08/08/2011
Maria Cristina Weitzel Tavela
Modalidad / Nivel de Enseñanza | Disciplina | Tema |
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Ensino Médio | Literatura | Literatura brasileira, clássica e contemporânea: criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada |
O aluno será levado a identificar e a compreender a linguagem figurada, atribuindo sentidos a comparações, metáforas, antíteses, paradoxo, etc. Reverá e aplicará seu conhecimento sobre sonoridade, ritmo, musicalidade e outros elementos constitutivos do poema, buscando evidenciar sensações, emoções e sugestões. Associará diferentes expressões artísticas, refinando a sua percepção estética. Também terá a oportunidade de ampliar seu conhecimento de mundo e enciclopédico, aprimorando sua bagagem cultural.
Aulas elaboradas para alunos do 1° ano do ensino médio já habituados à leitura de poemas. É recomendável que conheçam os elementos constitutivos do gênero em questão: rimas, ritmo, sonoridade, processos figurativos, etc.
Aulas 1 e 2
Professor: conduza seus alunos ao Laboratório de Informática. Inicie a aula, apresentando a todos o diplomata, poeta, escritor, compositor Vinicius de Moraes. Projete a imagem abaixo, disponível em http://guiadeestilos.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Vinicius-de-Moraes.jpg
Poeta, compositor, escritor Vinicius de Moraes
Faça um breve roteiro contendo dados biográficos do “Poetinha”, como ele gostava de ser chamado, para informar aos alunos durante a projeção. O roteiro deve ser breve, para não interferir nas buscas que serão empreendidas durante a pesquisa que será proposta abaixo. Você poderá obter esses dados em http://www.releituras.com/viniciusm_bio.asp Para estimular os alunos, dê informações menos técnicas; ressalte o seu lado pessoal, a intimidade, a paixão pelas mulheres, a composição Garota de Ipanema, feita em parceria com Tom Jobim.
Em seguida, proponha o trabalho a ser realizado por eles. Trata-se de uma pesquisa em grupo, nos moldes indicados abaixo.
Atividade 1
Divida a turma em grupos de três alunos.
Proponha alguns temas a serem pesquisados. Se algum grupo apresentar uma ideia diferenciada, faça a avaliação da proposta.
Cada tema será destinado a dois grupos.
A pesquisa deverá conter:
a) um pequeno roteiro escrito sobre o tema
b) um exemplo (poema, música, crônica, teatro, etc)
c) 1 imagem ilustrativa
Sugestões:
TEMA 1: Vinicius: crônicas
TEMA 2: Vinícius: poemas existenciais
TEMA 3: Vinícius: poeta das coisas simples e cotidianas
TEMA 4: Vinicius e MPB
TEMA 5: Vinicius e outras parcerias musicais
TEMA 6: Vinicius: face lúdica e infantil
TEMA 7: Vinicius: teatro
Observações:
a) Oriente-se consultando, inicialmente, o site oficial de Vinicius de Moraes: http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/
b) Há indicações de obras em “Recursos complementares”.
c) Em relação às músicas, vários foram os parceiros, entre eles Tom Jobim, Baden Powell, Chico Buarque, Carlos Lyra, Edu Lobo e Toquinho. Sugestões de músicas: Garota de Ipanema, Chega de saudade, Felicidade, Minha namorada, Se todos fossem iguais a você. Se houver possibilidade, as apresentações musicais podem ser feitas pelos próprios grupos.
d) Solicite que os alunos não selecionem os poemas Soneto da fidelidade, Soneto de Contrição e Soneto da separação.
e) As apresentações dos grupos serão feitas ao final da sequência, como atividade de avaliação.
Professor: nas aulas a seguir serão feitas a leitura e a análise de cada um dos sonetos citados acima. Visando ao melhor aproveitamento, propõe-se a seguinte metodologia, para a abordagem dos textos:
a) Projeção de uma imagem relacionada ao poema
b) Leitura bem expressiva e interativa do poema, em voz alta, pelo professor
c) Leitura em voz alta por um aluno ou grupo de alunos
d) Questões orais sobre a imagem e o texto
e) Questões escritas, para serem feitas em duplas
f) Correção das respostas
Aula 3
Com a ajuda de um data show, projete em sala de aula mesmo a imagem abaixo, disponível em http://3.bp.blogspot.com/_cZ36DwPjENo/SnCN4JicidI/AAAAAAAAAQI/vbUIXE4L9Os/s400/A+IMAGEM+DO+CASAL+SEPARADO+PELA+PAREDE.jpg
Inicie a sequência de leituras.
