• _{^{Identificar elementos linguísticos e textuais presentes no gênero receita.}}

• _{^{Identificar e analisar elementos do gênero receita em outros suportes textuais, tais como: a tirinha e a letra de música.}}

• _{^{Reconhecer e comparar distintos efeitos de humor em tirinhas, a partir da linguagem e marcadores linguísticos que constituem o gênero receita culinária.}}

• _{^{Produzir uma crônica informativa de teor crítico a partir do gênero receita.}}

Além de combinar ingredientes e estabelecer métodos e maneiras de cozinhar, o gênero receita culinária surgiu com o intuito de registrar e catalogar variedades de pratos e alimentos oriundos de um determinado lugar ou produzidos pelas pessoas em determinada época. Devido ao compromisso e à necessidade de transmissão informativa de sabores e saberes, a receita – ou o livro de receitas – também difunde aspectos memorialísticos e valores socioculturais de uma família, comunidade, região ou país.

No Brasil, um dos primeiros livros que contém anotações sobre curiosidades gastronômicas e descoberta de ingredientes, é datado de fins do século XIX e foi publicado com o título de O cozinheiro imperial. Trata-se de uma compilação de receitas, experiências gastronômicas feitas por um curioso sobre o assunto, não necessariamente um cozinheiro.

Observa-se que aspectos do gênero receita estão presentes em outras manifestações textuais que utilizam mecanismos prescritivos e que têm como objetivo cumprir interesses funcionais e projetar resultados eficazes, tais como: a receita médica, as propagandas educativas, os manuais de uso de variados produtos, os manuais de auto-ajuda, entre outros. Todos com o intuito de instruir e de direcionar, por meio de etapas, para se executar, construir ou atingir algo.

Para iniciar a discussão e produção sobre a receita culinária, o professor pode solicitar aos alunos que pesquisem no Google receitas do prato predileto de cada um eles, a frequência com que se alimentam da iguaria escolhida e se gostam/ têm o hábito de cozinhar.

Etapa 1: Identificando propriedades linguísticas e textuais do gênero receita culinária

Com o intuito de apresentar propriedades específicas do gênero, o professor sugere que um grupo de 3 a 4 alunos apresentem em arquivo Word, em data show, a receita do prato escolhido.

As receitas culinárias em geral possuem partes fixas: ingredientes e modo de preparo. A primeira lista os alimentos/ produtos que estabelecem a medida/ quantidade do que será utilizado. Já a segunda parte, narra e descreve o passo a passo do modo de fazer com o auxílio de verbos de comando (em geral no imperativo ou infinitivo que caracterizam o tipo textual injuntivo ou instrucional) e por meio de uma linguagem formal.

É válido salientar que, como quase todo gênero textual, a receita culinária possui valor sociodiscursivo e sociocultural e, sobretudo, certo teor pragmático. Ou seja, existe para, de maneira geral, ser seguida e aplicada/ executada na cozinha.

Etapa 2: Receita em tirinhas

Magali, de Maurício de Sousa, é um exemplo bem representativo para se discutir o gênero receita e a relação da receita com a alimentação. A notória personagem foi criada em meados da década de 1970, é uma das filhas do próprio autor Maurício de Sousa e, tal como a prole do criador, ela possui predileção por melancia, além de apreciar outras guloseimas e possuir um apetite insaciável: elemento jocoso que a caracteriza.

Para a atividade de leitura e expressão oral sobre a personagem de Maurício de Sousa, os alunos deverão acessar as seguintes tirinhas:

TIRA 56

http://www.monica.com.br/cgi-bin/load.cgi?file=news/welcome.htm&pagina=../../cards/w-4estacoes.htm

TIRA 192

http://www.monica.com.br/cgi-bin/load.cgi?file=news/welcome.htm&pagina=../../cards/w-4estacoes.htm

Para discussão sobre os textos, o professor pode sinalizar, a partir da projeção da atividade em data show, várias camadas de leitura que a segunda tirinha aborda. Num primeiro momento, o professor pode resgatar o porquê de a tira estabelecer intertextualidade com os contos de fadas devido ao contexto apresentado em cada quadrinho (o ato de se contar histórias para as crianças). Em seguida, é necessário demonstrar porque a conclusão revela o humor intencional do texto, pois ao oferece uma ruptura com a expectativa esperada pela progressão contextual da leitura. Isso ocorre porque a narrativa final é extraída de um livro de receitas e possui indiretamente outra função. No entanto, é relevante a ser considerado é que tal abordagem só se completa pelo acionamento de conhecimentos prévios do aluno em relação à personagem Magali.

