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UCA - Soneto verbal, soneto visual: variedades para um formato

 

19/12/2011

Autor e Coautor(es)
Rodrigo Santos de Oliveira
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BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO PEDAGOGICO

Prof.Dr.Luiz Prazeres

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produção de textos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Identificar os elementos estruturais do gênero soneto.
  • Identificar e analisar a pluralidade de temas que circulam dentro do formato soneto.
  • Identificar a recorrência e distribuição de vários tipos de rimas ao longo dos versos num soneto.
  • Identificar e analisar a recorrência da metalinguagem na composição temática e estrutural de um soneto.
  • Identificar, analisar e produzir um texto expositivo sobre as propriedades estruturais e efeitos de sentido em sonetos visuais.
  • Identificar elementos linguísticos presentes em títulos de sonetos visuais.
  • Criar um soneto visual.
Duração das atividades
2 a 3 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Antes de iniciar a aula, é importante que o professor aborde a recorrência, permanência e diversidade de tipos poéticos oriundos do gênero lírico, dentre eles o soneto, e como esse gênero está presente ao longo de vários períodos da literatura brasileira (muito cultuado por Vinicius de Moraes) e estrangeira (cultuado por Camões).

Para análise do material a ser trabalho, é importante que os alunos dominem os conceitos de metalinguagem, ambiguidade, intertextualidade, polissemia e a leitura de textos poéticos em geral.

Estratégias e recursos da aula

Atividade 1 – Soneto: uniformidade múltipla

O objetivo desta atividade é identificar elementos estruturais que compõem o gênero soneto, bem como apresentar e discutir a diversidade temática proposta por vários escritores para esse formato fixo.

 

O soneto é oriundo da poesia lírica clássica e, por isso, apresenta certa regularidade métrica: constitui-se de dois quartetos e dois tercetos, com quatorze  versos que podem ser escandidos (divididos) em decassílabos ou alexandrinos (doze sílabas poéticas). Dentre as temáticas abordadas nesse gênero, há certa variedade conforme a época em que foram produzidas e de acordo com o projeto literário e estilístico de cada escritor. Assim, é possível encontrar nos sonetos desde declarações de amor a um ente afetivo ou, até mesmo, queixa, resignação acerca de um amor perdido /  uma desilusão amorosa, além de ser recorrente o registro de alguma outra situação melancólica, nostálgica, sensitiva ou reflexiva que acomete o sujeito poético.

Um dos recursos da forma clássica mais evidenciado no formato soneto é a utilização de rimas.

 

Rima: é um dos recursos rítmicos mais utilizados em textos poéticos. Ela é construída a partir de uma combinação sonora entre vogais e consoantes presentes no interior ou ao final dos versos.

Rima consoante: é a que apresenta semelhanças sonoras mais amplas, que abrangem consoantes e vogais (ex: segredo, medo, crescente, dolente).

Rima toante: é a que apresenta semelhança somente na vogal tônica, sem a coincidência de outras vogais e consoantes idênticas. (ex: guerra, leve, pranto, ávido).

Rimas pobres: são as que pertencem à mesma classe gramatical (ex: alegremente, delicadamente).

Rimas ricas: são as que pertencem a classes gramaticais distintas (ex: lua, nua, aquela, amarela).

 

Esquema de rimas:

Rimas emparelhadas ou geminadas (AABB): como o próprio nome sugere, elas aparecem aos pares ao longo de cada verso distribuído na estrofe.

Rimas intercaladas (A_ _A): aparecem de forma interpolada, ou seja, em versos que se encontram em partes estremas da estrofe.

Rimas entrelaçadas (ABAB): aparecem de forma alternada ao longo da estrofe.

 

Em geral, o soneto possui a forma fixa de rimas intercaladas que variam segundo a classificação ABBA, ABBA, CDC, DCD.

 

Para a atividade a seguir,o professor deverá enviar um arquivo com sonetos de várias épocas e variados autores.

Em seguida, os alunos, em duplas, deverão identificar os elementos estruturais do soneto (estrofes, rimas e escansão). Para assinalar as rimas, os alunos podem definir uma cor (nas ferramentas do Word) específica para marcar a distribuição e recorrência ao longo das estrofes.

É importante que os alunos, ao final de cada poema, façam um breve resumo sobre o que trata o texto e, ao final, uma listagem com os temas mais recorrentes na coletânea enviada.

 

TRISTE BAHIA

Gregório de Matos

 

Triste Bahia! ó quão dessemelhante

Estás e estou do nosso antigo estado!

Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,

Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

 

A ti trocou-te a máquina mercante,

Que em tua larga barra tem entrado,

A mim foi-me trocando, e tem trocado,

Tanto negócio e tanto negociante.

 

Deste em dar tanto açúcar excelente

Pelas drogas inúteis, que abelhuda

Simples aceitas do sagaz Brichote.

 

Oh se quisera Deus, que de repente

Um dia amanheceras tão sisuda

Que fora de algodão o teu capote!

 

ELE OU EU

Cláudio Manuel da Costa

 

Não te cases com Gil, bela serrana;

Que é um vil, um infame, um desastrado;

Bem que ele tenha mais devesa, e gado,

A minha condição é mais humana.

 

Que mais te pode dar sua cabana,

Que eu aqui te não tenha aparelhado?

O leite, a fruta, o queijo, o mel dourado;

Tudo aqui acharás nesta choupana:

 

Bem que ele tange o seu rabil grosseiro,

Bem que te louve assim, bem que te adore,

Eu sou mais extremoso, e verdadeiro.

 

Eu tenho mais razão, que te enamore:

E se não, diga o mesmo Gil vaqueiro:

Se é mais, que ele te cante, ou que eu te chore.

 

XIII

Olavo Bilac

 

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo

Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,

Que, para ouvi-las, muita vez desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...

 

E conversamos toda a noite, enquanto

A Via Láctea, como um pálio aberto,

Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.

 

Direis agora: "Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão contigo?"

 

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas."

 

SONETO DA PREGUIÇA

Álvares de Azevedo

 

Ao sol do meio-dia eu vi dormindo

Na calçada da rua um marinheiro,

Roncava a todo o pano o tal brejeiro

Do vinho nos vapores se expandindo!

 

Além um Espanhol eu vi sorrindo,

Saboreando um cigarro feiticeiro,

Enchia de fumaça o quarto inteiro...

Parecia de gosto se esvaindo!

 

Mais longe estava um pobretão careca

De uma esquina lodosa no retiro

Enlevado tocando uma rabeca!

 

Venturosa indolência! não deliro

Se morro de preguiça... o mais é seca!

Desta vida o que mais vale um suspiro?

 

SONETO DA MORTE

Alphonsus de Guimaraens Filho

 

Entre pilares podres e pilastras

fendidas, te revi subitamente;

eras a mesma sombra em que te alastras,

feita carícias de uma face ausente.

 

Eras, e me afligias. Tormentosa,

vi-te crescer nos muros desabados.

Cruel, cruel; contudo, mais saudosa,

mais sensível que os céus e os descampados.

 

Bolor, pátina espessa, calmaria,

vi-te a sofrer no fundo da cidade

como um grande soluço percutindo

 

sobre os olhos, as mãos e a boca fria.

E de repente um grito de saudade.

Depois a chuva, sem cessar, caindo.

 

SONETO DO AMOR TOTAL

Vinicius de Moraes

 

Amo-te tanto, meu amor... não cante

O humano coração com mais verdade...

Amo-te como amigo e como amante

Numa sempre diversa realidade.

 

Amo-te afim, e um calmo amor prestante

E te amo além, presente na saudade

Amo-te, enfim, com grande liberdade

Dentro da eternidade e a cada instante.

 

Amo-te como um bicho, simplesmente

De um amor sem mistério e sem virtude

Com um desejo maciço e permanente.

 

E de te amar assim, muito e amiúde

É que um dia em teu corpo, de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude.

 

SOB A TUA SERENIDADE...

Cecília Meireles

 

Não me ouvirás... É vão... Tudo se espalha

pelos ermos de azul... E permaneces

sobre o vale das súplicas e preces

com solenes grandezas de muralha...

 

Minha alma, sem Te ouvir nem ver, trabalha

tranqüila. Solidão... Desinteresses...

Por que pedir? De tudo que me desses

nada servira a esta existência falha...

 

Nada servira, agora... E, noutra vida,

oh! noutra vida eu sei que terei tudo

que há na paragem bem-aventurada...

 

Tudo, - porque eu nasci desiludida,

e sofri, de olhos mansos, lábio mudo,

não tendo nada e não pedindo nada...

 

DIVISAMOS ASSIM O ADOLESCENTE

Mário Faustino

 

Divisamos assim o adolescente,

A rir, desnudo, em praias impolutas.

Amado por um fauno sem presente

E sem passado, eternas prostitutas

Velavam por seu sono. Assim, pendente

O rosto sobre o ombro, pelas grutas

Do tempo o contemplamos, refulgente

Segredo de uma concha sem volutas.

