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Eclipses ao Longo dos Séculos - Ciências, Civilizações e Curiosidades

 

16/04/2012

Autor e Coautor(es)
Norma Teresinha Oliveira Reis
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BRASILIA - DF Ministério da Educação

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Ciências Naturais Terra e universo
Ensino Fundamental Final História Relações sociais, a natureza e a terra
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Ciências Naturais Visões de mundo
Ensino Médio Física Universo, terra e vida
Ensino Médio História Tempo: transformações e mentalidades
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  1. Observar um eclipse do Sol e/ou da Lua.
  2. Estudar conhecimentos teóricos referentes ao mecanismo dos eclipses solares e lunares.
  3. Utilizar o método científico para efetuar registros referentes à observação do fenômeno.
  4. Empregar o método da projeção para observar eclipses de forma segura.
  5. Explorar histórias de como civilizações em diferentes idades históricas entendiam e reagiam aos eclipses.
  6. Desenvolver habilidades de apresentação de resultados de pesquisa, utilizando vídeos.
  7. Produzir um painel artístico em equipes, sobre o tema eclipses.
     
Duração das atividades
04 aulas de 50 minutos cada
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • Sistema Solar
Estratégias e recursos da aula

Introdução

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), destinados aos ciclos finais do ensino fundamental, na área de Ciências Naturais, no eixo temático "Terra e Universo", recomendam a observação direta do céu como ponto de partida no ensino de Astronomia:

"No desenvolvimento desses estudos [Astronomia], é fundamental privilegiar atividades de observação e dar tempo para os alunos elaborarem suas próprias explicações. Por exemplo, nos estudos básicos sobre o ciclo do dia e da noite, a explicação científica do movimento de rotação não deve ser a primeira abordagem sobre o dia e a noite, o que causa muitas dúvidas e não ajuda a compreensão do fenômeno observado nas etapas iniciais do trabalho" (p. 62).

O estudo de Astronomia está também previsto nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio – Ciências, Matemática e suas tecnologias:

“(...) o estudo da gravitação é uma excelente oportunidade para discutir temas da astronomia em seus aspectos físicos, históricos e filosóficos" (p. 56).

Além disso, o ensino de Astronomia está previsto nos Parâmetros Curriculares Nacionais para a área de Ciências Humanas e suas Tecnologias no Ensino Médio, de forma integrada ao ensino de história, quando, por exemplo, aborda-se o conceito de tempo histórico:

“O tempo histórico pode ser compreendido em toda sua complexidade, ultrapassando sua apreensão a partir das vivências pessoais, psicológicas ou fisiológicas. No nível médio de ensino, é preciso igualmente que o tempo histórico seja entendido como objeto da cultura, como criação de povos em diversos momentos e espaços. É da cultura que nascem concepções de tempo tão diferenciadas como o tempo mítico, escatológico, cíclico, cronológico, noções sociais criadas pelo homem para representar as temporalidades naturais, expressas nos tempos geológico e astronômico. Não se pode esquecer, ainda, que mesmo o tempo natural reveste-se de um caráter cultural, quando apropriado pela Geologia e pela Astronomia, enquanto ciências socialmente criadas" (p. 23).

Atividades de observação do céu abrem janelas para que o aluno contemple a beleza do Universo, dimensionando e situando o planeta Terra na imensidão cósmica, o que pode inspirar o estudante a se interessar por conteúdos das áreas científicas e, talvez, motivá-lo a considerar carreiras nas áreas de ciência e tecnologia. Entretanto, devido ao horário em que as aulas acontecem, torna-se um desafio reunir os alunos à noite para tal atividade. Considerando essa realidade, uma recomendação é que os alunos sejam instruídos para realizar as observações em suas residências. Também é necessário prever que, caso os alunos sejam envolvidos em um trabalho de observação do céu durante a madrugada, devem ser liberados pelo menos de algumas aulas no período da manhã, a fim de que possam repousar. Para escolas noturnas o trabalho se torna mais fácil, uma vez que algumas observações podem ser realizadas no período em que os estudantes ainda estão na escola. Em qualquer caso, o essencial é oportunizar ao aluno essa experiência singular que nem o livro didático, nem os inúmeros sítios da internet propiciam. Outra possibilidade é a observação do Sol durante o dia, por meio do método da projeção. Nessa sugestão de aula, apresentamos um método para observação do Sol por meio de projeção, utilizando um aparato simples de ser construído e de baixo custo, além de proposta de exploração de um material que conta diversas histórias de eclipses do Sol e da Lua ao longo dos séculos.

