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Reportagem: construindo o universo feminino (UCA)

 

27/10/2011

Autor e Coautor(es)
Luiz Fernando de Carvalho
imagem do usuário

BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Professor Doutor Luiz Prazeres

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: modos de organização dos discursos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: variação linguística: modalidades, variedades, registros
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

o       Analisar e interpretar textos verbais e não verbais;

o       Reconhecer, analisar e produzir reportagens sobre as facetas da mulher;

o       Conscientizar-se sobre a realidade da mulher na sociedade brasileira.

Duração das atividades
4 aulas de 50 min.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Inúmeros fatos comprovam o quanto a mulher tem sido marcada por um histórico de preconceitos, violências e injustiças. A sociedade estritamente machista foi e tem sido responsável por tolher a mulher e delegá-la à submissão em uma vida muitas vezes restrita a apenas serviços domésticos.

Entretanto, a despeito de uma sociedade que, em parte, ainda continua preconceituosa, a mulher tem conseguido se sobressair. Hoje ela não está restrita apenas ao âmbito do trabalho doméstico, mas também tem se destacado no mercado de trabalho fora de casa, chegando, muitas vezes, a exercer a cargos de chefia, ou, até mesmo, ser a principal provedora do lar.

O processo de abertura da sociedade à mulher é longo e muitas vezes árduo, porém, a despeito de todas as injustiças sofridas pelo gênero, não deixa de ser um processo que tem gerado frutos que em muito contribuem positivamente para considerar o as inúmeras faces do gênero feminino.

Provavelmente os alunos já terão refletido a respeito desse tema. Com esta aula, eles terão a oportunidade de aprofundar suas análises sobre essa questão. É importante, então, que o professor resgate as informações dos alunos sobre isso, para que de fato, junto a eles, consiga analisar as inúmeras variáveis do o processo de inserção da mulher na sociedade contemporânea.

Estratégias e recursos da aula

2

Disponível em:  http://zuzeu.com/2010/03/05/dolores-juliano-rkartzelak-ez-daude-emakumezkoentzat-egindar/.  

Acesso em: 10 ago. 2011.

 

Atividade 01

O professor deve iniciar a aula com uma discussão sobre os conhecimentos prévios que os alunos têm sobre a situação da mulher na contemporaneidade. Para tanto, ele deve promover a discussão, por exemplo, ao perguntar aos alunos sobre o que sabem sobre a inserção da mulher na sociedade, as lutas que enfrentou e as que ainda enfrenta para conseguir ser respeitada e ter dignidade no mundo.

 

Para dar continuidade a essa discussão, o professor deverá pedir para que os alunos acessem o mosaico a seguir, composto de fotografias de inúmeras mulheres de diversos tipos, profissões, culturas e classes sociais. A imagem pode ser facilmente acessada, no link a seguir.

 

18

Disponível em:  http://rondoniadigital.com/capa/discriminacao-de-genero-tira-mulheres-de-areas-exatas-e-preocupa-governo/

Acesso em: 10 ago. 2011.

 

Na análise do mosaico, o professor fará algumas perguntas oralmente para a interpretação dos alunos. Essas perguntas servirão como norte para o professor promover a discussão.

  1. Que tipos de mulheres a imagem ressalta? Cite cada um deles e responda: A que essa diversidade faz referência?

  2. Por que essas fotografias estão dispostas dessa forma? Quais as imagens que mais saltam aos olhos? Por quê?

  3. Há algumas grandes personalidades presentes no mosaico. Quem são elas? Que papéis desempenham na sociedade?

  4. A diversidade presente na imagem mostra-se coerente com a realidade brasileira? Por quê?

O professor deve ratificar os comentários mais relevantes da discussão, para reativar os conhecimentos prévios dos alunos e garantir uma maior aproximação deles com o tema debatido, possibilitando uma apreensão mais ampla sobre a situação da mulher na sociedade.

 

Atividade 02:

Após ativar os conhecimentos prévios dos alunos em relação à situação da mulher na sociedade contemporânea, o professor deve retomar as principais características do gênero reportagem, as quais eles já deverão saber, pelo menos em parte, para essa aula.

Nesse ponto, basta ao professor apresentar a seguinte reportagem, analisando suas principais características com os alunos. Trata-se de uma matéria da revista Veja intitulada “A juventude em rede”, que traça um perfil do jovem na atualidade, cercado pelos meios digitais, pelas angústias e inseguranças. A reportagem, da edição 2100, de 18 de fevereiro de 2009, está disponível na íntegra no Acervo Virtual da Veja, assinalado a seguir.

