11/01/2011
Maria Cristina Weitzel Tavela
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Ensino Médio | Língua Portuguesa | Gêneros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal |
O aluno terá a oportunidade de aprender que a narrativa é um forte recurso de persuasão em discursos argumentativos.
Aulas elaboradas para alunos do 2° ano do ensino médio, que conheçam características do gênero propaganda.
Aulas 1 e 2
Observação: os termos 'narrativa' e 'relato' poderão ter uso equivalente.
Professor: conduza seus alunos ao Laboratório de Informática. Inicie a aula fazendo o seguinte questionamento:
a) O que vocês entendem por texto narrativo?
b) Já observaram em algum momento de suas vidas o uso da narração para sustentar opinião ou para persuadir alguém?
c) Já perceberam isso em sala de aula? Como foi?
d) Nos debates calorosos em Tribunal do Júri esse recurso é utilizado? Por quem?
e) Podem dar algum exemplo?
Professor: se você já tiver participado de Tribunal do Júri, Audiência de conciliação, instrução e julgamento ou outros tipos de audiências (por exemplo, no Procon), contextualize em que circunstância houve a utilização da narrativa. A narrativa é peça importante nesses contextos; lembre-se, por exemplo, da fala de testemunhas.
f) Em que outras circunstâncias você já notou a presença de narrativas para convencer? (Resp.: em lojas, quando um vendedor quer vender um produto; em telemarketing; no discurso político; em propagandas, em artigos de opinião, etc.)
Dando continuidade, aplique oralmente a atividade abaixo.
Atividade 1
Projete a imagem abaixo, disponível no site
http://4.bp.blogspot.com/_EOSF667teqg/SoQTU2sq1II/AAAAAAAAO7k/Bq_FyUGsrR0/s400/charge.jpg
a) Quem são os personagens? (Resp.: um candidato a cargo político, que provavelmente vai relatar resultados de sua gestão, e um telespectador/eleitor.)
b) O eleitor confia no candidato? Por quê? (Resp.: não, porque ele liga para o Procon pra denunciar o candidato por "propaganda enganosa". Nessa charge há uma brincadeira para provocar o humor, já que o Procon não tem competência para casos assim.)
c) Peça a algum ou a alguns alunos que deem continuidade à fala do político, por meio de uma breve narrativa, para convencer o telespectador a não ligar para o Procon.
Professor: terminada essa atividade, informe aos alunos que vocês farão a análise de um artigo de opinião e que, antes da leitura, deseja verificar se eles conhecem o autor do texto. Projete a imagem abaixo, de Zeca Baleiro, disponível em http://catracalivre.folha.uol.com.br/wp-content/uploads/2009/06/zeca-baleiro.jpg
Explore o que sabem sobre ele: onde nasceu, sua trajetória artística, se já o viram na TV (em apresentações e/ou entrevistas), em show, etc. Você poderá fazer consultas sobre Zeca Baleiro em http://www2.uol.com.br/zecabaleiro/
Ouçam, também, uma de suas composições, “Quase nada”, em parceria com Alice Ruiz, acessando o site http://letras.terra.com.br/zeca-baleiro/49391/
Terminada a escuta, peça aos alunos que acessem o site abaixo, com o texto CINISMO E FELICIDADE, de Zeca Baleiro.
http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/coluna/100161_CINISMO+E+FELICIDADE
Faça uma leitura colaborativa.
1) Inicie chamando a atenção dos alunos para o título e o lide. Pergunte:
O lide dá a impressão de que o autor vai tratar de algo bom, positivo. Essa impressão se mantém ou se desfaz com o título? Por quê?
(Resp.: a impressão se desfaz com o título, porque ao associar o termo 'cinismo' ao termo 'felicidade' somos levados a pensar em uma falsa felicidade, talvez vazia de valores.)
2) Durante a leitura do corpo do texto, faça algumas pausas para verificar a compreensão e discutir o ponto de vista de Zeca Baleiro. Elabore perguntas, como:
a) No primeiro parágrafo, Zeca Baleiro narra uma breve passagem de seu passado. De que lembranças ele fala? Elas são positivas ou negativas? Como é a relação dele com a propaganda hoje em dia?