Infância e madureza o cortejavam,

Velhice vigilante o protegia.

E loucos e ladrões acalentavam

Seu sono suave, até que um deus fendia

O céu, buscando arrebatá-lo, enquanto

Durasse ainda aquele breve encanto.

 

OLHOS NUNS OLHOS

Gilka Machado

 

De onde vêm, aonde vão teus olhos, criança,

tão cansados assim de caminhar?

dessa tua existência nova e mansa

como pode provir um tal pesar?

 

A alma de fantasia não se cansa!

nunca existiu tristeza nesse olhar;

é que a minha mortal desesperança

te olha e nos olhos teus vai se espelhar.

 

Com toda a vista em tua vista presa,

penso: uma dor tão dolorosa assim

só há na minha interna profundeza...

 

Não me olhes mais, formoso querubim!

que vejo nos teus olhos a tristeza

dos meus olhos olhando para mim.

 

SONETERAPIA 2

Augusto de Campos

 

tamarindo da minha desventura

não me escutes nostálgico a cantar

me vi perdido numa selva escura

que o vento vai levando pelo ar

 

se tudo o mais renova isto é sem cura

não me é dado beijando te acordar

és a um tempo esplendor e sepultura

porque nenhuma delas sabe amar

 

somente o amor e em sua ausência o amor

guiado por um cego e uma criança

deixa cantar de novo o trovador

 

pois bem chegou minha hora de vingança

vem vem vem vem vem sentir o calor

que a brisa do brasil beija e balança

 

SONETO DA REDONDILHA REDUNDANTE

Glauco Mattoso

 

Da nojeira e da meleca

eu jamais me desvencilho.

Mas fugir posso do deca

e sujar o sonetilho.

 

De quem mija e quem defeca

a falar sempre me pilho.

Mas a fonte às vezes seca,

perde a estrela o próprio brilho.

 

Por que não obrar num verso

mais curtinho e num diverso

molde estrófico cagar?

 

À sujeira não me furto:

também, pois, farei do curto

sonetilho seu lugar.

 

Poemas retirados dehttp://www.elsonfroes.com.br/osoneto.htm

 

Soneto

Chico Buarque

 

Por que me descobriste no abandono

Com que tortura me arrancaste um beijo

Por que me incendiaste de desejo

Quando eu estava bem, morta de sono

 

Com que mentira abriste meu segredo

De que romance antigo me roubaste

Com que raio de luz me iluminaste

Quando eu estava bem, morta de medo

 

Por que não me deixaste adormecida

E me indicaste o mar com que navio

E me deixaste só, com que saída

 

Por que desceste ao meu porão sombrio

Com que direito me ensinaste a vida

Quando eu estava bem, morta de frio

Disponível em: http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=soneto_72.htm

 

Atividade 2 – Soneto em metapoemas e canção

Nesta atividade, o professor acompanhará uma interpretação coletiva sobre as concepções dos poetas em relação ao gênero soneto. E, ao final, deverá ser promovido um debate sobre a referência ao gênero em uma canção de Chico Buarque em parceria com Tom Jobim.

 

O soneto

Cruz e Sousa

 

Nas formas voluptuosas o Soneto

tem fascinante, cálida fragrância

e as leves, langues curvas de elegância

de extravagante e mórbido esqueleto.

 

A graça nobre e grave do quarteto

recebe a original intolerância,

toda a sutil, secreta extravagância

que transborda terceto por terceto.

 

E como singular polichinelo

ondula, ondeia, curioso e belo,

o Soneto, nas formas caprichosas.

 

As rimas dão-lhe a púrpura vetusta

e na mais rara procissão augusta

surge o sonho das almas dolorosas...

 

Soneto e sono

Aloísio de Carvalho

 

É pena, mas nem sempre a gente é dono

Do seu querer, senhor do seu nariz...

Eu, por exemplo, agora: estou com sono

Que meu verso fielmente não vos diz!

 

Deixo correr a pena no abandono,

O que, afinal, é próprio do país...

Sétimo verso... Oitavo eu adiciono;

E se fizer catorze, sou feliz.

 

Quero dormir, não posso. Ainda faltam

Cinco versos p'ra o termo de um soneto,

Cisões, noivados, ruas que se asfaltam...

 

Que mistura! Afinal, só faltam dois!

Com sono, tudo serve num terceto...

Vou dormir... Boa noite! Até depois!