12

11 10

 

Disponível em: http://www.veja.com/acervodigital/home.aspx.

Acesso em: 14 out. 2011.

 

A seguir, apresentamos um box em se que sintetizam as principais características da  reportagem. Aborde-as com os alunos, focalizando a análise da reportagem anterior.

 

Reportagem

 

Definição: É um gênero textual da esfera jornalística que objetiva apresentar informações sobre temas específicos bem como caracterizar situações e acontecimentos a partir da observação direta dos fatos. Divulgada largamente em periódicos em geral, a reportagem é o produto da atividade de um repórter, a ser lida por diversas pessoas de diversas classes sociais com certo grau de instrução e escolaridade.

 

Características:

·        Emissor: jornalista ou repórter encarregado de uma matéria.

·        Receptor: população em geral com certo grau de instrução.

·        Objetivo: informar sobre fato, assunto ou acontecimento em geral.

·        Tema: assunto em voga na sociedade digno de discussão.

·        Contexto de circulação: periódicos (jornais e revistas), rádio, televisão, Internet.

 

Estrutura: relativamente livre, porém organizada em:

·        Título (que sintetiza o assunto da reportagem);

·        Manchete (que explicita o assunto a ser tratado e o ponto de vista sobre ele)

·        Introdução (que situa e contextualiza o fato ou assunto em geral);

·        Desenvolvimento

(em que se analisa o tema, apresentando argumentos, fatos, dados depoimentos, entrevistas, infográficos, etc. – todo esse aparato servirá de fundamento para a instituição do ponto de vista do repórter ou periódico em questão);

·        Conclusão (que procura fechar alguns pontos em discussão ao longo da reportagem, sem deixar de ressaltar o ponto de vista escolhido pelo repórter).

 

Linguagem:

·        Registro: predominantemente formal;

·        Pessoa e tempo verbal: na 3ª do singular, predominantemente no presente;

·        Intenção comunicativa: ampliar o alcance das informações e ganhar o apoio da população envolvida na questão.

 

Atividade 03

Após a reativação dos conhecimentos dos alunos já trabalhados em momentos anteriores, a aula pode seguir a aula, para iniciar, de fato, a produção das reportagens. Na execução dessa atividade, o professor deve orientar os alunos para que se dividam em grupos de, no máximo, 04 componentes. A atividade em grupo visa desenvolver a capacidade de interação entre os colegas e a avaliar o comportamento e colaboração dos alunos entre si, na produção de um trabalho coletivo.

O professor pedirá, então, para que os alunos, em grupo, utilizem um editor de texto, por exemplo, BROffice (o Microsoft Word do equipamento UCA), para a redação da reportagem. Isso facilitará a correção e a manipulação do texto, tanto pelos alunos quanto, posteriormente, pelo professor. Em seguida, o professor deverá apresentar a seguinte produção de texto, analisando sistematicamente cada um dos textos que se seguem, solucionando as principais dúvidas dos alunos.

 

Produção de Texto – Reportagem

 

Observe atentamente os textos da coletânea a seguir:

 

Texto 01:

16

Disponível emhttp://andreadiasfernandes.blogspot.com/2010_09_26_archive.html.  

Acesso em: 10 ago. 2011.

Texto 02:

A violência contra a mulher

 Frei Beto, em 16 de julho de 2010.

O hediondo crime que envolve o goleiro Bruno – a mulher, após ser assassinada, teve o corpo destroçado e devorado por cães, segundo denúncia – é a ponta do iceberg de um problema recorrente: a agressão masculina à mulher.

Entre 1997 e 2007, segundo o Mapa da Violência no Brasil/2010, 41.532 mulheres foram assassinadas no país. Um índice de 4,2 vítimas por cada grupo de 100 mil habitantes, bem acima da média internacional. O Espírito Santo apresenta o quadro mais grave: 10,3 assassinatos de mulheres/100 mil.

O Núcleo de Violência da Universidade de São Paulo identifica como assassinos maridos, ex-maridos e namorados inconformados com o fim da relação. Ao forte componente de misoginia (aversão à mulher), acresce-se a prepotência machista de quem se julga dono da parceira e, portanto, senhor absoluto sobre o destino dela.

