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Guerra do Contestado

 

22/11/2010

Autor e Coautor(es)
joão ricardo ferreira pires
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BELO HORIZONTE - MG Universidade do Estado de Minas Gerais

Pauliane de Carvalho Braga; Lígia Beatriz de Paula Germano

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio História Poder
Ensino Médio História Memória
Ensino Médio História Processo histórico: nações e nacionalidades
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

O aluno poderá aprender sobre a comunidade de novo Taquaruçu e sobre a guerra, de quatro anos, que pôs fim a ela. Deverão compreender as condições sociopolíticas do Sul do Brasil, assim como os motivos dos desentendimentos entre caboclos e as autoridades da região; deverão conhecer as motivações da guerra, seu desenrolar e suas consequências.

Duração das atividades
Quatro aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Lei de Terras de 1850.

Política na República Velha.

Federalismo e as novas atribuições dos Estados (destacar a obrigação dos Estados de definir os direitos de propriedade da terra dentro de seus limites).

Estratégias e recursos da aula

Introdução

Para uma correta compreensão dos conflitos pela terra ocorridos no Brasil, é necessário que se conheça as políticas de distribuição de terras aqui desenvolvidas desde a Colônia. O movimento do Contestado, apesar de envolver questões diversas, foi antes de tudo uma luta pela posse da terra e, por isso, demanda uma análise, ainda que breve, sobre concentração fundiária. Realizada tal reflexão, o professor deve expor o contexto político e social da região estudada (Paraná e Santa Catarina, e o Sul como um todo), dando ênfase às disputas por territórios e aos contínuos desentendimentos entre os Estados da federação. Também é neste momento que empresas internacionais chegam ao território brasileiro, a fim de trazer a modernização, materializada no Sul com construção de ferrovias – fato decisivo para a eclosão da revolta do Contestado. Em nível federal, o presidente Hermes da Fonseca desenvolvia a “Política das Salvações”, tentando restringir o poder das oligarquias tradicionais, em favor dos militares. Emerge nesta cena pública a comunidade de nova Taquaruçu, fruto do desejo dos sertanejos, influenciados pelos monges José Maria e João Maria, de construírem uma “cidade santa”, uma terra onde governo, grandes proprietários e empresas internacionais não teriam lugar.  Tal iniciativa, contudo, desagradou às elites. Assim, em 1912, teve início a Guerra do Contestado, que perduraria até 1916. A violência empreendida na peleja resultou em um grande número de mortes e na extinção da comunidade de nova Taquaruçu.

Desta história, cabe ressaltar a disputa por terras, a acentuada religiosidade popular, a violência empregada no conflito, a atuação de empresas internacionais no cenário brasileiro, os interesses locais e governamentais, entre outros. Caberá ao professor dar unidade a estas múltiplas questões, possibilitando ao aluno construir um conhecimento coerente e significativo.

Desenvolvimento

Primeira aula

Em 1981, a Rede Globo produziu um especial chamado Morte e Vida Severina, inspirado no poema de João Cabral de Melo Neto, musicado por Chico Buarque. Algumas partes desta obra estão disponíveis na Internet. É a partir deste material que o professor deverá discutir a questão agrária no Brasil, abordando os aspectos históricos pertinentes, como a divisão de terras na Colônia, com as capitanias hereditárias, sesmarias, a Lei de Terras de 1850, estatutos da terra, etc.

Inicialmente o professor deverá passar um techo do especial para toda classe: (link acessado em: 10 nov. 2010):

http://www.youtube.com/watch?v=_tM1dByXVxY&feature=related  

A partir desta exibição, o professor deverá apresentar o autor João Cabral de Melo Neto, seu poema Morte e vida Severina, (http://www.culturabrasil.org/joaocabraldemelonetoo.htm), o músico Chico Buarque e o Especial da Rede Globo de televisão (http://pt.wikipedia.org/wiki/Morte_e_Vida_Severina_%28TV%29).    

Contextualizado os vídeos, o professor deverá explicar a atividade aos alunos. A sala deve ser dividida em dois grupos, sendo que cada um será resposnável pela análise de dois vídeos. Os alunos devem observar o tema que está sendo tratado,  a história que é contada, por quem essa história é contada, se esta história tem alguma ligação com a realidade, etc. No caderno, os alunos deverão anotar suas impressões e transcrever as partes mais significativas do vídeo.