Soneto da fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998).
Atividade 2
Questões orais
a) O que vemos na imagem?
b) Que atitudes podemos perceber entre os parceiros dessa imagem? Estão bem? Se amam?
c) Relacionando a imagem com o poema, o que poderia representar aquele véu entre eles?
(Resposta possível: a possibilidade de as pessoas poderem mudar durante a vida faz com que a transparência entre elas seja relativa. Daí, talvez, o verso do poeta em se tratando de relações amorosas: “Mas que seja infinito enquanto dure”.)
d) Que visão o eu lírico tem sobre a fidelidade?
Atividade 3
Responda, por escrito, às questões propostas.
a) Este poema é chamado de soneto por ter sua forma fixa. Que forma é essa?
b) Ao ler o poema, provavelmente, você percebeu a presença do ritmo e da musicalidade determinados pela alternância de sílabas átonas e tônicas, assim como pela semelhança sonora que há no final dos versos, como ocorre em tanto e encanto. Identifique outros pares de palavras que apresentam o mesmo tipo de sonoridade?
c) Releia a primeira estrofe do poema. Nela, o eu lírico se dispõe a
( ) estar atento, zelar por seu amor, se desfazer dele em face de outro encantamento
( ) estar atento ao seu amor e a outros encantamentos, zelando por ambos
( ) se encantar e zelar sobretudo por seu amor, mesmo em face de outros encantamentos
( ) não se comprometer com seu amor, pois seu pensamento está em outros encantos
d) Na segunda estrofe, o eu lírico propõe maneiras de vivenciar o seu amor. Como ele pretende louvar o seu amor?
e) Ainda na segunda estrofe, podemos perceber alguma euforia do eu lírico, especialmente marcadas por duas figuras de linguagem - o pleonasmo e a antítese. Explique-as.
f) Releia a terceira estrofe. Como o eu lírico define a morte e a solidão?
g) O que ele dirá à morte e/ou à solidão, mais tarde? Responda com suas palavras.
h) Releia os dois últimos versos, abaixo.
"Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."
Nesses versos, observa-se a presença de
( ) ironia
( ) paradoxo
( ) pleonasmo
Justifique a sua resposta.
Aula 4
Professor, seguindo a proposta metodológica já citada, inicie esta aula, projetando a imagem abaixo, disponível em http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2007/11/129_230-O%20Beijo.jpg
"O Beijo", uma escultura de Constantin Brancusi.
Soneto da contrição
Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.
Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.
Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma...
E é uma calma tão feita de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.
(Vinicius de Moraes. Obra poética. Rio de Janeiro: J. Aguilar, 1968)
Glossário:
Vagar: andar sem destino, sem rumo.
Acalanto: cantiga de adormecer criança, cantiga de ninar.
Amplidão: espaço indefinido, amplitude, vastidão.
Atividade 4
Questões orais
a) Que relação podemos fazer entre a imagem projetada e o Soneto de contrição?
b) Você já ouviu falar em “ato de contrição”? (Resposta: trata-se de uma oração feita após a confissão dos pecados a um padre. Por meio dela, o fiel reconhece que pecou “em pensamento, palavras e obras”; admite a sua culpa, se arrepende e pede o perdão.)
c) Existe alguma confissão ou pedido de perdão explicitamente declarados no poema?
d) Maria, a mulher amada, se encontra perto ou longe do eu lírico? Justifique sua resposta com versos do poema.
Atividade 5
Responda, por escrito, às questões propostas.
1) Explique o título do poema, considerando a discussão feita oralmente. Afinal o arrependimento do eu lírico se refere a quê?
2) Que sentido tem a palavra “peito” em “o meu peito me dói como em doença”.
3) Na segunda estrofe, o eu lírico usa uma linguagem afetiva, figurada (comparação e metáfora) para expressar como ele se sente. Marque a resposta correta.
( ) Ao dizer “Meu coração é um vago de acalanto”, o eu lírico compara implicitamente seu coração a algo confuso, mas que acalanta, nina, faz dormir docemente.
( ) Ao dizer “Meu coração é um vago de acalanto”, o eu lírico compara implicitamente seu coração com as músicas de ninar, apenas.
( ) O eu lírico está querendo apenas comparar explicitamente o seu coração com a tormenta provocada pela sua separação.
4) Releia as duas últimas estrofes e responda: o eu lírico prefere a ausência ou a presença da mulher amada? Por quê?
