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O Pré-Modernismo

 

14/01/2011

Autor e Coautor(es)
MARTA PONTES PINTO
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Literatura Estudos literários: análise e reflexão
Ensino Médio Literatura Literatura brasileira, clássica e contemporânea: criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • identificar as vanguardas européias: Futurismo, Expressionismo, Cubismo, Dadaísmo, Surrealismo;
  • conhecer e analisar textos de autores modernistas;
  • contextualizar o conhecimento com outras formas de arte produzidas neste período.
Duração das atividades
08 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • Conhecimento histórico do período.
  • Texto literário.

Estratégias e recursos da aula

Estratégias:

  • Busca na internet;
  • discussões coletivas;
  • elaboração de um vídeo.                                                                                             

Recurso:

  • Computador com internet.

Atividade 1

O professor começará a aula exibindo dois exemplares de telas produzidas pelas Vanguardas Europeias. As vanguardas são tema de nosso presente estudo.O objetivo dessa apresentação é levar o aluno a ter contato com a arte. Olhar, ver, sem comparar, conhecer. O professor dirá que elas foram produzidas por Umberto Boccioni, 1911 e por Egon Schiele, 1917, respectivamente. Deverá pedir a alguns alunos que façam apreciações sobre elas. 

Telas disponíveis em:

http://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/BaleianaRede/Edicao06/5b_O_Barulhodarua_e_o_Guesa.pdf

http://3.bp.blogspot.com/_CY628ty-pRw/S30JOGW3TYI/AAAAAAAAFac/9Edsv7_0Hy4/s1600-h/telas14.jpg  

O professor proporá, em seguida, um trabalho em grupo. Dividirá a turma em cinco grupos e os levará ao laboratório de informática para pesquisarem sobre cinco movimentos que se ligam ao Pré- Modernismo e Modernismo: Futurismo, Expressionismo, Cubismo, Dadaísmo, Surrealismo, os quais constituíram as Vanguardas Europeias.

Cada grupo pesquisará um desses movimentos e apresentará à classe. Porém, é necessário que antes de começarem a pesquisar, o professor ofereça uma pequena visão sobre o assunto. Poderá explicar que:

  • Vanguardas Europeias são nomes atribuídos a movimentos culturais que começaram na Europa no início do século XX e que estes representam um tempo de ruptura com as estéticas precedentes, como o Simbolismo.
  • Nesse período, a Europa estava em clima de contentamento diante dos progressos industriais, dos avanços tecnológicos, das descobertas científicas e médicas, como: eletricidade, telefone, rádio, telégrafo, vacina anti-rábica, os tipos sanguíneos, cinema, RX, submarino, produção do fósforo. Ao mesmo tempo em que, a disputa pelos mercados financeiros (fornecedores e compradores) ocasionou a I Guerra Mundial. O clima estava propício para o surgimento das novas concepções artísticas sobre a realidade.
  • Surgiram inúmeras tendências na arte, principalmente manifestos advindos do contraste social: de um lado a burguesia eufórica pela emergente economia industrial e, de outro lado, a marginalização e descontentamento da classe proletária e a intensificação do desemprego (especialmente após a queda da bolsa de Nova Iorque em 1929). O Brasil, por sua vez, passou de escravocrata para mão de obra livre, da Monarquia para República. Os movimentos culturais desse período, responsáveis por uma série de manifestos, são: Futurismo, Expressionismo, Cubismo, Dadaísmo, Surrealismo, chamados de Vanguardas Europeias. “Vanguardas”, por se tratarem de movimentos pioneiros da arte e da cultura e “europeias” por terem origem na Europa.

 O Texto acima foi adaptado de outro disponível no site abaixo:

http://www.mundoeducacao.com.br/literatura/vanguardas-europeias.htm   

O professor deverá sugerir que apresentem seus trabalhos de pesquisa à classe de forma interessante, como por exemplo, por meio de vídeo. Poderá indicar os sites abaixo que ensinam como fazê-lo:

 http://www.dicasdodia.net/2008/06/como-criar-video-com-fotos-para-youtube.html 

ou: http://www.youtube.com/watch?v=M6iH9WvTuDQ&NR=1 Como fazer um vídeo 

Depois da distribuição de tarefas, o professor deve deixá-los trabalhar mas sempre com sua orientação. Os alunos precisarão entender os textos, fazer fotos ou filmagens, planejar a apresentação e imprimir material para ser entregue aos colegas.

