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O problema da desigualdade e o legado histórico do ideal de igualdade entre os homens, a partir da perspectiva de Jean-Jacques Rousseau

 

01/12/2011

Autor e Coautor(es)
Rafael da Cruz Alves
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BELO HORIZONTE - MG Universidade Federal de Minas Gerais

Danilo Araújo Marques; Lígia Beatriz de Paula Germano

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio História Tempo: transformações e mentalidades
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Relações de poder e conflitos sociais
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

 

Nesta aula, o aluno terá a oportunidade de compreender o problema central presente em uma das mais conhecidas obras do pensamento iluminista francês do século XVIII. A partir desta compreensão, será possível, ainda, apreender o legado de ideias deixado por este pensamento filosófico à cultura ocidental, sobretudo em alguns movimentos sociais ocorridos bem após a sua publicação.

Duração das atividades
Três aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

 

É necessário que o professor já tenha trabalhado com os alunos o tema do Iluminismo francês, para, a partir deste grande tema contextual, aprofundar-se na temática da obra proposta nesta aula. É importante, ainda, que os alunos já estejam minimamente familiarizados com os temas da Revolução Francesa, Revolução Americana e Revoluções de 1848 ("Primavera dos Povos"), os quais serão utilizados nesta aula com um enfoque específico.

Estratégias e recursos da aula

 

AULA 1

Introdução

(Como esta primeira aula possui um aspecto mais teórico, é inevitável que sua dinâmica seja mais descritiva. Dessa forma, seria interessante se os assentos dos alunos fossem, na medida do possível, dispostos em forma de semicírculo.)

Primeiramente é necessário esclarecer que, apesar de ser relativamente vasta a produção e os conceitos filosóficos de Jean-Jacques Rousseau, a obra analisada aqui será o Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens e seus desdobramentos filosóficos. Tal esclarecimento tem o objetivo de não tomar a ideia de uma obra por outra (como, por exemplo, a noção de contrato social, que não aparece na obra que se analisará).

O professor deverá introduzir, rapidamente e conforme descrito abaixo, o problema central da obra de Rousseau, a saber: qual seria a origem da desigualdade que aflige os homens? Como se teria dado a sua formação na sociedade?

Feito isto, o professor irá esclarecer que o filósofo faz um movimento que busca retornar a um possível estado de natureza que não necessariamente tenha existido historicamente, mas que vale para a análise filosófica. Segundo Rousseau, o homem em tal estado seria um ser solitário, em harmonia com o meio natural, e que possuiria necessidades ao alcance de sua mão. É interessante frisar que este homem não é um “homem bom por natureza”, uma vez que ele ainda não possuiria preceitos morais por não se utilizar da razão (esta nota é importante para fixar o cuidado de não se incorrer no equívoco de atribuir ao filósofo tal noção de “bondade natural”). Neste estado natural, o homem já possuiria uma primeira forma de desigualdade, que se restringiria aos aspectos naturais − força, idade, sexo, etc. −, mas que não se configuraria na noção de desigualdade como forma de corrupção dos homens, uma vez que proporcionada pela própria natureza.

Continuando, o professor deverá relatar que Rousseau identifica no homem civilizado, em sociedade e já dominador de sua razão, a segunda forma de desigualdade, que consiste em uma desigualdade socialmente construída e diz respeito aos diferentes privilégios que uns usufruem em detrimento de outros. Esta seria a desigualdade social tal qual conhecemos hoje.

O primeiro termo no progresso dessa segunda forma de desigualdade entre os homens seria, segundo o filósofo iluminista, o estabelecimento da propriedade. Daí em diante, incorrer-se-ia, cada vez mais, na crescente distinção entre possuidores e possuídos, ao ponto de se estabelecer o que Rousseau denominou uma sociedade de aparências, tal qual seria a sua realidade francesa monárquica do século XVIII.

 

Jean-Jacques Rousseau

Retrato de Jean-Jacques Rousseau, por Maurice Quentin de la Tour. 

Fonte: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Maurice_Quentin_de_La_Tour_-_Portrait_of_Jean-Jacques_Rousseau_-_WGA12360.jpg

 

Frontispício

Frontispício do Discours sur l’origine et les fondements de l’inegalité parmi les hommes, de 1755.

