14/07/2011
Raissa Brescia dos Reis; Lígia Beatriz de Paula Germano
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Médio | História | Processo histórico: nações e nacionalidades |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | História | Relações de poder e conflitos sociais |
O aluno poderá compreender o processo de independência da Argélia, o primeiro país africano a adotar a via armada. Aprenderá, também, a dimensionar as repercussões que este evento possuiu dentro do Continente Africano, em outros países que se tornariam independentes nas décadas de 1960 e 1970. Dessa forma, o aluno construirá noções de processo histórico e ação histórica na África.
- Imperialismo europeu na África desde a segunda metade do século XIX. A subjugação política e econômica a qual os povos, as comunidades e os Estados existentes no continente foram expostos. As formas de resistência anteriores e posteriores ao estabelecimento europeu.
- O processo de lutas por independência que toma os países da África após a Segunda Guerra Mundial, com o acirramento do discurso Pan-africanista e de outras ações separatistas, como a constituição de partidos nacionalistas e movimentos populares de protesto e greve. Ainda na década de 1940 e na década de 1950, alguns países conseguiram suas independências pela via negociada, talvez devido à fragilidade econômica maior dos países europeus no pós-guerra, principalmente no caso das colônias inglesas. No entanto, com a volta do crescimento e devido à política colonial mais rígida de alguns países, como a França e Portugal, os espaços para negociação diminuíram já no fim da década de 1950 até 1975.
- O recrudescimento da Guerra Fria na década de 1960 e o desejo tanto norte-americano quanto soviético de estabelecer zonas de influência em locais estrategicamente importantes para o caso de que os conflitos entre os países chegassem às vias de fato, o que facilitava a negociação de apoio financeiro e logístico aos grupos guerrilheiros.
Introdução
A Independência da Argélia, em 1962, foi o ponto culminante de um duro período de conflitos com o aparato colonial, bélico e repressivo francês. Já antes da Segunda Guerra Mundial havia movimentações argelinas em torno da ideia do nacionalismo e da independência, o Partido do Povo Argelino foi criado ainda na década de 1939 e colocado na ilegalidade pelo governo francês, em 1939. A política colonial francesa na região da Argélia era marcada pelo incentivo ao povoamento e por uma postura de forte centralização e exclusão de homens e mulheres nativos dos direitos civis garantidos pelo Estado e da participação política. Dessa forma, as mobilizações argelinas não foram, de forma alguma, vistas com bons olhos pela população francesa e por seu governo.
No entanto, durante a Segunda Guerra Mundial, diante da promessa do líder militar e político da resistência francesa Charles De Gaulle de conceder a independência à Argélia após os conflitos, muitos argelinos lutaram nas tropas francesas. Após o fim da guerra, porém, a independência não foi negociada e, ao contrário, passeatas pelo fim do jugo colonial foram duramente reprimidas. As providências tomadas pelo governo francês de uma relativa flexibilização e autonomia política no país continuariam, apesar disso, a depender das decisões e interesses franceses e foram boicotadas devido a atentados anti-islâmicos. As eleições que permitiram a formação de uma assembleia local excluíram os candidatos sabidamente a favor da independência. Um cenário nada afeito a negociações estava estabelecido entre aqueles a favor e contra a dominação colonial.
Em 1954, após a derrota francesa na Indochina e com o fracasso da via legal, dá-se a formação da Frente de Libertação Nacional e de seu braço armado, o Exército de Libertação Nacional. O grupo de ação armada atuava promovendo atentados e sabotagem, primeiro no campo e depois também na área urbana. A repressão francesa atuava fortemente no conflito, primeiramente visto como um problema interno. Os embates extremamente violentos e sua longa duração causaram instabilidade no governo e no cenário político francês. Em 1962, após forte pressão argelina e repressão francesa, cerca de 1 milhão de baixas, principalmente de argelinos, uma forte instabilidade política e uma opinião pública dividida na França, os Acordos de Evian são assinados e garantem a independência da Argélia.