1. NA SALA DE AULA - Observando eclipses do Sol e da Lua
 
O professor mostra aos alunos dois vídeos sobre eclipses, e pergunta se eles já tiveram alguma vez a oportunidade de observar um eclipse, incentivando-os a compartilhar suas experiências.
 
Eclipse total do Sol:
http://www.youtube.com/watch?v=VGMotGL875M&feature=related  
http://www.youtube.com/watch?v=-BmrFY5quq4&feature=fvwrel  
Eclipse total da Lua: http://www.youtube.com/watch?v=RKVZmNB88KA

eclipse
 
Eclipses solares ocorrem quando a Lua, em conjunção (ou seja, entre o Sol e a Terra) cruza o plano da eclíptica. Eclipses lunares, por sua vez, ocorrem quando a Terra projeta sua sombra na superfície da Lua. É importante também que o professor exiba ao aluno alguns vídeos que mostrem como ocorrem esses mecanismos:  
 
Eclipse lunar: http://www.youtube.com/watch?v=O4shnr7xoQo
Eclipse solar: http://www.youtube.com/watch?v=d1WB2LhA9sY
 
Na sequência, o professor utiliza o material “Eclipses ao Longo dos Séculos”, http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000014522.pdf, página 9, seção 5: “Base científica”, e outros materiais impressos ou online, para explicar em maiores detalhes o mecanismo dos eclipses solares e lunares.

Mais informações:
http://astro.if.ufrgs.br/eclipses/eclipse.htm  
http://eclipse.gsfc.nasa.gov/eclipse.html (em inglês)
http://www.zenite.nu?eclipse  
http://www.cdcc.usp.br/cda/aprendendo-basico/eclipses-solares-lunares/eclipses-solares-lunares.htm
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u9121.shtml  
 
Para conferir quando ocorrerão os próximos eclipses do Sol ou da Lua, acesse o sítio: www.zenite.nu?encontreseueclipse
É importante explicar ao aluno que eclipses solares e lunares só ocorrem quando alinhamentos específicos entre Sol, Lua e Terra os permitem. Assim, os eclipses são fenômenos relativamente raros e, os eclipses solares totais, mais raros ainda.

2. NO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA - Eclipses ao Longo dos Séculos

No laboratório de informática, os alunos acessam o artigo “Eclipses ao Longo dos Séculos”, http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000014522.pdf. Esse artigo apresenta uma vasta gama de histórias de eclipses ao longo da história das civilizações, mostrando as diferentes reações e interpretações das pessoas ao fenômeno. Com base na exploração desse material, os alunos elaboram em equipes uma peça de teatro a ser exibida na escola, ou um texto sobre a influência dos eclipses sobre as civilizações em um período histórico específico - como a Idade Média, por exemplo. Os seguintes passos podem ser adotados:

