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“Teses ‘Sobre o Conceito de História’, de Walter Benjamin”

 

21/11/2013

Autor e Coautor(es)
LEONARDO SOUZA DE ARAUJO MIRANDA
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BELO HORIZONTE - MG Universidade Federal de Minas Gerais

Anna Flávia Arruda Lanna; Mauro Mendes Braga.

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio História Tempo: transformações e mentalidades
Ensino Médio História Poder
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Relações de poder e conflitos sociais
Ensino Médio História Memória
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

 - Entender uma determinada visão sobre história e tempo histórico a  partir de Walter Benjamin.

 

- Compreender as teses "Sobre o Conceito de História", de Walter Benjamin.

 

- Entender, especificamente, a Tese número 9, que versa sobre a temática do “Anjo da História”.

 

- Analisar as ideias de progresso e ruínas, presentes na Tese número 9. 

Duração das atividades
Seis aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

 

- Teoria da História.

 

- Tempo Histórico.

 

- Nazismo e Segunda Guerra Mundial.

 

Estratégias e recursos da aula

INTRODUÇÃO

No início de 1940, o filósofo judeu alemão Walter Benjamin empreendeu uma tentativa frustrada de fugir da França, onde se encontrava exilado, para a Espanha, visando escapar do Nazismo. Antes de deixar a França, ele redigiu as teses “Sobre o Conceito de História”. O documento é composto de 18 teses. O objetivo de Walter Benjamin era fazer a crítica às concepções históricas defendidas pelo positivismo, pelo historicismo e pela social- democracia. Seu propósito era compreender a história do ponto de vista dos vencidos e empreender a crítica à modernidade capitalista. O contato com essa visão de história pode fornecer aos alunos a possibilidade de construção de um senso crítico que rejeite concepções que primam pela aposta em um modelo historiográfico que acredita no progresso irresistível da história, em leis científicas que regem o processo histórico.  Essa nova visão se pauta na ideia de que a história está em aberto e o novo é possível, abrindo uma possibilidade de construção de futuros diferentes pela ação, no presente, dos vencidos. Assim cai por terra a teoria de que o futuro é resultado da evolução histórica e do progresso econômico e científico. Pelo contrário, os alunos poderão perceber que o progresso pode ser a possibilidade da tragédia, da catástrofe, o terror. Então, a proposta é que os alunos compreendam o conceito, usando como recurso pedagógico a pesquisa e a análise de textos, da linguagem estética das artes plásticas e a criação de uma pequena História em Quadrinhos.

 

DESENVOLVIMENTO

 

1ª. e 2ª. AULAS

Neste primeiro momento é de suma importância que os alunos possam travar conhecimento e definir os traços gerais do que seria o objeto de estudo da aula, ou seja, as teses “Sobre o Conceito de História” e a biografia do seu autor. Serão dois os movimentos propostos pelo professor aos alunos: primeiro, a leitura de uma pequena biografia do autor; em segundo, a leitura de um texto explicativo sobre a suas teses “Sobre o Conceito de História”. Como se pode notar, estas duas primeiras aulas usam como recursos a leitura e a interpretação de textos.

 

Partindo do pressuposto de que a história de vida do autor, a obra produzida e o contexto histórico mantêm uma relação de reciprocidade que fornece uma chave para o entendimento das ideias do texto, o professor irá trabalhar com os alunos alguns dados biográficos de Walter Benjamin. Os estudantes irão ler o texto que se encontra no link abaixo. Alguns pontos importantes deverão ser fixados: origens (data de nascimento, nacionalidade e família); o judaísmo; fatores de ordem política que explicam os problemas que ele enfrentou na década de 1930; Walter Benjamin, “homem de letras”; renúncia à vida acadêmica; ascensão do nazismo na Alemanha; questões enfrentadas por Benjamin no ano de 1939 (questões políticas, pessoais e sobre o contexto político europeu); as relações entre a França e a Alemanha em 1940; as tentativas de escapar do nazismo na França. As palavras desconhecidas deverão ser anotadas e depois consultadas em um dicionário.

 

Linkdo texto: http://www.uesc.br/nucleos/nbewb/biografia.html (acesso em: 31 out. 2013).

