- Compreender o conceito de corrupção.

- Entender como as linguagens estéticas e a arte, em geral, são veículos importantes de transmissão de ideias políticas, tornando-se importantes para a compreensão de determinados valores e conceitos.

- Analisar como a ideia de corrupção foi abordada pela linguagem estética do cinema nacional, em contextos diversos.

- Ditadura Militar (1964-1985).

- Nova República.

INTRODUÇÃO

A corrupção é um tema central para a compreensão dos percalços da democracia brasileira. Nesse sentido, a aula pretende oferecer certas referências que permitam uma abordagem teórica, prática e lúdica das distorções da vida pública nacional, através da história brasileira. O objetivo deste roteiro de aula é tratar da articulação da cultura com o tema da corrupção, mostrando como o imaginário nacional discorre sobre essa noção, usando o repertório do cinema para pensar como a arte faz a crítica da corrupção. A estratégia contempla a corrupção em dois polos: o primeiro, ligado à corrupção dos princípios; o segundo, que diz respeito a transações ilícitas com o objetivo de favorecimento privado. Vamos usar filmes do Cinema Nacional que representam e fazem a crítica da corrupção em dois sentidos: atos praticados contra o erário público e ações delituosas praticadas por um tipo específico de funcionário público, que é o Policial; por fim, o tema da corrupção em sentido mais amplo, englobando diversos níveis da sociedade civil. Os filmes selecionados abarcarão fases distintas do cinema nacional, diferentes períodos e ramos estéticos e temáticos variados, permitindo que os alunos desenvolvam um agudo senso crítico com relação ao assunto e uma boa visão da cinematografia brasileira. 

1ª. e 2ª. AULAS

DESENVOLVIMENTO

Neste primeiro momento, é de suma importância que os alunos possam travar conhecimento e definir os traços gerais do conceito de corrupção. Esta parte inicial é fundamental porque irá municiar os estudantes com repertório necessário para que eles construam uma visão crítica dos filmes. O professor deverá, então, trabalhar o tema com seus discípulos via três chaves: a primeira, a definição da legislação brasileira sobre corrupção conforme o Código Penal trata a questão; a segunda, o conceito propriamente dito, mediante uma definição advinda da ciência política; e a terceira, a palavra corrupção mais próxima do uso cotidiano conforme o senso comum.

Prosseguindo, o professor dividirá a turma em três grandes grupos de alunos. Cada grupo ficará encarregado de interpretar e estudar o tema corrupção em uma das chaves acima.

- “Código Penal”. O primeiro grupo irá dedicar-se à legislação brasileira como o Código Penal define corrupção. Os alunos que formam o grupo deverão acessar o seguinte link:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm (acesso em: 2 out. 2013).

Os estudantes deverão buscar o Título XI - Dos Crimes da Administração Pública, capítulo I, Dos Crimes Praticados por Funcionários Públicos contra a Administração em Geral, em especial o item corrupção passiva, artigo 317. A questão que orientará a pesquisa será: qual a definição de corrupção passiva e qual a pena para o crime?

Em seguida, os alunos deverão buscar o Título XI - Dos Crimes da Administração Pública, capítulo II, Dos Crimes Praticados por Particular contra a Administração em Geral, em especial o item corrupção ativa, artigo 333. A questão que orientará a pesquisa será: qual a definição de corrupção ativa e qual a pena para o crime?

- “Conceito”. O segundo grupo irá realizar uma pesquisa no Dicionário de Política, volume I, organizado pelo cientista político italiano Norberto Bobbio, acessando o link:

http://www.pgcsiamspe.org/Mario_Porto/02-DicionarioDePolitica.pdf.pdf (acesso em: 2 out. 2013).

Os estudantes deverão pesquisar pelo verbete “Corrupção” (páginas 291 a 293). Algumas questões deverão orientar a leitura do texto: a definição de corrupção proposta pelo verbete; os tipos de corrupção listados; as ligações entre corrupção e influência; e os três níveis em que a corrupção atua. 

- “Corrupção em sentido mais amplo”. O terceiro grupo ficará encarregado de entender o sentido que a sociedade civil dá para o termo corrupção no cotidiano. Para atingir esse objetivo, a estratégia traçada indica a busca do significado do termo em três dicionários diferentes. Os links se encontram abaixo:

http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=corrup%E7%E3o (acesso em: 2 out. 2013);

http://www.dicio.com.br/corrupcao/ (acesso em: 2 out. 2013);

https://sites.google.com/site/dicionarioenciclopedico/corrupcao (acesso em: 2 out. 2013).

A ideia aqui é que, a partir da consulta aos três dicionários, inspirados no significado que os dicionários trazem, os alunos desenvolvam uma definição própria de corrupção que sintetize os sentidos dos glossários.

Os conceitos, sentidos e significados da corrupção levantados nas pesquisas dos três grupos, em seguida, deverão ser levados a um debate geral sobre uma definição e características da corrupção, cuja mediação será feita pelo professor responsável. A postura do professor durante o debate deverá estimular a curiosidade e a participação crítica dos seus alunos, despertando a atenção deles para os seguintes pontos centrais: corrupção como ato ilícito praticado por funcionários públicos; as diferenças entre corrupção passiva e ativa; o uso amplo e cotidiano do termo em situações em que as relações sociais e os valores éticos e morais entram em crise.