a) Conscientização sobre trabalho em equipe. Antes de iniciar o trabalho, o professor discute com a classe a importância de que os membros das equipes trabalhem efetivamente juntos; de que realizem a pesquisa em conjunto – ao invés de simplesmente “juntar partes” elaboradas individualmente. Para essa finalidade, o professor deve chamar a atenção para o fato de que todos os membros da equipe devem ser estimulados a expressar suas opiniões. Não importa se um aluno é “mais tímido” ou “mais falante”. Mesmo que ele não manifeste sua opinião, é função do “líder” da equipe solicitar a fala de todos os membros da equipe, ao invés de “dar ordens”. Explicar que, além de eles estarem preparando uma produção, estarão também aprendendo a trabalhar em equipe e, por isso, o professor estará ali também para orientá-los e corrigi-los nesse sentido. Para facilitar esse trabalho, o professor pode criar um blog intitulado “Trabalhando em equipe”, onde os alunos, mesmo sem se identificar, podem expressar o que têm achado positivo e negativo nas atividades em equipe, além de sugestões para melhoria do trabalho coletivo. Além disso, o professor orientaria os alunos de que, em cada trabalho em equipe que for realizado, um “líder” diferente deve ser “eleito”. Isso significa que, ao longo do ano, todos os alunos teriam experimentado a condição de “liderado” e de “líder”. Esclarecer ainda que o “líder de equipe” apenas atua como um facilitador, um coordenador, otimizador de esforços. Ele não “dá ordens”; pois, se o trabalho é de todos, o poder de decisão é sempre da equipe, e não de uma pessoa em particular. Assim, o mecanismo a ser utilizado quando surgirem divergências acerca de um determinado tema, é a votação. Preferencialmente, a votação deve ser feita por escrito e sem identificação de nomes, para evitar que os alunos se sintam temerosos em votar em uma posição que possa ir de encontro à opinião do “líder”. Por último, mas não menos importante, o professor se coloca à disposição para monitorar o processo de trabalho em equipe, esclarecendo que nenhuma forma de bullying será tolerada, uma vez que isso fere os direitos das outras pessoas. Assim, as relações entre os alunos nos trabalhos em equipe devem ser de harmonia e colaboração, bem como de respeito às diferenças, sejam elas de que natureza forem.

a) Leitura de artigo. Os eclipses foram interpretados de forma bastante diversa por diferentes civilizações ao longo dos séculos. No laboratório de informática, os alunos acessam em equipes, o artigo intitulado "Eclipses ao Longo dos Séculos", disponível em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000014522.pdf

Eles devem observar na leitura que, durante a história, os eclipses solares e lunares foram associados a diversos acontecimentos. De acordo com diferentes crenças das pessoas em tempos antigos, eles poderiam indicar prenúncio de derrota ou vitória em uma batalha, por exemplo. Houve até mesmo uma situação em que uma guerra foi interrompida devido a um eclipse que foi percebido como um sinal dos deuses de que aquela luta deveria cessar. Os fenômenos poderiam também indicar que um rei estava decadente e logo seria destronado... "Quando a virtude começa a acabar em um reinado, é sinal de que ele deverá ser logo substituído por outro". Em algumas circunstâncias, até mesmo casamentos foram celebrados devido à suposta influência desses belos fenômenos celestes. Na maioria dos casos, os eclipses eram considerados sinais de mau agouro. Assim, houve um rei que associou um eclipse total do Sol à sua morte, que deveria estar próxima e, de tal modo ele acreditou em suas próprias palavras, que acabou mesmo logo morrendo. A mente humana é capaz de feitos inimagináveis! Quando realmente nos concentramos em alguma coisa, seja para o bem ou para o mal, ela pode vir a acontecer, como no caso de tal rei.

O artigo “Eclipses ao Longo dos Séculos foi elaborado a partir de pesquisas que tive a oportunidade de realizar na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, bem como a partir de diálogos com cientistas do Centro de Voo Espacial NASA Goddard, durante período de estágio na NASA, enquanto era estudante da Universidade Internacional do Espaço (ISU). Aquele artigo mostra diversos fatos interessantes sobre os eclipses e suas conexões com a história dos povos; por exemplo, mostra que os eclipses foram usados por imperadores na China Antiga para manipular a população que imaginava que aqueles governantes tinham alguma forma de poder sobre o fenômeno. Os chineses antigos imaginavam que havia um dragão invisível no céu que engolia o Sol e a Lua, pois estava furioso com eles. Por isso, eles batiam tambores e faziam grande algazarra para aplacar o temível monstro e trazer de volta a luz, que havia sido engolida pelas trevas, em uma temerosa luta do bem contra o mal.

