Portal do Governo Brasileiro
Início do Conteúdo
VISUALIZAR AULA
 


Golpe de 1964 - Deflagração e Tentativas de Resistência

 

16/12/2010

Autor e Coautor(es)
LEONARDO SOUZA DE ARAUJO MIRANDA
imagem do usuário

BELO HORIZONTE - MG Universidade Federal de Minas Gerais

Carlos Eduardo Frankiw de Andrade, Lígia Beatriz de Paula Germano

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio História Poder
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Relações de poder e conflitos sociais
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Os alunos irão aprender sobre o Golpe Civil-Militar de 1964: como se articularam empresários, políticos, militares e setores conservadores da sociedade brasileira visando derrubar o governo João Goulart; como se deu a radicalização da defesa das propostas das Reformas de Base do governo João Goulart; como se deflagrou o golpe contra o governo João Goulart; como os apoiadores do governo João Goulart procuraram resistir ao Golpe Civil-Militar de 1964.

Duração das atividades
Três aulas de cinquenta minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • O período democrático de 1946 a 1964 no Brasil
  • O governo João Goulart (1961 - 1964)
  • A oposição ao governo João Goulart (1961 - 1964)
Estratégias e recursos da aula

INTRODUÇÃO  

O governo João Goulart se caracterizou por sua defesa de uma proposta reformadora visando construir meios de inserção social, política e econômica de milhões de cidadãos brasileiros. Enfrentando uma forte oposição encarnada por políticos conservadores no Congresso, articulações civis conservadoras em meio à Igreja Católica e ao empresariado nacional e altos comandantes militares, o período do governo João Goulart foi marcado pelas tensões e impasses políticos oriundos de suas propostas. Em meio ao campo conservador, a leitura de suas reformas, como a abertura de precedentes de alinhamento do Brasil à União Soviética durante a Guerra Fria, motivou uma intensa mobilização visando destituir João Goulart da presidência da República. Apoiados por uma intensa mobilização política, os militares conspiradores se rebelaram contra o governo no dia 31 de março de 1964. Despreparados para o golpe, as bases de defesa de João Goulart em meio à sociedade civil brasileira tentaram articular uma resistência frustrada ao golpe, que inaugurou o regime civil-militar de 1964-1985.     

DESENVOLVIMENTO   

AULA 1

Contextualização

Uma das principais estratégias da conspiração contra o governo João Goulart se situava na construção e no uso de um imaginário fundamentado na responsabilidade governamental acerca dos distúrbios políticos vivenciados no Brasil entre os anos de 1961 e 1964. Para os opositores de Goulart, o alinhamento governamental aos movimentos sociais da época evidenciavam a total ausência de controle por parte do governo acerca do respeito à constituição promulgada em 1946. Buscava-se deste modo não somente associar o governo aos movimentos sociais progressistas, mas também criminalizar as reivinidcações portadas por parte da sociedade civil organizada que apoiava João Goulart.

Desenvolvimento

Primeira Parte

No dia 4 de abril de 1964, o Congresso brasileiro declarava em sessão extraordinária a vacância da Presidência da República. A sessão do dia 4, ocorrida poucos dias após a movimentação golpista militar, visava legitimar institucionalmente o Golpe. A partir da interpretação do áudio contido no link abaixo, os alunos devem fazer uma descrição dos elementos contidos no discurso do senador Auro de Moura Andrade na sessão solene do dia 4 de abril de 1964, prestando atenção à imagem que seu discurso procurava passar.

Transcrição do discurso:

"Atenção.

O Senhor Presidente da República deixou a sede do governo. Deixou a nação acéfala. Numa hora gravíssima da vida brasileira. Em que é mister que o Chefe de Estado permaneça à frente de seu governo. Abandonou o governo. E esta comunicação faço ao Congresso Nacional.

Esta acefalia... esta acefalia configura a necessidade do Congresso Nacional como poder civil, imediatamente, tomar a atitude que lhe cabe nos termos da constituição brasileira. Para o fim de restaurar nesta pátria conturbada a autoridade de um governo, e a existência de governo. Não podemos permitir que o Brasil fique sem governo abandonado. Há sob a nossa responsabilidade a população do Brasil, o povo, a ordem...