A partir dessas observações, o professor deverá buscar pontes com a história concreta que deseja abordar: a questão agrária no Brasil.

Os vídeos a serem analisados pelos alunos são:

Grupo 1:

http://www.youtube.com/watch?v=3YvDPNbdGD4  

http://www.youtube.com/watch?v=REbI_nS_12M&feature=related  

Grupo 2:

http://www.youtube.com/watch?v=y8ZQHkNMYY0&feature=related  

http://www.youtube.com/watch?v=BB1TIbrlC6Q&feature=related 

Segunda aula

Neste segundo momento, o professor deverá abordar o contexto específico da Guerra do Contestado. Trataremos aqui do cenário político, econômico e social da Região Sul do País, no início do século XX, e discutiremos alguns conceitos importantes para a compreensão desta conjuntura, como o de “grileiro” e “posseiro”.

Para a atividade desta aula, o professor deverá dividir a sala em três grupos, responsáveis pela leitura dos artigos indicados e por uma pesquisa auxiliar sobre o assunto em questão:

Grupo 1- Pesquisar sobre o contexto da Guerra do Contestado e sobre o conflito de modo geral (link acessado em: 3 nov. 2010):

A Guerra do Contestado 

Grupo 2 - Pesquisar o significado dos termos grileiro, posseiro, meeiro, agregado, e outros conceitos pertinentes ao tema agrário (link acessado em: 3 nov. 2010):

Dicionário da Terra  

Grupo 3 - Pesquisar sobre a construção de ferrovias durante a República Velha (links acessados em: 3 nov. 2010):

http://historia.abril.com.br/guerra/contestado-mad-maria-sul-434153.shtml http://pt.wikipedia.org/wiki/Brazil_Railway_Company .  

Os resultados da pesquisa deverão ser apresentados e discutidos em sala de aula.

Terceira aula

Nesta aula, os alunos conhecerão o movimento do Contestado, e a guerra ocorrida entre 1912 e 1916. O primeiro ponto a ser discutido é o motivo que causou o desentendimento entre sertanejos e as elites locais: a posse de terras. As propriedades de centenas de sertanejos foram doadas a empresas internacionais, para a construção de uma linha férrea. Dispostos a lutar por seus direitos, os pelados – como ficaram conhecidos esses sertanejos – enfrentaram as forças dos coronéis e do governo, queimaram títulos de propriedade, destruíram os trilhos da ferrovia. Despertaram assim a ira das autoridades, desencadeando a Guerra do Contestado – segundo ponto a ser discutido em sala de aula. O professor deverá abordar pontos como: quando e por que a guerra começa, duração, partes envolvidas, estratégias utilizadas, entre outros. A violência da Guerra e a utilização de armamentos sofisticados, como canhões e aviões, também devem ser abordados. Por fim, discutir a experiência comunitária de nova Taquaruçu, seu comunismo rústico e sua religiosidade. Sobre este último item, deve-se abordar a frequência de monges na Região Sul do País, desde fins do século XIX; as vidas dos monges João Maria e José Maria e a influência desses homens entre a população mais simples; o fervor místico dentro da comunidade, com os diversos ritos, as virgens videntes, os meninos de deus e a crença no retorno à vida após a morte.

Para tratar destas questões, sugerimos a leitura dos seguintes textos (links acessados em: 3 nov. 2010):

“O que foi a Guerra do Contestado?”, artigo de Mauro Tracco:

http://historia.abril.com.br/guerra/foi-guerra-contestado-434632.shtml  

“Guerra do Contestado”, artigo de Miriam Ilza Santana:

http://www.infoescola.com/historia/guerra-do-contestado/  

“A Guerra do Contestado”, revista HistedBr, da Unicamp:

http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:xike0doVEXYJ:www.histedbr.fae.unicamp.br/img4_16.pdf+contestado&hl=pt-BR&gl=br&pid=bl&srcid=ADGEESjFd2QCE8Ka9rzoJoqtQxtfGTCqB6sqHjOVApOiGWRK51V2CSfMibCPbbhZDQLW8zbui_InzzgBgSmS1KuFn31Pu35E41V41e2Hu5D_cnJMpoWVzrVXlxXO3IcPT_39235x5OLe&sig=AHIEtbSvTQYk0w8IQQ-fqVK-zv2UyQvzhw  