Nos links abaixo, os alunos irão encontrar algumas análises sobre corrupção. Estes textos irão auxiliar os estudantes na compreensão teórica da ideia de corrupção:

http://www.dgpj.mj.pt/sections/informacao-e-eventos/prevenir-e-combater-a/anexos/definicao-de-corrupcao/ (acesso em: 2 out. 2013);

http://direito.folha.uol.com.br/1/post/2010/07/corrupo-ativa-e-corrupo-passiva.html (acesso em: 2 out. 2013).

3ª., 4ª. e 5ª. AULAS

O primeiro filme diz respeito à temática da corrupção em sentido legal, ou seja, atos ilícitos praticados por funcionários públicos, centrada em ações delituosas de funcionários públicos de terceiro ou quarto escalão, mais precisamente concentra-se na corrupção policial. O filme selecionado para esta seção é República dos Assassinos (direção de Rogério Miguel Faria Jr., ano de 1979, ficção, 100 minutos).

Legenda: Cartaz do filme República dos Assassinos. Disponível em: http://static.bcc.org.br/fotos/FB_1802_006.jpg. Acesso em: 2 out. 2013. [Imagem meramente ilustrativa].

Em resumo, a história do filme: “Em 1970, os crimes do Esquadrão da Morte pelo requinte de violência provocaram uma onda de reações por todo o país. As fotos das vítimas, adornadas pela caveira, símbolo do grupo, causaram uma incômoda indignação. Esta é a história de Mateus Romeiro, o mais famoso dos policiais, que integrou o grupo dos Homens de Aço, uma das facções em que se dividia o esquadrão.”

Os alunos devem ver o filme completo no  link:

http://www.youtube.com/watch?v=i3TZNISGpIY&hd=1. Acesso em: 2 out. 2013.)

Em um debate geral orientado pelo professor, os alunos deverão ser incentivados a associar o conteúdo sobre corrupção desenvolvido na aula anterior com a história do filme, em especial a questão da corrupção policial que perpassa toda a obra. Os alunos deverão ficar atentos: aos personagens, ao enredo, aos movimentos da câmera, aos diálogos, às roupas dos personagens, ao tipo de narrativa desenvolvida e à relação entre a história da obra e o tema da corrupção. A projeção da obra tomará o tempo de três aulas de História.

O link a seguir ajudará os alunos no entendimento do filme:

http://estranhoencontro.blogspot.com.br/2005/11/repblica-dos-assassinos.html (acesso em: 2 out. 2013).

6ª, 7ª e 8ª AULAS

O segundo filme diz respeito à temática da corrupção em sentido amplo, em que a corrupção foge da esfera do Estado e se vê representada na sociedade civil, sendo praticada pelo cidadão comum. O filme selecionado para essa seção é Central do Brasil (direção de Walter Salles Júnior, ano de 1998, ficção, 110 minutos).

Legenda: Cartaz do filme Central do Brasil. Disponível em: http://2.bp.blogspot.com/-vPoOwCZ1oRc/Tbht9fG6G1I/AAAAAAAABNg/FdY_zs21Mao/s1600/Central%2Bdo%2BBrasil.jpg. Acesso em: 2 out. 2013. [Imagem meramente ilustrativa.]

Em resumo, a história do filme: “Dora (Fernanda Montenegro) escreve cartas para analfabetos na Central do Brasil. Nos relatos que ela ouve e transcreve, surge um Brasil desconhecido e fascinante, um verdadeiro panorama da população migrante, que tenta manter os laços com os parentes e o passado. Uma das clientes de Dora é Ana, que vem escrever uma carta com seu filho, Josué (Vinícius de Oliveira), um garoto de nove anos, que sonha encontrar o pai que nunca conheceu. Na saída da estação, Ana é atropelada e Josué fica abandonado. Mesmo a contragosto, Dora acaba acolhendo o menino e envolvendo-se com ele. Termina por levar Josué para o interior do nordeste, à procura do pai”.

Os alunos devem ver o filme completo no  link:: http://www.youtube.com/watch?v=NpZgPWTUrlE&hd=1. (Acesso em: 2 out. 2013.)

Em um debate geral orientado pelo professor, os alunos deverão ser incentivados a associar o conteúdo sobre corrupção desenvolvido na aula anterior com a história do filme, em especial as atitudes da personagem Dora, que tem uma conduta duvidosa, ao enganar seus clientes, escrevendo as cartas, recebendo o pagamento pelo serviço e não postando as cartas no Correio como combinado. Temos aí um exemplo da decadência dos valores éticos. Os alunos deverão atentar para: os personagens, o enredo, os movimentos da câmera, os diálogos, as roupas dos personagens, o tipo de narrativa desenvolvida, a relação entre a história da obra e o tema da corrupção. A projeção da obra tomará o tempo de três aulas de História.