(Resp.: ele fala, em tom saudosista, das propagandas a que assistia. São imagens positivas. Hoje ele não tem interesse algum por propagandas.)
b) No segundo parágrafo já fica evidente a opinião de Zeca sobre as propagandas. Qual é ela?
(Resp.: propaganda existe para impulsionar o consumo e este não é algo que aspire à ética e à correção.)
c) Essa opinião é corroborada no último parágrafo?
(Resp.: não só corrobora como também especifica, porque ele afirma que a propaganda fascina os jovens (e as pessoas em geral), associando a felicidade à riqueza, ao poder, à posse e à ascensão sobre os outros, que ela promove.)
d) Que recursos ele utiliza para sustentar essa opinião?
(Resp.: a narrativa do seu passado, quando, segundo ele, as propagandas eram lúdicas e ingênuas; e exemplos: dois relatos seguidos de críticas a dois comerciais 'em cartaz'.)
Professor: finda a leitura, aplique a atividade abaixo, que será feita por escrito. Terminada a tarefa, recolha para correção.
Atividade 2
Responda à questão abaixo.
Você concorda com Zeca Baleiro? Sim ou não? Por quê?
Aulas 3 e 4
Conduza novamente seus alunos ao Laboratório de Informática, para que assistam à propaganda referida por Zeca Baleiro, disponível no site http://www.youtube.com/watch?v=pEm0oEfmuf8
1) Colha as impressões dos alunos sobre o comercial.
2) Peça a eles que releiam os 3º e 4º parágrafos do texto de Zeca.
3) Aplique a atividade abaixo, por escrito, utilizando a metodologia do estudo dirigido. Recolha ao final para correção.
Atividade 3
a) Que tipo de comercial Zeca Baleiro critica? (Resp.: os de carro.)
b) Zeca Baleiro diz que comerciais de carro são os mais hiperbólicos, alguns têm tom épico, apoteótico. O que ele quis dizer? (Resp.: hiperbólicos significa 'exagerados' ; o tom épico tem a ver com narrativa épica: histórias grandiosas, heroicas (por exemplo, os filmes "Alexandre" e "Troia" são narrativas épicas, sendo o primeiro baseado em fatos históricos, e o segundo na Mitologia.)
c) Que crítica Zeca Baleiro fez ao comercial que você acabou de ver? [(Resp.: por não promover a reflexão, a propaganda simplesmente perpetua um clichê, tanto o tradicional quanto o invertido, ficando a serviço de um preconceito sexista ( preconceito tanto ao homem quanto à mulher)]
Professor, ajude os alunos a compreender a crítica, com o passo a passo abaixo.
- O que é clichê em relação aos papéis sociais? (Resp.: o homem presentear a mulher porque ela sempre fez trabalhos domésticos; o homem a presenteia para ela exercer a função doméstica.)
- Qual foi a inversão feita no comercial? [Resp.: homem e mulher invertem os papéis; ele faz os serviços de casa, ela trabalha fora. Ela o presenteia por desempenhar bem suas tarefas domésticas. (Inversão do clichê)]
- Você concorda com Zeca Baleiro quanto ao preconceito em relação às tarefas domésticas? Explique sua resposta.
- Por que, na opinião de Zeca Baleiro, essa propaganda perpetuaria um clichê, tanto o tradicional quanto o invertido?
d) Por que, segundo o autor, a inversão soaria bem num programa humorístico? (Resp.: num programa humorístico a inversão seria engraçada e transgressora, mas provocaria uma reflexão sobre o clichê, ou seja, sobre os papéis do homem e da mulher na sociedade.)
e) Com que objetivo a inversão de papéis, nessa propaganda, foi usada: provocar uma reflexão ou vender o carro?
f) Após essa análise do ponto de vista do articulista, as suas impressões iniciais sobre esse comercial e a propaganda, em geral, continuam as mesmas ou mudaram? Concordam com Zeca Baleiro ou não? Por quê?
Na sequência, entregue aos alunos um resumo do material abaixo. Explique a eles esses pontos teóricos sobre a função de narrativas em propagandas.
Fichamento (baseado em texto disponível em http://www.scribd.com/doc/26778038/CAMPANHAS-NARRATIVAS-Um-Recurso-de-Persuasao
- A narração é uma característica importante na publicidade moderna, devido principalmente ao seu potencial de encantamento através da emoção, do humor,etc.
