- Conhecer diferentes maneiras/modos de desenhar, bem como constituir ao longo do processo uma concepção do desenho como linguagem. 

- Levar a passear o olhar na análise de diferentes locais e paisagens, vídeos, fotografia, etc, com o intuito de sensibilização estética quanto às criações/produções humanas e naturais do mundo e do entorno. 

- Experimentar e utilizar diferentes materiais e possibilidades na produção de desenhos.

- Propiciar situações significativas para o desenvolvimento da imaginação e criatividade durante a produção de desenhos.  

As proposições serão mais significativas se as crianças tiverem contato prévio com diversas produções simbólicas/artísticas como: catálogos de arte e reproduções de obras de arte. Também sugiro visitas a exposições de arte, visitas a museus e apreciação coletiva de produções estéticas/simbólicas de outras crianças. Faixa etária: Crianças de 4 a 6 anos.  

1° momento:

Em uma conversa na roda – o professor lançará os seguintes questionamentos:

1. O que é desenho? Escutar o que as crianças dizem e anotar em um caderno ou bloco de registros. Aproveitar a oportunidade para chamar a atenção para as diferentes formas dos objetos da sala quanto à cor, forma, espessura. Mostrar, por exemplo, uma cadeira e o desenho de uma cadeira e solicitar que as crianças falem as diferenças. (fazer uma relação entre a fala das crianças e percepção da cadeira como objeto funcional que possui uma forma/estética e, o desenho da cadeira como uma representação da cadeira, uma ideia e/ou planejamento) Todas as cadeiras que existem no mundo são iguais? E quando desejamos desenhar uma cadeira, devemos desenhar ela sempre do mesmo modo? 

Foto da cadeira: 

Imagem disponível em: http://www. lisboacity.olx.pt

Desenho de uma cadeira 

Disponível em: www.artemarcello.arteblog.com.br

O que precisamos para desenhar? Escutar com atenção o que as crianças dizem, pois geralmente anunciam como resposta a essa questão os materiais que utilizam para desenhar como canetinhas de hidrocor, lápis de cor e de escrever, giz de cera, folhas etc. Sugerimos que o professor pegue cada um dos materiais mencionados e coloque no centro da roda, dizendo: Os materiais estão aqui, mas onde está o desenho? Os materiais sozinhos fazem desenhos? Desse modo o professor colocará em evidência que o desenho é uma produção humana, assim como os materiais/recursos utilizados para desenhar, porém só o homem, com toda sua experiência, é capaz de utilizar os materiais e, consequentemente, desenhar. Aproveitar a oportunidade para comentar e mostrar imagens de desenhos encontrados em cavernas durante a Pré-História.  

Imagem desenho rupestre: 

Imagem disponível em: www.portalsaofrancisco.com.br

Lascaux, França - A caverna de Lascaux fica no entorno da vila de Montignac, no sudoeste da França. Ela foi descoberta por quatro jovens amigos que, em 1940, passeavam pela região. Mal sabiam eles que estavam revelando ao mundo uma das maiores galerias de arte do paleolítico. Há 16 mil anos, as paredes de Lascaux foram decoradas com desenhos abstratos e gigantescas pinturas de animais e humanos todas com ricos detalhes que ajudam a contar como viviam nossos antepassados. (informação disponível em: http://wap.viagem.uol.com.br/album/cavernas_100511-f5.htm).

2° Momento:

Organizar com as crianças um passeio pela instituição (espaços externos e internos). Com o objetivo de levar o olhar para passear. Cada criança levará um bloco de notas/desenhos para registrar algo que chamou sua atenção e/ou coisas belas e feias que observou, e também, um saquinho ou bolsa para coletar materiais e/ou objetos.  

NDI-UFSC, Levar a passear o olhar. Luna e Nathália. Crianças de 5 anos, Ano 2009. Fotos: Acervo pessoal. 

Após o passeio, solicitar que as crianças socializem seus registros com o grupo. Pontos de análise: O que encontramos pelo caminho? Que coisas chamaram nossa atenção? Do que gostamos e do que não gostamos? Do que lembramos, mas não registramos (desenho e escrita nos blocos)? Cada criança tirará do seu saquinho, ou bolsa, os objetos que encontrou pelo caminho e selecionou: Pedras, galhos, folhas, papéis, etc. Organizar uma exposição desse material (utilizar mesa, toalhas coloridas, etc.) e combinar um título com as crianças. Organizar com as crianças um cartaz contendo o registro desse momento e fixá-lo próximo aos objetos encontrados pelas crianças

3º momento:  

Conversar com as crianças sobre as diferentes formas de desenhar. Lançar a questão: Por que às vezes afirmamos que gostamos de desenhar e outras negamos? (ressaltar nesse ponto: Que nem tudo o que fazem cabe na pasta de desenhos). Que quanto mais experiências tiverem, mais se relacionarem com outras pessoas e observarem as coisas a sua volta, terão mais idéias para a realização de seus desenhos. (Dica: organizar com as crianças um espaço na sala que sempre lhes permita desenhar em diferentes momentos do dia).  