A Central de Atendimento à Mulher (telefone 180) recebeu, nos primeiros cinco meses deste ano, 95% mais denúncias do que no mesmo período do ano passado. Mais de 50 mil mulheres denunciaram agressões verbais e físicas. A maioria é de mulheres negras, casadas, com idade entre 20 e 45 anos e nível médio de escolaridade. Os agressores são, em maioria, homens com idade entre 20 e 55 anos e nível médio de escolaridade.

Acredita-se que o aumento de denúncias se deve à Lei Maria da Penha, sancionada em 2006 pelo presidente Lula, e que aumenta o rigor da punição aos agressores. Apesar desse avanço, tudo indica que muitos lares brasileiros são verdadeiras casas dos horrores. A mulher é humilhada, destratada, surrada, por vezes vive em regime de encarceramento virtual e de semi-escravidão no trabalho doméstico. Sem contar os casos de pedofilia e agressão sexual de crianças e adolescentes por parte do próprio pai.

A violência contra a mulher decorre de vários fatores, a começar pela omissão das próprias vítimas que, dependentes emocional e financeiramente do agressor, ou em nome da preservação do núcleo familiar, ficam caladas ou dominadas pelo pavor frente aos efeitos de uma denúncia. Soma-se a isso a impunidade. Eliza Zamudio, ex-namorada do goleiro Bruno, teria recorrido à Delegacia de Defesa da Mulher, sem que sua queixa tivesse sido levada a sério. Raramente o poder público assegura proteção à vítima e é ágil na punição ao agressor.

A violência contra a mulher não ocorre apenas nas relações interpessoais. Ela é generalizada pela cultura mercantilizada em que vivemos. Basta observar a multiplicidade de anúncios televisivos que fazem da mulher isca pornográfica de consumo.

Pare diante de uma banca de revistas e confira a diversidade do "açougue" fotográfico! Preste atenção nos papéis femininos em programas humorísticos. Ora, se a mulher é reduzida às suas nádegas e atributos físicos, tratada como "gata" ou "avião", exposta como mero objeto de uso masculino, como esperar que seja respeitada?

Nossas escolas, de uns anos para cá, introduziram no currículo aulas que abordam o tema da sexualidade. Em geral se restringem a noções de higiene corporal para se evitarem doenças sexualmente transmissíveis. Não tratam do afeto, do amor, da alteridade entre parceiros, da família como projeto de vida, da irredutível dignidade do outro, incluídos os/as homossexuais.

Nas famílias, ainda há pais que conservam o tabu de não falar de sexo e afeto com os filhos ou julgam melhor o extremo oposto, o "liberou geral", a total falta de limites, o que favorece a erotização precoce de crianças e a promiscuidade de adolescentes, agravada pelos casos de gravidez inesperada e indesejada.

Onde andam os movimentos de mulheres? Onde a indignação frente às várias formas de violência contra elas?

Os clubes esportivos deveriam impor a seus atletas, como fazem empresas e denominações religiosas, um código de ética. Talvez assim a fama repentina e o dinheiro excessivo não virassem a cabeça de ídolos de pés de barro...

FREI BETTO é escritor, autor de "Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira" (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org – twitter:@freibetto

 

Texto 03:

LEI MARIA DA PENHA - LEI 11.340

 

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.

Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. § 1o O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. § 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput.

Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Disponível em: http://www.sejus.df.gov.br/sites/400/429/00000233.pdf.

 Acesso em: 14 out. 2011.

 

Texto 04:

A participação da mulher no mercado de trabalho no Brasil

No período de 1940-1990, a força de trabalho feminina passou de 2,8 milhões para 22,8 milhões de pessoas, aumentando sua participação na população ativa do país de 19% para 35,5%. Em 1940, quase a metade (48%) da população ativa feminina estava concentrada no setor primário da economia. Em 1990 mais de dois terços (74%) da população ativa feminina estava concentrada no setor terciário, principalmente em algumas atividades, como serviços comunitários, serviços de educação, serviços de saúde e serviços domésticos.

Os dados acima mencionados resumem as principais características da força de trabalho feminina: embora crescente, é proporcionalmente pequena e profissionalmente marginal. Vamos explicar:

·       É proporcionalmente pequena porque, apesar de a mulher constituir maioria na população do país, sua participação no mercado de trabalho é de apenas 35,5%.

