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Em que medida a vida de Poe pode ter relação com sua produção?

 

21/10/2013

Autor e Coautor(es)
WALLESKA BERNARDINO SILVA
imagem do usuário

UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias e Lazuíta Goretti

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: processos de construção de significação
Ensino Médio Literatura Estudos literários: análise e reflexão
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Linguagem escrita: leitura e produção de textos
Ensino Médio Literatura Literatura de outras nacionalidades
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Conhecer a biografia de Edgar Allan Poe.
  • Analisar um artigo científico que trate da relação entre vida de Poe e sua produção.
  • Produzir um texto escrito expositivo-argumentativo relacionando um dos contos trabalhados e a vida de Edgar Allan Poe.
  • Defender sua posição acerca da suposta relação entre a biografia de Poe e sua produção.
  • Avaliar vídeos produzidos pelos colegas.
Duração das atividades
300 minutos ou 6 aulas de 50 minutos cada.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • Análise dos contos de Edgar Allan Poe: "O gato preto", "Manuscrito encontrado numa garrafa" e "William Wilson".
  • Texto expositivo-argumentativo.
Estratégias e recursos da aula

Estratégias e recursos:

  • computador com internet e equipamento de câmera e microfone;
  • projetor;
  • celular com internet;
  • papel xerocopiado;
  • produção de texto expositivo-argumentativo escrito e falado.

 

Módulo 1

Atividade 1

O objetivo é conhecer a biografia de Edgar Allan Poe.

 

Para os alunos se inteirarem da biografia de Poe, eles serão solicitados a utilizarem seus celulares com internet. Divididos em dois grupos, os alunos terão de pesquisar por informações da vida Poe na internet à medida em que a dinâmica demandar.

Cada grupo terá um roteiro de alternativas contendo informações verdadeiras e falsas acerca da vida de Poe. Ao sinal da professor, um aluno de cada equipe deverá deslocar-se até o papel e ler uma das afirmações. Depois, esse mesmo aluno volta ao grupo, repete a informação lida e todos da equipe deverão pesquisar nos seus celulares com internet para concluírem se a informação é verdadeira ou falsa. Uma vez findada a pesquisa, o aluno desloca-se na direção do papel para responder V ou F. Todo esse trajeto, incluindo a pesquisa, terá como prazo estipulado 1 minuto de duração para cada informação a ser checada. Vence o grupo que, ao final, tiver mais acertos com relação às afirmações procedentes da vida de Poe.

 

http://homoliteratus.com/wp-content/uploads/2013/09/allan-poe.jpg Acesso em 18 out. 2013.

 

Sugestão de roteiro de alternativas para a dinâmica:

1.      Poe foi o segundo filho de David Poe e Elizabeth Arnold

V

2.      Edgar Allan Poe (1809-1849) foi um poeta estadunidense

V

3.      Poe é considerado um dos precursores da literatura romântica

F

4.      Poe foi adotado

V

5.      Poe foi filho biológico de médicos

F

6.      Seus temas mais recorrentes lidam com questões da morte, incluindo sinais físicos dela, os efeitos da decomposição, interesses por tapocrifação, a reanimação dos mortos e o luto.

V

7.      Poe já foi expulso da escola

V

8.      Poe não tinha problemas com alcoolismo.

F

9.      A mãe adotiva de Poe também morreu.

V

10. Poe serviu a carreira militar, mas foi expulso.

V

11. A mãe adotiva de Poe conseguiu vê-lo antes de sua morte.

F

12.Poe mantinha uma boa relação com seu pai adotivo.

