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UCA - Escuta de texto oral: o romance

 

19/09/2011

Autor e Coautor(es)
MARTA PONTES PINTO
imagem do usuário

UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem oral: escrita e produção de texto
Ensino Médio Literatura Literatura, outras artes, outros saberes
Ensino Médio Literatura Estudos literários: análise e reflexão
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Comparar textos sobre o mesmo tema.
  • Aprofundar conhecimentos sobre Aluísio de Azevedo e O Cortiço.
Duração das atividades
03 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • Literatura dividida em períodos;
  • Características e influências histórico-sociais.
Estratégias e recursos da aula
  • Análises de imagens.
  • Uso de vídeo.
  • Uso de data-show.
  • Análise de fragmentos e da obra completa "O cortiço".

 

Motivação:

Inicialmente, o professor perguntará aos alunos se eles têm ideia da diferença entre morar em apartamentos, condomínios, casas, cortiços e favelas.

Após uma conversa informal sobre o assunto, dirá que eles analisarão o romance "O cortiço" de Aluísio de Azevedo.

 desenvolvendoaa

Atividade 1

           cortiço Rio                  cortiço 2

Imagens disponíveis em:http://www.google.com.br/imgres?q=corti%C3%A7o&start=270&um=1&hl=pt-BR&sa=N&tbm=isch&tbnid=26R2Rjssvhgp1M:&imgrefurl=http://blogdoimovel.blogspot.com/2010_07_01_archive.html&docid=NwzvMeK3eKBDKM&w=720&h=460&ei=Csp1TquSHMS9tgeXvbXJCg&zoom=1&chk=sbg&iact=hc&vpx=1038&vpy=258&dur=227&hovh=179&hovw=281&tx=187&ty=175&page=22&tbnh=127&tbnw=198&ndsp=12&ved=1t:429,r:11,s:270&biw=1366&bih=557 

 

http://www.google.com.br/imgres?q=corti%C3%A7o&hl=pt-BR&gbv=2&tbm=isch&tbnid=iIJAOQsyNpn0EM:&imgrefurl=http://www.arquitraco.com.br/cortico.htm&docid=m1AeDzRSv0oPRM&w=390&h=250&ei=yMN1Tt3TLsyatwfx5oGJAg&zoom=1&iact=hc&vpx=188&vpy=257&dur=1483&hovh=180&hovw=281&tx=142&ty=186&page=1&tbnh=159&tbnw=221&start=0&ndsp=12&ved=1t:429,r:6,s:0&biw=1366&bih=557 

 

O professor pedirá aos alunos que, diante de seus laptops, observem bem as imagens do site acima. Pedirá a alguns alunos para dizerem em voz alta sobre o que veem e o que sabem sobre a vida nessas comunidades. Auxiliará os alunos complementando com novas informações para enriquecer as análises.

 

Em seguida, pedirá que acessem o site abaixo para lerem a sinopse do Naturalismo e da obra "O CORTIÇO".

http://abfocortico.blogspot.com/

 

Na sequência, o professor conversará sobre o tema com o objetivo de tirar as dúvidas e entregará o seguinte roteiro para discussão oral (posterior à leitura e discussão da sinopse).

  • Professor, esta é uma aula de comunicação oral. Muitos alunos são tímidos e não são capazes de, em público, construírem seus próprios textos. Mas são capazes de falar bem o texto alheio. APROVEITE A OPORTUNIDADE.

ROTEIRO

1- Segundo o professor Fernando Marcílio, qual a diferença entre Romantismo e Naturalismo quanto:

  • ao homem?    
  • ao amor?

2- Por que "O cortiço" talvez seja o romance mais representativo do Naturalismo?

3- Quais as características dessa obra?

4- A obra foi construída sobre dois grandes eixos: Jerônimo- Rita Baiana e Romão e Bertoleza. Por que este último é que verdadeiramente representa o Naturalismo?

  • Terminada a leitura e a finalização das respostas das perguntas do roteiro, o professor deverá solicitar aos alunos que leiam suas respostas e, assim poderá, discutir e analisar possíveis divergências de respostas.

 

Atividade 2 

EM SALA - Leitura da 2ª metade do CAPÍTULO X de O Cortiço.