Sugestões de sites para consulta das Vanguardas Europeias.    

http://www.grupoescolar.com/materia/vanguardas_europeias.html

http://www.meuartigo.brasilescola.com/literatura/vanguardas-europeias-expressionismo.htm 

Atividade 2

O professor deverá acompanhar a pesquisa dos grupos, propondo apresentações e esclarecendo as dúvidas. Deverá solicitar a presença de professores de informática, se necessário, para orientarem os alunos na confecção dos vídeos.

Atividade 3

Apresentação dos trabalhos de pesquisa.O professor poderá optar por discutir o conteúdo ao final de cada apresentação, ou discutir todos ao final. Deverá garantir que todos os alunos apreendam o que representou em cada movimento de vanguarda.

Atividade 4

O professor levará os alunos ao laboratório de informática para assistirem aos vídeos http://www.youtube.com/watch?v=odgNq1mAoVg. e

http://www.youtube.com/watch?v=CA3MeBpBI28&feature=related 

http://www.youtube.com/watch?v=HYcLMZWb9Jc&feature=related

Estes vídeos têm: o primeiro, 8 minutos e 54 segundos e o segundo 2 minutos e 58 segundos, porém, serão vistos durante 50 minutos porque, a cada informação nova, o professor deverá parar a exibição para que alunos possam fazer anotações, e professor e alunos possam tecer comentários e discutir o que foi mostrado.

O que o vídeo contém:

Definição e características do Pré-Modernismo

Principais autores do período, temas explorados por eles e principais obras:

  • Euclides da Cunha
  • Lima Barreto
  • Monteiro Lobato
  • Graça Aranha
  • Augusto dos Anjos

Atividade 5

O professor poderá optar por uma das atividades abaixo, mas também elas podem não ser excludentes:

  1. projetar um dos filmes sugeridos abaixo;
  2. adotar a leitura dos autores do período, um autor para cada grupo e ao final um seminário;
  3. analisar fragmentos das obras.
  • O comprador de fazendas: Adaptação de conto de Monteiro Lobato
  • O professor poderá locar o filme intitulado Policarpo Quaresma, Herói do Brasil, que embora respeite em linhas gerais o enredo de Lima Barreto, esta adaptação toma algumas liberdades (como criar uma relação amorosa entre Policarpo e Ismênia e mostrar o fuzilamento final do protagonista, que não é descrito no livro) e satiriza aspectos da política brasileira atual, como quando um grupo de sem-terras invade o sítio do Major Quaresma, "Sossego".
  • A guerra de Canudos. Filme inspirado em Os sertões de Euclides da Cunha.
  • Em Baile perfumado vemos Lampião e seu bando, além de Padre Cícero.

Fragmentos:

1- (Fragmento de Os sertões)

(Antônio Conselheiro) Pregava contra a República; é certo.

O antagonismo era inevitável. Era um derivativo à exacerbação mística; uma variante forçada ao delírio religioso.

Mas não traduzia o mais pálido intuito político: o jagunço é tão inapto para apreender a forma republicana como a monárquico-constitucional.

Ambas lhe são abstrações inacessíveis. É espontaneamente adversário de ambas. Está na fase evolutiva em que só é conceptível o império de um chefe sacerdotal ou guerreiro.

Insistamos sobre esta verdade: a guerra de Canudos foi um refluxo em nossa história. Tivemos, inopinadamente, ressurrecta e em armas em nossa frente, uma sociedade velha, uma sociedade morta, galvanizada por um doudo. 

(...)

Vivendo quatrocentos anos no litoral vastíssimo, em que palejam reflexos da vida civilizada, tivemos de improviso, como herança inesperada, a República. Ascendemos, de chofre, arrebatados na caudal dos ideais modernos, deixando na penumbra secular em que jazem, no âmago do país, um terço da nossa gente. Iludidos por uma civilização de empréstimos; respigando, em faina cega de copistas, tudo o que de melhor existe nos códigos orgânicos de outras nações, tornamos, revolucionariamente, fugindo ao transigir mais ligeiro com as exigências da nossa própria nacionalidade, mais fundo o contraste entre o nosso modo de viver e o daqueles rudes patrícios mais estrangeiros nesta terra do que os imigrantes da Europa. Porque não no-los separa um mar, separam-no-los três séculos...

Euclides da Cunha

Disponível em: http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/46893842115461617422202/p0000003.htm  

2- (Fragmento do primeiro capítulo de Triste fim de Policarpo Quaresma.)

