Portal do Governo Brasileiro
Início do Conteúdo
VISUALIZAR AULA
 


Cangaço

 

24/11/2010

Autor e Coautor(es)
joão ricardo ferreira pires
imagem do usuário

BELO HORIZONTE - MG Universidade do Estado de Minas Gerais

Pauliane de Carvalho Braga, Lígia Beatriz Paula Germano

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio História Poder
Ensino Médio História Memória
Ensino Médio História Processo histórico: nações e nacionalidades
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Os alunos irão aprender sobre o fenômeno do cangaço, seu surgimento, suas motivações, suas ações e principais representantes. O aluno deverá compreender como a violência do cangaço se colocou como alternativa à falta de terras e oportunidades, discutindo o conceito de banditismo social.

Duração das atividades
Três aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Política na República Velha (1889-1930).

Conceitos de mandonismo, coronelismo e clientelismo.

Estratégias e recursos da aula

Introdução

A história do Cangaço só pode ser compreendida a partir do contexto social, político e econômico do Nordeste em fins do século XIX e início do XX. Temas como políticas de distribuição de terras, relações de poder e de trabalho e, até mesmo, as condições geográficas específicas da região devem ser trabalhados pelo professor em um primeiro momento. Será neste cenário de seca, fome, concentração de terras e mandonismo que surgirá o fenômeno do Cangaço. As lutas entre famílias poderosas no Nordeste será, em princípio, o motivo para se pegar em armas, o que ficará conhecido como Cangaço temporário. Mais tarde, a violência se dará independentemente das “guerras” particulares, o que resultará no Cangaço permanente. Já no século XX, o Cangaço permanente revestirá de prestígio os que nele se aventuraram – mesmo que este prestígio seja imposto por meio das armas. Nesta história do Cangaço, é importante que se discuta o cenário motivador de tal fenômeno, os atores sociais envolvidos, suas ações, a quem se aliava e a quem combatia, entre outros. Conceitualmente, cabe discutir Banditismo Social, geralmente empregado para se definir o fenômeno do Cangaço, mas que ainda provoca controvérsias. Por fim, trabalhar com a relação entre memória e esquecimento, aplicando-a ao tema aqui estudado. O professor deve discutir como a história “seleciona” eventos e personagens, avaliando a memória constituída sobre o Cangaço.

Primeira aula:

Para trabalharmos a história do Cangaço, utilizaremos como fonte de pesquisa a literatura de cordel, dado a sua predileção pelos temas nordestinos. Para tanto é preciso que professor e alunos estejam familiarizados com esta fonte e cientes de suas especificidades. Sugerimos a leitura e a discussão dos seguintes textos:

1. “O que é literatura de cordel?” Neste artigo de Franklin Machado, publicado na Revista Brasileira de Literatura de Cordel, ficam claros aspectos como origem do cordel, sua função de entretenimento e crônica social, a importância da xilogravura, temas recorrentes, perfil dos autores, entre outros. É importante que o professor discuta todos esses aspectos, evidenciando as particularidades da literatura de cordel (link acessado em: 5 out. 2010).

http://www.slideshare.net/mayaracarol/revista-cordel 

2. “Caminhos para o estudo da história por meio do cordel”: artigo publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional, em 26 de agosto de 2007 (link acessado em: 5 out. 2010).

http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=176    

Realizada esta discussão, o professor deverá traçar alguns temas pertinentes à história do Cangaço a serem pesquisados em cordéis (esta pesquisa deve ser feita em casa pelos alunos). Os temas escolhidos devem ser capazes de apresentar aos alunos o panorama político, econômico e social do Nordeste. Cordéis que falem sobre a seca, migração, fome, falta de trabalho e de terra, das relações de poder e de trabalho... E a partir das informações retiradas dos cordéis, o professor deverá refletir a historicidade de tais informações: se, em fins do século XIX e começo do XX, as condições de existência no Nordeste eram semelhantes às contadas nos cordéis; o que mudou e o que permaneceu; etc. Observação: sugerimos para a pesquisa dos alunos a utilização de cordéis disponíveis na Internet: o site da Casa Rui Barbosa abriga um acervo de mais de 9 mil folhetos de cordel digitalizados; a Academia Brasileira de Cordel disponibiliza em seu site os cordéis que publica; além de sites menores que trabalham para a difusão desta arte. Abaixo, indicamos alguns sites onde a pesquisa pode ser realizada e alguns exemplos de cordéis que podem ser trabalhados.   