Listar com as crianças os materiais disponíveis na sala e em outros espaços que podem ser utilizados para produzir seus desenhos. (no sentido de trabalhar a ideia de que o desenho não é feito somente em folhas).

Depois de listar os materiais, disponibilizá-los as crianças para que cada uma escolha o material adequado dependo do que deseja desenhar.

 NDI-UFSC. Desenhando com pedras. Crianças de 5 anos. Ano: 2009. Fotos do acervo pessoal.  

NDI-UFSC. A grande Tela. Gil, aos 5 anos. Ano 2009. Fotos do acervo pessoal. 

NDI-UFSC. Desenhando em papéis de diferentes tamanhos. Crianças de 5 anos. Ano: 2009. Fotos do acervo pessoal.  

NDI-UFSC. Desenhando em papéis de diferentes tamanhos. Crianças de 5 anos. Ano: 2009. Fotos do acervo pessoal

4º Momento:

Pensar com as crianças diferentes formas de expor e documentar seus desenhos ao longo do ano. Como: a) Confeccionar um livro utilizando revistas antigas para colar seus desenhos. b) Confeccionar um fichário para organizar suas fotos e desenhos ao longo do ano. c) voltar aos desenhos sempre que desejarem para continuá-los e incrementá-los. d) Oportunizar situações em que as crianças possam desenhar utilizando lápis de escrever e borracha com o intuito de refinar seus traços (constituindo a ideia de que ninguém nasce sabendo desenhar e que podemos aprender e melhorar cada vez mais nossos traços na relação com os outros – parceiros mais experientes). e) criar situações significativas para que as crianças aprendam a utilizar e cuidar dos materiais (colas, tintas, folhas, canetinhas, papéis, tesouras, etc.). f) em vez de apenas dar desenhos xerocados para as crianças colorirem, que tal fotocopiar os desenhos das crianças para que outros colegas possam colorir e/ou incrementar? Substituir imagens e/ou decorações feitas por adultos, representados por painéis prontos, muitas vezes semelhantes aos painéis utilizados em festas infantis - por que não utilizar os desenhos feitos por crianças?

É necessário que o professor e a instituição valorize as produções simbólicas das crianças para que o desenho não seja apenas utilizado como um instrumento para ensinar isto ou aquilo, ou ainda uma etapa anterior a escrita. A perspectiva aqui defendida, é aquela que considera o desenho como uma linguagem e que precisa ser desenvolvida também em sua especificidade. 

NDI-UFSC. Caderno de desenhos com revistas antigas. Ano 2011. Fotos do acervo pessoal. 

NDI-UFSC. Socializando nossos desenhos. Crianças de 5 anos. Ano 2009. Fotos do acervo pessoal.  

NDI-UFSC. Fichário de Desenhos. Joana e Laura. Crianças de 6 anos. Ano 2011. Fotos do acervo pessoal.  

DAY, Gisele. A produção de desenhos na proposta pedagógica para a Educação infantil: Que lugar ocupam as crianças? Dissertação de Mestrado: Centro de Educação/Universidade Federal de Santa Catarina, 2008.  

CUNHA, Susana Rangel Vieira. As imagens na Educação Infantil: Uma abordagem a partir da Cultura Visual. Disponível em: http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/zeroseis/article/view/10896  

VIANNA. Maria Letícia Rauen. Desenhos estereotipados: um mal necessário ou é necessário acabar com este mal? Disponível em: http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=38

VIGOTSKI, Lev Semionovitch. Imaginação e Criação na infância. Trad. Zoia Prestes. São Paulo: Editora Ática, 2009.  

A avaliação tomará como base os registros e documentação feita pelo professor ao longo do processo e levará em conta os objetivos elencados e a participação das crianças ao longo do processo. Como desenhavam antes da realização das proposições e como desenham agora? O que pensavam em relação ao desenho antes e o que pensam agora? Em que momentos expressam e/ou revelam que as questões trabalhadas foram ou não significativas?