Assim sendo, declaro vaga a Presidência da República!"

O áudio do discurso do senador Auro de Moura Andrade na sessão do dia 4 de abril de 1964 se encontra no seguinte link: http://www.youtube.com/watch?v=B-3Ng_eaG2I 

O professor deve trabalhar com os alunos o imaginário disseminado pela conspiração golpista contra o governo João Goulart contido no discurso a partir de três eixos:

a) a imagem de governo abandonado disseminada pelo discurso golpista: a partir da disseminação da visão de que João Goulart teria abandonado suas funções constitucionais como Presidente da República, buscava-se encobrir o fato de que o mesmo estava sendo deposto a partir de uma articulação golpista civil-militar que se pôs em movimento no dia 31 de março de 1964;

b) a imagem de uma sociedade politicamente convulsionada: buscava-se a partir da convulsão política ocasionada pelo Golpe em movimento responsabilizar o governo de João Goulart por omissão quanto aos distúrbios então vivenciados;

c) a imagem de legitimidade institucional do movimento golpista iniciado no dia 31 de março de 1964: a partir do imaginário de responsabilidade governamental de João Goulart acerca dos distúrbios então vivenciados, assim como da imagem de governo abandonado, os golpistas no Congresso procuravam alimentar uma simbologia do Golpe como retorno à ordem constitucional violada pelo Poder Executivo sob o comando de Goulart.

Segunda Parte

Nesta parte, os alunos, divididos em dois grupos, devem realizar pesquisa acerca da história do imaginário construído e disseminado por apoiadores e opositores de João Goulart quanto ao seu governo. Cada grupo de alunos deverá redigir um texto de próprio punho acerca do imaginário desenvolvido por apoiadores e opositores ao governo João Goulart, tendo por base o anticomunismo disseminado nas Forças Armadas Brasileiras e a militância política construída pelos estudantes em favor de reformas progressistas de cunho social neste período. Os links abaixo são sugestões de pesquisa. Se necessário, os alunos deverão expandir as fontes de pesquisa para além das sugestões.

http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/AConjunturaRadicalizacao/O_anticomunismo_nas_FFAA 

http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/Os_estudantes_e_a_politica 

AULA 2

Contextualização

Os meses que antecederam o Golpe Civil-Militar de 1964 foram marcados por uma intensa mobilização política em meio à sociedade civil e às Forças Armadas entre opositores e apoiadores do governo de João Goulart. A correlação de forças apoiadoras de cada um dos lados em disputa se evidenciou diretamente nos movimentos de oposicionistas e apoiadores de Goulart tanto ao longo do mês de março de 1964 quanto nos dias em que se desencadeou o Golpe Civil-Militar que o depôs.

Desenvolvimento

Primeira Parte

Diversas formas de manifestação política de opositores e defensores do governo de João Goulart foram mobilizadas ao longo do mês de março de 1964 e nos dias em que se desenvolveu o Golpe Civil-Militar de 1964.

Do lado dos apoiadores de Jango, a primeira destas manifestações emblemáticas se deu no Comício da Central do Brasil, ocorrida no Rio de Janeiro no dia 13 de março de 1964, e que se destinava a ser uma demonstração da força do apoio político ao governo em meio à sociedade civil brasileira. A segunda grande manifestação se deu durante a Revolta dos Marinheiros, rebelião dos militares de baixa patente das Forças Armadas em favor de uma série de reivindicações políticas e sociais, ocorrida entre os dias 25 e 30 de março de 1964. Com o desenvolvimento da movimentação golpista a partir do dia 31 de março de 1964, diversas cidades brasileiras foram palcos de manifestações de setores da sociedade civil que apoiavam o governo, clamando por armas para a defesa da legalidade destruída com o Golpe.

Da parte dos opositores de João Goulart, a primeira grande manifestação se deu na Marcha da Família com Deus pela Liberdade, ocorrida em São Paulo no dia 18 de março de 1964, e que buscava ser a primeira de uma série de manifestações de repúdio ao governo. Desencadeado o Golpe no dia 31 de março de 1964, os conspiradores golpistas tomaram uma série de atitudes, como a repressão às manifestações de setores da sociedade civil que defendiam a manutenção da legalidade ameaçada pelos eventos políticos que se desenvolveram após o dia 31 e a tomada das ruas de algumas das principais capitais brasileiras por blindados pertencentes às Forças Armadas.

