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A expansão do Islã no Oeste africano (séculos VIII-XI)

 

13/05/2011

Autor e Coautor(es)
Rafael da Cruz Alves
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BELO HORIZONTE - MG Universidade Federal de Minas Gerais

Raissa Brescia dos Reis, Lígia Beatriz de Paula Germano

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio História Processo histórico: nações e nacionalidades
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Relações de poder e conflitos sociais
Ensino Médio História Sujeito histórico
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

O aluno poderá construir conhecimento acerca da expansão do Islã no Oeste africano, pensado enquanto processo histórico. Os conflitos e as apropriações que permearam as relações entre muçulmanos e sua cultura e os povos da região com suas construções culturais e religiosas no Continente Africano serão analisados de forma a recolocar a região no campo da história, retirando-a do lugar do exótico e imutável.

Duração das atividades
Quatro aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

• O nascimento da religião e da cultura muçulmanas no século VII na região onde hoje se encontra o Oriente Médio e as implicações político-sociais da ascensão de novos grupos a lugares locais de poder.

• A dinâmica interna dos principais Estados do Oeste africano, como Ghana, Gao, Mali e Songhai. A maneira como os soberanos desses lugares possuíam poderes baseados em estruturas ligadas à ideia de sagrado e às suas religiões locais, constituindo sociedades altamente hierarquizadas e ao comércio com outras regiões, uma importante forma de afirmar seu estatuto social.

Estratégias e recursos da aula

Introdução

O professor deverá fazer uma breve introdução, enfatizando que a expansão islâmica no norte da África, mais precisamente na região denominada de Oeste africano, ou África Ocidental, teve seu início logo nos primeiros séculos de existência da religião, principalmente a partir do século VIII. Ao atravessar o Saara, comerciantes berberes e tuaregues, que então dominavam parte das importantes rotas de comércio transaariano, traziam consigo uma nova religião aos Estados que povoavam a região. O Islamismo era carregado por esses recém-convertidos povos como uma insígnia de proteção e união, uma importante garantia para os longos dias de viagem pelo deserto inóspito e imprevisível. O proselitismo religioso não foi, em geral, comum nos primeiros séculos de expansão do Islã, muito menos os embates entre este e as crenças dominantesna região africana. O bom relacionamento com os povos compradores era de importância cabal para esses comerciantes e para os próprios consumidores, interessados nos artigos de luxo aos quais apenas muçulmanos tinham acesso, devido às redes de relacionamento que a religião comum garantia no Oriente Médio. O Islã crescia, atravessava as intermináveis planícies do Saara, conquistava fiéis no longínquo Bilad al-Sudan, mas não sobrepujava ou era sobrepujado pelas religiões locais: a esses homens e mulheres interessavam mais relações amistosas com os ricos países do Oeste africano. Ao mesmo tempo, as classes dominantes localizadas em tal região, que muitas vezes aderiram à nova religião, construíam novos elos de influência e poder com regiões do Oriente, garantindo ao mesmo tempo relações comerciais. No interior de seus Estados, algumas vezes os novos preceitos e elos favoreciam a centralização e o crescimento de sua força nos embates regionais pelo poder, uma vez que desfavoreciam estruturas anteriores marcadas pela fragmentação.

Desenvolvimento

1ª. Atividade

Os alunos deverão ser instruídos a formar quatro grupos de pesquisa voltada para a coleta de informações e imagens, bem como com a identificação de mapas da região, que ficarão responsáveis pelas seguintes pesquisas a serem desenvolvidas no Laboratório de Informática. As informações, seja em forma de texto ou imagem, serão importantes para a realização da atividade posterior, concernente ao Jornal Mural.

1º. Grupo: “O que é o Islã?”

Tal grupo deverá desenvolver uma pesquisa acerca da religião islâmica, dando ênfase aos primeiros séculos de sua construção. Como e onde surgiu a religião e como se deu seu crescimento, bem como seus pressupostos serão os focos deste grupo. A forma como foi construída, o poder simbólico de suas escrituras sagradas e o seu não dogmatismo, o que abriu espaço a uma série de interpretações de seus pressupostos no campo da filosofia e da teologia e garantiu uma certa simplicidade na hora da conversão, que se baseava normalmente na aceitação de “cinco pilares”: (1) a sahada, ou profissão pública de fé; (2) a salat, oração feita cinco vezes por dia; (3) o jejum doRamadã; (4) ozakat, esmola aos pobres e órfãos; e, por fim, (5) o hadjdj, a peregrinação a Meca ao menos uma vez na vida para aquele que possuir condições financeiras.

Referências, links, imagens e mapas que deverão permear as seleções do grupo:

Islã:

2º. Grupo: “O Oeste africano”

Tal grupo deverá ser instruído a pesquisar acerca dos principais Estados que tiveram lugar nessa região durante os séculos VIII ao XI, principalmente. Sua amplitude, suas localidades e elementos de suas várias culturas. A sugestão de trabalho é pesquisar os países de Gao, Mali e Gana.