 

Walter Benajmin

Retrato de Walter Benjamin. S/D. S/L. Fonte: http://31.media.tumblr.com/tumblr_ls76m0Yfi51qzn0deo1_1280.jpg [Imagem meramente ilustrativa] (acesso em: 31 out. 2013)

 

Walter Benjamin é conhecido por um estilo de expressão rebuscado, aforismático, complexo, metafórico e de difícil entendimento. As teses “Sobre o Conceito de História” fazem jus a esse estilo. Dessa forma, é aconselhável que o professor ofereça aos alunos uma introdução explicativa que torne o texto mais claro. Nesse caso, os alunos deverão ler o texto “Considerações sobre o conceito de história de Walter Benjamin”, no Blog do Programa de Educação Tutorial (PET), do Departamento de História da Universidade Federal do Ceará (link abaixo). O artigo permitirá que os alunos tenham contato com uma visão geral das teses e com os principais temas do documento de Walter Benjamin. As palavras desconhecidas deverão ser anotadas e depois consultadas em um dicionário.

 

Link: http://pethistoriaufc.blogspot.com.br/2013/03/consideracoes-sobre-o-conceito-de.html (acesso em: 31 out. 2013).

 

Os alunos deverão ler o texto indicado, seguindo o roteiro abaixo que servirá como orientação dos temas abordados, essenciais à compreensão das teses e como fio condutor a respeito do debate “Sobre o conceito de história de Walter Benjamin”. A postura do professor durante o debate deverá estimular a curiosidade e a participação crítica dos seus alunos, despertando a atenção deles para pontos centrais:

 

- O contexto em que foram escritas as teses;

- As teses sobre a história tratam de que sentimentos de Benjamin diante do tempo;

- A quem era endereçada a crítica de Benjamin nas Teses;

- Qual a crítica feita à ideia de progresso;

- Quais as relações entre o materialismo histórico e a visão benjaminiana da história;

- A expressão "escovar a história a contrapelo";

- O novo conceito de história à ideia do tempo presente;

- Novo conceito de história X historiografia historicista.

 

3ª. e 4ª. AULAS

Estas aulas serão dedicadas ao estudo das Teses propriamente ditas. Como o estudo do documento integral é impraticável, em razão do tempo reduzido das aulas, da extensão do texto (18 teses) e da dificuldade do conteúdo, vamos adotar a estratégia de nos concentramos no estudo da Tese número 9. Isso porque, como diz Michel Lowy, em seu livro Walter Benjamin: aviso de incêndio. Uma leitura das teses Sobre Conceito de História: a tese 9 “resume como em um foco o conjunto do documento” (página 87).

Para isso, estas aulas seguirão o seguinte roteiro:

Primeiro, a Tese número 9 nasceu de uma inspiração peculiar. No texto, o autor diz que o “Anjo da História” deveria inspirar-se no quadro “Ângelus Novus”, que pertenceu a Benjamin, de autoria do pintor Paul Klee.  Uma vez que a Tese 9 expressa mais a visão e a interpretação que Benjamin faz do desenho do que a ideia da obra propriamente dita, trata-se de propor aos alunos que vejam o desenho, analisem, interpretem e opinem sobre a figura representada na obra de Klee. Interpretar a obra, antes de ler a Tese 9, é oportuno porque irá permitir que eles façam sua própria leitura e que percebam como a figura guarda pouca relação com o que Walter Benjamin analisou, ou seja, a tese é uma reinterpretação que possui muito do olhar do filósofo.

 

Angelus Novus

“Angelus Novus”, Paul Klee. Data: 1920. Disponível em: http://destakadas.com.br/wp-content/uploads/2013/02/1190051611_angelus-novus.jpg . Acesso em:  (4 nov. 2013).

 

Em um segundo momento, os alunos lerão a Tese número nove do ensaio “Sobre Conceito de História”. Palavras desconhecidas ou que os alunos tenham dúvidas deverão ser anotadas e depois consultadas em um dicionário. O texto se encontra no seguinte link: http://revolucoes.org.br/v1/seminario/michael-lowy/walter-benjamin-tese(acesso em: 4 nov. 2013).

Por fim, incentivados pelo professor, os alunos irão iniciar um debate que visa sintetizar os dois momentos anteriores: a visão de Benjamin sobre o “Angelus Novus” e o conteúdo da Tese 9. O professor deverá mediar tal debate, esclarecendo dúvidas, explicando o conteúdo quando necessário, exemplificando questões e propondo alguns temas para a conversa: o sagrado e o profano ou religião e política; tempestade e progresso, as ruínas enquanto catástrofes, massacres e violências infligidos às classes subalternas no decorrer da história; o que seria a versão política desse paraíso. A questão central: a crítica à ideia de progresso.