Mais recentemente na história, um eclipse lunar foi utilizado por Cristóvão Colombo para manipular populações indígenas durante uma de suas excursões exploratórias. Ele e sua tripulação, depois de muito tempo abusando da hospitalidade dos indígenas, acabaram sem suprimentos; e os indígenas não queriam mais fornecer suprimentos a Colombo e seus homens. Então, Colombo ameaçou o cacique "informando" que o Deus de Colombo, em sua fúria, mandaria fome e peste para aquele povo, e que o sinal visível desse descontentamento seria o desaparecimento da Lua dos céus. Colombo tinha um documento no bolso que informava que havia um eclipse da Lua prestes a ocorrer, então ele teve essa conversa às vésperas do início do eclipse. De fato, quando a Lua começou a ser encoberta pela sombra da Terra, os índios ficaram desesperados e começaram a correr para tudo quanto é lado, pedindo clemência e fornecendo a Colombo e sua tripulação todos os suprimentos de que eles afirmaram que precisavam, até sua partida.

Ainda hoje há muitas pessoas ao redor do mundo que associam os eclipses, especialmente solares, a sinais de fim dos tempos. Lendas antigas ainda perduram em algumas civilizações, também. Por exemplo, na Índia, há pessoas que acreditam que mulheres grávidas não devem sair às ruas durante eclipses, pois pode haver algum dano para o feto.

b) Debate sobre o tema. O professor debate com os alunos o tema, enfatizando a reação dos sujeitos aos eclipses ao longo da história, bem como os motivos para tais reações.
O professor pode argumentar que, em épocas em que a maioria absoluta da população (e muitas vezes até governantes) não detinha nenhum conhecimento - mesmo rudimentar - sobre o mecanismo dos eclipses e da Astronomia (em muitos casos chamada Astrologia) de uma forma geral, era perfeitamente natural que os fenômenos celestes fossem encarados como fatos controlados por forças sobrenaturais e ameaçadoras. As primeiras idades da história humana foram permeadas por mitologias e lendas acerca dos mais variados temas. A escuridão costumava ser associada com o demoníaco, com a morte. Assim, era de se esperar que o obscurecimento do Sol ou da Lua, de forma inesperada, inexplicada, representasse para aqueles povos uma ameaça real à sua sobrevivência. Para piorar as coisas, as primeiras sociedades agrícolas dependiam do Sol para sua subsistência. Assim, o suposto desaparecimento do Sol poderia significar em termos práticos a extinção daquelas civilizações. Além disso, o colorido avermelhado que a Lua assume quando eclipsada indicaria que ela teria sido supostamente ferida ou morta por um monstro. Era preciso que a população então fizesse muito barulho, seguisse uma série de rituais para espantar o monstro que pretendia destruir o "deus da luz". Em outras palavras, era a luta do bem contra o mal, sendo o bem representado pela luz, e o mal simbolizado pela escuridão.

b) Seleção de período histórico do artigo, para trabalho em equipe. Cada equipe fica responsável por estudar um período histórico específico.

c) Busca de fontes adicionais sobre histórias de eclipses do período histórico escolhido pela equipe. Buscar na internet mais informações sobre aquelas determinadas histórias, de modo a expandir conhecimentos. Por exemplo, “O eclipse de Colombo” ou “O eclipse de Einstein".

d) Construção de peça teatral ou texto coletivo, por equipe, sobre histórias de eclipses de determinado período histórico. Construir em equipes partes de uma peça teatral sobre o tema “Eclipses ao Longo dos Séculos”, selecionando um período histórico para explorar. Alternativamente, preparar um documento no Google docs contendo essas histórias expandidas, além de uma reflexão pessoal sobre os eclipses e sua influência na história das civilizações. Caso a escolha seja pela peça teatral, é preciso que o professor tenha em mente que tal trabalho demanda mais tempo. Assim, os alunos precisam elaborar um texto e ensaiar a peça. Seja para a elaboração de uma peça teatral, seja para criar um texto coletivo, os alunos podem usar sua imaginação e considerar:

