Portal do Governo Brasileiro
Início do Conteúdo
VISUALIZAR AULA
 


A POESIA ENGAJADA

 

11/02/2011

Autor e Coautor(es)
LUCILENE HOTZ BRONZATO
imagem do usuário

JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

MARIA CRISTINA WEITZEL TAVELA

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: modos de organização dos discursos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: processos de construção de significação
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: organização estrutural dos enunciados
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Os alunos  conhecerão a poesia engajada: seu contexto de produção, principais autores e obras. Esta sequência propiciará  um ambiente de reflexão com os alunos  sobre a sociedade e sobre o país na atualidade , além de  discutir a função política da literatura. Esta sequência permitirá, ainda, relacionar a poesia engajada  a outras formas de arte de protesto, como o rock.  

Duração das atividades
5 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Para esta sequência não são necessários conhecimentos prévios específicos.

Estratégias e recursos da aula

Professor:  exiba para seus alunos a imagem, disponível em http://denelope.blogspot.com/2007/09/que-pas-este.html

 

paisagem brasileira

Faça a leitura da imagem, considerando: as cores da bandeira do Brasil e suas representações, a paisagem tropical tipicamente brasileira, a beleza natural. Peça aos alunos que respondam à pergunta: Que país é este? , considerando o que nosso país tem de melhor. Anote os pontos positivos levantados no quadro negro.

Etapa 2:  Professor, agora exiba a seguinte imagem, disponível em http://suicidiovirtual.blogspot.com/2006/05/campanha-eu-tenho-vergonha-de-ser.html

Vergonha de ser brasileiro

Retome com os alunos a leitura da imagem anterior e realce um dado novo, ou seja, o texto no qual se lê: Campanha: Eu tenho vergonha de ser brasileiro. Discuta com os alunos os motivos que poderiam levar um brasileiro a ter vergonha da sua pátria. Anote os argumentos no quadro.

 

Distribua aos alunos a letra da canção da banda Legião Urbana, Que país é este?(letras.terra.com.br/legiao-urbana/46973/)  . Analise o conteúdo da canção, considerando as anotações do quadro.

Exiba o vídeo, disponível em http://www.videolog.tv/video.php?id=393323.

Tente observar se os argumentos dos alunos, da canção e do vídeo coincidem.

ETAPA 3: Leia com os alunos um fragmento do poema de Affonso Romano de Sant' Anna, Que país é este? (www.antoniomiranda.com.br/iberoamerica/brasil/affonso_romano.html) . Peça-lhes que comparem a letra da canção ao poema. Contextualize ambas as obras: autor, época, situação política, etc.

Que país é este? (fragmento)

Uma coisa é um país,

           outra um ajuntamento.

 

           Uma coisa é um país,

           outra um regimento.

 

           Uma coisa é um país,

           outra o confinamento.

 

Mas já soube datas, guerras, estátuas

usei caderno “Avante”

                                     - e desfilei de tênis para o ditador.

Vinha de um “berço esplêndido” para um “futuro radioso”

e éramos maior em tudo

                                        - discursando rios e pretensão.

 

           Uma coisa é um país,

           outra um fingimento.

 

           Uma coisa é um país,

           outra um monumento.

 

           Uma coisa é um país,

           outra o aviltamento.

 

Deveria derribar aflitos mapas sobre a praça

em busca da especiosa raiz? ou deveria

parar de ler jornais

                                 e ler anais

como anal

                   animal

                               hiena patética

                                                       na merda nacional?

Ou deveria, enfim, jejuar na Torre do Tombo

comendo o que as traças descomem

                                                            procurando

o Quinto Império, o primeiro portulano, a viciosa visão do paraíso

que nos impeliu a errar aqui?

 

             Subo, de joelhos, as escadas dos arquivos

              nacionais, como qualquer santo barroco a rebuscar

              no mofo dos papiros, no bolor

              das pias batismais, no bodum das vestes reais

              a ver o que se salvou com o tempo

              e ao mesmo tempo

                                               - nos trai.Uma coisa é um país,

           outra um ajuntamento.

 

           Uma coisa é um país,

           outra um regimento.

 

           Uma coisa é um país,

           outra o confinamento.

 

Mas já soube datas, guerras, estátuas

usei caderno “Avante”

                                     - e desfilei de tênis para o ditador.

Vinha de um “berço esplêndido” para um “futuro radioso”

e éramos maior em tudo

                                        - discursando rios e pretensão.

 

           Uma coisa é um país,

           outra um fingimento.

 

           Uma coisa é um país,

           outra um monumento.

 

           Uma coisa é um país,

           outra o aviltamento.

 

Deveria derribar aflitos mapas sobre a praça

em busca da especiosa raiz? ou deveria

parar de ler jornais

                                 e ler anais

como anal

                   animal

                               hiena patética

                                                       na merda nacional?

Ou deveria, enfim, jejuar na Torre do Tombo

comendo o que as traças descomem

                                                            procurando

o Quinto Império, o primeiro portulano, a viciosa visão do paraíso

que nos impeliu a errar aqui?

 

             Subo, de joelhos, as escadas dos arquivos

              nacionais, como qualquer santo barroco a rebuscar

              no mofo dos papiros, no bolor

              das pias batismais, no bodum das vestes reais

              a ver o que se salvou com o tempo

              e ao mesmo tempo

                                               - nos trai.

             

  Etapa 4: Peça aos alunos que pensem em músicas que eles considerem de protesto. Disponibilize uma cartolina onde os alunos possam ir anotando alguns trechos dessas canções.