Como de hábito, Policarpo Quaresma, mais conhecido por Major Quaresma, bateu em casa às quatro e quinze da tarde. Havia mais de vinte anos que isso acontecia. Saindo do Arsenal de Guerra, onde era subsecretário, bongava pelas confeitarias algumas frutas, comprava um queijo, às vezes, e sempre o pão da padaria francesa.

Não gastava nesses passos nem mesmo uma hora, de forma que, às três e quarenta, por ai assim, tomava o bonde, sem erro de um minuto, ia pisar a soleira da porta de sua casa, numa rua afastada de São Januário, bem exatamente às quatro e quinze, como se fosse a aparição de um astro, um eclipse, enfim um fenômeno matematicamente determinado, previsto e predito.

A vizinhança já lhe conhecia os hábitos e tanto que, na casa do Capitão Cláudio, onde era costume jantar-se aí pelas quatro e meia, logo que o viam passar, a dona gritava à criada: "Alice, olha que são horas; o Major Quaresma já passou."

 (...)

Estava num aposento vasto, com janelas para uma rua lateral, e todo ele era forrado de estantes de ferro.

Havia perto de dez, com quatro prateleiras, fora as pequenas com os livros de maior tomo. Quem examinasse vagarosamente aquela grande coleção de livros havia de espantar-se ao perceber o espírito que presidia a sua reunião.

Na ficção, havia unicamente autores nacionais ou tidos como tais: o Bento Teixeira, da Prosopopéia; o Gregório de Matos, o Basílio da Gama, o Santa Rita Durão, o José de Alencar (todo), o Macedo, o Gonçalves Dias (todo), além de muitos outros. Podia-se afiançar que nem um dos autores nacionais ou nacionalizados de oitenta ora lá faltava nas estantes do major.

(...) 

(...)A razão tinha que ser encontrada numa disposição particular de seu espírito, no forte sentimento que guiava sua vida. Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da Pátria tomou-o todo inteiro. Não fora o amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento sério, grave e absorvente. Nada de ambições políticas ou administrativas; o que Quaresma pensou, ou melhor: o que o patriotismo o fez pensar, foi num conhecimento inteiro do Brasil, levando-o a meditações sobre os seus recursos, para depois então apontar os remédios, as medidas progressivas, com pleno conhecimento de causa.

Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo; Quaresma era antes de tudo brasileiro. Não tinha predileção por esta ou aquela parte de seu país, tanto assim que aquilo que o fazia vibrar de paixão não eram só os pampas do Sul com o seu gado, não era o café de São Paulo, não eram o ouro e os diamantes de Minas, não era a beleza da Guanabara, não era a altura da Paulo Afonso, não era o estro de Gonçalves Dias ou o ímpeto de Andrade Neves - era tudo isso junto, fundido, reunido, sob a bandeira estrelada do Cruzeiro.

Logo aos dezoito anos quis fazer-se militar; mas a junta de saúde julgou-o incapaz. Desgostou-se, sofreu, mas não maldisse a Pátria. O ministério era liberal, ele se fez conservador e continuou mais do que nunca a amar a "terra que o viu nascer". Impossibilitado de evoluir-se sob os dourados do exército, procurou a administração e dos seus ramos escolheu o militar.

Era onde estava bem. No meio de soldados, de canhões, de veteranos, de papelada inçada de quilos de pólvora, de nomes de fuzis e termos técnicos de artilharia, aspirava diariamente aquele hálito de guerra, de bravura, de vitória, de triunfo, que é bem o hálito da Pátria.

Lima Barreto

Disponível em:

http://lpniceia.wordpress.com/leitura/ 

3- (Fragmento de Zé Brasil)

I

Zé Brasil era um pobre coitado. Nasceu e sempre viveu em casebres de sapé e barro, desses de chão batido e sem mobília nenhuma – só a mesa encardida, o banco duro, o mocho de três pernas, uns caixões, as cuias... Nem cama tinha. Zé Brasil sempre dormiu em esteiras de tábua. Que mais na casa? A espingardinha, o pote d’água, o caco de sela, o rabo de tatu, a arca, o facão, um santinho na parede. Livros, só folhinhas – para ver as luas e se vai chover ou não, e aquele livrinho do Fontoura com a história do Jeca Tatu.

-Coitado deste Jeca! dizia Zé Brasil, olhando para aquelas figuras. Tal qual eu. Tudo que ele tinha, eu também tenho. A mesma opilação, a mesma maleita, a mesma miséria e até o mesmo cachorrinho. Pois não é que meu cachorro também se chama Jolí?...