Em cada caso [cada história sobre eclipses], como a história poderia ter sido diferente, caso a população não considerasse que os eclipses tinham influência sobre os humanos e sobre a história? Por exemplo, no caso da história em que Colombo usa um eclipse da Lua para manipular populações indígenas, como seria aquela história caso aqueles povos também tivessem conhecimento sobre o mecanismo dos eclipses? O que os índios teriam feito a Colombo, caso eles soubessem da verdade? Incentive os alunos a usarem toda sua criatividade!

e) Pesquisa de exemplos atuais das reações das pessoas aos eclipses. Pesquisar e incluir no documento exemplos atuais de como ainda hoje, apesar de todo avanço científico e tecnológico que nossa espécie experimenta, há indivíduos que temem a ocorrência de eclipses.

3. NA SALA DE AULA: Montando seu equipamento de observação

Apesar de as pessoas sentirem-se tentadas a observar o Sol diretamente durante eclipses, esse procedimento é muito perigoso e pode causar até cegueira ou outros danos visuais irreversíveis. Por isso, NUNCA OLHE DIRETAMENTE PARA O SOL! Certas precauções precisam ser tomadas, com o propósito de proteger a visão durante a observação do Sol. Métodos improvisados, tais quais observar o Sol em uma bacia de água, ou olhando através de plásticos muito escuros (como lâminas de raio-x, por exemplo), são igualmente perigosos. O método mais seguro de se observar eclipses é a técnica chamada projeção indireta, descrito a seguir. Os alunos devem usar esse método, construindo em grupos uma câmera pinhole, para observação segura do Sol.

Método Pinhole ou câmara escura de projeção1

a) Materiais necessários:
- 01 caixa retangular (tal qual uma caixa de sapato);
- 01 prego ou outro dispositivo perfurante;
- papel branco;
- tesoura;
- cola.

b) Procedimentos de montagem:
i. Usando tesoura, corte um quadrado mediano na parte central superior da superfície retangular superior da caixa (conforme mostrado na figura), de modo que esse quadrado forme uma tampa que os alunos possam abrir para observar a imagem projetada;
ii. Usando um prego ou outro instrumento perfurante, faça um pequeno orifício em uma das superfícies quadradas do aparato;
iii. Alinhe o fundo da caixa e o orifício na direção do Sol;
iv. Oriente os alunos a abrir a tampa do aparato e observar a imagem projetada do Sol na superfície quadrada da caixa oposta àquela na qual o pequeno orifício foi feito;
v. Observe a imagem projetada do Sol nessa superfície e note que ela é mais precisa que aquela fornecida pelo aparato descrito anteriormente, devido ao fato que o ambiente de projeção se encontra fechado.

Na figura abaixo (Crédito: Pedro S. Baldessar, UTFPR), temos uma representação dessa caixa de projeção, já montada.

figura
 

Para a observação de um eclipse da Lua, não é necessário utilizar esse método, pois não há riscos de danos para a visão do aluno. Nesse caso, o aluno pode utilizar simplesmente um binóculo ou uma luneta.
 
Durante e após as observações, os alunos deverão registrar suas impressões do fenômeno, considerando alguns aspectos como:

A) Para eclipses solares:
- Quando começou o eclipse?
- Eclipse parcial ou total?
- Havia sinais de manchas solares na projeção? Se sim, poucas ou muitas? Ilustrar em uma folha de papel as manchas observadas.
- Houve alguma dificuldade para operar a câmera pinhole?
- Se eclipse total, quanto tempo durou a fase de totalidade (quando o Sol fica totalmente encoberto pela Lua)?
- Se eclipse parcial, quanto tempo durou o eclipse, desde o início do obscurecimento até o momento em que a Lua deixou de se projetar sobre o Sol? Registrar os horários de início e término do eclipse.
- Tirar fotos do eclipse projetado pelo aparato, mas NUNCA diretamente do Sol!
- O que aconteceria se a Lua estivesse mais distante da Terra? Nesse caso, teríamos um eclipse anular (que às vezes ocorre, de fato), que é quando fica uma espécie de “anel” do lado de fora da borda da Lua. Em outras palavras, o Sol não é totalmente encoberto. A imagem abaixo, extraída do sítio da NASA, retrata a observação pelo método de projeção de manchas solares, na Itália do século XVII. O procedimento é bem parecido com o que usamos atualmente. A imagem do Sol é projetada por um telescópio em um cartão branco, no qual os observadores traçam detalhes e posições de cada mancha individualmente, notando mudanças e movimentos.

