22/09/2009
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Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Ensino Fundamental Final | História | Nações, povos, lutas, guerras e revoluções |
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo | Estudo da Sociedade e da Natureza | Cidadania e participação |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | História | Relações de poder e conflitos sociais |
Ensino Médio | História | Sujeito histórico |
O aluno poderá compreender que não existe uma verdade absoluta e única na História e reconhecer a si próprio como sujeito histórico, que participa da História com suas ações.
Não há necessidade de conhecimentos prévios.
Aula 1
A noção de verdade na História: trabalhando com poema
Introduzir o tema a partir da leitura, interpretação e debate do poema Verdade, de Carlos Drummond de Andrade.
Verdade
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Verdade. In: Corpo. Novos Poemas. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1987, p.41-2.
Atividades propostas:
I- Leitura e Vocabulário
1- Após a leitura silenciosa do poema, criar uma dinâmica de leitura oral da qual todos os alunos participem. Por exemplo, divida o texto do poema em partes, deixando cada parte sob a responsabilidade de um grupo de alunos.
2- Pedir que os alunos façam o vocabulário das palavras desconhecidas.
II - Interpretação e debate
1- Representar, com desenhos, a idéia mais importante de cada uma das estrofes do poema.
2- Explicar, por escrito, o que entendeu sobre o último verso do poema: “Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia”.
3- Debater as idéias centrais de cada uma das estrofes do poema.
ATENÇÃO: no debate, é importante socializar os desenhos produzidos pelos alunos e propor que os colegas façam tentativas de interpretação dos mesmos, antes que seus autores comentem as idéias representadas.
Possibilidades de interpretação do poema com os alunos
1- Destacar a idéia do poeta de que, por mais que procuremos, não conseguimos acessar toda a verdade sobre um acontecimento. Só acessamos partes da verdade. Cada um de nós acessa partes diferentes da verdade.
2- Atentar para a possibilidade dos alunos interpretarem este poema como se o poeta estivesse dizendo que a verdade é inatingível. A verdade existe, mas não de forma absoluta, mas como representação vinculada às condições sociais, culturais, opções políticas de cada um e o grupo ao qual pertence.
3- A partir da interpretação do belíssimo poema de Carlos Drummond de Andrade o professor poderá iniciar um importante trabalho de reflexão acerca das múltiplas representações existentes sobre um mesmo acontecimento histórico e contribuir para a desconstrução, entre os alunos, da idéia de uma verdade única e absoluta na História. Diferentes interpretações históricas, ou seja, diferentes verdades devem ser apresentadas e confrontadas junto aos estudantes, ajudando-os na compreensão dos interesses e práticas sociais que cada uma destas representações legitima, incentivando-os a se posicionarem em relação a elas. Ao longo das aulas relativas à temática proposta, esta reflexão, iniciada com o poema, deve ser retomada pelo professor.
Aula 2
A desconstrução da História como fruto das ações de heróis: trabalhando com charge
A noção de verdade única e absoluta na História está vin culada ao mito do he rói, de acordo com o qual a História é vista, primordialmente, como produto das ações de “grandes homens”. A desconstrução do mito do herói é aspecto fundamental nas reflexões históricas, pois abre a possibilidade de que todas as pessoas se reconheçam como sujeitos históricos.
Para iniciar este trabalho, o professor deverá propor aos alunos a interpretação da charge abaixo:
Fonte:Schmidt, Mário. História Crítica do Brasil. São Paulo: Nova Geração, 1992, p. 94.
Questões para responder por escrito e debater:
1) Após a observação atenta da charge, descreva a cena retratada e identifique os personagens que a compõem.
2) Na charge, o que os carneiros pensam dos personagens do out door? Como se sentem em relação a eles?
3) Na sua opinião, os carneiros que aparecem na cena estão representando que grupo de pessoas da sociedade em que vivemos?
4) Segundo a charge, como as pessoas representadas pelos carneiros participam da História? Você concorda com esta forma de participar da História?
