23/09/2011
BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO
Prof.Dr.Luiz Prazeres
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Língua Portuguesa | Linguagem escrita: leitura e produção de textos |
O professor poderá começar a aula solicitando à turma que fale um pouco sobre a representação do carnaval durante a infância, a adolescência e a fase adulta (segundo a vivência de cada um em relação ao tema). Qual tipo de atividade eles preferem aproveitar durante esse período (assistir aos desfiles das escolas pela TV, ir a uma cidade do interior e repousar, festejar em clubes, nas ruas)? O que o carnaval representa para o país: Tradição / festejo popular? Turismo para estrangeiros? Celebração de uma alegria efêmera com o objetivo de amenizar as agruras diárias?
Etapa 1 – O carnaval na cultura e na arte
O objetivo desta etapa é compreender o carnaval como manifestação popular no Brasil e os símbolos socioculturais envolvidos nessa festa pagã, bem como observar a abordagem do assunto pela música e pelas artes visuais.
O professor pode começar a discussão a partir dos pressupostos conceituais relativos ao carnaval como escape social, conforme salienta Roberto DaMatta.
O carnaval, ou o mundo como teatro e prazer
Todas as sociedades alternam suas vidas entre rotinas e ritos, trabalho e festa, corpo e alma, coisas dos homens e assunto dos deuses, períodos ordinários — onde a vida transcorre sem problemas — e as festas, os rituais, as comemorações, os milagres e as ocasiões extraordinárias, onde tudo pode ser iluminado e visto por novo prisma, posição, perspectiva, ângulo...
Vivemos sempre entre esses momentos, como passageiros que estão saindo de um evento rotineiro para a ocorrência fora do comum que, por sua vez, logo pode tornar-se novamente rotineira e fazer parte da paisagem do nosso irreflexivo cotidiano. [...]
No Brasil, como em muitas outras sociedades, o rotineiro é sempre equacionado ao trabalho ou a tudo aquilo que remete a obrigações e castigos... a tudo que se é obrigado a realizar; ao passo que o extra-ordinário, como o próprio nome indica, evoca tudo que é fora do comum e, exatamente por isso, pode ser inventado e criado por meio de artifícios e mecanismos. Cada um desses lados permite “esquecer” o outro, como as duas faces de uma mesma moeda. E, no entanto, os dois fazem parte e constituem expressões ou reflexões de uma mesma totalidade, uma mesma coisa. Ou melhor: tanto a festa quanto a rotina são modos que a sociedade tem de exprimir-se, de atualizar-se concretamente, deixando ver a sua “alma” ou o seu coração. Na nossa sociedade, temos grande
consciência dessa alternância, de tal modo que a vida, para a maioria de nós, se define sempre pela oscilação entre rotinas e festas, trabalho e feriado, despreocupações e “chateações”, dias felizes e momentos dolorosos, vida e morte, os dias de “dureza” e “trabalho duro” do mundo “real” e os dias de alegria e fantasia desse “outro lado da vida” constituído pela festa, pelo feriado e pela ausência de trabalho para o outro (o patrão, o Governo, o chefe, o dono do negócio etc). Realmente, na festa, comemos, rimos e vivemos o mito ou utopia da ausência de hierarquia, poder, dinheiro e esforço físico.
Aqui, todos se harmonizam por meio de conversas amenas e, na construção da festa, a música que congrega e iguala no seu ritmo e na sua melodia é algo absolutamente fundamental no caso brasileiro.
No trabalho, porém, estamos martelando e construindo, batendo massa ou “batendo perna” para a companhia, para a família, para a mulher e os filhos, “para a honra da firma” ou de alguma coisa que efetivamente exige o nosso sacrifício. Para nós, brasileiros, a festa é sinônimo de alegria, o trabalho é eufemismo de castigo, dureza, suor. [...]