imagem

B) Para eclipses lunares:
- Quando o eclipse teve início?
- Eclipse total ou parcial?
- Qual a duração do eclipse?
- Você notou alguma mudança na coloração da superfície da Lua? A que você acha que se deve tal alteração? A Lua assume uma coloração avermelhada durante eclipses. Em tempos antigos, tal mudança foi associada a guerras e derramamento de sangue.
- Tirar fotos do eclipse em suas diferentes fases de obscurecimento, podendo para isso utilizar uma luneta sobre um tripé, para ampliar a imagem da Lua eclipsada.

Confira também essa sugestão de aula http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=38803 em que durante a observação da fase de parcialidade de um eclipse da Lua, busca-se estimular os alunos a representar através de desenhos ou registrar por meio de imagens uma parte da sombra da Terra cobrindo a Lua. A partir desses registros é possível determinar uma razão entre o diâmetro da Lua e o diâmetro da sombra da Terra sobre a Lua, bem como a distância Terra-Lua.

Como produto final dessa atividade de observação, os alunos devem produzir um vídeo em que contam como realizaram a observação do eclipse, o que mais chamou sua atenção, o que descobriram, bem como dificuldades encontradas. Nesse vídeo, podem apresentar as imagens obtidas a partir de desenhos do eclipse ou fotos. Alternativamente, os alunos podem também filmar parte da observação do eclipse, para exibir como parte do vídeo a ser apresentado aos colegas. A duração do vídeo não deve exceder 10 minutos.

4. NA SALA DE AULA - Aprendendo mais sobre eclipses


O professor aprofunda explicações sobre o tema eclipses. Pode discutir sobre como os eclipses ajudaram a humanidade a compreender certos conceitos científicos, como a descoberta da esfericidade da Terra e testar a teoria da relatividade de Einstein.

5. NO PÁTIO DA ESCOLA OU NA SALA DE AULA - Painel e vídeo sobre eclipses


Adicionalmente às atividades até aqui propostas, os alunos podem montar um painel ilustrado sobre as histórias de eclipses selecionadas. Esses painéis podem ser exibidos em murais da sala de aula, ou externamente à sala de aula, no formato de uma exposição. Se houver tempo, o professor pode ainda realizar um concurso para os cartazes mais criativos, em cada turma.  

5.1. Recursos para montagem dos painéis
Para cada equipe, devem ser fornecidos os seguintes materiais:
- cartolina branca
- jornais e revistas
- tinta guache
- lápis de cor
- canetas coloridas
- celular com câmera ou dispositivo similar
- tesoura
- cola

5.2 Procedimento para confecção dos painéis
Os temas dos paineis devem ser inspirados no artigo "Eclipses ao Longo dos Séculos". Nos mesmos grupos que realizaram o trabalho sobre os eclipses na história no laboratório de informática, os alunos elaboram um painel ilustrado sobre o tema. Para isso, eles utilizam recortes de jornal e revistas, tinta guache, canetas coloridas e outros recursos. Opcionalmente, os alunos podem imprimir o artigo "Eclipses ao Longo dos Séculos", e recortar imagens para ilustrar seu painel.  
Os alunos podem ilustrar, por exemplo, como os chineses antigos "espantavam" do céu o temível dragão que supostamente engolia o Sol e a Lua. Podem ilustrar outras histórias, mesmo aquelas não necessariamente associadas ao temor causado pelos eclipses. No artigo há o exemplo de uma civilização que acreditava que os eclipses eram o Sol e a Lua puxando as cortinas do céu para assegurar intimidade para seu amor. Ainda, há um eclipse que mostra como a teoria da relatividade do cientista alemão Albert Einstein foi testada utilizando um eclipse total do Sol, e teve no Brasil um dos principais locais de observação por expedições estrangeiras que vieram com essa finalidade. Os alunos podem também pesquisar que, ainda hoje, milhares de pessoas se reúnem para observar esses fenômenos de rara beleza, em especial os raros eclipses totais do Sol. Além disso, há cientistas e demais interessados que viajam para além de seus continentes para tentar observar um eclipse total do Sol. Entretanto, basta uma simples mudança de tempo para que toda a preparação, toda a viagem tenha sido em vão! Contudo, o espetáculo de observar um eclipse total do Sol, especialmente em sua fase de totalidade (quando toda a superfície do Sol aparece totalmente encoberta pela Lua) compensa o risco e o investimento.