·       É profissionalmente marginal porque a grande maioria das mulheres que participam do mercado de trabalho exerce atividades de média e baixa qualificação profissional.

Além da pequena participação no mercado de trabalho e a marginalização profissional, existem vários outros problemas relacionados à população ativa feminina:

·       Os rendimentos salariais da mulher são, em geral, muito inferiores aos dos homens. Em 1990, dos trabalhadores que ganhavam até meio salário mínimo, 62% eram mulheres, e dos trabalhadores que ganhavam de 5 a 10 salários mínimos, 73% eram homens. Os baixos salários são uma das razões que explicam a preferência de muitas empresas pela mão-de-obra feminina.

·       A dupla jornada de trabalho ou trabalho redobrado (no emprego e no lar) que sobrecarrega violentamente a mulher.

·       Além de perceberem baixos salários e de exercerem a dupla jornada de trabalho, as mulheres são vítimas de preconceitos (por exemplo, o da chamada "inferioridade" do sexo feminino em relação ao masculino) e abusos (por exemplo, o assédio sexual no trabalho) que são reveladores do tratamento desigual a que estão sujeitas. O caráter patriarcal e machista da sociedade brasileira está na base da marginalização profissional da mulher.

Brasil: estrutura da população ativa por sexos no período 1940-1991

Ano

1940

1950

1960

1970

1980

1991

Homens (%)

81,0

85,5

82,5

79,0

73,0

64,5

Mulheres (%)

19,0

14,5

17,5

21,0

27,0

35,5

 

Fonte: IBGE, Estatísticas Históricas do Brasil, 1990

 

Brasil: distribuição da população ativa feminina no setor terciário, segundo os ramos de atividade (1980)

Ramos de atividade

% da população ativa feminina

Serviços domésticos

40,0

Comércio

20,0

Serviços de educação

18,0

Serviços de saúde

8,0

Outros

14,0

 

Fonte: IBGE, Estatísticas Históricas do Brasil, 1990.

  

À sombra do patriarcado

As mulheres casadas "são incapazes, relativamente, a certos atos ou à maneira de o exercer". Assim afirmava o Código civil Brasileiro de 1917, colocando a mulher casada no mesmo nível do menor. E essa proposição absurda resistiu a todas as transformações ocorridas na sociedade brasileira durante quase cinqüenta anos, só sendo revogada em 1962.

 Mas a lei 4.121 de 1962, que modificou o código de 1917, conservou muito da ideologia patriarcal, assim como o código havia conservado muito da ideologia patriarcal das Ordenações Filipinas, do final do século XVI, que regeram o direito civil brasileiro durante todo o período colonial, se prolongaram pelo império e alcançaram as primeiras décadas da república.

 As Ordenações Filipinas rezavam taxativamente que a mulher tem "fraqueza de entendimento". No entanto, o código de 1917 já não tinha formulações desse tipo. Mas ainda atribuía também ao marido a chefia da "sociedade conjugal" (artigo 233), conferindo-lhe a representação legal da família, a administração dos bens comuns (e dos particulares da mulher, conforme o regime matrimonial adotado ou o pacto antenupcial), o direito de fixar e mudar o domicílio da família. O direito de autorizar a profissão da mulher e sua residência fora do teto conjugal. Cabia-lhe, por outro lado, "prover a manutenção da família", ressaltando-lhe a obrigação da mulher em "contribuir para as despesas do casal com os rendimentos de seus bens na proporção de seu valor".

Retrato do Brasil, 1984, p. 35.

 

 A estrutura da população brasileira por sexos

Até a década de 1930, principalmente por causa do predomínio da imigração masculina sobre a feminina, havia mais homens que mulheres no Brasil. Em 1872 (primeiro censo), a proporção entre os sexos era a seguinte: homens, 51,5%; mulheres, 48,5%. A partir do censo de 1940, a população feminina passou a predominar sobre a masculina, embora com pequena diferença a favor das mulheres.

 Em 1991 (décimo censo), a proporção passou a ser a seguinte: homens, 49,4%; mulheres, 50,6%. Ou seja, em uma população total de 147.053.940 pessoas, havia 1.845.844 mulheres a mais em relação aos homens.Em todas as grandes regiões brasileiras ocorre predomínio das mulheres sobre homens. As maiores diferenças a favor das mulheres são encontradas nas regiões Norte (elevada mortalidade masculina), Nordeste (maior saída de homens) e Sudeste (elevada emigração e mortalidade masculina).