Todos os sistemas constroem suas festas de muitos modos. No caso do Brasil, a maior e mais importante, mais livre e mais criativa, mais irreverente e mais popular de todas é, sem dúvida, o carnaval. Aliás, nessa festa, a própria definição já perturba, pois exclui de modo sistemático todos os elementos que nenhuma festa pode dispensar e que são importantes para o seu próprio desenrolar. Quero referir-me a todos os elementos de ordem, de economia e política que o carnaval certamente implica — como todo evento especial —, mas que ficam necessariamente excluídos de sua definição. De fato, conforme sabemos como brasileiros, o carnaval não pode ser sério. Senão não seria um carnaval...
Mas como definir o carnaval? Não seria exagero dizer, é uma ocasião em que a vida diária deixa de ser operativa e, por causa disso, um momento extraordinário é inventado. Ou seja: como toda festa, o carnaval cria uma situação em que certas coisas são possíveis e outras devem ser evitadas. Não posso realizar um carnaval com tristeza, do mesmo modo que não posso ter um funeral com alegria. Certas ocasiões sociais requerem determinados sentimentos para que possam ocorrer como tais. Tragédias são definidas como eventos tristes e tudo que nelas ocorre de cômico deve ser inibido ou simplesmente ignorado. Carnavais e comédias, ao contrário, são episódios em que o triste e o trágico é que devem ser banidos do evento, como as roupas do rei que estava nu e não podia ser visto como tal...
Mas como é que o povo define e vê o Brasil no carnaval? Qual a receita para o carnaval brasileiro?
Sabemos que o carnaval é definido como “liberdade” e como possibilidade de viver uma ausência fantasiosa e utópica de miséria, trabalho, obrigações, pecado e deveres. Numa palavra, trata-se de um momento onde se pode deixar de viver a vida como fardo e castigo. É, no fundo, a oportunidade de fazer tudo ao contrário: viver e ter uma experiência do mundo como excesso — mas agora como excesso de prazer, de riqueza (ou de “luxo”, como se fala no Rio de Janeiro), de alegria e de riso; de prazer sensual que fica — finalmente — ao alcance de todos. A “catástrofe” que o carnaval brasileiro possibilita é a da distribuição teórica do prazer sensual para todos. Tal como o desastre distribui o malefício ou a infelicidade para a sociedade, sem escolher entre ricos e pobres, como acontece normalmente, o carnaval faz o mesmo, só que ao contrário. [...]
Mas que é isso que o carnaval consegue fazer com o Brasil? Que extraordinário é esse que chamamos coletivamente de carnaval? Penso que o carnaval é basicamente uma inversão do mundo. Uma catástrofe. Só que é uma reviravolta positiva, esperada, planificada e, por tudo isso, vista como desejada e necessária em nosso mundo social. Nele, conforme sabemos, trocamos a noite pelo dia; ou, o que é ainda mais inverossímil: fazemos uma noite em pleno dia, substituindo os movimentos da rotina diária pela dança e pelas harmonias dos movimentos coletivos que desfilam num conjunto ritmado, como uma coletividade indestrutível e corporificada na música e no canto. No carnaval, trocamos o trabalho que castiga o corpo (o velho tripalium ou canga romana que subjugava escravos) pelo uso do corpo como instrumento de beleza e de prazer. No
trabalho, estragamos, submetemos e gastamos o corpo. No carnaval, isso também ocorre, mas de modo inverso. Aqui, o corpo é gasto pelo prazer. Daí por que falamos que “nos esbaldamos” ou “liquidamos” no carnaval. Aqui, usamos o corpo para nos dar o máximo de prazer e alegria...