Aprofundando o debate
A charge possibilita ao professor a introdução de uma discussão importante com seus alunos a respeito da historiografia que estimula o culto aos heróis. Afinal, ao lado de consagradas personagens da História oficial do Brasil como D. Pedro I, Princesa Isabel, Getúlio Vargas e Duque de Caxias aparecem heróis das histórias em quadrinhos como Batman e Superman, numa provocação explícita à História oficial, fundada no mito do herói e no personalismo. E não é sem propósito que os homens e mulheres comuns (ou seja, todos aqueles que não são heróis e não estão, portanto, na galeria) são representados por ovelhas, animais conhecidos pela sua docilidade, pela sua sujeição à vontade de outrem. Na charge, as caricaturas de Karl Marx e Lênin na galeria dos heróis representam uma clara alusão aos heróis produzidos também em interpretações consideradas mais críticas. Desta maneira, a interpretação da charge permite concluir que qualquer interpretação histórica fundamentada pelo mito do herói, numa abordagem maniqueísta, faz com que homens e mulheres comuns sejam excluídos da história e vistos como espectadores e não como sujeitos históricos.
Aula 3
A noção de sujeito histórico: trabalhando com música
Para aprofundamento da discussão iniciada na charge, trabalhar a música “Trabalhadores do Metrô”, cuja letra é bastante apropriada às reflexões propostas. A música de Xangai contribui para uma discussão com os alunos acerca do conceito de sujeito histórico, possibilitando-lhes perceber que histórias individuais são partes de histórias coletivas e estas, portanto, são feitas no dia-a-dia por homens, mulheres e crianças, anônimos ou não.
Trabalhadores do metrô
Intérprete: Xangai
Compositor(es): R.M.Santos e Walter Marques
Vivendo na cidade grande
Na força da mocidade
Tinha ofício de armador
Armou do ferro da férrea necessidade
Pontes praças e pilares
Riquezas não desfrutou
Depois de tudo pronto
Tudo feito tudo arrumado
No bronze que foi lavrado
Só deu nome de doutor
O do prefeito, o do secretariado
E o do grande encarregado
Seu nome não encontrou
Bate zabumba pro povo fazer fuá
Tristeza de catacumba
No forró não pode entrar
Precisaria de uma placa que seria
Bem do tamanho da Bahia
Juazeiro a Salvador
Pra que coubesse
O nome de quem merece
De quem vive construindo
Homem, mulher e menino
Que é tudo trabalhador
Bate zabumba pro povo faz er fuá
Tristeza de catacumba
N o forró não pode entrar
Zabumba ê. .. (bis)
Atividades:
1- Vocabulário das palavras desconhecidas;
2- Interpretação oral de cada verso da letra da música;
3- Aprofundar, a partir da música, a noção de sujeito histórico, propondo aos alunos um debate das seguintes estrofes:
Depois de tudo pronto
Tudo feito tudo arrumado
No bronze que foi lavrado
Só deu nome de doutor
O do prefeito, o do secretariado
E o do grande encarregado
Seu nome não encontrou
Precisaria de uma placa que seria
Bem do tamanho da Bahia
Juazeiro a Salvador
Pra que coubesse
O nome de quem merece
De quem vive construindo
Homem, mulher e menino
Que é tudo trabalhador
4- Solicitar que os alunos registrem, no caderno, as conclusões que puderam sistematizar a partir do debate.
Aula 4 e 5
História de Vida
A partir das reflexões realizadas nas aulas anteriores, propor aos alunos uma atividade de escrita de suas histórias de vida, para que possam aprofundar as noções trabalhadas anteriormente e também para que percebam que as nossas histórias individuais estão entrelaçadas às histórias coletivas. Todos somos sujeitos históricos, todos fazemos a História.
Orientações:
1- Propor aos alunos que conversem com seus familiares, selecionem fontes (orais, escritas, iconográficas etc) e reunam dados sobre as suas histórias de vida.
2- Na escrita, os alunos devem fazer recortes significativos, trazendo para o texto não apenas a descrição ou a informação, mas também expectativas, anseios, objetivos, os quais permitam evidenciar a participação dos mesmos como agentes de suas próprias histórias.
3- Após a escrita, todos devem socializar as suas produções.