Desenvolvimento
Aula 1
Os alunos serão encarregados de pesquisar, individualmente, acerca da Organização da Unidade Africana, instituição internacional constituída em 1963, em Addis Abeba, na Etiópia, com o intuito de congregar os países independentes da África, então 32 países, em prol da manutenção da integridade física e política dos países africanos, bem como pelo fim do colonialismo, em apoio às lutas de independência e ao crescimento econômico e humano no continente.
Oslinks e imagens sugeridos são:
http://en.wikipedia.org/wiki/Organisation_of_African_Unity
http://historiaeciencia.weblog.com.pt/arquivo/035736.html
http://www.infopedia.pt/$organizacao-de-unidade-africana-%28oua%29
http://www.sahistory.org.za/pages/africa/african-union/index.htm
Documentos e tratados da Organização da Unidade Africana: http://www.au.int/en/treaties
Carta de fundação da Organização da Unidade Africana, constituída em 25 de maio de 1963: http://www.fordham.edu/halsall/mod/1963OAU-charter.html
Líderes da Organização da Unidade Africana. Fonte: http://www.oopau.org/2.html.
Cartaz sobre a fundação da Organização da Unidade Africana. Fonte: http://home.intekom.com/southafricanhistoryonline/pages/chronology/thisday/1963-05-25.htm
Após a primeira pesquisa, os alunos deverão ser instruídos a escrever uma redação de uma lauda acerca da fundação da Organização da Unidade Africana, seus intuitos e a sua forma de atuação dentro e fora da África.
Aula 2
Após a primeira atividade, os alunos deverão ser instruídos para a realização da simulação de uma reunião da Organização da Unidade Africana (OUA) em 1963. Deverão ser constituídos cinco grupos que representarão os países de Gana, Argélia, Senegal, Costa do Marfim e Etiópia. A pauta da reunião será:
- Decidir a posição da OUA diante da independência da Argélia;
- Decidir se a OUA deverá ou não apoiar a via armada como a legítima via para os países africanos alcançarem a independência.
Como a reunião se passa em 1963, os alunos deverão desenvolver pesquisa acerca dos interesses dos países aqui mencionados e seus governantes nesse momento histórico específico.
Para o desenvolvimento de tal pesquisa, os links e imagens sugeridos são:
- Pequenas biografias de todos os fundadores da Organização da Unidade Africana: http://www.oaucreation.com/The%20Biographies%20of%20the%20Founding%20Fathers.htm.
- Grupo 1: Gana. Líder:Kwame Nkrumah. Pesquisar a história do país, as relações internacionais no período, as posições e os aliados políticos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Kwame_Nkrumah
http://www.britannica.com/EBchecked/topic/416674/Kwame-Nkrumah
http://manueldearaujo.blogspot.com/2011/03/50-years-ago-kwame-nkrumah-calls-on.html
http://www.casadasafricas.org.br/mapas/22
O então imperador da Etiópia, Haile Selassie, e o então presidente do Gana, Kwame Nkrumah, durante o encontro para a fundação da Organização da Unidade Africana, 1963. Fonte: http://www.ethiopianreview.com/content/9245
- Grupo 2: Argélia. Líder: Ahmed Ben Bella. Pesquisar a história do país, as relações internacionais no período, as posições e os aliados políticos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ahmed_Ben_Bella
http://www.infopedia.pt/$ahmed-ben-bella
http://contextopolitico.blogspot.com/2009/09/ben-bella-historia-virtual.html
http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_87.html
Ernesto Che Guevara e Ahmed Ben Bella. [S.d.] Fonte: http://mona-lisa.org/hintergrund.htm
- Grupo 3: Senegal. Líder: Léopold Sédar Senghor. Pesquisar a história do país, as relações internacionais no período, as posições e os aliados políticos.
http://en.wikipedia.org/wiki/L%C3%A9opold_S%C3%A9dar_Senghor
http://www.quilombhoje.com.br/ensaio/ieda/senghor.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Senegal
Presidente Senghor em visita à França, acompanhado do escritor e político francês André Malraux, ainda no ano de 1961. Fonte: http://www.assemblee-nationale.fr/histoire/senghor/senghobiographie.asp
Presidente Senghor em encontro oficial com o General De Gaulle, em 1965, na França.
