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“Diretas Já”

 

18/11/2013

Autor e Coautor(es)
JULIANA VENTURA DE SOUZA FERNANDES
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BELO HORIZONTE - MG Universidade Federal de Minas Gerais

Anna Flávia Arruda Lanna; Mauro Mendes Braga

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio História Poder
Ensino Médio História Memória
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Relações de poder e conflitos sociais
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo História Cidadania e cultura contemporânea
Ensino Médio História Sujeito histórico
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

O aluno poderá compreender as características políticas da mobilização que se tornou conhecida como “Diretas-Já”, inserindo-a no contexto da transição política brasileira. 

Duração das atividades
Quatro aulas de 50 minutos.
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

- O Golpe Militar.

- A Ditadura Civil-Militar e a transição política a partir de 1974. 

Estratégias e recursos da aula

INTRODUÇÃO

O movimento pelas eleições diretas constitui-se um importante capítulo da história da redemocratização do Brasil. A transição, que se vinha desenvolvendo abaixo de um forte controle militar, contava cada vez mais com a organização de grupos civis que visavam a um aprofundamento do processo pela via da instauração de uma Assembleia Nacional Constituinte e das eleições diretas.

Em 2 de março de 1983, o deputado Dante de Oliveira (PMDB-MT) apresentou ao Congresso Nacional proposta de emenda à Constituição prevendo o restabelecimento de eleições diretas para a Presidência da República em dezembro do ano seguinte. Enquanto isso, criava-se em São Paulo uma coordenação de Partidos Políticos, composta especialmente pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro e pelo Partido dos Trabalhadores, que visava à articulação de uma campanha nacional de apoio à emenda, com o slogan que ganharia as ruas: “Diretas Já”. Vários movimentos sociais aderiram à mobilização: entidades estudantis, a OAB, setores da Igreja Católica... Contudo, o que tornou as “Diretas Já” um movimento realmente expressivo politicamente foi a maciça adesão popular.

Nos meses seguintes, a campanha começou a ganhar fôlego nas ruas. Em 27 de novembro de 1983, ocorreu a primeira manifestação pública a favor das Diretas. Foi uma festa-comício organizada no estádio do Pacaembu, em São Paulo, pelos partidos da oposição. Em Curitiba, no dia 12 de janeiro de 1984, reuniram-se cerca de 50 mil pessoas em praça pública reivindicando eleições diretas. Novas manifestações ocorreram em Salvador, com 15 mil pessoas, Vitória, com 10 mil, e Campinas, com 12 mil.

O primeiro comício que ganhou repercussão nacional e que hoje é considerado o primeiro grande comício das Diretas foi realizado na Praça da Sé, em São Paulo, no dia 25 de janeiro. No Rio de Janeiro, uma das primeiras manifestações pelas Diretas aconteceu na Avenida Rio Branco em 16 de fevereiro. Em Minas Gerais, a principal manifestação ocorreu no dia 24 de fevereiro. Em abril de 1984, a campanha continuou se ampliando. No dia 10, cerca de um milhão de pessoas se reuniram na Candelária no Rio de Janeiro. Novos comícios a favor das eleições diretas realizaram-se em Goiânia em 12 de abril e em Porto Alegre, no dia seguinte. O último grande comício antes da votação da Emenda Dante de Oliveira se realizou no dia 16 de abril, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, com quase um milhão e meio de pessoas.

Apesar de toda mobilização, em 18 de abril o presidente João Figueiredo procurou coibir o movimento, decretando a adoção pelo prazo de 60 dias de medidas de emergência no Distrito Federal e em dez municípios de Goiás. As medidas tinham como executor o general Newton Cruz e incluíam a possibilidade de detenção de cidadãos em edifícios comuns, suspensão da liberdade de reunião e associação, além da intervenção em sindicatos e outras entidades de classe. Foi determinada a censura prévia às emissoras de rádio e de televisão, sendo proibida a transmissão ao vivo de qualquer informação sobre a votação da emenda à Constituição.

O dia anterior ao da votação da Emenda Dante de Oliveira foi muito tenso em Brasília. Houve manifestações em favor das Diretas na Esplanada dos Ministérios e Newton Cruz pôs tropas na rua para reprimi-las. A emenda pelas Diretas acabou derrotada na Câmara dos Deputados, o que levou a uma fragmentação do movimento e a uma importante frustração. Após a derrota, alguns prestariam apoio à eleição indireta de Tancredo Neves, enquanto partidários, principalmente do PT, se recusariam a esse tipo de articulação.

 

DESENVOLVIMENTO

 

1ª. AULA

Desenvolvimento

Sugerimos que o professor inicie as atividades com uma breve exposição conceitual acerca dos aspectos abordados no item “Introdução”. Para torná-la mais dinâmica e, sobretudo, para destacar a magnitude da mobilização por eleições diretas no Brasil, é interessante que se utilizem alguns recursos visuais. Selecionamos algumas imagens que poderão ajudar a construir um panorama de fatos emblemáticos relativos à luta e aos atores políticos articulados em torno dela. Durante essa exposição, que poderá durar entre 20 a 25 minutos, o professor deverá estimular a participação dos alunos para que se construam coletivamente as interpretações das imagens. 

Em seguida, poderá ser apresentado o vídeo História que construímos – as Diretas Já e a queda da ditadura, de 15 minutos. Elaborado por um grupo de participantes do movimento, o vídeo contém um apanhado de imagens interessantes a partir das quais se contextualiza a emergência da campanha por “Diretas Já”. Por meio dele, o professor poderá, inclusive, propor discussões acerca da memória construída em torno desse movimento: como ele tem sido representado contemporaneamente? Como tem sido inserido como capítulo do processo de redemocratização? 