1. Casa Rui Barbosa (link acessado em: 5 out. 2010): http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/index.html 

2. Academia Brasileira de Literatura de Cordel (link acessado em: 5 out. 2010): http://www.ablc.com.br/index.htm 

3. Recanto das Letras (link acessado em: 5 out. 2010): http://recantodasletras.uol.com.br/cordel/ 

4. Exemplo de cordel a ser utilizado: “ABC do Nordeste flagelado”, de Patativa do Assaré. Este poema pode ser encontrado no livro Patativa do Assaré: uma voz do nordeste, em parte disponível pela ferramenta Google Books (link acessado em:  5 out. 2010).

Patativa do Assaré - Uma voz do Nordeste 

Segunda aula:

Esta aula abordará os temas pesquisados e discutidos na primeira aula, conectando-os com o tema do Cangaço. O professor deverá apresentar aos alunos um pouco sobre a história dos conflitos entre famílias típicas da história do Nordeste; como estes conflitos se relacionavam com a posse de terras e o domínio do poder local; como geravam ciclos de vinganças e, com isso, bandos armados mobilizados para essas “guerras particulares”. O professor deve discutir o surgimento do Cangaço temporário – nas contendas entre as famílias, formavam-se bandos de homens armados que, quando concluída as vinganças, deixavam as armas e voltavam para a lida diária na terra. A passagem do Cangaço temporário para o Cangaço permanente – quando as armas deixam de ser apenas meios de defesa de terras e cargos para a consolidação do poder de um clã e se transformam na própria fonte deste poder. Discutir a mudança no código de valores desses homens e, por fim, a validade do conceito de Banditismo Social (meio rural como ambiente propício à origem e atuação dos bandos; a ação desses bandos como um mecanismo de articulação para o protesto social, e não apenas como desordem cotidiana; homens encarados pelos poderosos e pelo Estado como malfeitores, mas pela população camponesa como heróis).

Observação: nesta segunda aula, não se pode perder de vista a conexão entre a pesquisa feita pelos alunos nos cordéis e os temas específicos do Cangaço. A seca, o homem sem terra e trabalho, a fome, todos esses elementos são constituintes do cenário motivador do Cangaço. A pesquisa realizada pelos alunos não deve ser apenas “ponto de partida” para os novos temas; estes devem surgir da discussão das informações colhidas nos cordéis – só desta maneira o aluno será parte atuante na construção deste conhecimento.

Terceira aula (conclusão):

Para esta aula, nova pesquisa deve ser feita em casa pelos alunos, desta vez sobre os principais nomes do Cangaço. A sala deve ser dividida em três grupos, cada um responsável por um personagem. Os alunos devem procurar dados biográficos sobre o cangaceiro, os motivos que o levaram a recorrer às armas, como foi a sua vida no Cangaço, que inimigos enfrentou, quem eram os seus aliados, sua relação com a terra e a memória construída sobre o personagem. Como sugestão para a pesquisa, apresentamos o nome de Jesuíno Brilhante (Cangaço temporário), Antônio Silvino (Cangaço permanente), e Lampião (último e mais famoso nome do Cangaço). Sugerimos, também, alguns sites de pesquisa (links acessados em: 6 out. 2010).   