Disponível em: http://www.elsonfroes.com.br/pag10.htm

 

Oficina irritada

Carlos Drummond de Andrade

 

Eu quero compor um soneto duro

como poeta algum ousara escrever.

Eu quero pintar um soneto escuro,

seco, abafado, difícil de ler.

 

Quero que meu soneto, no futuro,

não desperte em ninguém nenhum prazer.

E que, no seu maligno ar imaturo,

ao mesmo tempo saiba ser, não ser.

 

Esse meu verbo antipático e impuro

há de pungir, há de fazer sofrer,

tendão de Vênus sob o pedicuro.

 

Ninguém o lembrará: tiro no muro,

cão mijando no caos, enquanto Arcturo,

claro enigma, se deixa surpreender.

Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/1895286

 

Soneto da quinta rima

Glauco Mattoso

 

Camões pôs, no quarteto, o ABBA,

esquema insuperável para a rima.

Contudo, outros esquemas haverá

capazes de cair na minha estima...

 

Mais visto em Portugal do que por cá,

o velho ABBA já deu-me o clima

propício. ABAB também mo dá:

seu passo da quadrinha se aproxima...

 

Em vez de CDC e de DCD,

terceto em CCD mais EED

segredo é do riquíssimo arremate...

 

Porém o decassílabo prossegue,

pois tem valor igual, não há quem negue,

ao cravo na sonata de Scarlatti...

Disponível em: http://www.elsonfroes.com.br/pag10.htm

 

Canção para debate coletivo:

 

Retrato em branco e preto

Chico Buarque e Tom Jobim

 

Já conheço os passos dessa estrada

Sei que não vai dar em nada

Seus segredos sei de cor

Já conheço as pedras do caminho

E sei também que ali sozinho

Eu vou ficar, tanto pior

O que é que eu posso contra o encanto

Desse amor que eu nego tanto

Evito tanto

E que no entanto

Volta sempre a enfeitiçar

Com seus mesmos tristes velhos fatos

Que num álbum de retratos

Eu teimo em colecionar

 

Lá vou eu de novo como um tolo

Procurar o desconsolo

Que cansei de conhecer

Novos dias tristes, noites claras

Versos, cartas, minha cara

Ainda volto a lhe escrever

Pra lhe dizer que isso é pecado

Eu trago o peito tão marcado

De lembranças do passado

E você sabe a razão

Vou colecionar mais um soneto

Outro retrato em branco e preto

A maltratar meu coração

Disponível em: http://www.chicobuarque.com.br/construcao/mestre.asp?pg=retratoe_68.htm

 

Atividade 3 – Sonetos visuais

Nesta atividade, os alunos deverão analisar os efeitos estéticos / de sentido que o formato soneto adquire em um poema visual.

 

É interessante que o trabalho seja feito em duplas e o que os alunos identifiquem como o formato do soneto (estrutura, contagem e distribuição das estrofes e versos) visual está atrelado à distribuição das “rimas gráficas”, também é necessário relacionar a ideia estabelecida entre o título e a estética proposta pelo autor de cada texto.

É fundamental que os alunos observem os efeitos de polissemia, ambiguidade e / ou metalinguagem propostos pelo título, pois esses estão agregados ao sentido global do poema.

Pode ser sugerida a escrita de pequenos textos expositivos, analíticos sobre o poema a partir dos aspectos anteriores e demais itens estudados sobre o gênero poema.

 

Soneto digital

Soneto digital (1978) – Fernando Aguiar

http://ocontrariodotempo.blogspot.com/2011_01_01_archive.html

 

O texto apresenta a imagem de vários dedos que se alternam dentro e ao longo das estrofes demarcadas estruturadas conforme o aspecto compósito do soneto convencional (14 versos distribuídos em 2 quartetos e dois 3 tercetos). O aluno deverá identificar que há, dentro das estrofes, marcadores gráficos para designar uma mesma “rima gráfica”. No primeiro quarteto, por exemplo, há dois dedos iguais supostamente masculinos e de uma pessoa adulta e para representar as outras rimas intercaladas são utilizados dedos menores (supostamente de uma criança). E o texto seguirá a orquestração: para cada quarteto / terceto com dedos masculinos intercalados há, em seguida, um quarteto / terceto com dedos femininos também intercalados, de maneira respectiva. De forma ambígua, o título do poema remete tanto para o suporte onde o texto foi veiculado (meio digital) quanto para o verso / produto estético (dedos).