F

13. Poe já usou o codinome de “Um Bostoniano”

V

14. O pai adotivo de Poe queria que ele estudasse medicina.

F

15. Poe começou a estudar Letras;

V

16. Foi no período da faculdade que Poe começou a beber e a ficar endividado.

V

17. A irmã de Poe era Clarice.

F

18. Poe tinha mais três irmãos.

F

19. Poe casou-se com Virginia Clemm que também morreu.

V

20. A esposa de Poe morreu de leucemia.

F

21. Poe morreu aos 50 anos, vítima de alcoolismo.

F

22. Poe morreu no dia 06 de outubro de 1949

F

23. Além do horror, Poe também escreveu sátiras, contos de humor e hoaxes.

v

24." Metzengerstein" foi a primeira história que Poe publicou

V

25. Em 1849, Allan Poe lança O Corvo’

V

26. Edgar Allan Poe é o gênero fantasmagórico do estilo gótico literário de sua época que inspira os góticos da atualidade.

v

 

 

Atividade 2

O alvo da atividade é os alunos lerem e discutirem um artigo científico que trate da relação entre vida de Poe e sua produção.

 

Após leitura e trabalho prévio com os contos de Poe "O gato preto", "William Wilson" e "Manuscritos encontrados numa garrafa", os alunos deverão ler o artigo abaixo, tendo como mote a pergunta: 

  • Em que medida a vida de Poe pode ter relação com sua produção?

 

O clássico Edgar Allan Poe

Cristina Lopes Perna - PUCRS

Paloma Esteves Laitano - PUCRS/CAPES

 

Resumo– O estudo mostra alguns aspectos da vida de Edgar Allan Poe e situa o contexto histórico do qual fez parte o contista, poeta e ensaísta. A biografia do autor norte-americano é permeada de dúvidas, incertezas e mistérios que o escritor transporta para seus textos, criando um ambiente fantástico que, muitas vezes, foge ao racionalismo humano.

Palavras-chave: Edgar Allan Poe; Biografia; Contexto histórico.

 

Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis também quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual.

Ítalo Calvino, Por que ler os Clássicos

 

A história do escritor americano Edgar Allan Poe poderia muito bem ter se originado de um “Manuscrito encontrado numa garrafa”, se considerarmos os mistérios que envolvem a trajetória desse autor atormentado desde muito cedo pelas sombras de seu passado. Assim como a produção literária de Poe, tudo aquilo que envolve os registros acerca de sua vida é envolto por dúvidas e desencontros. Algumas incertezas que permeiam sua biografia seriam de difícil solução até mesmo para o perspicaz detetive Auguste Dupin.1

É esse clima de mistério que o escritor faz ecoar em seus textos, pois consegue criar um ambiente fantástico que, além de produzir desconforto e inquietude no leitor, também desperta a vontade de ler e reler suas histórias, de buscar uma resposta para as situações e angústias vivenciadas pelas personagens. Uma resposta não, uma explicação, pois muito do que acontece nos textos do escritor foge ao racionalismo humano.

Nas palavras de Doctorow,2 Poe foi um gênio estranho que viveu em um casulo narcisista de tormento, teve uma vida repleta de tragédias e a margem da miséria. Sua ficção, tão espetacularmente guiada por temas de horror, sugere que suas histórias tenham sido originadas em seus sonhos mais recônditos. Nela o leitor se defronta com funerais prematuros, assassinatos movidos por vingança e múltiplos desvios de personalidade. Levando-se em consideração a proporção de toda a sua obra, Poe matou mais mulheres que Shakespeare, porém ele as mata e elas ainda assim retornam. Elas assombram, porém perdoam. Elas nascem umas das outras e se mesclam novamente na morte. Amadas ou odiadas, vivas ou mortas, elas são objeto de intensa devoção.

Em suas histórias, Poe gostava de incluir argumentos que compartilhava com o leitor, possibilitando o reconhecimento de fatos e, assim, garantindo certafidedignidade, como em “O enterro prematuro” e em “Uma descida ao Maelström”. Geralmente introduzia três ou mais casos para comprovar que o que estava prestes a relatar poderia realmente ocorrer na vida real.