Aula 5
Professor: finalmente, passe à leitura e à análise do último poema da série, o Soneto da separação.
Continue utilizando a mesma metodologia das aulas anteriores.
Projete a imagem abaixo, disponível em http://lh6.ggpht.com/_08S8qg3s-P0/SwP9t16Hn-I/AAAAAAAAA48/tpcXfZaTiQI/a%20separa%C3%A7%C3%A3o%202%5B5%5D.jpg
Litografia "A Separação II”, do pintor impressionista norueguês Edvard Munch.
Soneto da separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998).
Atividade 6
Questões para serem respondidas oralmente.
a) A leitura de uma imagem requer uma forte relação entre o sujeito-leitor e a obra de arte propriamente dita. Cada um é capaz de lê-la de acordo com as suas impressões, a sua percepção estética, o seu reconhecimento sobre o belo. Quais leituras podemos fazer da tela“A Separação II”, do pintor impressionista norueguês Edvard Munch.
b) Se essa tela estivesse em uma exposição e você fosse convidado a enriquecer a sua interpretação com um fragmento do Soneto da separação, qual você escolheria? Por quê?
c) Que verso da primeira estrofe melhor expressa a separação? Explique.
d) A que drama o eu lírico se refere no verso “E do momento imóvel fez-se o drama.” (2ª estrofe)
e) Que expressão imprime um caráter de surpresa ao drama referido pelo eu lírico?
f) Nesse poema, podemos verificar a presença de várias antíteses, como por exemplo: calma e vento em “De repente da calma fez-se o vento”. Explique essa antítese, considerando o drama por que passa o eu lírico.
Atividade 7
Responda às questões abaixo, por escrito.
1) Marque V ou F.
( ) Soneto da separação é um poema em que predomina basicamente a manifestação da subjetividade do eu lírico, expressando seus sentimentos, suas emoções, e seu mundo interior.
( ) Soneto da separação é um poema épico, que tem a sua manifestação mais viva nos aspectos trágicos, procurando representar os conflitos e os dramas vivenciados pelos homens.
( ) A sonoridade é um elemento fundamental no gênero lírico. Em Soneto da separação, para expressá-la, o poeta recorreu à métrica, às rimas, à aliteração (ocorrência considerável de fonemas sibilantes /s / ) e à semelhança de som de palavras como "espuma", "espalmadas", "espanto".
( ) O Soneto da separação faz referência a fatos que deflagraram o conflito vivenciado pelo eu lírico.
( ) No texto literário, dependendo do contexto, uma palavra pode assumir uma significação marcada pela subjetividade: linguagem conotativa. É o que acontece no verso "De repente da calma fez-se o vento".
( ) Em Soneto da separação a figura de linguagem predominante é a antítese, recurso pelo qual busca-se expressar ideias cuja força significativa reside na oposição dos contrários.
2) Cada um dos versos abaixo apresenta uma antítese. Explique-as, considerando o poema como um todo.
“De repente do riso fez-se o pranto”
“De repente da calma fez-se o vento”
“E da paixão fez-se o pressentimento”
"E do momento imóvel fez-se o drama"
“ Fez-se de triste o que se fez amante”
3) Explique a metáfora em “Fez-se da vida uma aventura errante”.
Vinicius de Moraes. Obra poética. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1968 (2ª edição: 1974)
Vinicius de Moraes. Poesia completa e prosa. Org. Alexei Bueno. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998.
Vinicius de Moraes. Todas as letras. Companhia das Letras.
Vinicius de Moraes. Nova antologia poética. Org. Antonio Cicero e Eucanaã Ferraz. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
A avaliação consiste na apresentação oral dos resultados da pesquisa empreendida nas aulas 1 e 2. Utilize o data show para projeção das imagens selecionadas pelos grupos.
Quatro estrelas 3 calificaciones
Denuncia opiniones o materiales indebidos!
16/03/2014
Quatro estrelasGostei bastante, pois achei as propostas de atividades bem interessantes e diferentes. Parabéns pelos planos de aula, tirarei proveito para minhas aulas de interpretação de textos e literatura. Um abraço Sandra
09/06/2013
Cinco estrelasÒtimas atividades para serem trabalhadas com alunos sobre o poeta, cantor Vinícius de Moraes. Sou professora de História, ainda não arrumei ao certo as atividades adequadas à matéria, mas achei estas atividades excelentes, principalmente da matéria Português. Abraços, Nilva
17/11/2012
Quatro estrelasGostei bastante das atividades para mostrar vinícius para a classe