No link abaixo, disponibilizamos um texto que comenta as teses “Sobre Conceito de História” que deverá ser usado exclusivamente pelo professor. Acessando as páginas 87 a 95, o professor terá contato com uma análise que lhe fornecerá informações, repertório para esclarecimento de dúvidas, que faça a mediação da conversa e explique o conteúdo da tese 9.

 

Linkhttp://www.afoiceeomartelo.com.br/posfsa/Autores/Lowy,%20Michael/Walter%20Benjamin%20aviso%20de%20incendio.pdf (acesso em: 4 nov. 2013).

 

5ª. e 6ª. AULAS

Nestas últimas aulas, os alunos irão dedicar-se à tarefa de construir o conhecimento, fazendo da Tese número 9 “Sobre o Conceito de História” uma história em quadrinhos que será o resultado da interpretação deles sobre o ensaio de Benjamin.

 

Em um primeiro momento, os alunos irão reler as Tese 9 e depois se dedicar à construção da estrutura da História em Quadrinhos. A primeira atitude será a construção do roteiro. Eles deverão colocar em papel as ideias sobre a história que será narrada: tema (adaptação da tese 9 “Sobre Conceito de História, com introdução, desenvolvimento e conclusão); ideias a serem desenvolvidas (progresso e ruínas − guerras, massacres, pobreza, exploração através dos tempos, mobilizando, se quiserem, casos verídicos ou não); personagens (além do Anjo da História, outros personagens baseados no texto, tais como figuras heroicas como revolucionários mortos, povos que sofreram violências, como massacres e escravidão, povos rebeldes, heróis anônimos ou fictícios); eventos (os alunos poderão criar eventos ou usar exemplos históricos que exemplifiquem as ideias de progresso, como regresso e ruínas, como amontoado de violências, massacres, guerras que têm como vítimas minorias e povos explorados).

 

Posteriormente, deverão esboçar os desenhos de como serão os personagens, assim como suas expressões faciais para cada ação, sentimento, emoção etc. Os mesmo para as possíveis paisagens.

 

Por fim, é chegado o momento da diagramação: deverão fazer um planejamento do número de quadrinhos e páginas para cada evento ou temática abordada, fazer um rascunho inicial e juntar as páginas do rascunho em ordem. Em seguida, será a hora de escolher os quadros: ordem, destaque, tamanhos e formato (usar folhas A4 em sentido horizontal, dobradas ao meio).

 

Deverão começar os quadrinhos pela inserção do texto (balões dos personagens) nas páginas e quadros, deixando os detalhes dos personagens e dos cenários para o final e não se esquecendo de que a História em Quadrinhos deverá ter capa e título.

 

Abaixo alguns links de sites que dão dicas de como fazer uma história em quadrinhos. Os alunos não deverão ficar restritos aos links indicados pelo professor, mas expandir a pesquisa procurando mais dicas em outros sites.

 

Links:

http://pt.scribd.com/doc/7244046/Gian-Danton-o-Roteiro-Das-HistOrias-Em-Quadrinhos (acesso em:  4 nov. 2013)

                                

http://pt.wikihow.com/Fazer-uma-Hist%C3%B3ria-em-Quadrinhos (acesso em: 4 nov. 2013)

 

CONCLUSÃO

Os alunos deverão ser incentivados a compreender o conceito de história desenvolvido por Walter Benjamin, nas teses “Sobre o Conceito de História”, analisando fontes iconográficas, estudando o ensaio e desenvolvendo as habilidades de pesquisa, interpretação e construção do conhecimento, criando uma história em quadrinhos com sua versão da Tese número 9.

Recursos Complementares
Avaliação

Os alunos deverão ser avaliados na sua capacidade de analisar a fonte iconográfica, na sua desenvoltura no debate e na acuidade crítica em relação às fontes escrita e musical. Deverão ser avaliados quanto à sua interpretação de fontes históricas impressas, assim como na apresentação das suas conclusões, na sua capacidade de pesquisa, de recriar o saber histórico por meio do desenvolvimento de uma história em quadrinhos e as habilidades desenvolvidas (criação de roteiro, imagem, personagens etc.).

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