D.H. Lawrence foi, entre tantos outros, um dos críticos da obra de Poe. Segundo ele, os contos góticos de Poe seriam evidência de que sua mente estava se deteriorando. Poe estaria preocupado com o processo de desintegração de sua psique e predestinado a registrar este processo de deterioração.3

Todos esses fatores talvez expliquem por que falar de Poe é tão desafiador quanto ler sua obra, composta de contos, poemas e ensaios. Isto porque ele foi um escritor capaz de retratar temas e situações que não conseguem deixar o leitor imparcial, que criam uma gama imensa de imagens, sejam elas reais ou não, produtos da loucura ou da sanidade absoluta e que atingem diretamente o seu destinatário, tornando-o cúmplice daqueles crimes, daqueles desvarios.

É nesse sentido que todos aqueles que se dedicam à leitura da obra de Edgar Allan Poe, buscam, na trajetória do autor, como quem procura em “A carta furtada”, elementos que irão sanar suas curiosidades sobre a misteriosa vida do escritor. Seu percurso talvez seja tão instigante quanto “O mistério de Maria Roget”, e talvez a isso se deva o fato de que é possível perceber vários desencontros no que diz respeito à biografia de Allan Poe.

Ao nos debruçarmos sobre a biografia de Poe, uma pergunta norteia a leitura: por quais peripécias passou o autor que foi capaz de produzir histórias fantásticas que, além de se tornarem inesquecíveis para o leitor, acabaram influenciando diversos outros escritores?

Para responder a essa pergunta e, talvez, a tantas outras que possam surgir, é importante destacar aspectos não só de sua vida, mas também do contexto histórico do qual fez parte e que influenciaram na iniciação literária desse autor norte-americano. Edgar Allan Poe nasceu em 1809 e teve uma vida repleta de acontecimentos fantásticos, misteriosos e tristes, que certamente influenciaram nas temáticas de seus textos.

O escritor, filho de David e Elizabeth, ambos atores de teatro itinerante, nasce em Boston e já nos primeiros anos de vida sofre a primeira de muitas perdas que marcam sua trajetória: a morte do pai. Ao que consta o ator teria morrido ou desaparecido,4 deixando a esposa – que estava grávida de Rosália – com outros dois filhos para criar (Edgar e William Henry). A vida da família, cerca de dois anos mais tarde, volta a ser visitada pelo anjo da morte. Desta vez as três crianças são privadas do contato com a mãe e ficam, portanto, entregues aos cuidados da companhia de teatro na qual Elizabeth trabalhava.

O futuro escritor, já aos três anos de idade, sofre com a perda dos pais e está entregue aos cuidados de um grupo de atores. Tais fatos, por si só, já seriam suficientes para marcar a vida dessas crianças, no entanto, os infortúnios não acabariam por aí. Pouco tempo após a morte da mãe, Edgar, William e Rosália presenciam o incêndio do teatro de Richmond que, ao destruir totalmente o prédio, leva, juntamente com o fogo e a fumaça, a casa dos três. O menino, mais tarde, será privado do convívio com os irmãos, sendo entregue aos cuidados de John e Frances Allan, família de agricultores. Ao ser adotada, a criança recebe o nome pelo qual será mundialmente conhecido e reconhecido: Edgar Allan Poe; Edgar Poe (nome de batismo) e Allan (nome da família adotiva).

Junto à nova família a vida de Poe é aparentemente normal, frequenta escolas e, devido às viagens de negócios da família Allan, passa cinco anos entre instituições de ensino da Inglaterra e da Escócia. A família reside algum tempo em Londres e Poe frequenta uma escola religiosa em StokeNewington. “William Wilson” é, provavelmente, a elaboração literária de muitos dos acontecimentos escolares dessa fase e que seriam utilizados para compor a personagem e o conto.

Nesse mesmo período, as relações entre EUA e Grã-Bretanha estavam se deteriorando, após vinte cinco anos de trégua. Os EUA declaram guerra contra a Grã-Bretanha três anos antes da ida dos Allan para terras inglesas. Os ingleses queimam Washington e o Hino Nacional Americano Star-Spangled Banner é composto, inspirado na defesa americana que expulsa os inimigos.

