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Ecos árcades em “Soneto da intimidade”, de Vinicius de Moraes

 

09/06/2011

Autor e Coautor(es)
Marilene de Mattos Salles
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Literatura Literatura brasileira, clássica e contemporânea: criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Esta aula objetiva rever aspectos do Arcadismo com ênfase nas características  da linguagem árcade e sua aplicação em um poema de Cláudio Manuel da Costa. O aluno também será estimulado a pesquisar telas, músicas e vídeos relacionados a essa corrente literária. Finalizando, pretende-se analisar o poema “Soneto da intimidade”, de Vinícius de Moraes, buscando nele ecos da linguagem árcade.

Duração das atividades
4 a 5 horas/aula
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Aulas elaboradas para alunos do 2° ano do ensino médio com algum conhecimento sobre o Arcadismo.

Estratégias e recursos da aula

Aulas 1 e 2

Professor: busque averiguar o conhecimento adquirido pelos alunos sobre o Arcadismo. Comece projetando a imagem abaixo, disponível em

http://arcadismo.com/wp-content/uploads/2010/11/arcadismo.jpg

Imagem 1

Tela árcade

No quadro de Nicolas Poussin, pastores ficam chocados ao encontrar em uma tumba de uma região idílica uma mensagem inquietante: Et in Arcadia ego, cujas traduções podem ser

“ Eu, aquele que está morto, também vivi na Arcádia” ou “ Eu, a Morte, também estou na Arcádia”.

 Elabore as seguintes perguntas orais:

a) O que era a Arcádia? Qual sua suposta localização geográfica?

b) Como era a vida lá?

c) O que a lenda da Arcádia tem a ver com a literatura?

Atividade 1 

Coloque no quadro a atividade abaixo para ser feita por escrito.

Baseando-se no seu conhecimento sobre o Arcadismo, relacione a mensagem do quadro de Nicolas Poussin com o seguinte pensamento:

“Aproveite-se o tempo, antes que faça

O estrago de roubar ao corpo as forças

E ao semblante a graça.”

                                                                   (Tomás Antônio Gonzaga)     

                                                                                                                                                            

A partir dessa reflexão, promova uma rememoração sobre o Arcadismo, por meio de uma discussão com os alunos. Tenha um roteiro em mente com pontos relevantes para conduzir adequadamente a discussão. Você poderá fazer seu próprio roteiro a partir de leituras indicadas em “Recursos complementares”. Adicionalmente, os alunos preencherão um quadro com as principais informações sobre o assunto. Abaixo, há uma sugestão para essa atividade. 

Atividade 2

Preencha o quadro abaixo de acordo com as informações obtidas durante as discussões.

                                                                          ASPECTOS DO ARCADISMO
  O movimento árcade na Europa

                                                                                                                                                                                                                                                                      

As influências na literatura brasileira

 

Os principais representantes no Brasil

 

Os ideais árcades

 

Características da linguagem árcade

 

Atividade 3

Solicite aos alunos que pesquisem telas, músicas, vídeos ou outros poemas relacionados a essa corrente literária. A atividade deverá ser feita em grupo de quatro alunos e os resultados serão apresentados como atividade de avaliação. Abaixo, algumas sugestões para a pesquisa. 

Sugestão para telas (fonte de consulta sobre o Arcadismo com várias ilustrações de obras de arte). 

http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/arcadismo/imagens/arcadismo7.jpg&imgrefurl=http://www.jornallivre.com.br/155430/historia-do-arcadismo.html&usg=__hPlOp1Jjj75eM2FUWGRC8dyESEc=&h=267&w=350&sz=15&hl=pt-BR&start=11&zoom=1&itbs=1&tbnid=cGaLZELRlQ8t3M:&tbnh=92&tbnw=120&prev=/search%3Fq%3DPintores%2B%25C3%25A1rcades%26hl%3Dpt-BR%26gbv%3D2%26biw%3D1003%26bih%3D569%26tbm%3Disch&ei=9qrOTfuWLfCO0QGSusSgDg

Sugestão de vídeo

http://www.youtube.com/watch?v=Gqj6SlT8Gzw&feature=related

Sugestão de música

http://www.youtube.com/watch?v=2q3aUzRDkaQ&feature=related

Confira os resultados obtidos antes das apresentações.

 Aula 3

Projete a imagem abaixo,de Cláudio Manuel da Costa, introdutor do Arcadismo no Brasil, disponível em http://www.superdownloads.com.br/imagens/telas/poemas-escolhidos-claudio-manoel-da-costa-ig-ler-150650,1.jpg

 Cláudio Manuel da Costa                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                  

Durante a projeção da imagem, relembre alguns dados biográficos sobre o poeta. Consulte o site

http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u158.jhtm       

Em seguida, aplique a atividade 4.

Atividade 4

Leia o poema abaixo, de Cláudio Manuel da Costa, observando o tema e as características da linguagem. Em seguida, responda às questões propostas.

LXII

Torno a ver-vos, ó montes; ó destino
Aqui me torna a pôr nestes outeiros, 
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros
Pelo traje da Corte, rico e fino.

Aqui estou entre Almendro, entre Corino,
Os meus fieis, meus doces companheiros,
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.

Se o bem desta choupana pode tanto
Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto;

Aqui descanse a louca fantasia,
E o que até agora se tornava em pranto
Se converta em afetos de alegria.

      (Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.

Glossário:

Outeiro – colina, pequeno monte

Gabão – espécie de casaco ou capote

Almendro e Corino – nomes de pastores gregos

Valia – valor

Considerando o poema de Cláudio Manuel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, responda às questões abaixo.

