14/01/2011
Eliana Dias
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Ensino Médio | Literatura | Estudos literários: análise e reflexão |
Ensino Médio | Literatura | Literatura brasileira, clássica e contemporânea: criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada |
Ler texos de autores nordestinos para:
Estratégias:
Recursos:
Atividade 1
NO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA |
O professor levará os alunos à sala de informática para assistirem ao vídeo e acompanharem a letra da música na tela. Se o professor quiser, pode imprimir a letra para que os alunos possam utilizá-la em outra atividade.
Último Pau de Arara
Luiz Gonzaga
Composição: Venâncio / Corumba / J.Guimarâes
http://letras.terra.com.br/luiz-gonzaga/688883/
Vocabulário:
O professor deverá promover uma discussão oral com a turma. Para tanto, poderá seguir o roteiro abaixo para organizar da discussão.
1- Qual a relação do sertanejo com sua terra natal? Justifiquem.
2- Por que ele não quer sair? Você concorda com as razões apresentadas por ele?
Atividade 2
PATATIVA DO ASSARÉ |
Proposta de trabalho: Leitura jogralizada.
Com essa atividade, os alunos conhecerão a obra de um famoso poeta representante da cultura popular do Nordeste: Patativa do Assaré.
Patativa do Assaré ABC do Nordeste Flagelado
A — Ai, como é duro viver nos Estados do Nordeste quando o nosso Pai Celeste não manda a nuvem chover. É bem triste a gente ver findar o mês de janeiro depois findar fevereiro e março também passar, sem o inverno começar no Nordeste brasileiro.
B — Berra o gado impaciente reclamando o verde pasto, desfigurado e arrasto, com o olhar de penitente; o fazendeiro, descrente, um jeito não pode dar, o sol ardente a queimar e o vento forte soprando, a gente fica pensando que o mundo vai se acabar.
C — Caminhando pelo espaço, como os trapos de um lençol, pras bandas do pôr do sol, as nuvens vão em fracasso: aqui e ali um pedaço vagando... sempre vagando, quem estiver reparando faz logo a comparação de umas pastas de algodão que o vento vai carregando.
D — De manhã, bem de manhã, vem da montanha um agouro de gargalhada e de choro da feia e triste cauã: um bando de ribançã pelo espaço a se perder, pra de fome não morrer, vai atrás de outro lugar, e ali só há de voltar, um dia, quando chover.
E — Em tudo se vê mudança quem repara vê até que o camaleão que é verde da cor da esperança, com o flagelo que avança, muda logo de feição. O verde camaleão perde a sua cor bonita fica de forma esquisita que causa admiração.
F — Foge o prazer da floresta o bonito sabiá, quando flagelo não há cantando se manifesta. Durante o inverno faz festa gorjeando por esporte, mas não chovendo é sem sorte, fica sem graça e calado o cantor mais afamado dos passarinhos do norte.
G — Geme de dor, se aquebranta e dali desaparece, o sabiá só parece que com a seca se encanta. Se outro pássaro canta, o coitado não responde; ele vai não sei pra onde, pois quando o inverno não vem com o desgosto que tem o pobrezinho se esconde.
H — Horroroso, feio e mau de lá de dentro das grotas, manda suas feias notas o tristonho bacurau. Canta o João corta-pau o seu poema funério, é muito triste o mistério de uma seca no sertão; |
a gente tem impressão que o mundo é um cemitério.
I — Ilusão, prazer, amor, a gente sente fugir, tudo parece carpir tristeza, saudade e dor. Nas horas de mais calor, se escuta pra todo lado o toque desafinado da gaita da seriema acompanhando o cinema no Nordeste flagelado.
J — Já falei sobre a desgraça dos animais do Nordeste; com a seca vem a peste e a vida fica sem graça. Quanto mais dia se passa mais a dor se multiplica; a mata que já foi rica, de tristeza geme e chora. Preciso dizer agora o povo como é que fica.
L — Lamento desconsolado o coitado camponês porque tanto esforço fez, mas não lucrou seu roçado. Num banco velho, sentado, olhando o filho inocente e a mulher bem paciente, cozinha lá no fogão o derradeiro feijão que ele guardou pra semente.
M — Minha boa companheira, diz ele, vamos embora, e depressa, sem demora vende a sua cartucheira. Vende a faca, a roçadeira, machado, foice e facão; vende a pobre habitação, galinha, cabra e suíno e viajam sem destino em cima de um caminhão.
N — Naquele duro transporte sai aquela pobre gente, aguentando paciente o rigor da triste sorte. Levando a saudade forte de seu povo e seu lugar, sem um nem outro falar, vão pensando em sua vida, deixando a terra querida, para nunca mais voltar.
O — Outro tem opinião de deixar mãe, deixar pai, porém para o Sul não vai, procura outra direção. Vai bater no Maranhão onde nunca falta inverno; outro com grande consterno deixa o casebre e a mobília e leva a sua família pra construção do governo.
