12/11/2011
Denize D. Campos Rizzotto, Aline Cantalogo, Kellen Cristina Costa Alves Bernardeli, Laís de Castro Agranito.
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Ensino Fundamental Inicial | Língua Portuguesa | Língua oral: valores, normas e atitudes |
Ensino Fundamental Inicial | Ética | Respeito mútuo |
Ensino Fundamental Inicial | Língua Portuguesa | Língua escrita: prática de leitura |
Ensino Fundamental Inicial | Alfabetização | Papel da interação entre alunos |
Ensino Fundamental Inicial | Alfabetização | Processos de leitura |
Ensino Fundamental Inicial | Língua Portuguesa | Língua escrita: gêneros discursivos |
Ensino Fundamental Inicial | Ética | Diálogo |
Para a realização desta aula, é necessário que o aluno seja alfabetizado e saiba os recursos básicos do laptop -UCA-Um Computador Por Aluno.
Para a realização de algumas atividades, o professor vai contar com o auxílio do laptop do projeto "Um Computador por Aluno" (UCA) conectado à internet.
Imagens disponíveis em: ucamgpucmg.blogspot.com/2010_03_01_archive.html
Esta aula está dividida em três momentos e tem uma proposta interdisciplinar, pois dialoga com diferentes áreas do conhecimento: Alfabetização, Ética (justiça, diálogo, respeito mútuo, solidariedade) e Língua Portuguesa. Você poderá utilizar as diversas formas de linguagem como; a oral, escrita e visual, bem como na construção de narrativas para desenvolver os textos.
1° Momento: aproximadamente 60 minutos.
Professor, esta aula está estruturada a partir do método de Matthew Lipman "Programa Filosofia para Crianças", para isso propomos que apresente para os alunos quem é ele. Organize-os em uma roda de conversa e questione-os sobre os princícpios deste método, para isso leia previamente os textos que apresentamos e depois conte sobre este professor. Veja a seguir:
QUEM É MATTHEW LIPMAN?
Imagem disponível em: http://sinapseslinks.blogspot.com/2009/10/filosofia-para-criancas.html
No final da década de 60, o Professor norte-americano Dr. Matthew Lipman, preocupado com o desempenho insuficiente de seus alunos, concebeu o Programa Filosofia para Crianças, visando cultivar o desenvolvimento das habilidades cognitivas mediante discussões de temas filosóficos e visando, com tais discussões, a iniciação filosófica de crianças e jovens. Há mais de 40 anos, lançava, assim, as bases do Programa de Filosofia para Crianças, inaugurando um novo paradigma educacional que tem por meta o desenvolvimento do pensamento crítico, criativo e cuidadoso.
Em 1974, auxiliado pela Dra. Ann Margareth Sharp, fundou o Institute for the Advancement of Philosophy for Children (IAPC), instituição vinculada à Universidade Estadual de MontClair, New Jersey – EUA, com o objetivo de estruturar melhor o currículo de Filosofia para Crianças, preparar educadores para o trabalho em sala de aula, realizar pesquisas acadêmicas sobre o Programa e oferecer suporte e preparação para os Centros de Filosofia em outros países.
Já na década de 70, o Programa Filosofia para Crianças demonstrou ser uma abordagem promissora para o aprimoramento das habilidades cognitivas e, a partir de 1976, espalhou-se pelo mundo, sendo traduzido e trabalhado em vários países.
Atualmente, mais de 50 países trabalham com esta proposta. Entre eles: Argentina, Armênia, Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Bulgária, Chile, Costa Rica, Finlândia, Hungria, Islândia, Israel, Itália, Quênia, Lituânia, Malta, México, Holanda, Canadá, Nova Zelândia, Nigéria, Filipinas, Polônia, Portugal, China, Romênia, Rússia, Singapura, África do Sul, Coréia do Sul, Espanha, Suécia, Turquia, Inglaterra, Uruguai.
Lipman acredita ser a Filosofia a disciplina, por excelência, capaz de favorecer o desenvolvimento da capacidade das crianças de fazer juízos logicamente corretos, estimular atitudes éticas e o pensamento reflexivo.
Assim como os filósofos, as crianças se perguntam sobre os fundamentos dos valores e dos conhecimentos humanos. Propiciar o processo de investigação filosófica de forma sistemática com crianças é fornecer as ferramentas e um método eficiente para aperfeiçoar o pensamento, pois é na Filosofia que se edificam as questões sobre o significado da realidade e sobre o próprio processo do pensar.