Após o término da guerra, a família Allan prospera em Londres, graças ao comércio de tabaco. No entanto, em 1819, o mercado de tabaco entra em colapso e eles retornam a Richmond, a fim de salvar os negócios. Nesse mesmo ano o Congresso Americano começa a debater, pela primeira vez, a moralidade da escravidão e os interesses divergentes dos estados escravagistas e dos abolicionistas. Em Richmond, Poe frequenta a academia de Joseph Clarke, onde se revela um excelente aprendiz de latim e grego. Nessa época, o relacionamento entre ele e seu pai adotivo não era dos melhores. Segundo Kennedy,5 Allan frequentemente reclamava que seu filho adotivo não demonstrava nenhum afeto nem gratidão para com ele.

Durante meados de 1820, graças ao longo período sem guerra, os EUA gozavam momentos de grande prosperidade, facilitados por um sistema de melhorias internas – construção de estradas, ferrovias e canais. O plantio do algodão estava em seu período de ápice. O progresso nos transportes, a tecnologia de imprensa e aprodução de papel geravam novas oportunidades para aspirantes a escritores e editores. Jornais e revistas, juntamente com editoras, livrarias e vendedores itinerantes de livros propiciavam a emergência de uma cultura de massa norte-americana.

Em 1826, Poe matricula-se na Universidade de Virgínia, na qual permanece por um ano. Durante o primeiro semestre, ele corresponde às expectativas de John Allan, estudando exclusivamente línguas: grego, latim, francês, espanhol e italiano. No entanto, pouco tempo depois, a vida de Edgar Allan Poe começa a tomar outros rumos, diferentes daqueles inicialmente estabelecidos pela família Allan. As atividades de diversão no campus incluem bebidas, brigas e jogos e o futuro escritor adquire muitas dívidas, especialmente com os jogos. Muitos alunos possuem pistolas, as quais não hesitam em usar para defender sua honra, atmosfera retratada por Poe em seu conto “Mistificação”.

O ambiente acadêmico acalma-se por um tempo, graças à proximidade da comemoração do quinquênio da Declaração da Independência e a visita de seu fundador, o Presidente Jefferson. No entanto, os planos são interrompidos devido à morte do grande fundador da universidade. A jogatina então reinicia, juntamente com os demais hábitos desregrados praticados anteriormente. A dívida que Poe assume excede a soma de dois mil dólares, que na época representava o salário de dois anos inteiros. Incapaz de honrar essas dívidas, Poe recorre a seu pai adotivo, que se recusa a arcar com elas.

Ao retornar para casa durante os feriados natalinos, John Allan anuncia que não irá mais investir nos estudos do jovem rebelde. Além disso, Poe é forçado a trabalhar, sem vencimentos, nos negócios da família. Em março de 1827, o relacionamento entre Poe e Allan entra em conflito absoluto e ele é expulso de casa, de onde parte com um baú de pertences que incluía seus primeiros poemas e retorna à Boston, sua cidade natal.

Os acontecimentos na vida de Poe, até esse momento, como as mortes dos pais e as mudanças de cidades e de escolas foram situações que independiam de sua vontade. Porém, é a partir desse rompimento com a família Allan, que Poe começa a traçar seus próprios caminhos, os quais não seriam menos tortuosos do que aqueles percorridos até então.

Em Boston, se empenha em organizar seu primeiro livro de poemas, intitulado Tamerlão e outros poemas. Essa primeira tentativa, no entanto, não obtém sucesso e Poe decide entrar para o exército dos Estados Unidos, com o pseudônimo de Edgar A. Perry. Ao retornar da missão, seu batalhão escapa por pouco de um naufrágio na costa de Cabo Cod, fato que é retratado mais tarde em Manuscrito encontrado numa garrafa.

Nessa época, o jovem escritor é promovido a sargentomor e retorna a Richmond para o enterro de sua mãe adotiva, Frances Allan, ocasião em que se reconcilia com John Allan, visto que este está aparentemente fragilizado pela morte da esposa e enternecido pelos pedidos de desculpas de Poe por sua má-conduta no passado.