Referências, links, imagens e mapas que deverão permear as seleções do grupo:

Oeste africano:

Mali:

Gana:

Gao:

3º. Grupo: “A expansão do Islã

Tal grupo deverá concentrar esforços nos aspectos históricos da expansão do Islã para o Oeste africano. A pesquisa acerca dos principais grupos comerciais que faziam parte das rotas transaarianas de comércio, que faziam a ligação entre o Oriente e o Ocidente, como os tuaregues e berberes, será importante para o entendimento da chegada da religião.

Referências, links, imagens e mapas que deverão permear as seleções do grupo:

Expansão do Islã:

4º. Grupo: “Novos islãs”

Tal grupo deverá focar seus estudos nas novas sociedades que têm lugar no Oeste africano após a entrada e a apropriação do Islã nesses lugares. Os possíveis conflitos e acordos.

Referências, links, imagens e mapas que deverão permear as seleções do grupo:

Islã no Oeste africano:

A Mesquita de Djenné

Mesquita de Djenné, no Mali, construída por volta de 1220.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Djenné

Universidade ou Mesquita de Sankoré

Universidade ou Mesquita de Sankoré, cidade de Tombuctu, no Mali, construída por volta do século IX.

Fonte: http://civilizacoesafricanas.blogspot.com/2010/05/civilizacao-songhai-nos-seculos-xii-ao.htm

Mapa do Islã na África.

Mapa do Islã na África.

Fonte: http://mappery.com/map-of/Islam-in-Africa-Map

2ª. Atividade

Os alunos, após a pesquisa e de posse das informações selecionadas pelo grupo, deverão ser instruídos a construir quatro Jornais Murais.

Mantendo a mesma divisão do conjunto da sala, cada um dos grupos ficará responsável pela realização, em sala de aula, de um Jornal Mural. O jornal, a ser construído em uma cartolina, deverá trazer um título, a ser escolhido pelo grupo, e as principais descobertas do grupo na forma de texto, imagens e mapas, a partir das decisões do grupo, de acordo com os temas que serão previamente apresentados, guias de seus esforços durante a captação de informações.

Todos os Jornais Murais, depois de finalizados, serão afixados em sala de aula.

3ª. Atividade

Os jornais, então afixados em sala de aula, deverão ser apresentados ao conjunto da sala por cada um dos grupos. Durante cada apresentação, os demais alunos da sala deverão participar com perguntas e colocações, de forma a relacionar os conteúdos de cada um dos Jornais Murais.

O embate e a troca de informações nesse momento será importante para a construção de uma ideia geral do processo histórico de expansão do Islã na região do Oeste africano.

4ª. Atividade

Os alunos deverão ser dispostos em posição circular no interior da sala de aula para a realização de um debate guiado pelas seguintes questões:

• Qual a importância dos embates pelo poder interno e externo ao Oeste africano, para a expansão do Islã na região?

• É possível relacionar esse processo com outros momentos da história em África, ou em outros continentes? Como?

O debate deverá, portanto, levar os alunos a pensarem a respeito da expansão do Islã no Oeste africano como um processo histórico, passível de ser trabalhado por meio do viés historiográfico, como por meio da análise de jogos de poder, como outros momentos históricos são também tratados, e não como situações unicamente distantes e exóticas.

Conclusão

Os alunos terão desconstruído e construído discursos acerca do processo histórico em África. O trabalho com a expansão do Islã no Oeste africano terá permitido pensar no Continente Africano como um espaço em diálogo com outras partes do mundo e com processos amplos muito antes das relações com o mundo europeu. Dessa forma, portanto, as atividades permitirão um reconhecimento e familiaridade dos alunos e suas histórias e memórias com processos históricos fora da linha comum de pensamento historiográfico eurocêntrico, permitindo a retirada do Continente Africano em suas dinâmicas internas e externas, do espaço do atemporal e do exótico.

 

          

Recursos Complementares
Avaliação

As pesquisas serão avaliadas de acordo com a relação entre o tema proposto ao grupo e as informações encontradas e selecionadas para o Jornal Mural, a partir da verificação da coesão da narrativa ou compreensão do processo histórico que apresentam. Para tal estarão em jogo não só imagens ou textos, mas o conjunto e a composição das informações selecionadas, envolvendo o título e a escolha de sua disposição, de acordo com a mensagem que o grupo passou durante a apresentação. Além disso, cada grupo será igualmente avaliado quanto à sua participação e intervenção nas falas dos outros grupos.

O debate será considerado por meio da participação individual dos alunos e pela realização de um texto final, de no máximo três laudas, a ser produzido a partir das informações construídas durante todas as atividades, mas com ênfase nas ideias trabalhadas no debate, sendo a principal delas a de processo histórico no continente africano em contraposição a um senso comum que tende a tomá-lo no campo do exótico.

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