Fonte: http://www.larousse.fr/encyclopedie/image/JeanJacques_Rousseau_Discours_sur_lorigine_et_les_fondements_de_lin%C3%A9galit%C3%A9_parmi_les_hommes/1311227

 

Desenvolvimento

Após esta necessária introdução, o professor deverá apresentar aos alunos o vídeo disponível no link a seguir, no qual são resumidas algumas noções básicas da ideia de desigualdade proposta por Rousseau:

http:// http://www.youtube.com/watch?v=c569SYIJ-8U

(a despeito do tamanho do vídeo, e pelo motivo de não nos interessar alguns outros trechos, o professor deverá exibir o trecho que vai de 2:17 a 5:00 minutos).

Feita esta exibição, o professor deverá dividir a classe em grupos e, a partir daí, fazer uma reflexão com as seguintes questões:

a) Quais são as formas de desigualdade, existente entre os homens, que são caracterizadas por Rousseau? Há distinção entre elas?

b) Dê três exemplos de cada forma de desigualdade caracterizada por Rousseau.

c) No que diz respeito à segunda forma de desigualdade, você acha que ela ainda é recorrente atualmente? Como?

Ao final da aula, o professor deverá solicitar uma breve apresentação das reflexões de cada grupo para toda a classe.

 

 

AULA 2

Nesta aula, em um primeiro momento, o professor deverá ressaltar que, após caracterizar a desigualdade socialmente construída como a principal forma de desigualdade existente na sociedade civilizada, Rousseau aponta uma possível solução para este mal.

Deverá ser relatado que o filósofo propõe o resgate de algumas características do homem no seu estado de natureza (é importantíssimo ressaltar que Rousseau não propõe o simples retorno ao estado natural, uma vez que isto significaria uma volta a um estado irracional, inviável ao homem civilizado e racional), enfatizando a noção fundamental de igualdade entre os homens (vale lembrar o momento em que Rousseau escreve: realidade monárquica francesa do século XVIII, calcada, sobretudo, em privilégios concedidos aos nobres).

Desenvolvimento

Dito isto, e este é o segundo momento desta aula, o professor irá dividir a classe em três grupos, de maneira que cada grupo trabalhe com um desdobramento histórico que tenha integrado a noção de igualdade como ideal essencial. Procura-se analisar, aqui, o legado (mesmo que indireto) deixado pela noção de combate à perversão do caráter natural de igualdade entre os homens em diferentes experiências históricas.

Cada grupo deverá discorrer sobre a experiência histórica a qual ficou incumbido de analisar, além de enfatizar tanto a ideia de igualdade como um dos fundamentos principais em cada caso, quanto o que era combatido ao se incorporar essa mesma noção.

 

Grupo 1: “Revolução Francesa (1789-1799)”

Este grupo deverá analisar a experiência da Revolução Francesa, bem como discorrer sobre o ideal de igualdade na mesma.

O trabalho deverá basear-se nos seguintes links:

http://www.algosobre.com.br/historia/revolucao-francesa-1789-1799.html

http://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/revolucao-francesa.htm

http://www.infoescola.com/historia/revolucao-francesa/

 

E também na análise pertinente, referente ao ideal de igualdade, das seguintes imagens:

Trois ordres

Les trois ordres.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Troisordres.jpg

 

aspiração á igualdade

Aspiração à igualdade.

Fonte:http://www.fafich.ufmg.br/~luarnaut/Aspirations%20to%20Equality.jpg

 

Grupo 2:  “Revolução Norte-Americana”

Este grupo deverá analisar a experiência da Revolução Norte-Americana, bem como discorrer sobre o ideal de igualdade na mesma.

O trabalho deverá basear-se nos seguintes links:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Americana

http://www.algosobre.com.br/historia/revolucao-americana.html

http://geoclaudia.blogspot.com/2010/11/historia-2-revolucao-norte-americana.html

E também nos vídeos:

http://www.youtube.com/watch?v=_bPZhK8Bacc

http://www.youtube.com/watch?v=5yIWKYWJIhY&feature=related

 

Grupo 3: “Primavera dos Povos (1848)”

Este grupo deverá analisar as experiências europeias da Primavera dos Povos, bem como discorrer sobre o ideal de igualdade nas mesmas.

