18/11/2010
Eliana Dias
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Análise linguística: modos de organização dos discursos |
Aula 01 (50 minutos)
Disponível em:
http://realtragismo.webnode.com/realtragismo-analitico/
O enredo no texto narrativo é o conteúdo do texto que tem como núcleo o conflito, o qual está diretamente ligado às personagens, situadas no tempo e no espaço. É no enredo que se desenrolam os acontecimentos que formam o texto. É com base nele que os demais elementos que compõem a estrutura da narrativa vão se formando e se relacionando para a construção de um texto coerente e lógico.
Atividade
1. Como ponto de partida, o professor deverá conversar com os alunos sobre o assunto a ser estudado – o enredo na narrativa -, perguntando a eles:
a. O que faz um texto narrativo ser interessante, prender a nossa atenção e nos mostrar que forma um todo?
b. O desenrolar dos acontecimentos é o enredo. Quais elementos estão envolvidos nesses acontecimentos?
2. O professor deverá exibir para os alunos os vídeos seguintes sobre os elementos da narrativa que compõem o enredo.
a. Redação – Elementos da narrativa
Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=2czWvybvTAk&feature=related
b. Redação – elementos da narrativa – Parte 2 - 2
http://www.youtube.com/watch?v=lwYyFJjcv4c&feature=related
3. Após assistirem aos vídeos, o professor deverá promover uma discussão sobre o assunto abordado nos vídeos – elementos da narrativa –, enfatizando os elementos que compõem o enredo.
Aula 02 (50 minutos)
Atividade
1. O professor deverá reproduzir para os alunos a cópia do conto “O Homem Nu” de Fernando Sabino.
O Homem Nu
Fernando Sabino
Disponível em:
http://www.telefilme.net/sinopse-do-filme-7630_O-HOMEM-NU.html
O HOMEM NU
Ao acordar, disse para a mulher:
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento. Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
Disponível em:
http://www.emule.com.br/lista.php?keyword=Fernando&pag=3&ordem=BARATOS
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta! Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão.
Esta é uma das crônicas mais famosas do grande escritor mineiro Fernando Sabino. Extraída do livro de mesmo nome, Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 65. Disponível em:
http://www.releituras.com/fsabino_homemnu.asp
Sobre o autor
Disponível em:
http://fontanablog.blogspot.com/2009/04/bar-e-cronica-fernando-sabino.html
Fernando Tavares Sabino, filho do procurador de partes e representante comercial Domingos Sabino, e de D. Odete Tavares Sabino, nasceu a 12 de outubro de 1923, Dia da Criança, em Belo Horizonte. [...]
Disponível em:
http://www.releituras.com/fsabino_bio.asp
2. O professor deverá solicitar aos alunos que façam a leitura silenciosa do texto.
3. A seguir, o professor deverá escolher alguns alunos para fazer a leitura oral do texto – um aluno para cada personagem e um para o narrador. Nesse momento será observada a entonação adequada a cada fala.
Aula 03 (50 minutos)
Atividade
I- Nessa aula, os alunos, em grupo, deverão responder às questões propostas na sequência sobre o conto “O Homem Nu” de Fernando Sabino.
1. No conto “O Homem Nu” de Fernando Sabino, o autor descreve o lado pitoresco do cotidiano com muitas situações vibrantes, de uma maneira ágil e direta, enquanto parece que está conversando com o leitor.
a. Resuma a história. Lembre-se de que um resumo você deverá excluir os diálogos diretos.
b. Você acha que na realidade é possível acontecer situação semelhante à vivenciada pela personagem principal desse conto? Justifique sua resposta.
2. Observe a organização do enredo do conto e escreva onde começa e termina cada uma das partes abaixo:
a. equilíbrio inicial – parte em que a situação é apresentada e ainda não surgiu o conflito;
b. conflito – o problema a ser resolvido;
c. clímax – momento mais emocionante e difícil do conflito;
d. desfecho – solução do conflito.
II- Para correção das atividades realizadas, o professor deverá abrir espaço para que todos os grupos apresentem suas respostas, mediando as discussões com esclarecimentos que se fizerem necessários.
Aula 04 (50 minutos)
Atividade
Produção de texto
1. O professor deverá exibir para os alunos o vídeo do trailer do filme “O Homem Nu” de Roberto Santos, baseado no conto homônimo de Fernando Sabino.
Disponível em:
http://videos.wittysparks.com/id/72057662460569049
2. A seguir, o professor deverá apresentar aos alunos a seguinte proposta de produção de texto.
a. A história apresentada no trailer difere do conto de Fernando Sabino, exatamente na apresentação do conflito:
Um homem ao sair nu para pegar o pão na porta de seu apartamento é surpreendido por uma rajada de vento que faz sua porta bater, deixando-o preso, totalmente nu, do lado de fora, somente com o pão nas mãos para esconder sua nudez. Sem saber o que fazer ele sai correndo em disparada para a rua...
b. Lembre-se de que o enredo de uma narrativa geralmente é organizado da seguinte forma:
Situação inicial: Os personagens e o espaço são apresentados.
Estabelecimento de um conflito: Um acontecimento modifica a situação apresentada e desencadeia uma nova situação a ser resolvida, que quebra a estabilidade de personagens e acontecimentos.
Clímax: Ponto de maior tensão na narrativa.
Epílogo/desfecho: Solução do conflito, o que nem sempre significa um final feliz.
c. Conforme a história apresentada no trailer do filme, a situação inicial foi apresentada e o conflito estabelecido, isto é, chegou-se a um momento emocionante da história. Imagine as aventuras vividas pelo homem nu, correndo desenfreado pelas ruas, tentando se ocultar e escreva uma continuação para o episódio, encaminhando os fatos para o clímax e consequentemente para o desfecho.
d. Para que seu texto seja coerente mantenha: as personagens apresentadas, mesmo que você decida incluir outras; o foco narrativo de terceira pessoa e o mesmo local e época.
e. Reúna-se em grupo. Cada colega deverá fazer comentários a respeito do texto do colega. Se achar necessário reescreva seu texto antes de apresentá-lo ao professor.
Disponível em locadoras.
Sinopse do filme, disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/homem-nu/
Quatro estrelas 7 classificações
Denuncie opiniões ou materiais indevidos!
26/09/2014
Cinco estrelasMuito boa essa cronica...e foi ótims a explicaço
24/06/2013
Quatro estrelasA analise ficou excelente,parabéns pelo trabalho.
23/03/2012
Quatro estrelasEstava trabalhando o conto as sugestões foram maravilosas para complementar as aulas.
08/03/2012
Cinco estrelasmuito boa as esplicaçôes não podiam ser mais claras muito obrigada.
02/10/2011
Cinco estrelasMuito interessante a aula. Já a utilizei por diversas vezes, tanto em séries do Ensino Fundamental II como para o Ensino Médio. O trabalho com crônicas é sempre muito instigante.
08/08/2011
Cinco estrelasESTAVA PRECISANDO DE UMA AULA ASSIM... ADOREI
10/03/2011
Cinco estrelasVou resumir em apenas uma palavras: Excelente. Muito bem elaborado, com várias possibilidades de trabalho e atividades