P - Porém lá na construção, o seu viver é grosseiro trabalhando o dia inteiro de picareta na mão. Pra sua manutenção chegando dia marcado em vez do seu ordenado dentro da repartição, recebe triste ração, farinha e feijão furado.
Q — Quem quer ver o sofrimento, quando há seca no sertão, procura uma construção e entra no fornecimento. Pois, dentro dele o alimento que o pobre tem a comer, a barriga pode encher, porém falta a substância,
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e com esta circunstância, começa o povo a morrer.
R — Raquítica, pálida e doente fica a pobre criatura e a boca da sepultura vai engolindo o inocente. Meu Jesus! Meu Pai Clemente, que da humanidade é dono, desça de seu alto trono, da sua corte celeste e venha ver seu Nordeste como ele está no abandono.
S — Sofre o casado e o solteiro sofre o velho, sofre o moço, não tem janta, nem almoço, não tem roupa nem dinheiro. Também sofre o fazendeiro que de rico perde o nome, o desgosto lhe consome, vendo o urubu esfomeado, puxando a pele do gado que morreu de sede e fome.
T — Tudo sofre e não resiste este fardo tão pesado, no Nordeste flagelado em tudo a tristeza existe. Mas a tristeza mais triste que faz tudo entristecer, é a mãe chorosa, a gemer, lágrimas dos olhos correndo, vendo seu filho dizendo: mamãe, eu quero morrer!
U — Um é ver, outro é contar quem for reparar de perto aquele mundo deserto, dá vontade de chorar. Ali só fica a teimar o juazeiro copado, o resto é tudo pelado da chapada ao tabuleiro onde o famoso vaqueiro cantava tangendo o gado.
V — Vivendo em grande maltrato, a abelha zumbindo voa, sem direção, sempre à toa, por causa do desacato. À procura de um regato, de um jardim ou de um pomar sem um momento parar, vagando constantemente, s em encontrar, a inocente, uma flor para pousar.
X — Xexéu, pássaro que mora na grande árvore copada, vendo a floresta arrasada, bate as asas, vai embora. Somente o saguim demora, pulando a fazer careta; na mata tingida e preta, tudo é aflição e pranto; só por milagre de um santo, se encontra uma borboleta.
Z — Zangado contra o sertão dardeja o sol inclemente, cada dia mais ardente tostando a face do chão. E, mostrando compaixão lá do infinito estrelado, pura, limpa, sem pecado de noite a lua derrama um banho de luz no drama do Nordeste flagelado.
Posso dizer que cantei aquilo que observei; tenho certeza que dei aprovada relação. Disponível em: Tudo é tristeza e amargura, indigência e desventura. — Veja, leitor, quanto é dura a seca no meu sertão. |
http://www.revista.agulha.nom.br/anton02.html
Atividade 3
Disponível em:
http://www.puc-campinas.edu.br/centros/clc/jornalismo/projetosweb/1998/portinari/retirante.html
http://www.graciliano.com.br/obras_vidassecas.html
Os alunos deverão acessar os sites abaixo para conhecerem Graciliano Ramos e assistirem a "Vidas Secas". O professor também pode optar pela adoção do livro. (Este não está disponível no Domínio Público)
http://www.youtube.com/watch?v=1rvx62MtcKM&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=9eDeIKxZ48c&feature=related Parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=GYs8qO68jeg&feature=related Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=vZ7-krRJ1gM&feature=related Parte 3
http://www.youtube.com/watch?v=3GNRKjRlYYA&feature=related Parte 4
http://www.youtube.com/watch?v=SCYbOURx8eM&feature=related Parte 5
http://www.youtube.com/watch?v=ZeuI0OCdjdo&feature=related Parte 6
http://www.youtube.com/watch?v=SU98sjHDkT8&feature=related Parte 7
http://www.youtube.com/watch?v=0SpdMkB7Pgg&feature=related Parte 8
http://www.youtube.com/watch?v=dQD3esVOujs&feature=related Parte 9
http://www.youtube.com/watch?v=GHrzcF27qgk&feature=related Parte 10
http://www.ufscar.br/rua/site/?p=414 Análise da obra
Atividade 4
Imagem do Sol disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d9/Yohkohimage.gif
O professor levará os alunos à sala de informática para assistirem ao vídeo e acompanharem a letra da música na tela.
Se o professor quiser, pode imprimir a letra para que os alunos possam utilizá-la em outra atividade.
