20/09/2011
Eliana Dias
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Análise linguística: modos de organização dos discursos |
Aula 01 (50 minutos)
Disponível em:
http://www.alunosonline.com.br/portugues/conjuncao.html
O tema desta aula trata-se das marcas de oposição no texto. Há inúmeras maneiras de se marcar a oposição em um texto. Geralmente, esse tipo de relação é marcado pela presença de conjunções coordenadas adversativas – estratégia do suspense- e pelas subordinativas concessivas – estratégia da antecipação.
Atividade
I – Para apresentar a temática da aula– marcas de oposição no texto - aos alunos, o professor deverá solicitar a eles que acessem, diante de seus laptops UCA, a página abaixo, para analisarem os textos (tirinha, anúncio e fragmento de artigo) nela apresentados.
Disponível em:
http://www.megaupload.com/?d=WY6XPI71
Observação:
Os textos bem como as atividades sobre eles propostas estão disponíveis na página acima. Os alunos poderão responder Kword.
Texto A
Disponível em:
1. Filipe é um dos amigos de Mafalda – personagem criada por Quino, cartunista argentino. Ele é um sonhador e odeia a escola, mas frequentemente trava intensas batalhas com sua consciência e seu senso nato da responsabilidade.
Qual é o conflito vivido por Filipe, na tira acima?
2. Observe o pensamento de Filipe:
“A preguiça é a mãe de todos os vícios, mas uma mãe é uma mãe e é preciso respeitá-la, Pronto!”
a. O que Felipe pensa a respeito da preguiça?
b. Se a preguiça é "a mãe de todo vícios", precisamos combatê-la? Justifique sua resposta.
c. Qual é o argumento apresentado por Filipe para não reagir à preguiça?
d. Pode-se dizer que o argumento de Filipe era o esperado, ou houve uma quebra de expectativa? Justifique.
e. Qual a relação de sentido estabelecida entre as duas orações? Qual conjunção marca essa relação?
3. Reescreva o pensamento de Filipe, substituindo a conjunção mas por outra que não altere o sentido da frase.
Texto B
Disponível em:
http://2.bp.blogspot.com/_XzWuo9VHN3o/S8eVKIlUfzI/AAAAAAAAAAc/_x7vu7fsBu4/s1600/anmaca_almap.jpg
1. A finalidade de um anúncio publicitário é persuadir, ou seja, o anunciante objetiva convencer o interlocutor (os consumidores) de que o produto anunciado é de boa qualidade.
a. Qual é o produto anunciado no texto?
b. Qual é o público alvo, isto é, quais são os consumidores do produto anunciado?
c. O que os produtos do Boticário oferecem a esse público?
d. O que a maçã representa nesse contexto?
2. Elaborar um texto a partir de outro já existente é um processo bastante comum na produção textual que recebe o nome de intertextualidade.
Observe o texto do anúncio do Boticário:
Era uma vez uma garota branca como a neve, que causava muita inveja não por ter conhecido sete anões, mas vários morenos de 1,80 m.
a. O anúncio do Boticário foi criado a partir de que texto?
b. O texto a que se faz referência está presente no anúncio apenas pela linguagem verbal? Justifique.
b. A informação introduzida por meio da conjunção mas era a informação esperada, ou houve uma quebra de expectativa? Explique.
3. Explique a relação de oposição estabelecida entre as orações no texto do anúncio.
4. Apresente outra redação para o texto do anúncio, substituindo a conjunção mas por outra, de forma a não alterar o sentido. Faça as alterações necessárias.
Texto C
Disponível em:
http://www.consumismoeinfancia.com/tags/m%C3%ADdia%20e%20consumo/
Acesso em 19/09/2011
1. Observe o período retirado do artigo “Na frente da TV”:
Embora as crianças - e os publicitários - tenham descoberto recentemente as novas mídias, como computares e telefones celulares ,a TV continua sendo a grande disseminadora comercial...
a. A oração em destaque é a oração subordinada concessiva introduzida pela conjunção embora.
Explique o emprego dessa conjunção no texto acima, a partir da seguinte observação:
Emprega-se a conjunção “embora” para estabelecer entre os fatos o nexo de concessão , isto é, um fato subordinado e contrário ao da ação principal de uma oração, mas incapaz de impedir que tal ação venha a ocorrer.
2. Pode-se dizer que o processo de concessão é um dos mecanismos que podem ser utilizados para se contestar os argumentos do outro.
Observe a oração principal:
a TV continua sendo a grande disseminadora comercial...
a. O autor do texto concorda com a informação apresentada? Justifique sua resposta.
3. Observe a oração subordinada:
Embora as crianças - e os publicitários - tenham descoberto recentemente as novas mídias, como computares e telefones celulares
a. O argumento do autor, apresentado nessa oração, reforça ou invalida a informação da oração principal ? Explique.
4. Reescreva o período, mudando a conjunção embora pelas conjunções ainda que e se bem que.
Houve alteração de sentido? O que se pode concluir a respeito dessas conjunções?
5. Compare os períodos:
a. Embora as crianças - e os publicitários - tenham descoberto recentemente as novas mídias, como computares e telefones celulares, a TV continua sendo a grande disseminadora comercial...
b. A TV continua sendo a grande disseminadora comercial, mas as crianças - e os publicitários – já descobriram recentemente as novas mídias, como computares e telefones celulares.
Em qual desses períodos a estratégia discursiva empregada reforça a ideia de que “a A TV continua sendo a grande disseminadora comercial”? Comente.
Aula 02 (50 minutos)
Atividade
I – Nesta aula, os alunos, em grupo, deverão montar uma apresentação no K-presenter para expor os exercícios resolvidos na aula anterior. O professor deverá aproveitar momento para fazer intervenções e esclarecer possíveis dúvidas dos alunos.
Aula 03 (50 minutos)
Atividade
I- O professor deverá solicitar aos alunos que acessem a página seguinte e acompanhem a leitura oral do conto - “Restos do carnaval” de Clarice Lispector- feita pelo professor.
Disponível em:
Restos do carnaval
Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.
No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.
E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.
Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça - eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice.
Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com os quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando.Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira.
Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga - talvez atendendo a meu mudo apelo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel - resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.
Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas - àidéia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria! Quando ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola.
Maspor que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! Chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa.
Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil - fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava.
Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido, sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.
Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos já lisos de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa.
Clarice Lispector. Felicidade clandestina. Rio de Janeiro:Rocco, 1998.
Disponível em:
http://claricelispector.blogspot.com/2007/12/restos-do-carnaval.html
II – Após a leitura do texto, o professor deverá propor aos alunos que, em grupo:
1. Identifiquem as ocorrências de conjunções adversativas e concessivas no conto lido.
2. Analisem cada ocorrência, explicitando as ideias opostas que são marcadas por essas conjunções.
3. Montem uma apresentação no K-presenter para exporem as análises realizadas.
1. Para retomar as conjunções coordenadas adversativas e as subordinadas concessivas, os alunos poderão assistir aos vídeos abaixo:
Relações entre as orações:
Vestibulando Digital - Gramática / Aula 07
Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=szTo8C2wa_g&feature=related
Vestibulando Digital - Gramática / Aula 09
Disponível em:
A partir das atividades desenvolvidas, os alunos poderão ser avaliados pontualmente sobre o tema – Marcas de oposição no texto. Para isso, o professor deverá observar a participação deles durante as atividades realizadas em dupla e em grupo, verificando principalmente se eles conseguiram identificar, nos textos analisados, a associação de ideias opostas, explicitadas pelas conjunções coordenadas adversativas e pelas subordinadas concessivas.
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