Professor, sugerimos que essa aula seja trabalhada em conjunto com a disciplina de Língua Portuguesa, na conceituação e caracterização de diferentes textos, uma vez que a aula propõe o trabalho com três gêneros textuais: poema, charge e música. O trabalho interdisciplinar poderá trazer contribuições importantes para as atividades de interpretação e debate propostos na aula. Nesta perspectiva, conferir o texto "Gêneros Textuais na escola", de Carla Viana Coscarelli: http://www.revistaveredas.ufjf.br/volumes/21/artigo05.pdf
Para um maior contato com a obra de Carlos Drummond de Andrade, o professor pode propor aos alunos que confiram o vídeo “No caminho de Drummond” disponível no Portal do Professor: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=18557
Para saber mais sobre o trabalho com charges em aulas de História:
Acessar, no portal, a aula A CHARGE como recurso metodológico na sala de aula: uma perspectiva para o ensino e a aprendizagem de História, onde são discutidas noções básicas para a produção e a interpretação de charges nas aulas de História.
Conferir o Projeto Charge & Paródia nas aulas de História, da Área de História da ESEBA/UFU, no seguinte endereço: http://gephiseseba.blogspot.com
A ação avaliativa deve permear toda a prática pedagógica do professor dando-lhe constantemente elementos que lhe possibilitem auxiliar o estudante no seu desenvolvimento. Deve permitir que o aluno organize o seu pensamento - seja através da expressão oral ou escrita - buscando, ao refletir sobre um determinado assunto, fazer uma leitura crítica das fontes analisadas, estabelecendo relações, levantando questões, buscando respostas e expondo conclusões. A avaliação deve ser utilizada primordialmente como um canal de comunicação entre o aluno e o professor. Fundamental para o primeiro uma vez que pode ajudá-lo a reorganizar o seu pensamento e superar dificuldades. Fundamental também para o professor que poderá sempre repensar a sua atuação, revendo conteúdos, metodologias de ensino, procedimentos avaliativos.
Desta maneira, no desenvolvimento do tema proposto, o professor poderá avaliar a aprendizagem dos alunos a cada etapa do trabalho por meio das atividades incluídas no processo: leitura e interpretação de poema, charge e música; debates; produção de texto; socialização das produções dos alunos; apresentação oral e escrita de conclusões acerca das temáticas trabalhadas.
Quatro estrelas 13 classificações
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03/03/2012
Cinco estrelasAdorei! Vou copiar!
22/02/2011
Cinco estrelasNossa,o meu professor de história passou isso,e foi ótimo por que todos os alunos,se indentificaram com o texto...Parabens!!
26/01/2011
Cinco estrelasAs aulas sugeridas para trabalhar o tema sujeito historicos é um espetáculo. Adorei.
22/06/2010
Quatro estrelasMuito boa a aula. Estão de parabéns.
24/03/2010
Cinco estrelasExcelente.
24/03/2010
Cinco estrelasA MINHA OPINÃO SOBRE ESTA AULA DE HIST[ORIA FOI MUITO PROVEITOSA, O EDUCANDO DESCOBRE QUE ELE TAMBÉM É IMPORTANTE E SUJEITO DA HISTÓRIA.ENQUANTO QUE SÓ OS HERÓIS SÃO DIVULGADOS PELA M[IDIA.
24/03/2010
Cinco estrelasÉ impressionante quando um grupo une-se para preparar aulas interessantes e divide-nas com os demais. Vou aproveitá-las. Obrigado!
24/03/2010
Cinco estrelasgostei muito, principalmente como o trabalho com poemas e charges, pois é preciso trabalhar a história de uma forma diversifica e atraente
24/03/2010
Cinco estrelasExcelente. A história foi estudada a partir da desconstrução de paradigmas e de forma interdisciplinar. Na medida exata para o SEJA!
24/03/2010
Cinco estrelasBom exemplo do quanto se pode tornar uma aula atraente e participativa: estabelecendo um paralelo entre o conteúdo e a realidade vivenciada. O planejamento englobando várias técnicas, com certeza, será fundamental para enriquecer o aprendizado.
24/03/2010
Cinco estrelasSIMPLESMENTE, MARAVILHOSO. A HISTORIA EM SI É ESPETACULAR E QUANDO REFLETIDA NUM PONTO DE VISTA DE DESCORBERTA,MAIS SE APROXIMA DE UMA NOVA CONSTRUÇÃO
24/03/2010
Cinco estrelasGostei muito achei uma ótima sugestão de aula me ajudará bastante para que possa desenvolver uma aula de bastante proveito
24/03/2010
Quatro estrelasMuito interessante a maneira com foi abordado o assunto nos três temas .Percebe-se o quanto é importante levar ao nosso aluno analisar a realidade e perceber que faz parte dela ou seja, reconhecer que é um sujeito que faz a História.