Sobre Jesuíno Brilhante:

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=403590 

http://novo.tribunadonorte.com.br/especial/histrn/hist_rn_9g.htm 

http://www.enciclopedianordeste.com.br/nova331.php 

Em cordel:

http://www.ablc.com.br/popups/cordeldavez/cordeldavez047.htm 

Sobre Antônio Silvino:

http://www.afogadosdaingazeira.com/paginas/cangaco/antonioSilvino/antonioSilvino.html 

http://www.enciclopedianordeste.com.br/biografia-antoniosilvino.php 

Em cordel:

http://pt.wikisource.org/wiki/Antonio_Silvino,_o_Rei_dos_Cangaceiros    

Sobre Lampião:

http://www.sociedadedocangaco.org.br/index.asp 

http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_desafio_do__governador_do_sertao__imprimir.html 

http://historia.abril.com.br/gente/lampiao-rei-cangaco-434150.shtml 

Em cordel:

http://www.ablc.com.br/popups/cordeldavez/cordeldavez031.htm    

Os alunos devem atentar para a diversidade de fontes disponíveis para a pesquisa. No site Sociedade do Cangaço, por exemplo, existe uma “Galeria de Fotos”, onde as fotografias do bando de Lampião, tiradas por Benjamin Abrahão Botto, estão disponíveis. Neste mesmo site, encontramos também uma “Galeria de Vídeos”, com depoimentos de homens e mulheres remanescentes do Cangaço. Todas essas fontes podem resultar em bons frutos tanto para as pesquisas biográficas, quanto para as pesquisas sobre memória. Contudo, é importante que essas fontes sejam avaliadas, confrontadas e discutidas.

Em sala de aula, com a pesquisa em mãos, cada grupo deverá apresentar o seu personagem. Alguns pontos devem ser ressaltados: origem social, motivação que o levou ao Cangaço, relação com a terra, ações, código de conduta, inimigos e aliados, e relação com o Estado. O objetivo é que se contraponha os três personagens, que viveram em épocas distintas, tiveram ações diferenciadas, mas estão enquadrados em um mesmo fenômeno: o Cangaço. Os alunos, tendo o professor como mediador, devem pensar a história desses personagens relacionada ao contexto político, social e econômico estudado nas duas primeiras aulas, discutindo, por fim, se o conceito de Banditismo Social se aplica ao seu personagem (se sim, em que medida). Para finalizar o tema, é de fundamental importância que o professor fale sobre a construção da memória e da história, dos fatores que contribuem para que determinados sujeitos sejam lembrados, e outros esquecidos. Como se construiu a memória de cada um desses personagens, como eles são representados e quem os guarda (e por que) na memória com maior vivacidade. A pesquisa realizada nos cordéis  deve servir de ferramenta para esta discussão.

Recursos Complementares

Para a discussão de Banditismo Social, recomendamos a leitura do livro Bandidos, de Eric Hobsbawm.  

Para a discussão dos conceitos de mandonismo, coronelismo e clientelismo, sugerimos a leitura do artigo “Mandonismo, Coronelismo, Clientelismo: Uma Discussão Conceitual”, de José Murilo de Carvalho, publicado no site Scielo (acessado em: 6 out. 2010):

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52581997000200003&lng=en&nrm=iso   

Para uma leitura sobre a violência na literatura de cordel sobre o Cangaço, sugerimos o artigo “A representação social da violência na literatura de cordel sobre cangaço”, de Renata Lira dos Santos, publicado no site Scielo (acessado em: 6 out. 2010):

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52581997000200003&lng=en&nrm=iso 

Avaliação

O professor, atuando como mediador, deve estar atento às discussões realizadas nas três aulas para, depois, avaliá-las. Como trabalho temático final, sugerimos a confecção de um varal de cordel na escola, onde os alunos poderão afixar os cordéis que mais lhes chamaram a atenção, escritos sobre os cangaceiros estudados, e os textos explicativos sobre a literatura de cordel.

Opinião de quem acessou

Sem estrelas 0 classificações

  • Cinco estrelas 0/0 - 0%
  • Quatro estrelas 0/0 - 0%
  • Três estrelas 0/0 - 0%
  • Duas estrelas 0/0 - 0%
  • Uma estrela 0/0 - 0%

Denuncie opiniões ou materiais indevidos!

Sem classificação.
REPORTAR ERROS
Encontrou algum erro? Descreva-o aqui e contribua para que as informações do Portal estejam sempre corretas.
CONTATO
Deixe sua mensagem para o Portal. Dúvidas, críticas e sugestões são sempre bem-vindas.