Pela mesma lógica, o carnaval permite a troca e a substituição dos uniformes pelas fantasias. Sabemos que o uniforme (como todas as vestes formais do mundo diário) cria a ordem. O uniforme é uma roupa que “uniformiza”, isto é, faz com que todos fiquem iguais, sujeitos a uma mesma ordenação ou princípio de governo. Mas a fantasia permite a invenção e a troca de posições. Note-se que, no Brasil, não falamos em máscaras, mas em fantasias. O nosso termo é mais abrangente em pelo menos dois sentidos muito precisos. Primeiro, ele diz mais do que algo que serviria apenas para tapar ou disfarçar o rosto ou o nariz. Depois, porque a palavra “fantasia” tem duplo sentido. É algo em que se pode pensar acordado, o sonho que se tem quando a rotina mais nos escraviza e revolta; e também a roupa que só se usa no carnaval ou para uma situação carnavalizadora.
Assim, ela permite que possamos ser tudo o que queríamos, mas que a
“vida” não permitiu. Com ela — e jamais com o uniforme —, conseguimos uma espécie de compromisso entre o que realmente somos e o que gostaríamos de ser. O uniforme achata, ordena e hierarquiza. A fantasia liberta, des-constrói, abre caminho e promove a passagem para outros lugares e espaços sociais. Ela permite e ajuda o livre trânsito das pessoas por dentro de um espaço social que o mundo cotidiano torna proibitivo com as repressões da hierarquia e dos preconceitos estabelecidos. Ê a fantasia que permite passar de ninguém a alguém; de marginal do mercado de trabalho a figura mitológica de uma história absolutamente essencial para a criação do momento mágico do carnaval. Se no mundo diário estamos todos limitados pelo dinheiro que se ganha (ou não se ganha...), pelas leis da sociedade, do mercado, da casa e da família, no carnaval e na fantasia temos a possibilidade do disfarce e da liberação. [...]
o carnaval obriga a uma grave sinceridade. Não se pode frequentar o carnaval sem vontade. De fato, posso ir a uma cerimônia oficial, como uma formatura, posse ou casamento, sem sentir nada, até mesmo achando tudo aquilo aborrecido e maçante. Mas não posso fazer o mesmo se vou a um baile de carnaval, onde corpo e alma devem estar juntos e serei punido se me mostrar “bemcomportado”. No carnaval, nós, brasileiros, cantamos e, geralmente, podemos fazer o que cantamos, o que permite que as pessoas se olhem e, subitamente, se vejam em sua unidade como “pessoas” e em sua diversidade como membros de uma comunidade social e politicamente diferenciada. O diverso, o diferente — o universo da individualidade —, que é tão temido na vida diária, é moeda corrente no carnaval, onde todos podem surgir como indivíduos e como singularidade, exercendo o direito de interpretar o mundo do seu
“jeito” e a seu modo. [...]
Carnaval, pois, é inversão porque é competição numa sociedade marcada pela hierarquia. É movimento numa sociedade que tem horror à mobilidade, sobretudo à mobilidade que permite trocar efetivamente de posição social. É exibição numa ordem social marcada pelo falso recato de “quem conhece o seu lugar” — algo sempre usado para o mais forte controlar o mais fraco em todas as situações. É feminino num universo social e cosmológico marcado pelos homens, que controlam tudo o que é externo e jurídico, como os negócios, a religião oficial e a política. Por tudo isso, o carnaval é a possibilidade utópica de mudar de lugar, de trocar de posição na estrutura social. De realmente inverter o mundo em direção à alegria, à abundância, à liberdade e, sobretudo, à igualdade de todos perante a sociedade. Pena que tudo isso só sirva para revelar o seu justo e exato oposto...
DAMATTA, Roberto. Carnaval, ou o mundo como teatro e prazer. In: O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1996. p.97-104. (Adaptado).
O texto pode ser baixado em: http://www.4shared.com/get/rjYxRoWQ/Roberto_DaMatta_-_O_Que_Faz_o_.html
Com o intuito de aplicar algumas ideias elaboradas por DaMatta, o professor pedirá que os alunos identifiquem nas letras gravadas por Adriana Calcanhotto, os conceitos de inversão sociocultural e o ato de se fantasiar.
