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O romance da geração de 30: o regional é universal

 

14/01/2011

Autor e Coautor(es)
MARTA PONTES PINTO
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Literatura Estudos literários: análise e reflexão
Ensino Médio Literatura Literatura brasileira, clássica e contemporânea: criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Ler texos de autores nordestinos para:

  • Comparar textos sobre o mesmo tema;
  • Aprofundar conhecimentos sobre Graciliano Ramos;
  • Apresentar Patativa do Assaré.
Duração das atividades
05 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • Fases do Modernismo.
  • Divisão regional do país e suas particularidades. 
Estratégias e recursos da aula

Estratégias:

  • Audição e interpretação de uma música;
  • trabalhos em grupo.

Recursos:

  • Vídeos;
  • livros;
  • filmes.

Atividade 1

NO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA

O professor levará os alunos à sala de informática para assistirem ao vídeo e acompanharem a letra da música na tela. Se o professor quiser, pode imprimir a letra para que os alunos possam utilizá-la em outra atividade.

Último Pau de Arara

Luiz Gonzaga

Composição: Venâncio / Corumba / J.Guimarâes

http://letras.terra.com.br/luiz-gonzaga/688883/

Vocabulário:

  • cariri: espécie de caatinga com vegetação áspera.

O professor deverá promover uma discussão oral com a turma. Para tanto, poderá seguir o roteiro abaixo para organizar da discussão.

1- Qual a relação do sertanejo com sua terra natal? Justifiquem.

2- Por que ele não quer sair? Você concorda com as razões apresentadas por ele?  

  • Professor, faça com que seus alunos participem da discussão.

Atividade 2

PATATIVA DO ASSARÉ   

Proposta de trabalho: Leitura jogralizada.

Com essa atividade, os alunos conhecerão a obra de um famoso poeta representante da cultura popular do Nordeste: Patativa do Assaré. 

  • Professor, distribua os textos para leitura entre os alunos pela ordem da chamada em seu diário de classe.Os quatro primeiros versos de cada estrofe devem fazer parte do coro. Há dois coros: um de vozes femininas (em vermelho) e outro de vozes masculinas (em azul), na última estrofe  (em verde, dois coros juntos). Se houver mais alunos, que letras do alfabeto, substitua alguns coros, de forma intercalada, e passe-os aos alunos. Explore o título, as rimas, o tema.

Patativa do Assaré   

ABC do Nordeste Flagelado   

A — Ai, como é duro viver

nos Estados do Nordeste

quando o nosso Pai Celeste

não manda a nuvem chover.

 É bem triste a gente ver

findar o mês de janeiro

depois findar fevereiro

e março também passar,

sem o inverno começar

no Nordeste brasileiro.

B — Berra o gado impaciente

reclamando o verde pasto,

desfigurado e arrasto,

com o olhar de penitente; 

o fazendeiro, descrente,

um jeito não pode dar,

o sol ardente a queimar

e o vento forte soprando,

a gente fica pensando

que o mundo vai se acabar.

C — Caminhando pelo espaço,

como os trapos de um lençol,

pras bandas do pôr do sol,

as nuvens vão em fracasso:

aqui e ali um pedaço

vagando... sempre vagando,

quem estiver reparando

faz logo a comparação

de umas pastas de algodão

que o vento vai carregando.

D — De manhã, bem de manhã,

vem da montanha um agouro

de gargalhada e de choro

da feia e triste cauã:

um bando de ribançã

pelo espaço a se perder,

pra de fome não morrer,

vai atrás de outro lugar,

e ali só há de voltar,

um dia, quando chover.

E — Em tudo se vê mudança

quem repara vê até

que o camaleão que é

verde da cor da esperança,

com o flagelo que avança,

muda logo de feição.

O verde camaleão

perde a sua cor bonita

fica de forma esquisita

que causa admiração.

F — Foge o prazer da floresta

o bonito sabiá,

quando flagelo não há

cantando se manifesta.

Durante o inverno faz festa

gorjeando por esporte,

mas não chovendo é sem sorte,

fica sem graça e calado

o cantor mais afamado

dos passarinhos do norte.

G — Geme de dor, se aquebranta

e dali desaparece,

o sabiá só parece

que com a seca se encanta.

Se outro pássaro canta,

o coitado não responde;

ele vai não sei pra onde,

pois quando o inverno não vem

com o desgosto que tem

o pobrezinho se esconde.