Em 1998, a UNESCO ofereceu ajuda para disseminação de Filosofia para Crianças através de sua rede mundial.
No Brasil, o Programa Filosofia para Crianças foi trazido pelas mãos da Professora Catherine Young Silva, que fundou o Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças (CBFC), em janeiro de 1985.
Texto extraído em: http://websmed.portoalegre.rs.gov.br/escolas/montecristo/ina/ina2.html
Professor, para conhecer um trabalho é importante que se conheça o seu idealizador, assim, propomos que esta atividade seja sobre o idealizador do programa Filosofia para Crianças, Matthew Lipman.
1) Após conhecer um pouco de Matthew Lipman, escreva nas linhas abaixo o que mais lhe chamou atenção do trabalho que ele desenvolveu.
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2) Lipman foi muito importante na difusão da Filosofia para Criança. Assim, podemos refletir sobre a importância que temos para as coisas ou pessoas e da importância que as pessoas têm para nós. Conte-nos um pouco de uma das pessoas que é muito importante para você.
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2º Momento: aproximadamente 60 minutos.
A COMUNIDADE DE INVESTIGAÇÃO.
Imagem disponível em: http://www.correiodopovo.com.br/Impresso/?Ano=115&Numero=175&Caderno=0&Noticia=115976
O próprio Lipman define a “Comunidade de Investigação” como um espaço de construção desse pensamento excelente, onde se aprende em conjunto, de maneira colaborativa, participativa, corretiva e autocorretiva, sendo o diálogo disciplinado pela lógica o veículo mediador de todos os processos. É um lugar seguro para o estudante pensar, escutar, dividir opiniões com respeito, desenvolver questões a partir das ideias de outros, desafiar a si e aos outros para fornecer razões a opiniões até então não apoiadas, auxiliar uns aos outros ao fazer inferências daquilo que foi afirmado e buscar identificar as suposições de cada um. O que me ocorre neste momento é que uma comunidade com essas características pode tranquilamente contribuir com uma sociedade mais igualitária e democrática, pois vejo que a participação e o envolvimento de todos é uma necessidade. A Comunidade de Investigação fornece um núcleo que tanto representa quanto antecipa uma sociedade composta de comunidades participativas - uma sociedade que é uma comunidade destas comunidades, ou seja, a comunidade em sala de aula pode desempenhar um papel mediador entre família e a sociedade; entre a formação cultural ou étnica específica de cada indivíduo e da sociedade como um todo; também é um mediador entre pressões para solucionar problemas sociais através do consenso democrático, da investigação científica ou mesmo do poder econômico. Portanto, a comunidade de investigação pode ser um espaço de construção da democracia sim, desde que a capacidade de julgar e refletir sejam devidamente desenvolvidos.
O pensamento que deve ser desenvolvido na Comunidade de Investigação deve ter lógica, padrões, critérios e normas que sejam estabelecidos no diálogo, na relação de internalização dos comunicados, cuidando para que os valores éticos e morais não sejam ignorados, por isso que é crítico, criativo e cuidadoso.
- Trechos selecionados de uma entrevista que Lipman concedeu a uma estudante: http://www.santadoroteia-rs.com.br/wp-content/uploads/2011/02/Artigo_site_EPP_2011.pdf
Imagem disponível em: http://www.jeanpiaget.g12.br/educacaoinfantil/educacaoinfantil-noticias-o-que-fazer-para-resolver-o-problema.asp
Professor, para concluir esta exposição, faça uma conclusão em forma de tópicos e solicite que os alunos copiem em seus cadernos. Uma comunidade caracteriza-se por um grupo de crianças que juntas:
• investigam assuntos problemáticos pertinentes ao grupo,
• dão razões para os seus pontos de vista,
• oferecem exemplos contrários,
• questionam as inferências e suposições dos outros,
• encorajam os participantes a melhorarem as razões e justificativas de seus pontos de vista,
• oferecem soluções alternativas para o problema em questão,
• respeitam cada um enquanto ser humano,
• acompanham o percurso da investigação.
Com o tempo, as crianças identificam-se mais com o trabalho do grupo ao invés de fixarem-se nos seus próprios pontos de vista. Aos poucos aprendem a construir cooperativamente os significados dos conceitos filosóficos, e então, a visão de mundo de cada uma torna-se um trabalho árduo coletivo de investigação.