Fonte: http://www.assemblee-nationale.fr/histoire/senghor/senghobiographie.asp
- Grupo 4: Costa do Marfim. Líder: Félix Houphouët-Boigny. Pesquisar a história do país, as relações internacionais no período, as posições e os aliados políticos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9lix_Houphou%C3%ABt-Boigny
http://en.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9lix_Houphou%C3%ABt-Boigny
http://pt.wikipedia.org/wiki/Costa_do_Marfim
http://www.britannica.com/EBchecked/topic/272996/Felix-Houphouet-Boigny
O presidente e sua esposa, em recepção na Casa Branca, ao lado de John e Jacqueline Kennedy, em 1962. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Houphouet-Boigny_Kennedy.jpg.
- Grupo 5: Etiópia. Líder: Haile Selassie. Pesquisar a história do país, as relações internacionais no período, as posições e os aliados políticos.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_Eti%C3%B3pia
http://en.wikipedia.org/wiki/Haile_Selassie_I
http://super.abril.com.br/superarquivo/2003/conteudo_124112.shtml
http://www.imperialethiopia.org/selassie.htm
O Imperador Haile Selassie I da Etiópia, em visita a Washington, em 1963. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Haile_Selassie
Aula 3
Após a pesquisa, os alunos serão dispostos em círculo para o início da sessão. Antes de começarem os debates, cada um dos grupos escolherá por votação um representante. Esses representantes é que falarão durante a discussão na simulação da Organização da Unidade Africana. Além disso, os alunos que não forem representantes deverão votar, também, em um dos delegados escolhidos para que este lidere a sessão.
Os representantes ficarão à frente de sua delegação, dispostos em círculo. O delegado escolhido para liderar a sessão será responsável por abrir os trabalhos e ler em voz alta o tema a ser discutido:
- Decidir a posição da OUA diante da independência da Argélia;
- Decidir se a OUA deverá ou não apoiar a via armada como a legítima via para os países africanos alcançarem a independência.
Os delegados deverão deliberar acerca do tema, de acordo com os interesses e as tendências da política externa de seus países.
Aula 4
Após as deliberações na reunião, os alunos que participaram como delegados deverão reunir-se em grupo para a redação de uma Carta, com aproximadamente duas laudas, com as decisões tomadas durante a simulação da Organização da Unidade Africana acerca da legitimidade da independência da Argélia e daquelas que viriam a ocorrer sob os auspícios da própria instituição.
Aqueles alunos que não foram delegados durante a simulação deverão redigir um texto deliberando sobre o tema da própria sessão, a saber:
- Decidir a posição da OUA diante da independência da Argélia;
- Decidir se a OUA deverá ou não apoiar a via armada como a legítima via para os países africanos alcançarem a independência.
Conclusão
Ao fim, os alunos terão construído noções não só da independência da Argélia, mas de sua influência e imbricamento em outras independências no Continente Africano. Além disso, o aluno terá pensado esses eventos como parte de articulações e posições políticas que possuem relação não só com pensamentos e atos de militância desenvolvidos por africanos, como o Pan-africanismo, como também com articulações maiores, envolvendo atores como a França, os Estados Unidos da América e a URSS. Dessa forma, o aluno poderá perceber os conflitos em África como parte de processos históricos, com suas temporalidades, escolhas e embates.
Links:
http://www.assemblee-nationale.fr/histoire/senghor/senghobiographie.asp
http://en.wikisource.org/wiki/Organisation_of_African_Unity:_Opening_of_the_Seventh_Session
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pan-africanismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Negritude
http://www.enciclopedia.com.pt/articles.php?article_id=997
A primeira atividade será avaliada pela coesão e construção argumentativa do texto escrito com base na pesquisa realizada. A capacidade de articulação das informações recolhidas, bem como as próprias informações, em conjunto, estarão sendo avaliadas. A segunda atividade de pesquisa em grupo acerca dos países será avaliada de acordo com a participação dos alunos delegados, com o apoio do grupo, durante a simulação e, da mesma forma, por meio do documento criado por estes e pelas redações construídas pelos outros alunos. A capacidade argumentativa, de articulação das informações e construção de posições fortes e coerentes também estará sendo avaliada.
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