II

A vida de Zé Brasil era a mais simples. Levantar de madrugada, tomar um cafezinho ralo (“escolha” com rapadura), com farinha de milho (quando tinha) e ir para a roça pegar no cabo da enxada. O almoço ele o comia lá mesmo, levado pela mulher; arroz com feijão e farinha de mandioca, às vezes um torresmo ou um pedacinho de carne seca para enfeitar. Depois cabo da enxada outra vez, até à hora do café do meio-dia. E novamente a enxada, quando não a foice ou o machado. A luta com a terra sempre foi brava. O mato não pára nunca de crescer, e é preciso ir derrubando as capoeiras e capoeirões porque não há o que se estrague tão depressa como as terras de plantação.

Na frente da casa, o terreirinho, o mastro de Santo Antônio. Nos fundos, o chiqueirinho com um capadete engordado, a árvore onde dormem as galinhas, e a “horta” – umas latas velhas num girauzinho, com um pé de cebola, outro de arruda e mais remédios – hortelã, cidreira, etc. no girau, por causa da formiga.

-Ah, estas formigas me matam! Dizia o Zé com cara de desânimo. Comem tudo que a gente planta.

E se alguém da cidade, desses que não entendem de nada desta vida, vinha com histórias de “matar formiga”, Zé dizia: “Matar formiga!... Elas é que matam a gente. Isso de matar formiga é só para os ricos, e muito ricos. A formicida está pela hora da morte – e cada vez pior, mais falsificada. E que me adianta matar um formigueiro aqui neste sítio, se há tantos formigueiros nos vizinhos? Formiga vem de longe. Já vi um olheiro que ia sair a um quilômetro de distancia. Suponha que eu vendo a alma, compro uma lata de formicida e mato aquele formigueiro ali do pastinho. Que adianta? As formigas do Chico Vira, que é o meu vizinho deste lado, vem alegrinhas visitar as minhas plantas”.

III

A gente da cidade – como são cegas as gentes das cidades!... Esses doutores, esses escrevedores nos jornais, esses deputados, paravam ali e era só crítica: vadio, indolente, sem ambição, imprestável ... não havia o que não dissessem do Zé Brasil. Mas ninguém punha atenção nas doenças que derreavam aquele pobre homem – opilação, sezões, quanta verminose há, malária. E cadê doutor? Cadê remédio? Cadê jeito? O jeito era sempre o mesmo: sofrer sem um gemido e ir trabalhando doente mesmo, até não agüentar mais e cair como cavalo que afrouxa. E morrer na velha esteira – e feliz se houver por ali alguma rede em que o corpo vá para o cemitério, senão vai amarrado com cipó.

-Mas você morre, Zé, e sua alma vai para o céu, disse um dia o padre – e Zé duvidou.Está aí uma coisa que só vendo! Minha idéia é que nem deixam minha alma entrar no céu. Tocam ela de lá, como aqui na vida o coronel Tatuíra já me tocou das terras dele.

-Por que, Zé?

IV

Eu era “agregado” na fazenda do Taquaral. O coronel me deu lá uma grota, fiz minha casinha, derrubei mato, plantei milho e feijão.

-De meias?

-Sim. Metade para o coronel, metade para mim.

-Mas isso dá, Zé?

-Dá para a gente ir morrendo de fome pelo caminho da vida – a gente que trabalha e planta. Para o dono da terra é o melhor negócio do mundo. Ele não faz nada, de nada, de nada. Não fornece nem uma foice, nem um vidrinho de quina para a sezão – mas leva metade da colheita, e metade bem medida – uma metade gorda; a metade que fica com a gente é magra, minguada... E a gente tem de viver com aquilo um ano inteiro, até que chegue tempo de outra colheita.

Monteiro Lobato

Disponível em:

http://lobato.globo.com/misc_zebrasil.asp 

 (Fragmentos de Canaã)

A TRAGÉDIA DE MARIA

E o que tinha de acontecer, acontecia ... No meio do cafezal que estava a limpar, Maria, que já desde a véspera vinha sofrendo, sentiu repentinamente uma dor aguda nas entranhas, como de uma violenta punhalada. Caiu pesada no chão, o corpo se lhe retorceu todo e o rosto desmaiado desfigurou-se numa contorção medonha. A dor fora viva e passageira e logo que a rapariga voltou a si, assaltada por um grande terror, o seu primeiro movimento foi de se recolher a casa e aí, no abrigo doméstico, esperar o desenlace da crise. Teve, porém, medo de afrontar a ira dos patrões, que dia e noite ameaçavam despedi-Ia, para se furtarem ao incômodo   do tratamento. .............................................................................................................................................