5.3. Procedimento para preparação do vídeo
Com o auxílio de um aparelho celular com câmera ou dispositivo similar, o aluno produz em equipe um vídeo explicando sucintamente o passo a passo utilizado pela equipe para a observação do eclipse (eclipse total do Sol; eclipse parcial do Sol; eclipse total da Lua; ou eclipse parcial da Lua). O aluno pode utilizar como “roteiro” as perguntas constantes do item 3. Para assegurar maior qualidade, o aluno pode lançar mão de um “cenário de fundo” que inclua um quadro de giz que ele possa utilizar para ilustrar o que está dizendo; uma tela de computador em que ele possa exibir informações; ou outros espaços à sua escolha. A fim de facilitar o trabalho dos alunos, o professor pode dividir no pátio da escola as equipes e deixá-las à vontade para escolher seu “espaço de produção”. Caso o professor já tenha em vista um espaço específico para esse propósito, pode levar a classe para tal espaço, que pode ser um auditório, por exemplo. Fatores como acústica devem ser considerados, pois podem comprometer a qualidade de áudio das filmagens.

6. NA SALA DE AULA - Apresentando resultados

Cada equipe:
- Apresenta e explica oralmente seus painéis.
- Exibe os vídeos elaborados. O professor pode utilizar para esse propósito um retroprojetor e uma tela para projeção.
- Apresenta a peça de teatro em um espaço a ser selecionado pelo professor; ou submete o texto produzido em grupo em um blog.
É importante assegurar que todos os integrantes das equipes tenham voz durante as apresentações. Se o trabalho foi realizado em equipe, não é justo que apenas um representante apresente os resultados que constituem produto da coletividade de cada grupo. Além disso, a prática de eleger um representante para apresentar trabalhos não confere a todos oportunidades de desenvolver suas habilidades de apresentação de trabalhos em ambientes acadêmicos.
 
7. NO LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA - Compartilhando resultados com o mundo

Nessa etapa final, os alunos postam em um blog criado para todas as equipes, os resultados de seu trabalho. Em outras palavras, os alunos poderão compartilhar fotos do processo de observação de eclipses, imagens dos painéis produzidos acompanhados de explicações, bem como os vídeos sobre a observação dos eclipses. Outra ideia, caso o professor tenha escolhido montar uma peça teatral, seria filmar a peça e compartilhar o vídeo no sítio da escola na internet, ou mesmo no YouTube.


RECOMENDAÇÕES PEDAGÓGICAS

É possível despertar o interesse dos alunos por ciências espaciais a partir da observação de eclipses solares, bem como promover uma postura proativa entre os estudantes, orientando-os a realizar registros científicos do fenômeno observado. Dessa forma, eles irão vivenciar o método científico e perceberão que no fazer científico, nem sempre observamos aquilo que esperamos e que diferentes grupos observando o mesmo fenômeno podem ter percepções e conclusões distintas, uma vez que seus filtros de realidade e expectativas são diferentes.