Interpretação: Luiz Gonzaga
Composição: Patativa do Assar
Setembro passou Outubro e Novembro Já tamo em Dezembro Meu Deus, que é de nós, Assim fala o pobre Do seco Nordeste Com medo da peste Da fome feroz A treze do mês Ele fez experiênça Perdeu sua crença Nas pedras de sal, Mas noutra esperança Com gosto se agarra Pensando na barra Do alegre Natal Rompeu-se o Natal Porém barra não veio O sol bem vermeio Nasceu muito além Na copa da mata Buzina a cigarra Ninguém vê a barra Pois barra não tem Sem chuva na terra Descamba Janeiro, Depois fevereiro E o mesmo verão Entonce o nortista Pensando consigo Diz: "isso é castigo não chove mais não" Apela pra Março Que é o mês preferido Do santo querido Sinhô São José Mas nada de chuva Tá tudo sem jeito |
Lhe foge do peito O resto da fé Agora pensando Ele segue outra tria Chamando a famia Começa a dizer Eu vendo meu burro Meu jegue e o cavalo Nóis vamo a São Paulo Viver ou morrer Nóis vamo a São Paulo Que a coisa tá feia Por terras alheia Nós vamos vagar Se o nosso destino Não for tão mesquinho Ai pro mesmo cantinho Nós torna a voltar E vende seu burro Jumento e o cavalo Inté mesmo o galo Venderam também Pois logo aparece Feliz fazendeiro Por pouco dinheiro Lhe compra o que te Em um caminhão Ele joga a famia Chegou o triste dia Já vai viajar A seca terrívi Que tudo devora Ai, lhe bota pra fora Da terra natal O carro já corre No topo da serra Oiando pra terra Seu berço, seu lar
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Aquele nortista Partido de pena De longe acena Adeus meu lugar No dia seguinte Já tudo enfadado E o carro embalado Veloz a correr Tão triste, coitado Falando saudoso Com seu filho choroso Iscrama a dizer De pena e saudade Papai sei que morro Meu pobre cachorro Quem dá de comer? Já outro pergunta Mãezinha, e meu gato? Com fome, sem trato Mimi vai morrer E a linda pequena Tremendo de medo "Mamãe, meus brinquedo Meu pé de fulô?" Meu pé de roseira Coitado, ele seca E minha boneca Também lá ficou E assim vão deixando Com choro e gemido Do berço querido Céu lindo e azul O pai, pesaroso Nos fio pensando E o carro rodando Na estrada do Sul Chegaram em São Paulo Sem cobre quebrado |
E o pobre acanhado Percura um patrão Só vê cara estranha De estranha gente Tudo é diferente Do caro torrão Trabaia dois ano, Três ano e mais ano E sempre nos prano De um dia vortar Mas nunca ele pode Só vive devendo E assim vai sofrendo É sofrer sem parar Se arguma notíça Das banda do norte Tem ele por sorte O gosto de ouvir Lhe bate no peito Saudade de móio E as água nos óio Começa a cair Do mundo afastado Ali vive preso Sofrendo desprezo Devendo ao patrão O tempo rolando Vai dia e vem dia E aquela famia Não vorta mais não Distante da terra Tão seca mas boa Exposto à garoa A lama e o paú Faz pena o nortista Tão forte e tão bravo Viver como escravo No Norte e no Sul. |
http://letras.terra.com.br/luiz-gonzaga/82378/
Professor, xeroque a letra da música pois essa é uma peça preciosa da literatura popular nordestina. Cante com os alunos. Depois promova uma discussão oral com a turma. Para tanto, poderá seguir o roteiro abaixo:
1- Geralmente, quais são os meses de chuva no nordeste?
2- O que devemos entender por: "Perdeu sua crença nas pedras de sal..." e por "feliz fazendeiro"?
3- No decorrer do texto você conhece um nordestino esperançoso ou não?
4- Por que ele espera por março?
5- Quais as grandes perdas da família? E a maior de todas?
6- Por que São Paulo é sonho de muita gente? É realmente uma terra mãe que a todos acolhe?
7- O que há em comum entre os textos de Patativa do Assaré e o de Graciliano Ramos?
8- Vocês pensam que usar a literatura para denunciar injustiças é caminho válido?
Atividade 5
Produção de texto
Professor, peça a seus alunos que escrevam textos em diferentes gêneros: poesia, dissertativo, narrativo, carta ou editorial abordando o tema: Os problemas vividos pelos nordestinos não deveriam ser ser vistos como regionais pois na verdade são universais.
Professor, a leitura dos textos abaixo farão toda a diferença em sua aula.
Professor, valorize o processo. Observe e registre o empenho de cada aluno em participar do jogral, ler Vidas Secas, cantar e redigir.
Quatro estrelas 3 classificações
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17/06/2013
Quatro estrelasÓtima aula, estava precisando de sugestões de contextualização e encontrei em sua aula.Obrigada!
31/07/2012
Cinco estrelasUma excelente aula!!! Irei utilizá-la no 3.º ano do Ensino Médio.
11/06/2011
Cinco estrelasparabens professora!! que otima aula! sao sugestoes assim que precisamos para incentivar o estudo da literatura, que tem sido até entao muito dificil!! obrigada por dividir suas maravilhosas ideias!!