Tomada de medo, abandonou o serviço e, afastando-se o mais possível da casa, deixou o cafezal e aventurou-se para o lado do rio, onde era mais deserto. Aí, no terreno inculto e bravio, as únicas árvores que havia eram esparsos cajueiros muito derreados, esgalhando-se pelo chão. Maria sentou-se debaixo duma dessas árvores que naquela época estavam em flor. .............................................................................................................................................

Em torno fungavam os porcos, remexendo as folhas secas do cajueiro, chegando mesmo alguns mais atrevidos, mais vorazes, a lamber afoitamente o chão ... Maria, horrorizada, queria afugentá-Ios, mas as dores a retomavam, imperiosas; nem mesmo tinha forças para um grito agudo, e só podia gemer estrebuchando numa mistura de sofrimento e de gozo, que a estimulava estranhamente ... E os porcos persistiam sinistros, ameaçadores ... Subitamente, ela caiu extenuada, largando a árvore ... Um vagido de criança misturou-se aos roncos dos animais ... A mulher fez um cansado gesto para apanhar o filho, mas exangue, débil, o braço morreu-lhe sobre o corpo. Uma vertigem turbou-lhe a visão, enfraqueceu-lhe os ouvidos, e numa volúpía de bem-estar parecia deliciosamente suspensa nos ares, longe da Terra, longe do sofrimento, ouvindo no arfar dos porcos o resfolegar longínquo e adormecido do mar ... E os animais sedentos enchafurdavam-se, guinchando, atropelando-se no sangue que corria, Um novo gemido saiu do peito de Maria, despertando-a, em sobressalto. Os porcos afastaram-se espantados, e ela, meio consciente, contorceu-se, mirou atônita a criança, que vagia estrangulada.

Graça Aranha

Disponível em:

http://www.vestibular1.com.br/enem/aulas/literatura/pre_modernismo.pdf 

Versos Íntimos

Augusto dos Anjos 

Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão - esta pantera -

Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

 

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

 

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

O Morcego  

Augusto dos Anjos

Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.

Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:

Na bruta ardência orgânica da sede,

Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

"Vou mandar levantar outra parede..."

- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho

E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,

Circularmente sobre minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego

A tocá-lo. Minh’alma se concentra.

Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!

Por mais que a gente faça, à noite, ele entra

Imperceptivelmente em nosso quarto!

  • Para finalizar os trabalhos, o professor deverá conversar com os alunos sobre o assunto, esclarecendo dúvidas, elogiando os grupos e fazendo um retrospecto do conteúdo.
Recursos Complementares

Professor, leia e estimule a leitura de outras obras dos escritores e do poeta estudados. Veja site abaixo:

http://www.mundocultural.com.br/index.asp?url=http://www.mundocultural.com.br/literatura1/pre-modernismo/aanjos.htm 

Avaliação

Professor, é importante sua observação atenta ao envolvimento, responsabilidade e crescimento dos alunos durante a realização das atividades. A avaliação deve ser processual.

Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 4 classificações

  • Cinco estrelas 2/4 - 50%
  • Quatro estrelas 2/4 - 50%
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Opiniões

  • joao, Nenhum , Goiás - disse:
    jvgomes123@hotmail.com

    27/02/2015

    Cinco estrelas

    Obrigado pelo esclarecimento, sou aluno mas me ajudou também.


  • socorroaraujo, Escola Estadual Monsenhor Paiva , Rio Grande do Norte - disse:
    socorroaraujovc.@gmail.com

    07/08/2013

    Quatro estrelas

    adorei a sugestão da aula, vai me ajudar muito, pois assim vou enovando. Muito obrigada.


  • Ângela Maria Gonçalves Felx, C.E.Mal. Souza Dantas , Rio de Janeiro - disse:
    amgfelix2@hotmail.com

    05/04/2013

    Cinco estrelas

    Gostei muito das atividades, apliquei em minha sala de aula e foi um sucesso.


  • vaneide carneiro de oliveira, C.E.PROF.NEWTON NEVES , Maranhão - disse:
    vaneidecarneiro@hotmail.com

    19/05/2012

    Quatro estrelas

    A aula é interessante e dinâmica, pois além de expor o assunto de maneira clara, incentiva os alunos à leitura, promove a interação entre professor e aluno, aluno e aluno e os direciona à pesquisa que tem por finalidade a construção do próprio conhecimento.


Sem classificação.
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