  

Por que existem mais mulheres que homens no Brasil?

 Até os dezessete anos de idade, o contingente masculino é bem superior ao feminino (cerca de 800.000 homens em relação às mulheres). A partir dos 18 anos e até as idades mais avançadas, as mulheres predominam sobre os homens em todas as faixas etárias.

 A razão fundamental do predomínio de mulheres sobre os homens está na maior mortalidade masculina (acidentes, doenças, drogas etc.), seguida pela emigração.

 

Brasil: evolução da proporção entre homens e mulheres (1872-1991)

Ano

Homens (%)

Mulheres (%)

1872

51,5

48,5

1940

49,99

50,01

1991

49,4

50,6

 

Fonte: IBGE, Estatísticas Históricas do Brasil, 1990.

 

Brasil: distribuição regional da população por sexos (1991)

Região

Homens (%)

Mulheres (%)

Norte

51,2

48,8

Nordeste

51,1

48,9

Sudeste

51,1

48,9

Centro-Oeste

51,0

49,0

Sul

50,7

49,3

Brasil

50,6

49,4

 

Fonte: IBGE, Anuário estatístico do Brasil, 1993.

 

Disponível em: http://www.frigoletto.com.br/GeoPop/mulher.htm.

Acesso em: 14 out. 2011.

Texto 05:

publicado em 08/03/2010 às 20h40:

Mulheres bem-sucedidas revelam os segredos do sucesso

 

Trabalho, dedicação e perseverança são atributosessenciais para alcançar o topo

22

Veja as fotos dessas mulheres de sucesso

Waleska Santos, presidente da Hospitalar, teve visão para se firmar em um novo mercado


De uns tempos para cá, as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço no mercado de trabalho. A grande maioria delas sonha em ascender profissionalmente e alcançar o topo, mas apenas uma minoria consegue se infiltrar nesse meio, ainda dominado pelos homens. O R7 conversou com algumas mulheres que, por meio de muito trabalho e dedicação, alcançaram a presidência de empresas importantes do país.

Sônia Hess de Souza é a presidente da Dudalina, uma das maiores camisarias da América Latina, com sede em Blumenau, Santa Catarina. Sônia é a sexta filha em uma família de 16 irmãos e teve que mostrar que era capaz de comandar a empresa fundada pela mãe por competência e talento, não apenas por parentesco. Em 2003, ela assumiu a presidência da companhia.

O segredo dessa empresária de 54 anos é trabalhar muito e amar o que faz, além de acreditar nas pessoas. - Quem faz a diferença são as pessoas. A Dudalina emprega 1200 funcionários, que atuam em um complexo de quatro fábricas em Santa Catarina e uma no Paraná. Do total de colaboradores, 70% são mulheres produzindo roupas para homens.

Outra mulher que chegou ao comando de uma grande empresa acreditando nas pessoas é Luiza Helena Trajano, presidente da rede Magazine Luiza. Não é à toa que a empresa comandada por essa francana, mãe de três filhos, é a segunda maior rede de varejo do Brasil, presente em sete Estados, com 456 lojas.

Na área da saúde, quem se destaca é a médica e empresária Waleska Santos, fundadora e presidente da Hospitalar Feiras e Congressos, maior feira de saúde da América Latina e o segundo mais importante evento especializado do mundo.

 Waleska acredita que para alcançar o sucesso é preciso apostar nos sonhos, além de ter confiança e perseverança. - Fui criada para ter orgulho de mim mesma. A pediatra diz que se espelhou no sócio e marido Francisco Santos, fundador da Couro Modas, a maior feira de calçados e acessórios da América Latina. - Percebi que nós não tínhamos nenhum evento que reunisse produtos e serviços para o setor da saúde. Todos os congressos de medicina só tratavam de patologias [doenças].

Já para Valentina Caran, dona de uma das mais importantes corretoras de São Paulo, que leva o nome da proprietária, o talento é o mais importante. Mas não adianta apenas ter o dom, é preciso trabalhar muito para conquistar os objetivos. - Eu consigo fazer um monte de coisas ao mesmo tempo porque eu sou uma máquina. Tenho 56 anos e não paro nunca. Sou uma workaholic [pessoa viciada em trabalho] assumida.