Após sair do exército, Poe muda-se para Baltimore onde passa a viver com a avó paterna, Elizabeth Poe, sua tia, Maria Poe Clemm, e a prima Virgínia. Nessa época, convive o irmão de sangue, Henry, de quem havia sido separado na primeira infância, por ocasião da morte da mãe. Poe passa por dificuldades e solicita constante ajuda financeira ao pai adotivo, que ignora seus pedidos. John Allan havia casado com Louisa Patterson, com quem tem três filhos naturais e, por isso, deserda Poe.

Sem emprego nem renda, Poe sobrevive com alguns poemas publicados em jornais e revistas. Em 1833, ganha um concurso literário do The SaturdayVisiter com o conto “Manuscrito encontrado numa garrafa”. Como resultado desse primeiro reconhecimento, passa a publicar seus textos nesse jornal semanal, além de escrever alguns ensaios para revistas locais.

Através da indicação de amigos, o escritor começa a trabalhar como redator para o Southern Literary Messenger. Nesse jornal, escreve crítica literária e tem a possibilidade de publicar alguns textos de sua autoria, como poemas e textos críticos. Torna-se assistente de Thomas W. White, editor do jornal, mas segue tendo crises depressivas que culminam em tentativas de suicídio.

Com uma vida relativamente estável, casa-se, em 1836, com sua prima, Virginia Clemm, na ocasião com 13 anos de idade. Nessa época, seu projeto Os contos de Folio Club, composto por poemas e contos, é aceito para ser publicado em um único volume, porém antes mesmo de ir para o prelo é suspenso, após Poe ter publicamente insultado o editor.

Uma vida estável e sem nenhum sobressalto não combinava com o trajeto traçado por Poe até então. Ainda recém-casado, deixa seu cargo de redator para tentar publicar uma revista própria. No entanto, ao não obter sucesso com seus escritos, volta a assumir a posição de redator e de crítico, agora no Gentleman´s Magazine, em Nova Iorque. É nessa fase que Poe começa a ver seus textos serem publicados pouco a pouco, e, em 1839, lança, em dois volumes, a obra Contos do grotesco e arabesco. Algum tempo depois, publica anonimamente, no EveningMirror, também em Nova Iorque, seu poema “O corvo”.

Os EUA enfrentariam, em breve, momentos de extrema insegurança e violência, motivados pela depressão econômica que atingiria seu ápice em 1843. A cidade de Filadélfia, para onde Poe havia se mudado junto com a esposa e a tia (agora sogra), estava em ebulição devido aos movimentos dos refugiados da escravidão, o grande abismo social e as manifestações raciais contra negros. Nesse clima de inseguranças, Poe é premiado pelo conto “O escaravelho de ouro”, que tematiza o relacionamento entre o personagem principal e seu escravo. Ainda em 1843, é produzida uma adaptação do mesmo conto para o teatro e o jornal Saturday Evening Post publica “O gato preto”. Poe estava casado, trabalhava como redator e crítico em Nova Iorque e começava a fazer sucesso com seus contos. No entanto, mais uma tragédia atinge a vida do escritor, sua esposa vem a falecer no inverno de 1847, e ele é levado definitivamente para o vício que já o consumia desde o rompimento das relações com a família Allan: a bebida.

Após a morte de Virgínia, publica, entre 1847 e 1849, alguns ensaios, e passa a ser, efetivamente, reconhecido como escritor. Neste ínterim, faz palestras e conhece várias pessoas ligadas ao meio literário e artístico. Faz a corte a senhoras da sociedade e, em 1848, pede a mão de Sarah Whitman em casamento. Não mais que um ano depois, declara seu amor por Annie Richmond e, em seguida, pede a mão de Sarah Shelton, tudo isto entremeado por bebida em excesso, overdose de láudano e eventos de alucinações.