A sala de aula, enquanto comunidade de investigação filosófica, possibilita as crianças a experiência de viver num contexto de respeito mútuo, diálogo disciplinado e investigação cooperativa, livre de arbitrariedade e manipulação. Tal modelo permite a prática direta de certas disposições, inter-relação dos participantes para o equilíbrio do todo, preservação do que é pensado como algo válido, tolerância para diferentes perspectivas e fortalecimento do cuidado.
O melhor aspecto desta comunidade é oferecer às crianças uma imersão em uma experiência democrática, epistemológica, ética e estética. Esta experiência edifica-se conforme elas comecem a visualizar novas possibilidades, novas relações e novos valores. O crescimento da sensibilidade com o outro, a distinção entre as partes e todo, o esforço imaginativo de elementos para construir significados dependerão da qualidade e consciência desta imersão. Conforme as crianças tornam-se mais conscientes das dimensões da comunidade de investigação elas começam a realmente se importar com as formas, procedimentos e consequências do que é investigado na comunidade.
O que interessa para as crianças revela o que é realmente importante para elas. Importar-se ou cuidar é contrário a ser indiferente. Se importar ou cuidar, é a fonte da amizade, do amor, dos valores, do compromisso, da compaixão e da ternura humana. A tal cuidado enlaça-se a convicção. Quando este laço é estabelecido, será uma consequência as crianças motivarem-se à agir de acordo com suas convicções. Ao se importarem com as coisas, elas sentem que têm o dever de agir diante de uma situação problemática, então, elas sentem-se aptas a emitir juízos e agir.
O desenvolvimento de tal cuidado é importante porque sem ele não é possível o pensar ético. Diante da tecnologia e do acúmulo de riqueza existe entre muitos jovens o medo de que as coisas significativas tornem-se irrelevantes. A armadilha deste pensamento é o sentimento de apatia, de não querer participar, e o grande apego à estímulos externos. Se as crianças se importarem apenas com a sobrevivência, a possibilidade de criar-se um mundo pacífico e justo é inexistente.
Neste sentido, a comunidade de investigação filosófica oferece às crianças a oportunidade, não apenas de descobrir e praticar habilidades cognitivas, mas também de descobrir e criar valores, ideais e encontrar pessoas dos quais elas realmente se importam. Oferece a elas um ambiente propício ao crescimento emocional, cognitivo, social e político. É neste contexto, que elas vivenciam o diálogo autêntico, o respeito pelos outros enquanto seres humanos, o crescimento da confiança mutua e a habilidade de comunicação em diversos níveis. Este crescimento da confiança na seriedade e compromisso de cada um é imprescindível para a educação das emoções.
Portanto, se almejamos fortalecer a investigação cuidadosa, na qual a investigação ética é um componente importante, é necessário muito mais do que um especialista na prática da lógica e da racionabilidade. Ao participar de uma comunidade investigativa as crianças tornam-se conscientes das estruturas significativas que conectam suas vidas com a dos outros e com o mundo. Elas descobrem muitas coisas a respeito delas e do mundo, além, de criar inúmeras possibilidades de pensar e agir no mundo.
Quando as crianças comprometem-se com a comunidade de investigação e tudo que a envolve (incluindo um compromisso com o principio da falibilidade) acontece algo ainda mais importante do que o fortalecimento das habilidades de pensamento. As crianças percebem-se numa forma de vida democrática e investigativa que tem significados intrínsecos e exige o cuidado, amor e compromisso. Elas descobrem-se como investigadores cooperativos, pessoas que são intuição, sentimento, maravilhamento, especulativas, criativas, amorosas, que compartilham, e desejam encontrar com os seus colegas e o professor toda a vastidão da experiência humana.
Esta é uma experiência de cuidado baseado na confiança de que independente do que aconteça no mundo externo, comunicação, amor, amizade, solidariedade, criatividade, construção significativa, a partilha de idéias como beleza, justiça, bondade e compaixão, são as questões que realmente importam. Não adianta apenas dizer isto aos jovens; eles têm que vivenciar.