H — Horroroso, feio e mau

de lá de dentro das grotas,

manda suas feias notas

o tristonho bacurau.

Canta o João corta-pau

o seu poema funério,

é muito triste o mistério

de uma seca no sertão;

a gente tem impressão

que o mundo é um cemitério.

I — Ilusão, prazer, amor,

a gente sente fugir,

tudo parece carpir

tristeza, saudade e dor. 

Nas horas de mais calor,

se escuta pra todo lado

o toque desafinado da gaita da seriema

acompanhando o cinema

no Nordeste flagelado.

J — Já falei sobre a desgraça

dos animais do Nordeste;

com a seca vem a peste

e a vida fica sem graça.

Quanto mais dia se passa

mais a dor se multiplica;

 a mata que já foi rica,

de tristeza geme e chora.

Preciso dizer agora

o povo como é que fica.

L — Lamento desconsolado

o coitado camponês

porque tanto esforço fez,

mas não lucrou seu roçado.

Num banco velho, sentado,

olhando o filho inocente

e a mulher bem paciente,

cozinha lá no fogão

o derradeiro feijão

que ele guardou pra semente.

M — Minha boa companheira,

diz ele, vamos embora,

e depressa, sem demora

vende a sua cartucheira.

Vende a faca, a roçadeira,

machado, foice e facão;

vende a pobre habitação,

galinha, cabra e suíno

e viajam sem destino

em cima de um caminhão.

N — Naquele duro transporte

sai aquela pobre gente,

aguentando paciente

o rigor da triste sorte.

Levando a saudade forte

de seu povo e seu lugar,

sem um nem outro falar,

vão pensando em sua vida,

deixando a terra querida,

para nunca mais voltar.

O — Outro tem opinião

de deixar mãe, deixar pai,

porém para o Sul não vai,

procura outra direção. 

Vai bater no Maranhão

onde nunca falta inverno;

outro com grande consterno

deixa o casebre e a mobília

e leva a sua família

pra construção do governo.

P - Porém lá na construção,

o seu viver é grosseiro

trabalhando o dia inteiro

de picareta na mão.

Pra sua manutenção

chegando dia marcado

em vez do seu ordenado

dentro da repartição,

recebe triste ração,

farinha e feijão furado.

Q — Quem quer ver o sofrimento,

quando há seca no sertão,

procura uma construção

e entra no fornecimento. 

Pois, dentro dele o alimento

que o pobre tem a comer,

a barriga pode encher,

porém falta a substância,

e com esta circunstância,

começa o povo a morrer.

R — Raquítica, pálida e doente

fica a pobre criatura

e a boca da sepultura

vai engolindo o inocente.

Meu Jesus! Meu Pai Clemente,

que da humanidade é dono,

desça de seu alto trono,

da sua corte celeste

e venha ver seu Nordeste

como ele está no abandono.

S — Sofre o casado e o solteiro

sofre o velho, sofre o moço,

não tem janta, nem almoço,

não tem roupa nem dinheiro.

Também sofre o fazendeiro

que de rico perde o nome,

o desgosto lhe consome,

vendo o urubu esfomeado,

puxando a pele do gado

que morreu de sede e fome.

T — Tudo sofre e não resiste

este fardo tão pesado,

no Nordeste flagelado

em tudo a tristeza existe. 

Mas a tristeza mais triste

que faz tudo entristecer,

é a mãe chorosa, a gemer,

lágrimas dos olhos correndo,

vendo seu filho dizendo:

mamãe, eu quero morrer!

U — Um é ver, outro é contar

quem for reparar de perto

aquele mundo deserto,

dá vontade de chorar.

Ali só fica a teimar

o juazeiro copado,

o resto é tudo pelado

da chapada ao tabuleiro

onde o famoso vaqueiro

cantava tangendo o gado.

V — Vivendo em grande maltrato,

a abelha zumbindo voa,

sem direção, sempre à toa,

por causa do desacato.

À procura de um regato,

de um jardim ou de um pomar

sem um momento parar,

vagando constantemente, s

em encontrar, a inocente,

uma flor para pousar.

X — Xexéu, pássaro que mora

na grande árvore copada,

vendo a floresta arrasada,

bate as asas, vai embora.

Somente o saguim demora,

pulando a fazer careta;

na mata tingida e preta,

tudo é aflição e pranto;

só por milagre de um santo,

se encontra uma borboleta.

Z — Zangado contra o sertão

dardeja o sol inclemente,

cada dia mais ardente

tostando a face do chão. 