  • Professor, se for possível, faça um power point do texto e o exiba em data show. Dessa forma, você poderá ir lendo ou pedindo para os alunos lerem, explorando o roteiro abaixo.
  •  Professor, os alunos farão a leitura do fragmento abaixo para responderem oralmente as questões:
  •  

1- Como vocês viram, o autor faz uso de inúmeras expressões próprias do sertão ou de época. Retirem, usem o dicionário e expliquem para a classe o significado de pelo menos 12 palavras ou expressões do texto

2- Como podemos classificar essa narrativa? Rápida e superficial ou X lenta e minuciosa?

3- Uma das características do naturalismo é o nivelamento de pessoas a animais. A que foram comparados Rita, Firmo, Jerônimo, Machona, Moradores do  cortiço?

4- Quais os contrastes entre os oponentes? 

5- Por quem os corticeiros torciam? Por Firmo ou por Jerônimo?

6- As descrições presentes na obra são de caráter objetivo ou subjetivo?

7- O texto apresenta uma noite bonita e com um belo luar de lua cheia. A noite muda em função de quê? 

8- Responda (V) para Verdadeiro e (F) para falso.

a- O texto apresenta uma coletividade bestializada.

b- Reações animalescas diante da cena de luta.

c- Atitudes de denotam aversão aos policiais.

 

Texto:

A noite chegou muito bonita, com um belo luar de lua cheia, que começou ainda com o crepúsculo; e o samba rompeu mais forte e mais cedo que de costume, incitado pela grande animação que havia em casa do Miranda.

Foi um forrobodó valente. A Rita Baiana essa noite estava de veia para a coisa; estava inspirada! divina! Nunca dançara com tanta graça e tamanha lubricidade!

Também cantou. E cada verso que vinha da sua boca de mulata era um arrulhar choroso de pomba no cio. E o Firmo, bêbedo de volúpia, enroscava-se todo ao violão; e o violão e ele gemiam com o mesmo gosto, grunhindo, ganindo, miando, com todas as vozes de bichos sensuais, num desespero de luxúria que penetrava até ao tutano com línguas finíssimas de cobra.

Jerônimo não pôde conter-se: no momento em que a baiana, ofegante de cansaço, caiu exausta, assentando-se ao lado dele, o português segredou-lhe com a voz estrangulada de paixão:

- Meu bem! se você quiser estar comigo, dou uma perna ao demo!

O mulato não ouviu, mas notou o cochicho e ficou, de má cara, a rondar disfarçadamente o rival.

O canto e a dança continuavam todavia, sem afrouxar. Entrou a das Dores. Nenen, mais uma amiga sua, que fora passar o dia com ela, rodavam de mãos nas cadeiras, rebolando em meio de uma volta de palmas cadenciadas, no acompanhamento do ritmo requebrado da música.

Quando o marido de Piedade disse um segundo cochicho à Rita, Firmo precisou empregar grande esforço para não ir logo às do cabo.

Mas, lá pelo meio do pagode, a baiana caíra na imprudência de derrear-se toda sobre o português e soprar-lhe um segredo, requebrando os olhos. Firmo, de um salto, aprumou-se então defronte dele, medindo-o de alto a baixo com um olhar provocador e atrevido. Jerônimo, também posto de pé, respondeu altivo com um gesto igual. Os instrumentos calaram-se logo. Fez-se um profundo silêncio. Ninguém se mexeu do lugar em que estava. E, no meio da grande roda, iluminados amplamente pelo capitoso luar de abril, os dois homens, perfilados defronte um do outro, olhavam-se em desafio.

Jerônimo era alto, espadaúdo, construção de touro, pescoço de Hércules, punho de quebrar um coco com um murro: era a força tranquila, o pulso de chumbo. O outro, franzino, um palmo mais baixo que o português, pernas e braços secos, agilidade de maracajá: era a força nervosa; era o arrebatamento que tudo desbarata no sobressalto do primeiro instante. Um, sólido e resistente; o outro, ligeiro e destemido, mas ambos corajosos.

- Senta! Senta!

- Nada de rolo!

- Segue a dança, gritaram em volta.

Piedade erguera-se para arredar o seu homem dali.

O cavouqueiro afastou-a com um empurrão, sem tirar a vista de cima do mulato.

- Deixa-me ver o que quer de mim este cabra!... rosnou ele.