No dia 3 de outubro de 1849, é encontrado por um amigo, totalmente embriagado e com roupas que não eram as suas, nas ruas de Richmond. É levado ao hospital onde passa alguns dias delirando e conta-se que, poucos instantes antes de morrer, pronunciou a seguinte frase: Senhor, ajudai a minha pobre alma.

 Seu enterro ocorre no dia seguinte, sem ostentação. Segundo Hervey Allen, Poe morreu como vivera – em grande miséria e tragicamente.

Edgar Allan Poe foi uma alma perturbada, principalmente por ele mesmo, que teria dito, ao falar sobre seus textos, que o terror presente em suas histórias não seria fruto da sociedade a qual pertencia, mas sim de sua obscuridade interior, de seus medos e aflições, ou seja, das inquietações de um homem atormentado. No entanto, seja por ter dado voz aos seus sentimentos mais profundos, ou por ter vivido em uma época que não o compreendeu, produziu contos, poemas e ensaios que fascinam leitores e o consagraram como um Clássico da literatura universal.

 

1Auguste Dupin é o detetive criado por Edgar Allan Poe que aparece em seus contos “Os assassinatos da rua Morgue”, “A carta roubada” e “O mistério de Marie Roget”.

2DOCTOROW, E.L. Our Edgar. The Virginia Quarterly Review, 82, p.240-7, 2006.

3LAWRENCE, D.H. Studies in classic american literature. London:Penguin Books, 1977.

4Este estudo tem como base o livro POE, Edgar Allan. Edgar Allan Poe. Ficção completa, poesia e ensaios. Trad. Oscar Mendes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2001.

5KENNEDY, G. A historical guide to Edgar Allan Poe. Oxford: Oxford University Press, 2001.

6POE, op. cit. p. 43

7ALLEN, Hervey. Vida e obra de Edgar Allan Poe. In: Id. ibid., p.15-43.

 

Publicado em: Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 44, n. 2, p. 7-10, abr./jun. 2009. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/viewFile/6021/4337>. Acesso em: 20 set. 2013.

 

Professor, é aconselhável que leia o artigo junto com os alunos de modo a propor breves discussões.

Tópicos que podem ser considerados à guisa de discussão e, posteriormente, alvos de produções escritas analítico-reflexivas:

 

  • "Poe foi um gênio estranho que viveu em um casulo narcisista de tormento, teve uma vida repleta de tragédias e a margem da miséria. Sua ficção, tão espetacularmente guiada por temas de horror, sugere que suas histórias tenham sido originadas em seus sonhos mais recônditos. Nela o leitor se defronta com funerais prematuros, assassinatos movidos por vingança e múltiplos desvios de personalidade."
  • "Levando-se em consideração a proporção de toda a sua obra, Poe matou mais mulheres que Shakespeare, porém ele as mata e elas ainda assim retornam. Elas assombram, porém perdoam. Elas nascem umas das outras e se mesclam novamente na morte. Amadas ou odiadas, vivas ou mortas, elas são objeto de intensa devoção."
  • "Isto porque ele foi um escritor capaz de retratar temas e situações que não conseguem deixar o leitor imparcial, que criam uma gama imensa de imagens, sejam elas reais ou não, produtos da loucura ou da sanidade absoluta e que atingem diretamente o seu destinatário, tornando-o cúmplice daqueles crimes, daqueles desvarios."
  • "Ao nos debruçarmos sobre a biografia de Poe, uma pergunta norteia a leitura: por quais peripécias passou o autor que foi capaz de produzir histórias fantásticas que, além de se tornarem inesquecíveis para o leitor, acabaram influenciando diversos outros escritores?"
  • "Edgar Allan Poe foi uma alma perturbada, principalmente por ele mesmo, que teria dito, ao falar sobre seus textos, que o terror presente em suas histórias não seria fruto da sociedade a qual pertencia, mas sim de sua obscuridade interior, de seus medos e aflições, ou seja, das inquietações de um homem atormentado."

 

Módulo 2

Atividade 1

Produção de um texto analítico entre um dos contos trabalhados e a vida de Edgar Allan Poe.