Outro item importante a ser discutido diz respeito às histórias narradas pelas mães dos respectivos personagens. Pode ser sugerido que os alunos apresentem as seguintes hipóteses: por que a mãe de Cascão lê a história dos três porquinhos (pelo personagem não gostar de tomar banho e ter um porco de estimação chamado Chovinista)? Por que a mãe da Mônica lê “Chapeuzinho vermelho” (pela roupa vermelha e aspecto destemido de ambas as personagens)? E estratégias narrativas do gênero receita utilizadas pela mãe da Magali cumprem a função de uso do livro de receitas? (o gênero receita é descolado para outro suporte, no caso a tirinha, e não cumpre a função utilitária, serve apenas para aguçar o apetite de Magali).

Com objetivo de contrastar a perspectiva do humor construído a partir gênero receita contido na tirinha de Maurício de Sousa, apresente o seguinte texto de Wil Teixeira:

 http://www.odiario.com/blogs/wilteixeira/2010/12/21/tirinha-chef-depre-e-o-julgamento/

Para esta atividade, o professor pode sugerir que o aluno escreva um parágrafo dissertativo-argumentativo (cerca de 10 a 12 linhas no arquivo word) sobre como é construído o humor na tirinha de Wil Teixeira, tendo em vista a ressignificação dos elementos textuais provenientes do gênero receita.

Se o professor já desenvolveu recursos do tipo textual dissertativo-argumentativo em sala de aula, é válido solicitar que os alunos avaliem os textos dos colegas no suporte revisão do word segundo os critérios anteriores, tendo em vista também os aspectos de correção ortográfica e gramatical em geral, além da recorrência da coesão (uso dos conectores e relação entre as orações) e progressão temática [introdução, desenvolvimento (exemplificação) e desfecho].

Os arquivos corrigidos, em duplas, podem ser enviados para o e-mail do professor, que discutirá a interferência de correção feita pelos alunos e sinalizará em power point exemplos de textos e correções que cumpriram e não cumpriram de forma adequada com o propósito da atividade.

Etapa 3: Canção em formato de receita

Para esta atividade, os alunos acessarão a canção “Os anjos”, de Legião Urbana.

Cada aluno escutará a canção do seu computador e em seguida assinalará os marcadores (verbos no imperativo e paráfrase da linguagem e vocábulos referentes a alimentos/ produtos utilizados) do gênero receita que estão presentes na canção. É necessário discutir com os alunos a crítica em relação a crimes e atrocidades em geral presentes na canção. Para isso, algumas perguntas podem ser direcionadas para o debate ou produção textual em sala:

 1-Quem é o sujeito poético e qual sua função representativa?

2-Como a canção reitera e subverte o gênero receita?

3- A quem pertencem os possíveis discursos presentes nas estrofes que parafraseiam a receita culinária? É possível identificar essas vozes enunciativas? Estabeleçam hipóteses.

4-Que sentimento o sujeito poético revela nas estrofes finais em relação às atrocidades sociais?

 Link para a canção:

http://www.vagalume.com.br/legiao-urbana/os-anjos-1.html

Etapa 4:  Crônica a partir de uma receita

Motivados pela canção “Os anjos”, de Legião Urbana, os alunos pesquisarão no site do Uol, Yahoo, Terra, Uai, entre outros, alguma notícia ou reportagem atual sobre temas variados (política, cotidiano, esporte, página policial, entre outros). A partir disso, em duplas, os alunos planejarão a escrita de uma crônica informativa e crítica sobre o tema escolhido tendo como base as etapas, recursos linguísticos e textuais do gênero receita. É interessante que, anteriormente à atividade, o professor recapitule ou contextualize os alunos sobre elementos constitutivos dos gêneros textuais crônica, notícia e/ou reportagem.

O texto escrito por dupla deverá conter o link dos textos acessados e os melhores textos podem ser postados no site da escola, Facebook ou blog da turma.

DELL'ISOLA, Regina Lúcia Péret. Retextualizaçao de gêneros escritos. Rio de Janeiro: Lucerna, 2007.

Sobre o gênero receita:

http://www.letras.ufmg.br/vivavoz/data1/arquivos/nosdominiosdosgeneros-v1.pdf

As avaliações ocorrerão de forma processual, ao longo de todas as atividades ministradas, as quais contemplam o desenvolvimento das habilidades de leitura comparativa entre textos verbais e não verbais, de escrita, de expressão oral e visual aplicadas a atividades de retextualização. Porém é necessário:

• Avaliar a participação, interesse e disposição dos alunos para executarem as atividades em duplas e em grupos.
• Avaliar a leitura e expressão oral dos alunos da temática receita no gênero tirinha.
• Avaliar a pertinência dos comentários, adequação aos critérios estipulados e correções gramaticais dos alunos feitas nas produções dos textos dos outros colegas de sala.
• Avaliar a percepção dos alunos em relação aos aspectos linguísticos e textuais (narração, injunção e dissertação-argumentação) na canção “Os anjos”, de Legião Urbana.
• Observar na produção da crônica a partir da receita, a adequação de linguagem, contextualização com certa notícia ou reportagem e adaptação estrutural em relação ao gênero receita.
• Avaliar a crônica produzida e se houve a compreensão e utilização dos recursos de retextualização propostos.