No ramo hoteleiro, a referência é Chieko Aoki, “dama da hotelaria nacional”, como é conhecida.  Chieko é fundadora e presidente do grupo, formado pelas redes Blue Tree Hotels (resorts e hotéis de luxo) e Spotlight Hotels (segmento econômico), e pela marca Noah (gastronomia e eventos).Chieko nasceu em Fukuoka, Japão, mas já trabalhou em diversos países da Ásia, Europa e nos Estados Unidos.

Cidadã do mundo, a empresária acredita na sorte, mas diz que chegou ao topo sendo curiosa, buscando soluções para as dificuldades e simplificando as complicações.- Tem gente que não acredita na sorte mas eu acredito e penso que isso faz parte das conquistas. Merecer sorte e trabalhar para que ela seja sequência de fatos positivos, é também capacidade importante.

Disponível em: http://noticias.r7.com/economia/noticias/mulheres-bem-sucedidas-revelam-os-segredos-do-sucesso-20100308.html.

Acesso em 14 out.. 2011.

COMANDO:

Inúmeros fatos comprovam o quanto a mulher tem sido marcada por um histórico de preconceitos, violências e injustiças. A sociedade estritamente machista foi e tem sido responsável por tolher a mulher e delegá-lo à submissão em uma vida muitas vezes restrita a apenas cuidados domésticos. Entretanto, a despeito de uma sociedade que em parte ainda continua preconceituosa, a mulher tem conseguido se sobressair. Hoje ela não está restrita apenas ao âmbito doméstico, mas também tem se destacado no mercado de trabalho, chegando, muitas vezes, a exercer a cargos de chefia, ou, até mesmo, ser a principal provedora do lar. O processo de abertura da sociedade à mulher é longo e muitas vezes árduo, porém, a despeito de todas as injustiças sofridas pelo gênero, não deixa de ser um processo que tem gerado frutos que em muito contribuem positivamente para considerar o as inúmeras faces do gênero feminino.

Com base na leitura atenta da coletânea apresentada, REDIJA uma reportagem a ser publicada na Internet e na comunidade escolar com o objetivo de informar a sociedade e a população para que possam discutir sobre o seguinte tema:

 

O perfil da mulher na sociedade atual

 

            Ao desenvolver esta questão, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as reflexões feitas ao longo das aulas sobre esse assunto. Pesquise, selecione, organize e relacione argumentos, fatos e opiniões para defender seu ponto de vista e suas propostas, atentando-se à pertinência deles para seu texto.

 

O professor auxiliará os alunos ao longo de todo o processo de elaboração da reportagem, principalmente na etapa de redação de textos, em que eles devem se atentar à utilização de linguagem adequada ao contexto. Nessa etapa, o professor deve alertar os alunos para uma escrita vinculada, sobretudo, à norma padrão, para dar maior credibilidade ao texto. Entretanto, o professor também deve ressaltar que os alunos devem evitar expressões rebuscadas ou pedantes, já que a reportagem tem por objetivo informar o leitor e que seu alcance deve se o mais amplo possível, num universo de eleitos com capitais culturais diferentes.

 

Sugestão de Atividade Interdisciplinar

21

Disponível em: https://sites.google.com/site/borderstakeholderforum/border-strategy-sessions.

 Acesso em: 14 out. 2001.

 

Na atividade anterior, propôs-se a elaboração de uma reportagem em grupo a partir de uma coletânea de textos que compõe uma proposta de produção de texto. Entretanto, outra possível forma de elaborar a reportagem seria um trabalho em conjunto com professores de outras áreas como os de Geografia, História e Artes.

Considerando a abrangência do tema e a diversidade de gêneros que podem estar presentes em uma reportagem (como gráficos, infográficos, imagens, fotografias, depoimentos, entrevistas, narrativas, questionários, etc.) seria interessante propor uma atividade em conjunto a outros professores para que todos pudessem se empenhar na redação da reportagem. Nesse sentido, uma sugestão seria dividir a turma em grupos, e cada um ficaria responsável por compor uma parte da matéria.

Um grupo, por exemplo, junto ao professor de História, poderia levantar um histórico sobre como se deu a inserção na mulher na sociedade, ou seja, por que lutaram, como se organizaram, o que conseguiram, às custas de quê, etc. Outro grupo, junto ao professor de Geografia, poderia levantar dados não apenas sobre a história da mulher, mas também sobre a forma de como ela está inserida na sociedade atual, analisando a situação familiar, a inserção no mercado de trabalho, a escolha da profissão, a composição na sociedade economicamente ativa, etc. Enquanto isso, outro grupo, com a supervisão do professor de artes, poderia trabalhar na confecção de infográficos sobre os dados encontrados bem como no tratamento das imagens, das fotografias e no layout da reportagem como um todo.