Mantendo a divisão dos alunos em dois grupos, estabelecida na segunda parte da aula anterior, os alunos devem fazer uma interpretação descritiva das imagens abaixo, de acordo com a seguinte estruturação de grupos quanto à temas:

  • Grupo 1: A mobilização em defesa das plataformas progressistas do governo João Goulart e a tentativa de organizar uma resistência civil ao Golpe.
  • Grupo 2: A mobilização conservadora golpista e a deflagração do Golpe Civil-Militar de 31 de março de 1964.

Ao grupo 1, deverá ser cedido o seguinte conjunto de imagens:

Neste grupo, os alunos deverão trabalhar o conjunto de manifestações de apoio ao governo João Goulart e em favor da articulação de uma resistência ao Golpe Civil-Militar em andamento a partir da interpretação de três características presentes nestas imagens:

a) a pluralidade da composição dos setores da sociedade civil que apoiavam o governo João Goulart: as diversas faixas e bandeiras levadas por militantes que apoiavam o governo ao comício da Central do Brasil indicava a diversidade de reivindicações e atores políticos mobilizados em defesa das plataformas reformistas defendidas pelo governo;

b) a articulação entre diferentes atores políticos na defesa das bandeiras defendidas pelo governo João Goulart: a exibição de um espetáculo teatral do Centro de Cultura Popular (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) para os militares de baixa patente rebelados durante a Revolta dos Marinheiros indicava uma estruturação interdependente e solidária entre os diversos atores políticos quanto à defesa das reformas pretendidas pelo governo João Goulart;

c) o caráter civil da tentativa de articulação de uma resistência ao Golpe em marcha: os protestos de rua em defesa da legalidade ameaçada pelo Golpe ocorridos em Porto Alegre entre os dias 2 e 4 de abril de 1964 evidenciavam a tentativa de construção de uma ampla mobilização popular de cunho civil como forma de resistência ao Golpe desencadeado no dia 31 de março de 1964.

Ao grupo 2, deverá ser cedido o seguinte conjunto de imagens:

Neste grupo, os alunos deverão trabalhar o conjunto de manifestações conservadores em oposição ao governo João Goulart e a deflagração do Golpe Civil-Militar de 31 de março de 1964 a partir da interpretação de três características presentes nesta imagem:

a) a simbologia conservadora dos opositores do governo João Goulart: a presença de um teor marcadamente anticomunista nas faixas portadas pelos manifestantes e o caráter religioso tradicionalista das donas de casa que estiveram na Marcha da Família com Deus pela Liberdade atestava a disseminação de valores conservadores como arcabouço do imaginário dos conspiradores civis que arquitetavam a derrubada do governo João Goulart;

b) o poderio das Forças Armadas como deflagradora do Golpe Civil-Militar de 1964: a presença dos blindados pertencentes às Forças Armadas nas grandes cidades brasileiras entre os dias 31 de março e 1º de abril de 1964, como no caso de Recife (PE), evidenciava a construção de uma simbologia do poderio da oposição golpista a partir das armas como restauradoras da ordem no Brasil;

c) a repressão às tentativas de resistência ao Golpe: a partir da dispersão das passeatas e das manifestações em defesa do governo de João Goulart ocorridas em diversas cidades brasileiras entre os dias 1º e 4 de abril de 1964, os golpistas buscavam passar a imagem de necessidade da repressão como forma de garantir a ordem constitucional pretensamente violada pelo governo e seus apoiadores.