E, mostrando compaixão

lá do infinito estrelado,

pura, limpa, sem pecado

de noite a lua derrama

um banho de luz no drama

do Nordeste flagelado.

Posso dizer que cantei

aquilo que observei;

tenho certeza que dei

aprovada relação. Disponível em:

Tudo é tristeza e amargura,

indigência e desventura.

— Veja, leitor, quanto é dura

a seca no meu sertão.  

Disponível em:

http://www.revista.agulha.nom.br/anton02.html

Atividade 3

  

Disponível em:

http://www.puc-campinas.edu.br/centros/clc/jornalismo/projetosweb/1998/portinari/retirante.html

http://www.graciliano.com.br/obras_vidassecas.html  

Os alunos deverão acessar os sites abaixo para conhecerem Graciliano Ramos e assistirem a "Vidas Secas". O professor também pode optar pela adoção do livro. (Este não está disponível no Domínio Público) 

http://www.youtube.com/watch?v=1rvx62MtcKM&feature=related  

http://www.youtube.com/watch?v=9eDeIKxZ48c&feature=related Parte 1

http://www.youtube.com/watch?v=GYs8qO68jeg&feature=related Parte 2

http://www.youtube.com/watch?v=vZ7-krRJ1gM&feature=related   Parte 3

http://www.youtube.com/watch?v=3GNRKjRlYYA&feature=related Parte 4

http://www.youtube.com/watch?v=SCYbOURx8eM&feature=related Parte 5

http://www.youtube.com/watch?v=ZeuI0OCdjdo&feature=related  Parte 6

http://www.youtube.com/watch?v=SU98sjHDkT8&feature=related Parte 7

http://www.youtube.com/watch?v=0SpdMkB7Pgg&feature=related Parte 8

 http://www.youtube.com/watch?v=dQD3esVOujs&feature=related  Parte 9 

http://www.youtube.com/watch?v=GHrzcF27qgk&feature=related Parte 10 

http://www.ufscar.br/rua/site/?p=414  Análise da obra

Atividade 4

Imagem do Sol disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d9/Yohkohimage.gif 

O professor levará os alunos à sala de informática para assistirem ao vídeo e acompanharem a letra da música na tela.

Se o professor quiser, pode imprimir a letra para que os alunos possam utilizá-la em outra atividade.

Interpretação: Luiz Gonzaga

Composição: Patativa do Assar

Setembro passou

Outubro e Novembro

Já tamo em Dezembro

Meu Deus, que é de nós,

Assim fala o pobre

Do seco Nordeste

Com medo da peste

Da fome feroz

A treze do mês

Ele fez experiênça

Perdeu sua crença

Nas pedras de sal,

Mas noutra esperança

Com gosto se agarra

Pensando na barra

Do alegre Natal

Rompeu-se o Natal

Porém barra não veio

O sol bem vermeio

Nasceu muito além

Na copa da mata

Buzina a cigarra

Ninguém vê a barra

Pois barra não tem

Sem chuva na terra

Descamba Janeiro,

Depois fevereiro

E o mesmo verão

Entonce o nortista

Pensando consigo

Diz: "isso é castigo

não chove mais não"

Apela pra Março

Que é o mês preferido

Do santo querido

Sinhô São José

Mas nada de chuva

Tá tudo sem jeito

Lhe foge do peito

O resto da fé

Agora pensando

Ele segue outra tria

Chamando a famia

Começa a dizer

Eu vendo meu burro

Meu jegue e o cavalo

Nóis vamo a São Paulo

Viver ou morrer

Nóis vamo a São Paulo

Que a coisa tá feia

Por terras alheia

Nós vamos vagar

Se o nosso destino

Não for tão mesquinho

Ai pro mesmo cantinho

Nós torna a voltar

E vende seu burro

Jumento e o cavalo

Inté mesmo o galo

Venderam também

Pois logo aparece

Feliz fazendeiro

Por pouco dinheiro

Lhe compra o que te

Em um caminhão

Ele joga a famia

Chegou o triste dia

Já vai viajar  

A seca terrívi

Que tudo devora

Ai, lhe bota pra fora

Da terra natal

O carro já corre

No topo da serra

Oiando pra terra

Seu berço, seu lar

Aquele nortista

Partido de pena

De longe acena

Adeus meu lugar

No dia seguinte

Já tudo enfadado

E o carro embalado

Veloz a correr

Tão triste, coitado

Falando saudoso

Com seu filho choroso

Iscrama a dizer

De pena e saudade

Papai sei que morro

Meu pobre cachorro

Quem dá de comer?