Etapa 5: Peça aos alunos que olhem no dicionário o significado da palavra  "engajado"(dic.busca.uol.com.br/result.html?t=10&ref=homeuol&ad=on&q=engajado&group=0&x=31&y=7)

Michaelis engajado
    •  adj (part de engajar)
  1. Contratado ou aliciado por engajamento.
  2. Diz-se de pessoa in­tegrada em, ou participante de linha política, de idéias etc.: Escritor engajado. sm
  3. Indivíduo contratado para certos serviços.
  4. Mil Soldado que engajou.
Aulete engajado
    • (en.ga.ja.do)
    a.
    1. Diz-se de pessoa que se engajou, que presta serviços por engajamento
    2. Diz-se de pessoa que se alistou nas Forças Armadas
    3. Diz-se de pessoa que toma posição em questões políticas, sociais etc.
    sm.
    4. Qualquer dessas pessoas
    [F.: Part. de engajar. Ant.ger.: desengajado]

Após analisar as definições do verbete "engajado"  dadas pelos dicionários, pergunte aos alunos se o poema de Affonso Romano de Sant'Anna e  a canção de Renato Russo podem ser considerados "arte engajada" e  por quê. Leia, em seguida, com seus alunos o texto "Para que serve a literatura"(www.brasilescola.com/literatura/para-que-serve-a-literatura.htm)

A Literatura é a arte da palavra. Podemos dizer que a literatura, assim como a língua que ela utiliza, é um instrumento de comunicação e de interação social, ela cumpre o papel de transmitir os conhecimentos e a cultura de uma comunidade.A literatura está vinculada à sociedade em que se origina, assim como todo tipo de arte, pois o artista não consegue ser indiferente à realidade.A obra literária é resultado das relações dinâmicas entre escritor, público e sociedade, porque através de suas obras o artista transmite seus sentimentos e idEias do mundo, levando seu leitor à reflexão e até mesmo à mudança de posição perante a realidade, assim a literatura auxilia no processo de transformação social.A literatura também pode assumir formas de crítica à realidade circundante e de denúncia social, transformando-se em uma literatura engajada, servindo a uma causa político-ideológica.Podemos dizer que o texto literário conduz o leitor a mundos imaginários, causando prazer aos sentidos e à sensibilidade do homem.A literatura transformou-se, em várias partes do mundo, em disciplina escolar dada a sua importância para a língua e a cultura de um país, assim como para a formação de jovens leitores. 

Por Marina Cabral
Especialista em Língua Portuguesa e Literatura
Equipe Brasil Escola

Após ler o texto, reforce com seus alunos o que é a literatura engajada e, a partir dessa conceituação, leve-os a compreenderem o que é a poesia engajada.

Aproveite o momento e distribua o texto "Só de sacanagem" da poetisa Elisa Lucinda, enquanto os alunos assistem ao vídeo, disponível em http://letras.terra.com.br/ana-carolina/832783/

Só de Sacanagem

Ana Carolina

Composição: Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
Meu coração tá no escuro.
A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
" - Não roubarás!"
" - Devolva o lápis do coleguinha!"
" - Esse apontador não é seu, minha filha!"
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.
Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!
Dirão:
“ - Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba.”
E eu vou dizer:
”- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”
Dirão:
" - É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
E eu direi:
” - Não admito! Minha esperança é imortal!”
E eu repito, ouviram?
IMORTAL!!!
Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.

Analise o poema "Só de sacanagem, enfocando o tom engajado, porém otimista, do texto

 

Etapa 6:  Distribua o poema de Não há vagas (recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/1665389) de Ferreira Gullar. Discuta com os alunos as questões políticas enfocadas no poema.

Não há vagas

 

O preço do feijão

não cabe no poema. O preço

do arroz

não cabe no poema.

Não cabem no poema o gás

a luz o telefone

a sonegação

do leite

da carne

do açúcar

do pão.

 

O funcionário público

não cabe no poema

com seu salário de fome

sua vida fechada

em arquivos.

Como não cabe no poema

o operário

que esmerila seu dia de aço

e carvão

nas oficinas escuras

 

– porque o poema, senhores,

está fechado: “não há vagas”

Só cabe no poema

o homem sem estômago

a mulher de nuvens

a fruta sem preço

 

O poema, senhores,

não fede

nem cheira.

Apresente aos alunos, também, o poeta  João Cabral de Melo Neto (www.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/joaocabral/joaocabral4.htm) , escolha alguns de seus poemas e leia com os alunos.

Professor: termine essa sequência, conscientizando os alunos de que todo escritor é influenciado pelo contexto social, cultural e político  da época em que vive. Portanto, se a época muda, os problemas também mudam e a literatura engajada acompanha, inevitavelmente, essa evolução. Peça aos alunos que reflitam em seu tempo, em seu país e peça-lhes que elenquem os problemas que os afligem. Trace um caminho pela arte contemporânea e mostre como essas dificuldades são expressas: na música, na pintura, na escultura, na literatura.

Recursos Complementares

Para saber um pouco mais sobre literatura engajada http://web03.unicentro.br/pet/pdf/artigo02.pdf

Avaliação

Professor:  peça aos alunos que pesquisem novos poemas engajados e com eles produzam um espetáculo musical, em que misturem canções e poemas engajados.

Opinião de quem acessou

Cinco estrelas 2 classificações

  • Cinco estrelas 2/2 - 100%
  • Quatro estrelas 0/2 - 0%
  • Três estrelas 0/2 - 0%
  • Duas estrelas 0/2 - 0%
  • Uma estrela 0/2 - 0%

Denuncie opiniões ou materiais indevidos!

Opiniões

Sem classificação.
REPORTAR ERROS
Encontrou algum erro? Descreva-o aqui e contribua para que as informações do Portal estejam sempre corretas.
CONTATO
Deixe sua mensagem para o Portal. Dúvidas, críticas e sugestões são sempre bem-vindas.