1.1
Baile Particundum
Adriana Partimpim / Dé Palmeira
No carnaval
todo mundo pode
todo mundo pode
todo mundo pode
pode tudo
No carnaval
todo mundo pode
todo mundo pode
todo mundo pode
pode tudo
Pode preto
pode branco
pode verde
com bolinha roxa
Pode rico
pode pobre
pode nobre
pulapular e beijar
na boca
Um pé no chão
um pé no ar
me dá tua mão
vem me pegar [vou te pegar]
vai ter lugar
pra qualquer um
bom é o baile partimcundum
bum bum
partincumdum
bum bum
partimcundum
bum bum
partimcundum
A letra pode ser escutada no site: http://www.adrianapartimpim.com.br/dois_show/index.html
1.2
Intimidade (Sou seu)
Péricles Cavalcanti
Sou seu Colombo, seu coração
Sou seu canário, eu sou seu dragão
Sou seu São Jorge, seu mau freguês
Sou seu vampiro, seu amor cortês
Eu sou seu Hitler, seu Peter Pan
Seu João Batista, eu sou seu Tarzan
Sou seu palhaço, seu urubu
Seu cavalheiro, seu Danúbio Azul
Sou seu maestro, seu Frankeinstein
Sou seu boneco, eu sou seu nenem
Seu mascarado, sou seu Romeo
Seu labirinto, eu sou seu Teseu
Sou seu
Site:http://www.adrianacalcanhotto.com.br/sec_discografia2_letra.php?id=11
1.3
Vem ver
Adriana Calcanhotto / Dadi
por você largava tudo, arranjava o que fazer
até voltaria cedo, eu deixava de beber
vem cá, vem ver, vem ver
por você seria aquele que você mandasse ser
nunca chegaria tarde com a barba por fazer
vem cá, vem ver, vem ver
por você tomava rumo, arrumava o que fazer
eu levantaria cedo, eu cuidava do bebê
vem cá, vem ver, vem ver
vestido de advogado, de garçom, de jogador
de dia fiel escravo, à noite seu predador
vem cá, iaiá, vem ver
por você tomava rumo, arrumava o que fazer
eu levantaria cedo, eu deixava de beber
vem cá, vem ver, vem ver
fardado, enfatiotado, de bombeiro, de reitor
de dia fiel escravo, à noite seu predador
vem cá, iaiá, vem ver
Site:http://www.adrianacalcanhotto.com.br/sec_discografia2_letra.php?id=193
1.3
Para as atividades a seguir, os alunos deverão interpretar as imagens de Di Cavalcanti segundo os conceitos de fantasia, corpo e festejo popular abordados por DaMatta. Antes, o professor pode pedir que os alunos acessem o site do artista e observem o projeto criativo do pintor modernista, que é pautado na representação de cenas cotidianas e personagens populares dos subúrbios e outras regiões urbanas de grande aglomeração.
Para o quadro a seguir, os alunos podem pesquisar sobre a figura do Arlequim no carnaval e sobre a dicotomia (alegria e tristeza) presente no personagem.
Arlequim – Di Cavalcanti
http://museuvirtualsemanaartemoderna.arteblog.com.br/9537/ARLEQUIM-DI-CAVALCANTI-1942/
Baile Popular – Di Cavalcanti
http://rosebud-rose-bud.blogspot.com/2007/11/di-cavalcanti.html
Carnaval – Di Cavalcanti
http://rosebud-rose-bud.blogspot.com/2007/11/di-cavalcanti.html
Com o intuído de comparar e aprofundar, de maneira crítica, as ideias definidas por Roberto DaMatta, o professor pode exibir o seguinte trecho do filme Cronicamente inviável, de Sérgio Bianchi e sugerir que os alunos apontem as semelhanças e diferenças entre as duas concepções do carnaval brasileiro.
Cena do filme Cronicamente inviável: http://www.youtube.com/watch?v=kHqXorrG12E
Visando coletar imagens para a etapa final de escrita literária, pode ser sugerido aos alunos que eles busquem, no Google imagens, fotos e pinturas (que discutam ou apresentem uma cena inóspita, ambígua ou que chame atenção) sobre o carnaval e enviem as imagens para o professor coletar e arquivar em forma de slides em Power-point.