Apesar de as atividades de sala de aula não terem a finalidade precípua de preparar cientistas no sentido estrito, é importante permitir que os alunos experimentem a prática científica, tanto como uma forma de socializar esse conhecimento por vezes percebido de forma mistificada pelo público em geral, bem como de estimulá-los a seguir carreiras em ciência e tecnologia. Durante a observação, os alunos podem fotografar a sequência de imagens que veem projetadas no cartão branco, registrar o momento em que a Lua começa a projetar sua sombra no disco solar (ou seja, o momento do princípio do eclipse), medir a duração da totalidade (no caso de eclipses solares totais), e registrar o momento de término do eclipse. O professor não deve impor um procedimento padrão aos estudantes, mas apresentar alternativas, de modo que o aluno tenha liberdade de escolha.

Depois que as observações e registros estiverem completos, o grupo deve se reunir novamente e apresentar os resultados. Esse processo permite a socialização das diferentes percepções coletadas durante as atividades experimentais in-situ. O objetivo de qualquer atividade experimental não deve consistir em simplesmente entregar um trabalho escrito para o professor, mas sobretudo, levar os alunos a experimentar os desafios e o sabor do fazer científico, compartilhando o aprendizado com seus colegas, manifestando o que mais despertou interesse e outras impressões. Esse feedback pode ser utilizado pelo educador como subsídio para preparar aulas futuras. Ademais, na medida em que os alunos apresentam resultados para seus colegas, eles aprendem um pouco do formalismo utilizado na comunidade científica para comunicar resultados. As apresentações devem ser formais, objetivas, concisas, claras e consistentes.

As ciências espaciais constituem um pilar fundamental para a preparação científica dos alunos, uma vez que a complexidade dos ecossistemas terrestres se encontra imersa em uma complexidade maior, qual seja, o ambiente espacial que, no caso especifico do Sistema Solar, é enormemente influenciado pela dinâmica solar, como os plasmas ejetados durante as explosões que ocorrem na superfície daquela estrela, como os “flares” solares e as ejeções de material coronal (CMEs). Assim, diversos conteúdos em ciências espaciais podem ser explorados pela motivação da observação de eclipses, tais quais a dinâmica de plasmas solares e o clima espacial, em uma abordagem integrada e significativa.

Como atividades complementares, sugere-se pesquisa adicional sobre a história dos eclipses, bem como visitas guiadas a planetários, museus científicos ou espaciais, centros espaciais ou similares – dessa vez como entretenimento, sem tarefas correlatas. A ciência precisa ser apreciada pelo que ela é, e os alunos dos ensinos fundamental e médio devem ser estimulados a sentir o prazer da descoberta e da exploração. O artigo “Eclipses ao longo dos Séculos” oferece dados científicos e históricos sobre eclipses, podendo enriquecer discussões sobre esse fenômeno magnificente que ainda hoje fascina pessoas em todo o mundo.

Recursos Complementares
Avaliação

Ao longo do desenvolvimento das atividades, o professor observa se o aluno:

  • Demonstra, por meio de apresentações verbais ou escritas, que entende o mecanismo dos eclipses solares e lunares.
  • É capaz de trabalhar em equipe de forma harmoniosa e colaborativa, produzindo resultados de qualidade.
  • Apresenta dados de observação de um eclipse solar ou lunar (ou da observação do Sol por meio do método da projeção), de forma clara e objetiva.
  • Tem domínio das tecnologias necessárias para elaborar um vídeo de qualidade apresentanto resultados aos colegas de forma organizada e clara.
  • Demonstra por meio da oralidade ou trabalhos escritos como as diferentes civilizações reagiam e interpretavam os eclipses, ao longo dos séculos.
Opinião de quem acessou

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Opiniões

  • paty, ieda baggio , Paraná - disse:
    pattymilly_vargas@hotmail.com

    03/09/2013

    Cinco estrelas

    muito boa


  • Daniel Rodrigues Ventura , COL DE APLICACAO DA UFV - COLUNI , Minas Gerais - disse:
    dventura@ufv.br

    27/04/2012

    Cinco estrelas

    Mito legal, pois utiliza vários ambientes de ensino e ainda faz uma interdisciplinariedade. Fico longa, mas pode ser dada em várias aulas. Talvez mais que as 4 sugeridas. Parabéns!


Sem classificação.
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