Já outro pergunta

Mãezinha, e meu gato?

Com fome, sem trato

Mimi vai morrer

E a linda pequena

Tremendo de medo

"Mamãe, meus brinquedo

Meu pé de fulô?"

Meu pé de roseira

Coitado, ele seca

E minha boneca

Também lá ficou

E assim vão deixando

Com choro e gemido

Do berço querido

Céu lindo e azul

O pai, pesaroso

Nos fio pensando

E o carro rodando

Na estrada do Sul

Chegaram em São Paulo

Sem cobre quebrado

E o pobre acanhado

Percura um patrão  

Só vê cara estranha

De estranha gente

Tudo é diferente

Do caro torrão

Trabaia dois ano,

Três ano e mais ano

E sempre nos prano

De um dia vortar

Mas nunca ele pode

Só vive devendo

E assim vai sofrendo

É sofrer sem parar

Se arguma notíça

Das banda do norte

Tem ele por sorte

O gosto de ouvir  

Lhe bate no peito

Saudade de móio 

E as água nos óio

Começa a cair

Do mundo afastado

Ali vive preso

Sofrendo desprezo

Devendo ao patrão

O tempo rolando

Vai dia e vem dia

E aquela famia

Não vorta mais não

Distante da terra

Tão seca mas boa

Exposto à garoa

A lama e o paú

Faz pena o nortista

Tão forte e tão bravo

Viver como escravo

No Norte e no Sul.

http://letras.terra.com.br/luiz-gonzaga/82378/ 

 Professor, xeroque a letra da música  pois essa é uma peça preciosa da literatura popular nordestina. Cante com os alunos. Depois promova uma discussão oral com a turma. Para tanto, poderá seguir o roteiro abaixo:

1- Geralmente, quais são os meses de chuva no nordeste?

2- O que devemos entender por: "Perdeu sua crença nas pedras de sal..." e  por "feliz fazendeiro"?

3- No decorrer do texto você conhece um nordestino esperançoso ou não?

4- Por que ele espera por março?

5- Quais as grandes perdas da família? E a maior de todas?

6- Por que São Paulo é sonho de muita gente? É realmente uma terra mãe que a todos acolhe?

7- O que há em comum entre os textos de Patativa do Assaré e o de Graciliano Ramos?

8- Vocês pensam que usar a literatura para denunciar injustiças é caminho válido?

Atividade 5

Produção de texto

Professor, peça a seus alunos que escrevam textos em diferentes gêneros: poesia, dissertativo, narrativo, carta ou editorial abordando o tema: Os problemas vividos pelos nordestinos não deveriam ser ser vistos como regionais pois na verdade são universais.

  • Estimule;
  • selecione;
  • divulgue.
Recursos Complementares

Professor, a leitura dos textos abaixo farão toda a diferença em sua aula.

http://www.suapesquisa.com/biografias/patativa_assare.htm 

http://www.releituras.com/graciramos_bio.asp 

Avaliação

Professor, valorize o processo. Observe e registre o empenho de cada aluno em participar do jogral, ler Vidas Secas, cantar e redigir.

Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 3 classificações

  • Cinco estrelas 2/3 - 66,67%
  • Quatro estrelas 1/3 - 33,33%
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Opiniões

  • Maria Antonia, C E Maria do Socorro Coelho Cabral , Maranhão - disse:
    toinhaalves@hotmail.com

    17/06/2013

    Quatro estrelas

    Ótima aula, estava precisando de sugestões de contextualização e encontrei em sua aula.Obrigada!


  • Hiolanda, EREM - Nossa Senhora do Perpétuo Socorro , Pernambuco - disse:
    hiolyrocha@hotmail.com

    31/07/2012

    Cinco estrelas

    Uma excelente aula!!! Irei utilizá-la no 3.º ano do Ensino Médio.


  • Josiane, COLEGIO ESTADUAL DEPUTADO JOSE ROCHA , Bahia - disse:
    josicte2010@hotmail.com

    11/06/2011

    Cinco estrelas

    parabens professora!! que otima aula! sao sugestoes assim que precisamos para incentivar o estudo da literatura, que tem sido até entao muito dificil!! obrigada por dividir suas maravilhosas ideias!!


Sem classificação.
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