Etapa 2 – Conto de carnaval
Esta atividade pretende apresentar o conto cujo tema é o carnaval associado ao ato de fantasiar-se, a folia relacionada ao desencanto, bem como o festejo marcado pela interdição representada pela enfermidade de um ente familiar.
1.1
Os alunos acessarão o conto “Restos do carnaval”, de Clarice Lispector: http://claricelispector.blogspot.com/2007/12/restos-do-carnaval.html
É interessante o professor sugerir que os alunos façam uma leitura em silêncio e depois discutam em dupla os seguintes pontos de vista para o debate:
A) Quem é o personagem narrador? Qual etapa da vida ele resgata? A partir de qual lembrança é construída essa memória?
B) O que representava o carnaval para o protagonista?
C) Qual recurso alimenta a possibilidade do narrador de participar do carnaval de rua?
D) Que tipo de revelação figurada entre a fantasia de carnaval (roupa) e o desfecho da obra
E) Em relação ao tempo de escrita (que é distanciado do tempo narrado) – o que revela o teor memorialista da narrativa – qual outro gênero textual seria possível ser identificado nesse contexto?
Etapa 3 – Propagandas de carnaval
Nesta etapa, os alunos analisarão os discursos contidos nas propagandas e como uma crônica e um artigo de opinião abordam a pouca eficácia de uma linguagem cifrada ou figurativa para esse contexto.
E o professor poderá analisar propagandas e vídeos sobre o tema e discutir com os alunos qual texto seria mais eficaz para a prevenção e disseminação de doenças sexualmente transmissíveis durante o carnaval. O professor pode trabalhar os discursos e ambiguidades presentes nas campanhas.
http://beinbetter.wordpress.com/2009/02/16/a-verdadeira-finalidade-da-camisinha/
http://versatilrp.files.wordpress.com/2011/02/arte-3-camisinha1-500x750.jpg
http://carnaxehumor.wordpress.com/2011/03/23/fantasia-use-camisinha-2/
3.4
Também poderá ser solicitada uma proposta de produção textual em que os alunos ofereçam estratégias argumentativas de intervenção para amenizar o problema da ineficácia das propagandas educativas na época do carnaval. É válido pedir que os alunos apresentem argumentos consistentes sobre o fracasso dessas campanhas e apresentem alguma proposta de amenização ou modelo especificado para uma campanha mais apropriada ao contexto.
O texto deverá ter entre 25 a 30 linhas e será enviado para o e-mail do professor.
O professor poderá enviar os texto e arquivo word para a turma, analisar todos os textos com os alunos e construir sugestões de argumentos junto com o grupo. A atividade também pode ser aplicada como avaliativa, dessa maneira os alunos interpretarão de maneira autônoma a coletânea e construirão o texto sem uma discussão prévia.
TEXTO I
Gente... Que coisa! O cara colocando a camisinha na banana! E que música mais chifrim! Não acredito que em tempos de Aids e Ebola nenhum comunicador tenha encontrado uma fórmula sóbria e eficaz para alertar o povão sobre o perigo das relações sem preservativos!
Vocês acham que lá nos cafundós (que é o Brasil inteiro) Seo Mané vai entender o que estão querendo dizer em meio àquela suarenta de traseiros e tetas, e todos rebolando frenéticos num frenesi dementado e patético? O que vai acontecer com essa estória de banana é o seguinte:
ô Seo Mane, já comprô as bananas pras camisinhas?
já seu Jucão.
põe no cacho inteiro, viu?
(Correio Popular de Campinas, 26 de fevereiro de 1995)
HILST, Hilda. Yes, nós temos bananas. In: Cascos & carícias & outras crônicas. 2.ed. São Paulo: Globo, 2007, p.317-319. (Adaptado).
