajado"(dic.busca.uol.com.br/result.html?t=10&ref=homeuol&ad=on&q=engajado&group=0&x=31&y=7)
Michaelis
engajado
• adj (part de engajar)
- Contratado ou aliciado por engajamento.
- Diz-se de pessoa integrada em, ou participante de linha política, de idéias etc.: Escritor engajado. sm
- Indivíduo contratado para certos serviços.
- Mil Soldado que engajou.
Aulete
engajado
• (en.ga.ja.do)
a.
1. Diz-se de pessoa que se engajou, que presta serviços por engajamento
2. Diz-se de pessoa que se alistou nas Forças Armadas
3. Diz-se de pessoa que toma posição em questões políticas, sociais etc.
sm.
4. Qualquer dessas pessoas
[F.: Part. de engajar. Ant.ger.: desengajado]
Após analisar as definições do verbete "engajado" dadas pelos dicionários, pergunte aos alunos se o poema de Affonso Romano de Sant'Anna e a canção de Renato Russo podem ser considerados "arte engajada" e por quê. Leia, em seguida, com seus alunos o texto "Para que serve a literatura"(www.brasilescola.com/literatura/para-que-serve-a-literatura.htm)
A Literatura é a arte da palavra. Podemos dizer que a literatura, assim como a língua que ela utiliza, é um instrumento de comunicação e de interação social, ela cumpre o papel de transmitir os conhecimentos e a cultura de uma comunidade.A literatura está vinculada à sociedade em que se origina, assim como todo tipo de arte, pois o artista não consegue ser indiferente à realidade.A obra literária é resultado das relações dinâmicas entre escritor, público e sociedade, porque através de suas obras o artista transmite seus sentimentos e idEias do mundo, levando seu leitor à reflexão e até mesmo à mudança de posição perante a realidade, assim a literatura auxilia no processo de transformação social.A literatura também pode assumir formas de crítica à realidade circundante e de denúncia social, transformando-se em uma literatura engajada, servindo a uma causa político-ideológica.Podemos dizer que o texto literário conduz o leitor a mundos imaginários, causando prazer aos sentidos e à sensibilidade do homem.A literatura transformou-se, em várias partes do mundo, em disciplina escolar dada a sua importância para a língua e a cultura de um país, assim como para a formação de jovens leitores.
Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Equipe Brasil Escola
Após ler o texto, reforce com seus alunos o que é a literatura engajada e, a partir dessa conceituação, leve-os a compreenderem o que é a poesia engajada.
Aproveite o momento e distribua o texto "Só de sacanagem" da poetisa Elisa Lucinda, enquanto os alunos assistem ao vídeo, disponível em http://letras.terra.com.br/ana-carolina/832783/
Só de Sacanagem
Composição: Elisa Lucinda
Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração tá no escuro.
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
" - Não roubarás!"
" - Devolva o lápis do coleguinha!"
" - Esse apontador não é seu, minha filha!"
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!
Dirão:
“ - Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba.”
E eu vou dizer:
”- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”
Dirão:
" - É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
E eu direi:
” - Não admito! Minha esperança é imortal!”
E eu repito, ouviram?
IMORTAL!!!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.
Analise o poema "Só de sacanagem, enfocando o tom engajado, porém otimista, do texto
Etapa 6: Distribua o poema de Não há vagas (recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/1665389) de Ferreira Gullar. Discuta com os alunos as questões políticas enfocadas no poema.
Não há vagas
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira.
Apresente aos alunos, também, o poeta João Cabral de Melo Neto (www.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/joaocabral/joaocabral4.htm) , escolha alguns de seus poemas e leia com os alunos.
Professor: termine essa sequência, conscientizando os alunos de que todo escritor é influenciado pelo contexto social, cultural e político da época em que vive. Portanto, se a época muda, os problemas também mudam e a literatura engajada acompanha, inevitavelmente, essa evolução. Peça aos alunos que reflitam em seu tempo, em seu país e peça-lhes que elenquem os problemas que os afligem. Trace um caminho pela arte contemporânea e mostre como essas dificuldades são expressas: na música, na pintura, na escultura, na literatura.