- Dar-te um banho de fumaça, galego ordinário! respondeu Firmo, frente a frente; agora avançando e recuando, sempre com um dos pés no ar, e bamboleando todo o corpo e meneando os braços, como preparado para agarrá-lo.

Jerônimo, esbravecido pelo insulto, cresceu para o adversário com um soco armado; o cabra, porém, deixou-se cair de costas, rapidamente, firmando-se nas mãos o corpo suspenso, a perna direita levantada; e o soco passou por cima, varando o espaço, enquanto o português apanhava no ventre um pontapé inesperado.

- Canalha! berrou possesso; e ia precipitar-se em cheio sobre o mulato, quando uma cabeçada o atirou no chão.

- Levanta-se, que não dou em defuntos! exclamou o Firmo, de pé, repetindo a sua dança de todo o corpo.

O outro erguera-se logo e, mal se tinha equilibrado, já uma rasteira o tombava para a direita, enquanto da esquerda ele recebia uma tapona na orelha. Furioso, desferiu novo soco, mas o capoeira deu para trás um salto de gato e o português sentiu um pontapé nos queixos.

Espirrou-lhe sangue da boca e das ventas. Então fez-se um clamor medonho. As mulheres quiseram meter-se de permeio, porém o cabra as emborcava com rasteiras rápidas, cujo movimento de pernas apenas se percebia. Um horrível sarilho se formava. João Romão fechou às pressas as portas da venda e trancou o portão da estalagem, correndo depois para o lugar da briga. O Bruno, os mascates, os trabalhadores da pedreira, e todos os outros que tentaram segurar o mulato, tinham rolado em torno dele, formando-se uma roda limpa, no meio da qual o terrível capoeira, fora de si, doido, reinava, saltando a um tempo para todos os lados, sem consentir que ninguém se aproximasse. O terror arrancava gritos agudos. Estavam já todos assustados, menos a Rita que, a certa distância, via, de braços cruzados, aqueles dois homens a se baterem por causa dela; um ligeiro sorriso encrespava-lhe os lábios. A lua escondera-se; mudara o tempo; o céu, de limpo que estava, fizera-se cor de lousa; sentia-se um vento úmido de chuva. Piedade berrava, reclamando polícia; tinha levado um troca-queixos do marido, porque insistia em tirá-lo da luta. As janelas do Miranda acumulavam-se de gente. Ouviam-se apitos, soprados com desespero.

Nisto, ecoou na estalagem um bramido de fera enraivecida: Firmo acabava de receber, sem esperar, uma formidável cacetada na cabeça. É que Jerônimo havia corrido à casa e armara-se com o seu varapau minhoto. E então o mulato, com o rosto banhado de sangue, refilando as presas e espumando de cólera, erguera o braço direito, onde se viu cintilar a lâmina de uma navalha.

Fez-se uma debandada em volta dos dois adversários, estrepitosa, cheia de pavor. Mulheres e homens atropelavam-se, caindo uns por cima dos outros. Albino perdera os sentidos; Piedade clamava, estarrecida e em soluços, que lhe iam matar o homem; a das Dores soltava censuras e maldições contra aquela estupidez de se destriparem por causa de entrepernas de mulher; a Machona, armada com um ferro de engomar, jurava abrir as fuças a quem lhe desse um segundo coice como acabava ela de receber um nas ancas; Augusta enfiara pela porta do fundo da estalagem, para atravessar o capinzal e ir à rua ver se descobria o marido, que talvez estivesse de serviço no quarteirão. Por esse lado acudiam curiosos e o pátio enchia-se de gente de fora. Dona Isabel e Pombinha, de volta da casa de Léonie, tiveram dificuldade em chegar ao número 15 onde, mal entraram, fecharam-se por dentro, praguejando a velha contra a desordem e lamentando-se da sorte que as lançou naquele inferno. Entanto, no meio de uma nova roda, encintada pelo povo, o português e o brasileiro batiam-se.

Agora a luta era regular: havia igualdade de partidos, porque o cavouqueiro jogava o pau admiravelmente; jogava-o tão bem quanto o outro jogava a sua capoeiragem. Embalde Firmo tentava alcançá-lo; Jerônimo, sopesando ao meio a grossa vara na mão direita, girava-a com tal perícia e ligeireza em torno do corpo, que parecia embastilhado por uma teia impenetrável e sibilante. Não se lhe via a arma, só se ouvia um zunido do ar simultaneamente cortado em todas as direções.

