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SER MENINA, SER MENINO, SER HUMANO

 

02/09/2009

Autor e Coautor(es)
Marta Regina Alves Pereira
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Lucianna Ribeiro de Lima; Gláucia Costa Abadala Diniz; Fátima Rezende Naves Dias; Liliane dos Guimarães Alvim Nunes.

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Inicial Ética Respeito mútuo
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Durante a aula os/as alunos/as perceberão que suas concepções sobre o que é próprio de menino ou menina, de homem ou de mulher, podem ser revistas e modificadas. A partir das reflexões, poderão concluir que muitas de nossas crenças não representam uma verdade imutável e que algumas dessas mesmas crenças podem contribuir para discriminar pessoas afastando-as de nós.

OBJETIVOS:

- Problematizar as diferenças de gênero com vistas a desconstruir estereótipos que ameaçam a integridade física ou psicológica das crianças.
- Construir novas bases para relações entre meninos e meninas, na perspectiva da equidade de gênero.

Duração das atividades
2 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Algumas regras de convivência respeitosa entre as pessoas e conhecimento sobre as necessidades afetivas que regem os relacionamentos humanos. Trata-se de conhecimentos práticos que já foram vivenciados no dia a dia pelas crianças e não requerem exposição oral sobre o assunto. Apenas procure conversar com as crianças sobre como elas se sentiram quando em alguma situação acontecida na escola, elas foram ofendidas por serem meninas ou meninos.

Estratégias e recursos da aula

COMENTÁRIOS PARA AS/OS PROFESSORAS/ES:

É comum nos depararmos com situações em nossa prática educativa que envolvem conflitos, agressões verbais e ou físicas entre as crianças, por motivos relacionados aos estereótipos de gênero. Meninos que menosprezam as meninas por julgarem-nas “mais fracas”, “choronas”, “fúteis”, “falsas”, “fofoqueiras” e meninas que se afastam dos meninos por considerá-los “brutos”, “sem educação”, “sujos”, “desorganizados”, “bagunceiros” etc precisam ser questionados/as para que tenham chance de pensar sobre as conseqüências desse tipo de atitude. Antecipar, por meio da reflexão, as conseqüências de nossas crenças e atitudes é um precioso instrumento da reflexão moral. Se queremos aprimorar nossa vida numa sociedade democrática, igualitária e mais justa, como educadoras/es temos um papel a cumprir em relação às questões de gênero. A sugestão desta aula tem como propósito o enfrentamento necessário e delicado desta questão.

Estereótipo “é um conceito muito próximo do preconceito e pode ser definido como ‘uma tendência a padronização, com a eliminação das qualidades individuais e das diferenças; com a ausência total do espírito crítico nas opiniões sustentadas’(Shestacov). Segundo Lise Dunningan: ‘o estereótipo é um modelo rígido e anônimo, a partir do qual são reproduzidos de maneira automática, imagens ou comportamentos’. Além do substantivo estereótipo, nossa língua possui o verbo estereotipar, o que indica que os estereótipos não são inerentes a pessoas ou grupos, mas sim uma criação social, que pode se dar a qualquer momento. Resumindo, o estereótipo pode ser definido como a manifestação comportamental e a prática do preconceito. As principais funções dos estereótipos são: justificar uma suposta inferioridade; justificar a manutenção do status quo; legitimar, aceitar e justificar: dependência, subordinação e desigualdade”. (Retirado de CADERNOS CECF EDUCAÇÃO, nº 5, novembro de 1994/ CECF – CONSELHO ESTADUAL DA CONDIÇÃO FEMININA/GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO).

DESENVOLVIMENTO DA AULA:

Para o desenvolvimento dessa aula você deverá providenciar: dois bambolês grandes, três imagens que podem ser recortadas de revistas, sendo uma imagem de um menino ou jovem, de preferência brincando. Outra de uma menina ou jovem também de preferência em situação lúdica. A terceira imagem de um menino e menina juntos, realizando algo em que os dois estejam envolvidos. Procure evitar imagens que contribuem para reforçar os estereótipos de gênero como menino jogando futebol e menina brincando de boneca. Seguem exemplos de imagens que poderão ser utilizadas nesta atividade:

PRIMEIRA IMAGEM:

MENINO BRINCANDO BALÃO

Fonte: http://images.google.com.br/images?gbv=2&hl=pt-BR&sa=1&q=menino+brincando&aq=f&oq=

SEGUNDA IMAGEM:

MENINA SAPECA

Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_E1l43oixOZo/SG643lYhgJI/AAAAAAAAAww/3tckBoONY4Q/s200/crianca-2.jpg

TERCEIRA IMAGEM:

MENINO E MENINA JOGANDO

Fonte: http://1.bp.blogspot.com/_VcfV9nwmzck/Snyjs_JzlmI/AAAAAAAAAXU/T0P7gJxWNao/s320/menino-menina.jpg

Coloque os bambolês no chão, de forma que haja um espaço de intersecção entre eles. Identifique os espaços criados pelos bambolês, usando as imagens para demarcá-los. A intenção é deixar os espaços concretamente delimitados pelas imagens para evitar confusões: bambolê da direita com a imagem da menina, bambolê da esquerda com a imagem do menino e na intersecção, a imagem do menino e da menina juntos.
Em uma caixa ou sacola, coloque vários objetos para que as crianças possam retirá-los um a um. Como sugestão, os objetos podem ser: pente de cabelo, touca de banho, caixinha porta jóia, copo de plástico rosa, canetinha hidrocor, lapiseira de cor azul, um pacotinho de lencinho de papel, bloquinho de papel de carta decorado, celular, sabonete, perfume, ursinho de pelúcia, carrinho, bloquinhos de madeira, faixa de cabelo, martelo, alicate, uma vela decorativa e outros objetos que estejam disponíveis e que você considere adequados ao propósito da aula.