Segunda Parte

Nesta parte, os alunos, ainda divididos nos dois grupos, deverão realizar pesquisa acerca da história das principais manifestações e dos ideários em defesa e em oposição à João Goulart durante seu período governamental. Aos alunos do grupo 1 (A mobilização em defesa das plataformas progressistas do governo João Goulart e a tentativa de organizar uma resistência civil ao Golpe), deverá ser pedido que realizem uma pesquisa em busca de imagens e textos referentes ao Comício da Central do Brasil e da plataforma das Reformas de Base defendidas pelo governo. Aos alunos do grupo 2 (A mobilização conservadora golpista e a deflagração do Golpe Civil-Militar de 31 de março de 1964), deverá ser pedido que realizem uma pesquisa visando encontrar imagens e textos referentes à realização da Marcha da Família com Deus pela Liberdade e ao ideário disseminado pela imprensa em oposição ao governo João Goulart nos meses e dias imediatamente antecedentes ao Golpe Civil-Militar de 1964. Os links abaixo devem auxiliar os alunos em suas pesquisas. Se necessário, os alunos poderão expandir as fontes de pesquisa para além das sugestões.

http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/AConjunturaRadicalizacao/Comicio_das_reformas 

http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/As_reformas_de_base 

http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/AConjunturaRadicalizacao/A_marcha_da_familia_com_Deus 

http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NaPresidenciaRepublica/A_imprensa_e_seu_papel_na_queda_de_Goulart 

AULA 3

Contextualização

A disseminação midiática dos ideários e das mobilizações golpistas e em apoio de João Goulart por parte da imprensa tiveram um importante papel na deflagração do Golpe Civil-Militar de 1964. No Brasil atual, a disseminação de uma leitura conservadora da sociedade por parte da grande imprensa demonstram a permanência de valores tradicionalistas e potencialmente desestabilizadores da ordem democrática construída após a derrocada do Regime Civil-Militar instaurado após o Golpe de 1964.

Desenvolvimento

Primeira Parte

A partir das informações distribuídas pelo professor nas aulas anteriores (texto e imagens), dos textos redigidos pelos dois grupos e das imagens e textos pesquisados acerca do ideário e das formas de mobilização dos apoiadores e opositores do governo João Goulart, todos os alunos deverão construir com cartolinas um Jornal Mural, tendo por tema a deflagração e as tentativas de resistência ao Golpe Civil-Militar de 1964.

Se possível, o Jornal Mural deve ser afixado em sala de aula ou nos corredores da escola.  

Segunda Parte

A partir da leitura das informações contidas no link abaixo, que faz uma leitura crítica acerca da manifestação e mobilização de um ideário conservador por parte da campanha do candidato à presidência José Serra durante as eleições presidenciais de 2010, o professor deverá realizar um debate com os alunos, tendo por tema a dimensão e o impacto político do ideário conservador no Brasil contemporâneo.

http://www.cartacapital.com.br/politica/a-ultima-marcha-2 

CONCLUSÃO

Os alunos devem ser incentivados a perceber a relação entre a disseminação de discursos polícos na constituição e expressão de imaginários e ideários políticos num período recente da história brasileira, tendo por base as simbologias imbuídas e compartilhadas coletivamente por apoiadores e opositores do governo João Goulart na dinâmica histórica que culminou no Golpe Civil-Militar de 1964 e nas tentativas de resistir à deposição do governo. A aula deve proporcionar ao aluno o devido conhecimento acerca da importância da manutenção dos valores democráticos para a sociedade brasileira a partir das simbologias evocadas em discursos e práticas de setores conservadores e progressistas em disputa pela hegemonia política. A partir da aula e das atividades propostas, o aluno deverá ser levado a perceber a importância da construção de um senso reflexivo e crítico para a leitura das disputas políticas que envolvem seu cotidiano nas mais diversas esferas.

Recursos Complementares
Avaliação

Os alunos devem avaliados na sua capacidade de compreensão dos conceitos, na sua capacidade de leitura dos textos e interpretação iconográfica, assim como na sua atividade de prática de pesquisa, elaboração e compartilhamento do conjunto de conhecimentos apreendidos durante as aulas.

Opinião de quem acessou

Cinco estrelas 1 classificações

  • Cinco estrelas 1/1 - 100%
  • Quatro estrelas 0/1 - 0%
  • Três estrelas 0/1 - 0%
  • Duas estrelas 0/1 - 0%
  • Uma estrela 0/1 - 0%

Denuncie opiniões ou materiais indevidos!

Opiniões

Sem classificação.
REPORTAR ERROS
Encontrou algum erro? Descreva-o aqui e contribua para que as informações do Portal estejam sempre corretas.
CONTATO
Deixe sua mensagem para o Portal. Dúvidas, críticas e sugestões são sempre bem-vindas.