E, ao mesmo tempo que se defendia, atacava. O brasileiro tinha já recebido pauladas na testa, no pescoço, nos ombros, nos braços, no peito, nos rins e nas pernas. O sangue inundava-o inteiro; ele rugia e arfava, iroso e cansado, investindo ora com os pés, ora com a cabeça, e livrando-se daqui, livrando-se dali, aos pulos e às cambalhotas.

A vitória pendia para o lado do português. Os espectadores aclamavam-no já com entusiasmo; mas, de súbito, o capoeira mergulhou, num relance, até as canelas do adversário e surgiu-lhe rente dos pés, grupado nele, rasgando-lhe o ventre com uma navalhada.

Jerônimo soltou um mugido e caiu de borco, segurando os intestinos.

- Matou! Matou! Matou! exclamaram todos com assombro.

Os apitos esfuziaram mais assanhados.

Firmo varou pelos fundos do cortiço e desapareceu no capinzal.

- Pega! Pega!

- Ai, o meu rico homem!  ululou Piedade, atirando-se de joelhos sobre o corpo ensanguentado do marido. Rita viera também de carreira lançar-se ao chão junto dele, para lhe afagar as barbas e os cabelos.

- É preciso o doutor! suplicou aquela, olhando para os lados à procura de uma alma caridosa que lhe valesse.

Mas nisto um estardalhaço de formidáveis pranchadas estrugiu no portão da estalagem. O portão abalou com estrondo e gemeu.

- Abre! Abre! reclamavam de fora.

João Romão atravessou o pátio, como um general em perigo, gritando a todos:

- Não entra a polícia! Não deixa entrar! Aguenta! Aguenta!

- Não entra! Não entra! repercutiu a multidão em coro.

E todo o cortiço ferveu que nem uma panela ao fogo.

- Aguenta! Aguenta!

Jerônimo foi carregado para o quarto, a gemer, nos braços da mulher e da mulata.

- Aguenta! Aguenta!

De cada casulo espipavam homens armados de pau, achas de lenha, varais de ferro. Um empenho coletivo os agitava agora, a todos, numa solidariedade briosa, como se ficassem desonrados para sempre se a polícia entrasse ali pela primeira vez. Enquanto se tratava de uma simples luta entre dois rivais, estava direito! "Jogassem lá as cristas, que o mais homem ficaria com a mulher!" mas agora tratava-se de defender a estalagem, a comuna, onde cada um tinha a zelar por alguém ou alguma coisa querida.

- Não entra! Não entra!

E berros atroadores respondiam às pranchadas, que lá fora se repetiam ferozes.

A polícia era o grande terror daquela gente, porque, sempre que penetrava em qualquer estalagem, havia grande estropício; à capa de evitar e punir o jogo e a bebedeira, os urbanos invadiam os quartos, quebravam o que lá estava, punham tudo em polvorosa. Era uma questão de ódio velho.

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Atividade 3

Professor, elabore uma conclusão para a atividade. Esta poderá ser por escrito ou oral.

Seja criativo para que não deixe dúvidas.

 Se os alunos se mostrarem interessados, adote a leitura do romance ou da adaptação realizada por José Louzeiro.

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SUGESTÃO de Conclusão escrita: O Naturalismo foi um movimento literário que se contrapôs aos ideais  presentes no Romantismo. Do Naturalismo pode-se destacar a presença dos elementos:

Nesse momento, ajude os alunos a citarem os elementos.

 Professor,  finalize sua aula quando se certificar de que todos os alunos falaram e participaram das discussões.
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Recursos Complementares
Avaliação
  • Professor, sua aula deve ser avaliada quanto à participação dos alunos nas atividades orais. Se todos participaram, seus objetivos foram alcançados. Foi então uma boa aula.

                Sugestão de uma ficha individual para o aluno se autoavaliar:

                                                                                                                                                 Sim                        Não                      Às vezes

  • Consegui aprimorar a fala em situação de comunicação oral formal?
  • Participei das situações de comunicação oral formal?  
  • Reconhecer algumas das características do Naturalismo?
  • Ampliei minha capacidade para ler romances de Aluísio de Azevedo?  
Opinião de quem acessou

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