O trabalho deverá basear-se nos seguintes links:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%B5es_de_1848

http://educacao.uol.com.br/historia/revolucao-de-1848-movimentos-revolucionarios-populares-no-mundo.jhtm

http://www.infopedia.pt/$revolucoes-de-1848

E também na análise pertinente, referente ao ideal de igualdade, das seguintes imagens:

Reencontro com a República.

Reencontro com a República.

Fonte: http://www.fafich.ufmg.br/~luarnaut/paris_1848.jpg

 

Souvenirs des journées de juin 1848.

Souvenirs des journées de juin 1848.

Fonte: http://www.fafich.ufmg.br/~luarnaut/Barriere_Fontainebleau.jpg

 

Os trabalhos deveram ser produzidos em sala de aula, com vistas à apresentação na aula seguinte, quando todos os grupos farão uma exposição de suas respectivas análises, ressaltando, sobretudo, o caráter do ideal de igualdade nas três diferentes experiências europeias dos séculos XVIII e XIX. Além disso, deverá ser entregue um trabalho redigido, também na próxima aula.

 

 

Aula 3

Nesta aula, o professor irá avaliar as apresentações, referentes ao trabalho da aula anterior, de cada grupo, bem como solicitar a redação final. Cada grupo terá o máximo de 15 minutos para a apresentação do trabalho, que, reiterando, deverá destacar o papel da noção de igualdade nas diferentes ações.

 

Conclusão

A partir da dinâmica de compreensão da noção de desigualdade socialmente construída, presente no Discurso sobre a origem da desigualdade de Rousseau, e seus efeitos práticos em diferentes experiências da conjuntura política europeia dos séculos XVIII e XIX, momentos que marcam a transição da Monarquia para o governo republicano em alguns países, os alunos terão condições de perceber o impacto histórico do ideal de igualdade entre os homens, que, diga-se de passagem, não se esgota nas experiências estudadas nesta aula. É digno de nota, também, esclarecer que a ideia de igualdade entre os homens não é fundada pela obra em estudo; entretanto, por sua grande circulação, podemos elencá-la como uma das obras clássicas deste assunto.

Recursos Complementares

 

- Links:

http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/desigualdade.pdf

http://www.senspublic.org/spip.php?article254

 

http://biblioteca.universia.net/html_bura/ficha/params/title/liberdade-igualdade-do-homem-estado-natural-social-segundo-jean-jacques/id/30815163.html

http://academico.direitorio.fgv.br/wiki/Analisando_o_Conceito_de_Igualdade_de_Rousseau

http://www.youtube.com/watch?v=c569SYIJ-8U

 

 

- Livros:

STAROBINSKY, Jean.Jean-Jacques Rousseau: a transparência e o obstáculo. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

NASCIMENTO, Milton Meira do. Reivindicar direitos segundo Rousseau. In: VOUGA, Cláudio; QUIRINO, Célia Galvão; BRANDÃO, Gildo (Org.). Clássicos do pensamento político. São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 2004.

Avaliação

 

A avaliação será realizada em todas as etapas do aprendizado:

- As atividades presentes na primeira aula possibilitarão aos alunos fixarem os conceitos de desigualdade propostos pelo filósofo, bem como formularem uma opinião crítica própria diante da reutilização do conceito atualmente;

- Durante o trabalho em grupo, os alunos serão avaliados segundo a sua capacidade de realizar tarefas coletivas como a interação e o diálogo, o respeito aos diferentes pontos de vista e o consenso entre opiniões divergentes;

- As apresentações serão um meio de se avaliar a capacidade de autonomia dos alunos para a organização de um trabalho consistente, bem como da transmissão, de forma concatenada, do aprendizado adquirido durante as atividades;

- O trabalho final redigido deverá ser avaliado, levando-se em consideração a autonomia dos alunos em se tratando da capacidade de transmissão coerente e consistente de suas opiniões, bem como da pertinência ao assunto estudado.

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