Depois de estudada a história do movimento do Contestado, sugerimos que os alunos construam, se possível em parceria com os professores de Português, um Diário de Guerra. A sala deve ser dividida em dois grupos; o primeiro grupo deverá escrever um Diário de Guerra como se fosse um dos combatentes das tropas dos “pelados” (os caboclos), descrevendo o cotidiano da comunidade de nova Taquaruçu, as cerimônias religiosas, os combates e os anseios de um combatente “pelado”; o segundo grupo deverá escrever um Diário de Guerra como se fosse um “peludo”, um combatente das tropas legalistas, apontando o que motivava as tropas do governo, o que eles queriam combater e as condições dos combates.

Em suma, os temas dos dois grupos:

Grupo 1 - Diário de Guerra de um “pelado”;

Grupo 2 - Diário de Guerra de um “peludo”.

O diário deve ser registrado em um caderno especial, seguindo as normas específicas do gênero: escrita em primeira pessoa, registros em ordem cronológica, etc. A avaliação deve levar em conta a adequação ao gênero, a coerência da narrativa e a correspondência com os fatos estudados.

Quarta aula – conclusão

Para finalizar o estudo sobre o Contestado, e costurar as três aulas anteriores, sugerimos a exibição do filme A guerra dos pelados, de Sylvio Back, de 1970. O professor deve assistir ao filme com antecedência, atentando para as partes mais importantes e anotando as considerações a serem feitas. Antes da apresentação do filme, o professor deve colocar para os alunos aspectos gerais da obra, como nome do filme, diretor, atores, ano de produção, recepção e prêmios.  Durante a exibição, o professor deve evitar tecer considerações; se necessário, pause o filme e fale objetivamente.

Depois de assistir ao filme, a classe deverá completar um pequeno roteiro, que auxiliará na compreensão da obra. Cabe ressaltar que o professor pode optar por trabalhar de diversas maneiras; o caminho aqui exposto é uma sugestão:

Quem são os personagens?

Como eles são representados?

Qual é o problema principal (o mote) do filme?

Como ele é apresentado? 

Levante hipóteses sobre o porquê foi escolhida essa forma de apresentação.

Qual a linguagem utilizada no filme?

A linguagem é padrão para todos os personagens?

Existe parcialidade no filme?

O filme apresenta sequência cronológica?

A história contada no filme corresponde à realidade? Em que medida?

Descreva a representação sonora e visual do filme. As cenas apresentam movimento? Como é a fotografia (como são enquadrados os cenários e atores?; como é a iluminação?). O filme é colorido ou em preto e branco? O filme apresenta trilha sonora? Se sim, como é a música?

Que sensação o ritmo das cenas provoca em você? E as cores e as músicas?

Levante hipóteses para essas escolhas do diretor.

A partir destas discussões o professor será capaz de analisar o real entendimento dos alunos sobre o tema, solucionando dúvidas e reforçando os pontos mais importantes da matéria.

Recursos Complementares

Artigo da Revista Estudos Históricos – CPDOC-FGV: “Monarquia contra República: a ideologia da terra e o paradigma do milênio da "guerra santa" do Contestado”, de Marco Antônio da Silva Mello (link acessado em: 3 nov. 2010).

http://virtualbib.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/viewArticle/2285  

Artigo do Scielo: “Religião e (Des)Ordem Social: Contestado, Juazeiro e Canudos nos Estudos Sociológicos sobre Movimentos Religiosos”, de Emerson Giumbelli (link acessado em: 3 nov. 2010).

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0011-52581997000200004&script=sci_arttext&tlng=en 

Avaliação

A avaliação do aprendizado dos alunos abrange as atividades desenvolvidas nas quatro aulas. Como atividade final, sugerimos que o roteiro discutido pelos alunos na última aula seja transcrito. Os alunos deverão registrar toda a discussão realizada em sala, tomando nota de todas as hipóteses levantadas, mesmo que contraditórias; as questões formuladas durante a aula, e que não estão no roteiro, também deverão ser registradas.

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