 

Esse é o momento de os alunos, após trabalharem os contos de Poe citados nessa proposta, redigirem um texto acerca da suposta relação estreita entre biografia e produção do autor.

Nesse caso, a proposta será elaborada em função da análise do conto "O gato preto".

Para tanto, em folha separada, deverão produzir um texto expositivo-argumentativo, respondendo à pergunta:

  • Em que medida é possível relacionar biografia de Poe ao conto "O gato preto"? Construa uma análise fundamentada no enredo do conto e nas informações obtidas sobre a vida de Poe.

 

Após todas as reescritas pertinentes, os textos deverão ter circulação social. Para isso, os alunos deverão socializá-los no sítio ou blogue da escola ou disponibilizarem no mural da escola. Com a ajuda do professor, os textos podem ainda ser endereçados a estudiosos de Edgar Allan Poe.

Exemplos de produções de alunos do 9º ano da Escola de Educação Básica da UFU (Eseba), no ano de 2013, primeira versão:

 

  • Marina Fernandes

7

 

 

  • Isadora Leonel

 

6

 

 

  • Marcos Paulo Vieira

84.1

 

 

  • Julia Alves Santos

9105.2

Atividade 2

Os alunos deverão ser capazes de, após toda a sequência didática, defenderem sua posição acerca da suposta relação entre a biografia de Poe e sua produção.

 

Essa atividade deverá ser realizada no laboratório de informática com computadores, internet e equipamento de câmera e microfone no computador.

Após as discussões oriundas da leitura do artigo "O clássico Edgar Allan Poe", os alunos deverão responder à pergunta mote que orientou a sequência didática:

  • Em que medida a vida de Poe pode ter relação com sua produção?

 

Essa resposta se dará oral e individualmente. Para isso, cada aluno deverá acessar o link mailvu.com, gravar sua resposta e enviá-la em sequência para o e-mail do professor.

1

Atividade 3

O objetivo é avaliar os vídeos produzidos.

 

Os alunos assistirão às gravações de toda turma para posicionarem sobre as considerações dos colegas, contribuindo para uma avaliação coletiva.

Recursos Complementares

Para leitura do professor:

http://educacao.uol.com.br/biografias/edgar-allan-poe.jhtm Acesso em 18 out. 2013.

http://edgarallanpoe2k.blogspot.com.br/2009/07/edgar-allan-poe-biografia_17.html Acesso em 18 out. 2013.

Artigos:

Poe e a contemporaneidade: um coração sempre delator. Disponível em:  http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/viewArticle/6025 Acesso em 18 out. 2013.

A contribuição de Edgar Allan Poe ao conto. Disponível em:  http://www.unisa.br/graduacao/humanas/letra/alunos/a-contribuicao.pdf Acesso em 18 out. 2013.

Monografia:

Interfaces do insólito: a presença de Edgar Allan Poe na obra de Horácio Quiroga. Disponível em: http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:3oziRz9fH5UJ:scholar.google.com/++biografia+e+produ%C3%A7%C3%A3o+edgar+allan+poe&hl=pt-BR&as_sdt=0,5 Acesso em 18 out. 2013.

Livro:

Edgar Allan Poe: o homem e sua sombra.

Trechos disponíveis em: http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=a4AaJbYZKa0C&oi=fnd&pg=PA11&dq=rela%C3%A7%C3%A3o+biografia+e+produ%C3%A7%C3%A3o+edgar+allan+poe&ots=VWAvxpXgZF&sig=ojQnLnP7HHoUJE0O4tvsXrWrb3c#v=onepage&q=rela%C3%A7%C3%A3o%20biografia%20e%20produ%C3%A7%C3%A3o%20edgar%20allan%20poe&f=false Acesso em 18 out. 2013.

Avaliação

A proposta terá como avaliação o posicionamento coerente dos alunos quanto à relação empreendida entre contos trabalhados de Edgar Allan Poe e o conhecimento de sua biografia. Esse posicionamento dar-se-á mediante as discussões orais em sala, a produção escrita e a produção oral.

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