Por fim, ainda haveria pelo menos dois grupos, sob coordenação do professor de Português, que ficaria encarregado de fazer entrevistas sobre o tema com a comunidade em geral, e também de redigir junto aos outros o corpo da reportagem, ou seja, o texto dissertativo que unirá dados, depoimentos e pesquisas, para discutir o tema e informar ao leitor sobre o perfil da mulher na sociedade contemporânea.

Sem dúvida, essa seria uma atividade interdisciplinar muito interessante, que uniria os diversos campos do saber em uma atividade em conjunto para um mesmo fim. Entretanto, a eficácia de uma atividade assim depende em grande parte da motivação e empenho de todos nesse projeto. É dessa forma que, com alunos e professores motivados, conseguiremos, enfim, aprender e construir algo de palpável no ambiente escolar.

 

Atividade 04

Quando todos os grupos terminarem a elaboração de suas respectivas reportagens, os alunos devem proceder a uma revisão atenciosa do trabalho feito.

Nesse ponto, os alunos se atentarão à estrutura e às características do gênero, bem como aos aspectos gramaticais que envolvem a escrita. Isto é, os alunos deverão corrigir os equívocos relacionados: à adequação do texto ao tema e à proposta; à argumentação; à coerência e coesão; bem como à norma padrão escolhida para essa produção textual.

O professor deve frisar a importância dessa revisão, visto que o texto será divulgado – com o nome deles – não só para a escola, como também pela Internet. É essencial, portanto que eles corrijam devidamente quaisquer inadequações relacionadas a esse processo de produção.

Antes da divulgação do material, o professor deve avaliar cada trabalho produzido, de modo a fazer uma revisão final para evitar que incorreções estruturais sejam divulgadas. Além disso, ele deverá, sobretudo, ressaltar a criatividade dos alunos na produção de suas reportagens. Esse retorno positivo é essencial para incentivar os alunos a se empenharem na execução de seus trabalhos.

 

Atividade 05

Depois da correção das produções pelo professor e da realização das últimas modificações pelos alunos, a reportagem pode, então, ser divulgada. A divulgação ocorrerá na Internet, na escola e na comunidade.

Na Internet, os alunos deverão postar seus trabalhos no blog da turma para a apreciação dos colegas e dos internautas em geral. Além disso, os alunos podem enviar suas reportagens por e-mail à sua lista de contatos, pedindo para que os destinatários também o encaminhem para suas respectivas listas e podem postá-la em redes sociais como o orkut e facebook. Assim, a reportagem formará uma “corrente”, com o objetivo de atingir o maior número de internautas possível.

Na escola e em seu entorno, os alunos deverão divulgar as reportagens em papel impresso, como um folheto. A impressão fica, inicialmente, a cargo dos grupos, mas seria ótimo se a escola ou outra entidade pudessem custeá-los. Quanto mais cópias, maior a difusão e alcance da matéria, maior também a possibilidade de leitores para a reportagem.

Na escola, os alunos podem divulgar as reportagens durante o intervalo ou na saída para casa. No entorno da escola, os alunos podem divulgá-las, em grupo no horário da aula junto com o professor, indo a um parque ou uma praça, por exemplo, e entregando as matérias para os transeuntes ali presentes. Outra opção é a divulgação em um horário extraclasse. Nesse caso, os alunos, em grupo, deverão se dirigir a seus respectivos bairros para a distribuição das reportagens a seus vizinhos, parentes, amigos ou a qualquer outra pessoa de seu círculo social.

Entretanto, a despeito de todas as formas de divulgação anterior e de forma a respeitar o contexto de circulação da reportagem, o mais interessante seria que as matérias dos alunos fossem divulgadas em jornais e revistas, eletrônicos e / ou impressos. Na escola, em seu entorno e na Internet, os alunos podem divulgar as reportagens, ou pelo menos algumas delas, em sites, jornais ou revistas da escola e da comunidade. Essa é apenas uma sugestão, mas que seria bastante interessante, porque o aluno dessa forma se sentiria de fato um repórter ao ver sua matéria circulando em um contexto que é peculiar a esse gênero.