 

Soneto das Ditaduras

Soneto das Ditaduras (2009) – Tchello d’Barros

http://tchellodbarros-poesiavisual.blogspot.com/

 

O texto de Tchello d’Barros segue o formato convencional do soneto escrito (14 versos, dois quartetos, dois tercetos), porém não demonstra oscilação tão demarcada entre as “rimas gráficas”, o que corrobora a amplitude do título do texto “Soneto das Ditaduras”, que faz alusão ao período histórico que atingiu muitos países da América Latina e que, pelas marcas de tiros distribuídas no corpo do poema, possivelmente revela que todas as ditaduras fizeram uso das mesmas formas coercitivas de censura, tortura, punição e prática de exílio, por exemplo. Ou que, metaforicamente, qualquer opressão ditatorial faz uso de formatos distintos para impor a mesma prática de imposição de poder, de controle e de punição.

 

 

Soneto alado

Soneto alado (2004) – Tchelo d’Barros

http://tchellodbarros-poesiavisual.blogspot.com/

 

O soneto de Tchello d’Barros apresenta a oscilação dos pássaros em fios da rede elétrica, que representam o próprio verso e as “rimas grafadas” são internas, uma vez que estão representadas pela variação sequencial dos pássaros nos fios.

 

Soneto Luxo / Lixo

Soneto de lixo com moldura de luxo (Homenagem a Augusto de Campos) (1989) – Fernando Aguiar

http://ocontrariodotempo.blogspot.com/2010/11/fernando-aguiar-poesia-visual-1972-2005.html

 

Para a leitura do poema anterior, os alunos devem iniciá-la por meio do título, que faz um pastiche (uma homenagem estética) ao poema concreto “Luxo”, de Augusto de Campos. Seria interessante a comparação entre os dois textos. No texto referencial, a palavra lixo é construída por meio das várias palavras “luxo”, que é uma proposta da tendência concretista em explorar os estratos fônicos e polissêmicos das letras e léxico da língua portuguesa. A releitura feita por Fernando Aguiar emoldura o lixo dentro da palavra luxo, denotando o consumismo excessivo e revelando que esse contribui para o aumento desenfreado do lixo. Fazendo uma leitura mais minuciosa de cada estrofe, composta por uma mesma letra, pode-se aludir que o texto sugere – pela organização dos quartetos e tercetos – a prática consciente para coleta seletiva, uma vez que essa também “enquadra” o lixo segundo divisões e proporciona a reciclagem de itens pertencentes à mesma matéria-prima.

 

Soneto Soma

 

Soneto soma 14x (1963) – E.M de Melo e Castro

http://carruagem23.blogspot.com/2011/05/com-letras-e-numeros-em-abraco.html

 

No texto de E.M de Melo e Castro, cada verso - com exceção do último - apresenta a soma de 14, que é, em geral, o número total de versos em um soneto.

 

Atividade 4 – Criação de sonetos visuais

Para esta atividade, os alunos (em grupo de no máximo 4 integrantes) deverão pesquisar vários sonetos visuais no Google imagens, ou observar os textos estudados na atividade anterior e, assim, deverão pensar em algum conceito / imagem / palavra que pode ser aplicada à estrutura do soneto.

É interessante que os alunos explorem o recurso dos esquemas das “rimas gráficas” e utilizem os efeitos de metalinguagem, ambiguidade ou polissemia para o título escolhido / ideia elaborada.

O material pode ser fotografado e postado numa rede social, como o Facebook, ou site da escola.

Recursos Complementares

MORICONI, Ítalo. (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

 

História do soneto e muitos exemplos de sonetos da literatura brasileira e estrangeira: http://www.elsonfroes.com.br/osoneto.htm

Sonetos de escritores contemporâneos: http://www.recantodasletras.com.br/sonetos/?&pag=8

Avaliação

As avaliações ocorrerão de forma processual, ao longo de todas as atividades ministradas, as quais contemplam o desenvolvimento das habilidades de leitura participativa e identificatória de elementos linguísticos e conceituais e criação. Porém é necessário:

  • Avaliar o interesse e disposição dos alunos para executarem as atividades em grupo e em duplas.
  • Avaliar a percepção e compreensão dos alunos em relação aos conceitos estruturais do soneto.
  • Avaliar a percepção e compreensão dos alunos dos elementos estruturais e estilísticos presentes nos sonetos visuais.
  • Avaliar a produção da paráfrase feita a partir de um poema de Manuel Bandeira ou algum texto de um autor dos anos 1990.
  • Avaliar os sonetos visuais criados pelos alunos.
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