A partir disso, o professor deverá organizar a turma em pequenos grupos que responderão, por escrito, à pergunta: “Como vocês explicariam o movimento por eleições diretas no Brasil?”. A atividade será iniciada nesta primeira aula e seguirá como atividade para casa. Esse esforço conceitual dos alunos será importante para a realização das atividades posteriores.

 

Link para o vídeo “História que construímos – as Diretas Já e a queda da ditadura”:

http://www.youtube.com/watch?v=sOVXCvrM3sc

 

IMAGENS:

Diretas Já

Legenda: Comício por Eleições Diretas – Praça da Sé (São Paulo).

Disponível em: http://carensurama.blogspot.com.br/2012/05/old-pictures-of-sao-paulo-parte-ii.html

 

Diretas Já

Legenda: Torcida corintiana levanta bandeira pelo voto direto.

Disponível em: http://molinacuritiba.blogspot.com.br/2012_12_17_archive.html

 

Diretas Já

Legenda: Comício por Eleições Diretas – Porto Alegre (RS).

Disponível em: http://www.radio.ufscar.br/radioufscarespecial/?p=50

 

Diretas Já

Legenda: Neguinho da Beija-Flor, Tânia Alves, Sócrates, Osmar Santos e Juca Kfouri em mobilização pelas eleições diretas.

Disponível em: http://cornerdoleao.blogspot.com.br/2012/01/o-melhor-gol-dele-foi-com-fala.html

 

Diretas Já

Legenda: Lula discursa ao lado de Fernando Henrique Cardoso em Comício pelas Diretas Já em 1984.

Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/luiza-erundina-oficializa-saida-da-chapa-de-haddad

 

2ª. e 3ª. AULAS – As “Diretas Já” nas charges de Henfil

 

Desenvolvimento

Pretende-se que, a essa altura, os alunos já tenham tido a oportunidade de compreender que o processo de abertura política no Brasil é resultado do embate entre projetos políticos bastante diferenciados, advindos de setores que não contavam com o mesmo grau de poder. De um lado, um projeto de abertura lenta, segura e gradual proposto pelos militares, com apoio parcial da própria corporação. De outro, depois do enfraquecimento do apoio civil à ditadura, a articulação de setores civis comprometidos com um plano de redemocratização mais amplo e profundo.

Nesse contexto, críticas à ditadura e aos aspectos políticos da transição emergiam na mídia, nos meios acadêmicos, em inúmeras organizações civis. Nosso objetivo nestas aulas é o de analisar as tensões políticas que estão por trás das demandas por eleições diretas, utilizando-nos de um produto cultural.  

Henfil foi um importante cartunista brasileiro que viveu entre 1944 e 1988. Ao longo de sua carreira, criou inúmeros personagens de histórias em quadrinhos que até hoje são bastante conhecidos. Por meio de seu trabalho, tornou-se um destacado crítico de seu contexto político, produzindo charges sobre a ditadura e a transição.

Sugerimos que o professor inicie estas aulas com uma breve apresentação biográfica de Henfil. Em seguida, deverá organizar a turma em grupos, que poderão ser os mesmos da aula anterior. Eles serão responsáveis pela análise de duas charges de Henfil. Para tanto, sugere-se que eles se baseiem nas orientações fornecidas pelo professor (conforme sugestões abaixo), nas discussões já realizadas nas outras aulas e nos resultados de suas próprias pesquisas.  As análises serão apresentadas em forma de seminário para toda a turma e por meio de um texto escrito entregue ao professor.

 

Links sobre a biografia de Henfil:

http://www.centrocultural.sp.gov.br/gibiteca/henfil.htm

http://educacao.uol.com.br/biografias/henfil.jhtm

 

Sugestão para orientação da análise das Charges:

- Descrever as charges detalhadamente;

- Descrever elementos, símbolos ou detalhes que nelas se apresentem;

- Contextualizar a imagem pela perspectiva política, social, cultural e estética do momento em que foi produzida (1983-1984).

 

Questões a serem levantadas:

- Qual o principal assunto da charge?

- Que mensagem é transmitida pelos elementos não verbais da charge?

- O que se procura transmitir pela linguagem verbal?

- O que ela critica?

- Como vocês interpretariam a charge?

 

Diretas Já

Legenda: Charge de Henfil.

Fonte: HENFIL. Diretas Já. São Paulo: Record. 1984. p. 119.

 

Diretas Já

Legenda: Charge de Henfil.

Fonte: HENFIL. Diretas Já. São Paulo: Record. 1984. p. 117.

 

4ª. AULA – Construa sua própria charge

Depois das apresentações das análises das charges de Henfil, o professor deverá propor aos grupos que elaborarem sua própria charge sobre a campanha das Diretas. Ela deverá ser apresentada em linguagem mista (verbal e não verbal) e expressar o posicionamento dos alunos acerca do tema. Para tanto, eles deverão utilizar-se do roteiro já proposto para a análise das charges, incorporando aquelas questões ao seu próprio trabalho.  

Recursos Complementares
Avaliação

Os alunos serão avaliados pela qualidade conceitual de seu trabalho escrito, das análises das charges e de sua própria produção. Também deverão ser levados em conta a participação nas discussões e o esforço em estabelecer uma leitura crítica do tema.

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