É essencial que o professor, para o sucesso da atividade, mobilize e incentive seus alunos nessa última etapa. Para isso, é igualmente importante que o próprio professor abrace a causa deste trabalho e faça com que os alunos percebam a relevância de se debater o papel ocupado pela mulher na sociedade atual. Sem um posicionamento ativo quanto a isso, infelizmente, não há como haver interesse por parte dos alunos e muito menos – o mais importante – conscientização por parte das pessoas.      

 

Recursos Complementares

Sugestão de livros:

CAVALCANTI, Ildney; LIMA, Ana Cecília; SCHNEIDER,Liane (Orgs.). Da mulher às mulheres: dialogando sobre literatura, gênero e identidades. Maceió: EDUFAL, 2006.

COSTA, Moacir. Mulher: a conquista da liberdade e do prazer. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

FERREIRA,Dina Maria Martins. Discurso feminino e identidade social. São Paulo: Annablume: FAPESP, 2002.

SCAVONE, Lucila.Dar a vida e cuidar da vida feminismo e ciências sociais. São Paulo: Editora UNESP, 2004.

Observação: Todos os livros estão disponíveis para leitura na íntegra no Google Books. Para acessá-los basta digitar o nome da obra no campo de pesquisa Google e selecionar a opção Google Books.

 

Sugestão de filmes sobre o assunto, seguidos dos nomes de seus diretores:

Tudo sobre mi madre (Almodóvar)

Orgulho e preconceito (Joe Wright)

As horas (Stephen Daldry)

Tomates verdes fritos (Jon Avnet)

Anjos do sol (Rugi Lagemann"Foguinho")

Menina de ouro (Clint Eastwood)

Preciosa (Lee Daniels)

O sorriso de Monalisa (Mike Newel)

Observação: Todos os filmes estão disponíveis para download na Internet. Para acessá-los, basta digitar o nome deles em alguma site de pesquisa (Google, Ask.com, Bing, etc.), seguido da expressão “download legendado”. Após isso, o site de pesqusa fornecerá uma lista de sites em que o filme estará diponível, bastando então escolher algum dentre os sites e seguir as recomendações que são dadas poe eles.

Sugestão de sites sobre o assunto:

http://www.feminismo.org.br/livre/

http://www.cfemea.org.br/

http://vsites.unb.br/ih/his/gefem/labrys7/liberdade/anaalice.htm

http://blogueirasfeministas.com/2011/09/por-que-sou-feminista/

 

Avaliação

As avaliações ocorrerão de forma processual, ao longo de todas as atividades ministradas, as quais contemplam o desenvolvimento das habilidades de leitura, de escrita e de expressão oral.

Os alunos, frequentemente, terão oportunidade de participar de discussões para que o professor perceba o desenvolvimento da capacidade interpretativa de cada um, apresentada por meio da oralidade. Nesse momento, o professor deverá estar alerta para o processo de argumentação do aluno, visando à pertinência das informações apresentadas bem como às marcas de registro popular e padrão, utilizadas concomitantemente. Em outras palavras, nessas situações, o professor deve perceber, portanto, como cada aluno tem avançado na produção e fundamentação do próprio texto oral.

As atividades escritas a serem feitas serão avaliadas de acordo com o nível de entendimento individual do aluno, de forma a considerar a aquisição processual dessa habilidade. O professor deve observar se, nos textos, os alunos abordaram adequadamente:

·        O conteúdo relativo ao tema e ao objetivo de cada questão proposta, item mais importante e essencial;

·        A seleção de argumentos, que devem ser pertinentes e relevantes à temática apresentada;

·        Os processos de coesão e de coerência textual, responsáveis pelo encadeamento lógico-discursivo do texto;

·        O registro da língua utilizado, visto que os alunos devem ser capazes de utilizar o registro mais adequado à situação comunicativa apresentada.

O trabalho em grupo ressaltará a criatividade, a participação e integração de todos, tanto na apresentação, quanto na colaboração e dedicação da turma, levando em conta o grau de envolvimento e de desenvoltura de cada aluno durante a realização das tarefas. Nessa atividade, o professor terá a oportunidade de avaliar a originalidade e a capacidade de os alunos se interagirem entre si e com os outros. Por isso, ele deve se atentar ao desenvolvimento e envolvimento de cada um deles, lembrando que disso depende, em grande parte, o sucesso de todo o trabalho.

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