Acabamos de aprender o que é uma Comunidade de Investigação. Pesquise em um dicionário o significado de:
a) Comunidade: ____________________________________________________________________________________________________________________
b) Investigação: ____________________________________________________________________________________________________________________
c) Agora, baseado no texto acima, responda com suas palavras o que é uma Comunidade de Investigação. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3º Momento: aproximadamente 60 minutos.
COMO TRANSFORMAR A SALA DE AULA EM UMA COMUNIDADE DE INVESTIGAÇÃO?
Matthew Lipman iniciou o programa Filosofia para Crianças na década de 1960 nos Estados Unidos e que já está presente em mais de 30 países. No Brasil o programa já está a mais de 40 anos. Muitas escolas desenvolvem projeto inspirados nas Comunidades de Investigação de Matthew Lipman. Um exemplo é o Colégio Santa Dorotéia, Porto Alegre, RS. Em 2011 desenvolveram um projeto filosófico chamado Comunidade de Investigação Filosófica, em que culminou inclusive em um artigo “Dialogando com Lipman sobre Comunidade de Investigação”.
Imagem disponível em: http://www.santadoroteia-rs.com.br/?page_id=1970
Professor, incentive seus alunos a criarem em suas salas de aula uma Comunidade de Investigação, assim como fizeram o colégio Santa Dorotéia. Para se criar a comunidade é necessário, antes de tudo muita disciplina. Seguem algumas dicas:
• ouvir o outro,
• questionar bem,
• pedir critérios, razões e apontar as suposições,
• construir a partir da ideia do outro,
• oferecer contra exemplos,
• questionar as inferências dos outros,
• sugerir pontos de vista alternativos,
• criticar as comparações dos outros,
• ser capaz de entender a visão de mundo dos outros,
• construir novos significados e novas relações,
• desenvolver sensibilidade para com os sentimentos e emoções alheias,
• desenvolver amor pelas habilidades da investigação, especialmente autocorreção,
• seguir o fluxo da investigação.
Desenvolvendo certas habilidades e disposições que conduzem a uma investigação conjunta:
• ouvir atentamente,
• imaginar-se no lugar do outro,
• ter aceitação aos diferentes posicionamentos,
• ter curiosidade, admiração, compaixão pelas outras pessoas e outros modos de vida,
• ter questionamento critico, pensamento cuidadoso,
• ter esforço e humildade intelectual,
• ter senso de solidariedade com a comunidade,
• pensar enquanto possibilidades, projetando um mundo e um ser humano ideal,
• desenvolver amor pela igualdade e razoabilidade.
Não é possível as crianças filosofarem sem que haja uma transformação no autoritarismo tradicional da sala de aula. É necessário que a sala de aula transforme-se numa comunidade democrática e investigativa.
Você está preparado ou ao menos disposto a se preparar para fazer de sua sala uma “Comunidade de Investigação”?
Professor, incentive seus alunos a transformarem a sala em uma Comunidade de Investigação. Divida-os em grupos de 4 ou 5 alunos. Faça a leitura de um trecho de uma novela filosófica (escolha uma compatível com a idade de seus alunos). Após a leitura, oriente-os a discutirem sobre a novela seguindo as dicas apresentadas acima (em tópicos).
Sugestão de novelas com suas respectivas faixas etárias disponíveis em: http://www.philosletera.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=74&Itemid=135
- Entrevista: http://www.santadoroteia-rs.com.br/wp-content/uploads/2011/02/Artigo_site_EPP_2011.pdf
- Filosofia para Crianças: http://www.filosofia.com.br/vi_criancas.php?id=2
- Comunidade de Investigação: http://www.edicoesgil.com.br/educador/filosofia/oqueecomunidade.html
Imagem disponível em: http://fatea.br/fatea/blog/morre-ann-margaret-sharp/
Imagem disponível em: http://indefiniteamore.blogspot.com/2010_12_01_archive.html
Professor, a avaliação desta aula deve ser processual, fundamentada na realização das atividades distribuídas ao longo da aula, assim, será possível verificar se os alunos conheceram um pouco do fundador deste método: Matthew Lipman e o método norte americano chamado Filosofia para Crianças. É necessário verificar se aprenderam o que é uma Comunidade de Investigação e as maneiras de transformar a sua sala em uma Comunidade de Investigação.
Cinco estrelas 1 classificações
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23/06/2012
Cinco estrelasÓtimas aulas. Atendeu às minhas necessidades sobre o programa que busco para trabalhar com professores. Obrigada.