TEXTO II
http://carnaxehumor.wordpress.com/2011/01/30/fantasia-use-camisinha/
TEXTO III
Diga não à Aids e à propaganda preventiva
Por Graziela Aleixo em 15/02/2005 na edição 31
Uma propaganda na TV, exibida especificamente na semana de carnaval, me chamou a atenção. Nenhuma novidade, o alerta é o mesmo todos os anos. Carnaval chegando, "use camisinha". Fiquei impressionada com o número de preservativos que distribuídos pela Secretaria de Saúde somente no Paraná: 400 mil preservativos, e destes, 100 mil no litoral do estado.
Os alertas pré-carnavalescos contra a Aids não têm resultado significativo nenhum. Como todos sabem, o índice de Aids por relação sexual só fez aumentar nos últimos anos. A propaganda no período do carnaval é bem-intencionada, quanto a isso não há dúvida, porém não surte efeito. Então, por que insistem em alertar uma parcela da população que insiste em não dar atenção? Programas de prevenção, assim como inserções da propaganda na TV e a compra dos preservativos, representam um certo custo ao governo. Já que não se tem o retorno esperado, por que não investir esse dinheiro "desperdiçado" em outros projetos sociais?
Adultos
Quanto mais se alerta sobre a Aids no carnaval, mais infectados surgem. Aí entra uma dúvida. Essa propaganda dita preventiva não seria uma espécie de incentivo ao sexo? Por que a mídia coloca o carnaval como sinônimo de sexo? Por que o litoral do Paraná vai receber um quarto dos preservativos no carnaval? O carnaval é uma festa, praia é local preferido de adolescentes e famílias para as férias, e sexo já é outro departamento. Queria entender por que a mídia engloba esses três conceitos em um, não dando opção para que alguém pense diferente do que é imposto pela TV.
Bom, dúvidas aparte, o problema é entender por que o índice de Aids ainda aumenta, mesmo com todo o gasto que o governo investe nessa campanha contra a Aids carnavalesca. Dizem que o brasileiro não valoriza o que é gratuito. E se os preservativos não fossem mais distribuídos, e sim comprados pelos interessados, será que os resultados seriam mais significativos? E se não existissem mais os anúncios contra a Aids, o incentivo ao sexo sem amor seria reduzido. E o cidadão tomaria consciência de que o Estado não tem obrigação de cuidar da saúde de cada um – já que o pretexto de ignorar como se contrai a Aids não convence mais.
Chega de gastar dinheiro público em campanhas sem resultado. Será que cada um não é adulto o suficiente para saber o que é certo ou errado? Quando isso acabar, talvez as coisas se normalizem e os três conceitos voltem a ter vida própria em separado.
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/diga-nao-a-aids-e-a-propaganda-preventiva
Após a correção e a discussão sobre as redações, o professor exibirá as melhores estratégias apresentadas e os melhores argumentos sobre a ineficácia das campanhas. E discutirá com os alunos o porquê de alguns exemplos não apresentarem elementos de convocação / conscientização coletiva.
Etapa 4 – Criação de uma propaganda
A turma escolherá as melhores imagens coletadas na etapa 1. Em duplas, os alunos escolherão com qual imagem desejam trabalhar, depois da seleção da foto, serão trabalhados os possíveis discursos em torno da mensagem metafórica ou cifrada que o texto pode aludir.
Também poderão ser aplicadas as estratégias de eficácia para campanhas educativas contra a proliferação das DST”s no carnaval – a partir das considerações presentes nas redações da etapa anterior. Para isso, em duplas, os alunos ilustrarão o argumento defendido.
MATTA, Roberto da. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. 6. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
Sobre o carnaval na poesia de Manuel Bandeira: http://www.ufjf.br/darandina/files/2010/01/artigo17.pdf
Site do artista Di Cavalcanti: http://www.dicavalcanti.art.br/
Sobre o tema do carnaval na pintura modernista: http://wilsonsantos.weebly.com/7/category/carnaval/1.html
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