1) No primeiro verso do poema, percebe-se que o eu lírico está retornando para um lugar já conhecido.

a) De onde vem o eu lírico?

b) Em que lugar se encontra de volta?

c) Do ponto de vista geográfico, social e até espiritual há diferenças entre esses dois mundos? Justifique sua resposta.

2) É possível afirmar que o eu lírico, em dado momento, hesitou entre um lugar e outro como ideal para se viver? Justifique a sua resposta.

3) Como o eu lírico se sentia antes de sua vinda?

4) Como ele se sente agora? Que expectativas ele tem?

5) Assinale a opção que melhor traduz  a relação entre o poema e o momento histórico da sua produção.

(   ) No poema é visível a oposição estabelecida entre a Metrópole e a Colônia. As expressões “montes” e “outeiros”, que aparecem na primeira estrofe,  constituem imagens relacionadas à Metrópole, referida como Corte, lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”.

(   ) A construção poética é sustentada por uma oposição entre a Colônia e a Metrópole. Esta oposição revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre o modo de vida urbano da Metrópole e a simplicidade e  rusticidade em terras da Colônia.

(   ) A oposição entre a civilidade da Metrópole e a simplicidade do mundo rural da Colônia é o eixo temático desse poema. Na terceira estrofe, evidencia-se uma relação de vantagem da choupana sobre a cidade, o que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.

6) Marque o verso no qual o eu lírico se dirige ao seu interlocutor.

(   ) “ Se o bem desta choupana pode tanto”

(   ) “Aqui estou entre Almendro, entre Corino,”

(   ) “Os meus fieis, meus doces companheiros,”

(   ) “Vendo correr os míseros vaqueiros”

(   ) “Torno a ver-vos, ó montes; o destino”

7) O interlocutor a quem o poeta se dirige está representado por meio da seguinte figura de linguagem:

(   ) personificação

(   ) metonímia

(   ) anáfora

(   ) onomatopeia

(   ) aliteração

8) Entre as características da linguagem árcade, aponta-se o cultivo de formas clássicas, como o soneto e o verso decassílabo. Explique:

a) O poema de Cláudio Manuel da Costa é um soneto? Por quê?

b) Seus versos são decassílabos? Comprove.

9) Escolha uma outra característica da linguagem árcade presente no poema lido. Explique-a e ilustre a sua resposta com versos do poema.

Aula 4

Professor: a atividade prevista para essa aula é a leitura e análise do poema Soneto da intimidade, de Vinicius de Moraes. Uma das atividades previstas é avaliar nele a presença de ecos da linguagem árcade. 

Antes da leitura, projete a imagem de Vinicius, disponível em  

http://guiadeestilos.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Vinicius-de-Moraes.jpg

 

Vinicius de Moraes 

 Vinicius de Moraes, diplomata, escritor, poeta, compositor.

Enquanto projeta a imagem, informe alguns dados biográficos sobre o poeta, que podem ser obtidos em  http://www.releituras.com/viniciusm_bio.asp   Ressalte a sua face urbana, os lugares onde viveu.

Em seguida, distribua cópias do poema com a  atividade. Essa atividade poderá ser feita em dupla, por escrito. Recolha ao final da aula para correção.

 Soneto da intimidade

                     Vinicius de Moraes


Nas tardes de fazenda há muito azul demais.
Eu saio as vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás.

Desço o rio no vau dos pequenos canais
Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currai

Fico ali respirando o cheiro bom do estrume
Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve

Seguida de um olhar não sem malícia e verve
Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamos em comum numa festa de espuma.

  (Nova Antologia Poética, de Vinicius de Morais, (organização de A. Cicero e E. Ferraz). São Paulo: Cia. das Letras, 2003)

Glossário:

Verve: vivacidade de espírito 

Atividade 5

Considerando a leitura do poema Soneto da intimidade, responda:

1) O que é um soneto?

2) No soneto de Cláudio Manuel da Costa os versos possuíam 10 sílabas poéticas (versos decassílabos). Quantas sílabas poéticas possui cada verso do Soneto da intimidade?

(Professor: outra forma de escrever sonetos é com  versos alexandrinos ou dodecassílabos (doze sílabas)

3) Explique o título do poema. De que intimidade o poeta fala?

4) Em que local o eu lírico se encontra?

5) Como ele se sente nesse lugar? Justifique sua resposta com  versos do poema.

6) Releia os versos abaixo.

“Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás.”

É possível perceber, por meio desses versos, alguma relação entre estados de vida diferentes vividos pelo eu lírico? Em outras palavras, esses versos trazem à sua memória alguma lembrança do passado? Justifique a sua resposta.

7) Releia o verso

“Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme”  

a) Que figura de linguagem há nesse verso?

b) O que o eu lírico pode estar sugerindo com esse verso?

(Resposta possível: talvez ele esteja aliviado e sinta paz de espírito por estar se livrando da conviver com pessoas ciumentas.)

8) Consulte o seu quadro sobre as características do Arcadismo (elaborado nas aulas 1 e 2) e discuta a afirmativa abaixo.

                                                                 O Soneto da intimidade apresenta ecos da literatura árcade.

Recursos Complementares

COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: Era Barroca; Era Neoclássica. São Paulo: Global, 2004.

http://educacao.uol.com.br/literatura/ult1706u23.jhtm

http://pt.wikipedia.org/wiki/Arcadismo

http://www.youtube.com/watch?v=FIlv6ePBphQ

Avaliação

A avaliação será oral por meio de um seminário com apresentação dos resultados da pesquisa proposta na aula 2.

Divida o tempo de 1 h/a pelo número de grupos. Cada grupo apresentará a tela, vídeo, música ou outro poema explicando a sua relação com o Arcadismo.

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