O link a seguir ajudará os alunos no entendimento do filme: http://www.cinemaemcena.com.br/plus/modulos/filme/ver.php?cdfilme=296 (acesso em: 2 out. 2013).

7ª., 8ª. e 9ª, AULAS

Estas aulas serão utilizadas para que os alunos apliquem os conhecimentos gerados nas aulas anteriores, desenvolvendo o conteúdo e construindo atividades em grupo, recriando o saber histórico, tornando esse conhecimento algo dinâmico e atual. Os três grupos das primeira e segunda aulas serão mantidos.

Um dos grupos ficará encarregado de realizar um vídeo sobre o tema da corrupção. O vídeo deverá ter, no máximo, 10 minutos de duração. Poderá ser gravado utilizando câmeras de vídeo, máquinas fotográficas ou, mesmo, celular. O filme deverá ser um documentário. O enredo deverá explorar a opinião da população sobre a corrupção. Os estudantes deverão selecionar pessoas próximas (parentes, amigos e conhecidos), das mais variadas idades e profissões, e entrevistá-las. As perguntas irão girar em torno das seguintes questões: o que é corrupção; quais os tipos de corrupção; se ele conhece alguém que já cometeu um ato corrupto; se ele já cometeu alguma ação e corrupção; como acabar com a corrupção. Os alunos deverão organizar-se e montar a equipe, dividindo entre si funções como: diretor, roteirista, diálogos, produção, direção e câmera. O professor de Arte da escola poderá auxiliar na realização da obra audiovisual. O resultado deverá ser divulgado em um blog.

Um segundo grupo deverá ficar encarregado de criar uma mostra de cinema. A mostra deverá selecionar filmes que, de alguma forma, abordem o tema da corrupção conforme o estudado na aula. Isso demandará uma pesquisa por parte dos alunos. A mostra deverá ter o limite de três filmes. Algumas sugestões de filmes: Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla; Doces Poderes, de Lúcia Murat; O Terceiro Milênio, de Jorge Bodansky; Águia na Cabeça, de Paulo Thiago; Tropa de Elite, de José Padilha; e Cronicamente Inviável, de Sérgio Bianchi. O grupo deverá dividir suas funções entre: aqueles que vão pesquisar e selecionar os filmes, os encarregados da divulgação da mostra, a equipe técnica (arrumar os filmes, o local, projetor etc.). A mostra será realizada em um único dia, no espaço da escola, usando a Sala de Projeção. Caso não exista uma Sala de Projeção, os alunos poderão usar o projetor para divulgar o filme no pátio da escola, ou encontrar a melhor solução. 

A tarefa do terceiro grupo será a construção de um blog. A função do Blog será a de divulgar o filme realizado pelos colegas, divulgar a Mostra de Cinema organizada pelo grupo 2 e ser um fórum permanente de debate sobre a questão do cinema e da corrupção. O Blog poderá ser criado usando a ferramenta digital Blogger, no link abaixo. O passo a passo para a criação do Blog está nos links do site: tour rápido, assista ao vídeo do tutorial ou leia o Blogger Buzz.

Link: https://accounts.google.com/ServiceLogin?service=blogger&ltmpl=start&hl=pt_BR&passive=86400&continue=http://www.blogger.com/home#s01 (acesso em: 2 out. 2013).

Algumas tarefas poderão ser realizadas na sala de aula (divisão de grupos e roteiro e divisão das tarefas entre os membros dos grupos); outras poderão ser feitas, também, fora do horário de aula, como tarefa extraclasse: as entrevistas, a execução das filmagens, a edição. Já outras funções serão feitas fora da sala de aula, como trabalho, pesquisa dos filmes, a divulgação da mostra, o trabalho da equipe técnica e a construção do blog.

CONCLUSÃO

Os alunos deverão ser incentivados a perceber como o tema da corrupção em suas variadas facetas é reconstruído e criticado pelo cinema nacional, por meio do estudo de contextos históricos distintos, analisando a linguagem estética do cinema.

Sugestões de links para os alunos:

- Corrupção no Brasil: http://www.portugues.rfi.fr/brasil/20130709-corrupcao-aumentou-no-brasil-diz-pesquisa-da-transparencia-internacional (acesso em: 2 out. 2013).

- Sobre corrupção:

http://www.mundoeducacao.com/geografia/o-que-corrupcao.htm (acesso em: 2 out. 2013)

http://www.ebah.com.br/content/ABAAABPIYAG/corrupcao-finalizado (acesso em: 2 out. 2013).

Sugestões de links para o professor:

- Biblioteca virtual sobre a corrupção: https://bvc.cgu.gov.br/ (acesso em: 2 out. 2013).

 - Site da organização não governamental Transparência Brasil:  http://www.transparencia.org.br/ (acesso em: 2 out .2013).

Os alunos deverão ser avaliados quanto à compreensão do conceito de corrupção, na desenvoltura no debate e na acuidade crítica em relação às fontes audiovisual e escrita, quanto ao trabalho da pesquisa, apresentação das suas conclusões e construção do trabalho histórico.