Aquecimento: Antes de iniciar a atividade propriamente dita, é conveniente realizar um breve aquecimento para introduzir o assunto. Como sugestão, brinque um pouco com as crianças, colocando-as alinhadas uma ao lado das outras e solicitando que dê um pulinho a frente ou agachem aquelas que: gostam de jogar bola, já brincaram de boneca, jogam futebol, gostam de comer bolo, têm roupa rosa, usam perfume, já andaram a cavalo, já choraram por algum motivo etc. Professora/or, nesse momento fique bem atenta/o. Observe se as crianças criticam umas as outras em relação a um menino que se posicionou afirmando já ter chorado ou brincado de boneca ou ainda uma menina que joga futebol. É importante perceber as reações das crianças em relação aos/as colegas para que se abra um espaço de reflexão sobre isso no decorrer da aula.

Teça algumas considerações relacionadas a risinhos, comentários maldosos, piadinhas, ou se perceber alguma criança inibida com receio de se posicionar e ser criticada, porém tome cuidado para que sua intervenção não seja interpretada como uma bronca ou uma lição moral.

Lance questionamentos para a turma toda, como por exemplo: É justo criticarmos alguém por gostar de coisas das quais não gostamos? Ou, por que será que algumas pessoas pensam que futebol é só para meninos? Ou ainda, por que muitas pessoas pensam que homem não deve chorar? Depois de ouvir algumas crianças que queiram se posicionar, proponha continuar a conversa com a atividade a seguir:
- As crianças deverão classificar os objetos colocados na caixa ou na sacola, a partir dos seguintes critérios: usados por mulheres, usados por homens, usados por homens e mulheres. Ao classificar o objeto de acordo com um dos critérios, o/a aluno/a deverá colocá-lo no espaço correspondente (dentro do bambolê) justificando sua opção. Com o auxilio da/o professora/or, verificar junto aos/as colegas, se concordam ou não com o argumento apresentado e por que. Caso os argumentos dos/as colegas a façam mudar de idéia, a criança deverá trocar o objeto de lugar.
Você pode fazer assim: peça a uma criança que retire, sem olhar, qualquer objeto da caixa ou sacola e que o mostre para todos da sala. Em seguida essa criança deverá dizer se o objeto é usado por homem, por mulher ou por ambos. Se a criança julgar que o objeto retirado é algo usado somente por mulheres, deverá colocá-lo no bambolê da direita, se for algo usado somente por homens, deverá colocar no bambolê da esquerda e se julgar que o objeto pode ser usado por homens e mulheres, deverá colocá-lo no espaço da intersecção.
Vamos imaginar que uma criança pegou a touca de banho e diz que é um objeto de mulher porque é ela que tem cabelos compridos e, em geral, não lava a cabeça todas as vezes que toma banho. Além disso, se a mulher molhar os cabelos eles podem ficar enrolados e mulheres gostam de cabelos lisos. Elas passam horas fazendo prancha.
Toda a turma é questionada se concorda ou não com o argumento do/a colega. Pode-se questionar se todos os meninos lavam suas cabeças todos os dias, por exemplo. E se não se lava a cabeça todas as vezes que tomamos banho, como os meninos fazem para não molhar a cabeça sem usar a touca? Será que todas as mulheres fazem prancha? Alguma criança desta sala usa touca para tomar banho? O objetivo dessas perguntas é problematizar o pensamento das crianças sobre a questão. Após encerrada a discussão sobre a touca de banho, passa-se a caixa ou a sacola com os objetos para a próxima criança que irá repetir o procedimento.
Como professora/or nosso papel é fazer perguntas que levem as crianças a rever suas posições, considerando os argumentos ouvidos no grupo antes de se posicionarem novamente. Depois de chegar a uma conclusão (que poderá ser provisória), o objeto é colocado em seu respectivo espaço dentro do bambolê que está no chão.
Professora, se a aula estiver chegando ao término e ainda muitas crianças quiserem participar da atividade de retirar um objeto da caixa ou sacola, anote numa folha de papel quais objetos já foram retirados e os lugares onde foram colocados. Na aula seguinte, continue de onde parou. É importante que antes de dar a aula por concluída, as crianças sejam convidadas a observar o que aconteceu com os objetos. A maioria deles foi colocado no espaço de intersecção deixando explícito que o limite entre aquilo que acreditamos ser próprio de homem ou de mulher não é rígido e pode ser revisto sem nenhum tipo de constrangimento.

Avaliação

- Pergunte às crianças se houve alguém na sala que mudou de idéia após ouvir os argumentos dos/as colegas.
- Observe mudanças no discurso das crianças e nas atitudes com colegas em relação aos estereótipos de gênero, a curto e médio prazo, para que sejam trabalhadas ao longo do tempo.

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