- Década de 60: propaganda cede espaço ao apelo às emoções, com ênfase na criatividade para agregar diferencial ao produto; a ilustração perde espaço para a fotografia publicitária; a função conativa passa a ser padrão; caráter persuasivo ganha importância. Adota-se a linguagem coloquial como estratégia de persuasão. - Função conativa: verbos no imperativo buscam sugerir, influenciar, convidar, determinar o leitor a realizar determinada ação. Muito presente em slogans. Exemplo (meu) : Compre Batom, seu filho merece) - As demais funções também são usadas.
- Década de 90: destaca-se a técnica palavra-puxa-palavra: uma rede associativa na qual uma sequência de termos forma uma mesma trama de significados. (Exemplo: Verão - calor; sol; brisa; vento; natureza; clima). Objetivo: persuadir; motivar consumo; vender um conceito ou idéia; convencer o interlocutor para algum posicionamento.
-A linguagem deve ser coloquial; mais ou menos jovem; pode conter gírias ou não. Falando para consumidores mais sérios, a abordagem deve ser leve e informal. Linguagem distante e fria não conquista.
- Processos figurativos e musicalidade: componentes estéticos do texto
- São exemplos de técnicas e recursos de retórica: alegoria, metáfora, rima, ironia, humor, metonímia, repetição, etc.
- Contribuição da retórica possibilita a criação dos modelos apolíneo e dionisíaco na publicidade.
Modelo apolíneo
- Explora a racionalidade, um mundo idealizado, apresentando promessas de felicidade, procurando persuadir através do conteúdo idílico. - Cria-se uma estrutura fechada, chamada estrutura circular, que impede que o interlocutor crie suas próprias conclusões. - Pode conter uma história, mas não apresenta todos os elementos da narração. - Apresenta narratividade (transformação que ocorre entre dois estados sucessivos e diferentes), mas a presença de narração (estados e transformações ligados a personagens individualizadas) é quase nula.
Modelo dionisíaco
- Explora a emoção, imprimindo um estado de liberdade, de alegria; dominado pelos sentimentos e as leis do encantamento. - O discurso é narrativo: o produto é inserido na história de forma sutil.
-Anúncios dessa variante vão buscar influenciar o público contando histórias. É uma estratégia poderosa de persuasão, pois relaciona a marca com histórias que podem se assemelhar à história de vida do cliente.
- Abordagem narrativa procura comover o público, mantendo viva a marca em sua memória por meio da emoção e do humor.
- Adotado em: anúncios institucionais, que visam a fortalecer a marca; quando o produto é líder de mercado em seu segmento (mensagem destinada a um público de elite que já conhece o produto).
Obs.: uma mesma campanha pode apresentar elementos dos dois modelos, mas geralmente um é dominante.
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Terminado esse estudo, acesse a propaganda da Garoto, no site
http://www.youtube.com/watch?v=wnMNkp-n6BM&feature=related
Em seguida, passe a atividade abaixo para ser feita por escrito, em grupo, em folha à parte. Recolha para correção.
Atividade 4
Analise o comercial da GAROTO, levando em conta o seguinte roteiro:
a) O comercial visa a promover a marca ou o produto?
b) Como é feita a inserção da marca/produto nessa propaganda?
c) Quais estratégias são utilizadas para convencer o consumidor? (Use o fichamento como orientação. Refira a pelo menos 4 itens desse fichamento na sua análise.)
Propaganda dos Correios e intertextualidade com a Carta de Caminha:
http://www.nahoradointervalo.com/propaganda-carta-descobrimento-brasil
A avaliação será por meio de uma atividade mista, oral e escrita.
Devolva aos alunos as atividades feitas nas aulas, pois poderão ser úteis.
Divida a turma em grupos para discutirem a seguinte questão: A propaganda exerce um fascínio pernicioso nos jovens?
Eles deverão responder à pergunta por escrito, da seguinte forma:
a) manifestando opinião pró ou contra.
b) sustentando a opinião com argumentos, podendo se inspirar no texto de Zeca Baleiro, se for o caso.
c) apresentando um argumento baseado em 'relato', ou seja, contarão uma história para ilustrar a opinião.
Finalizada essa tarefa, um elemento de cada grupo apresentará o trabalho, oralmente.
Cinco estrelas 1 classificações
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19/06/2011
Cinco estrelasAula muito bem construída.