13/06/2014
Angela Cristina dos Santos; Antomar Araújo Ferreira
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Fundamental Final | Matemática | Números e operações |
A fim de desenvolver as competências da área 1 da matriz do ENEM, que é construir significados para os números naturais, inteiros, racionais e reais, reconhecendo, no contexto social, diferentes significados e representações dos números e operações - naturais, inteiros, racionais ou reais (H1) são propostos para essa aula os seguintes objetivos:
Essa aula prioriza os conhecimentos de vida do aluno, no entanto entendemos que parte desses conhecimentos surgem na escola, nesse sentido podemos destacar:
Os recursos costumeiramente presentes em sala de aula são suficientes, como:
A aula
Entendemos que as práticas escolares devem estar em concordância com uma formação estruturada e ampla do estudante. Para tanto, relações conteúdistas devem dar espaço àquelas que priorizam a formação de um cidadão sensível aos contextos sociais e econômicos, bem como ciente de seus direitos e deveres. Como parte dessa formação compreendemos que o respeito às opiniões alheias deve estar presente nas discussões do cotidiano escolar.
Nesse sentido, apresentamos essa sugestão de aula que se mostra enquanto uma introdução aos números positivos e negativos, articulando antes de tudo, a realidade do sujeito e, corroborando com um dos temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática (PCN): a ética.
Segundo o documento,
A construção de uma visão solidária de relações humanas nas aulas de Matemática contribuirá para que os alunos superem o individualismo por meio do diálogo e da valorização da interação e da troca, percebendo que as pessoas se complementam e dependem umas das outras. (BRASIL, 1998, p.30)
Apresenta-se com notoriedade a superação do individualismo a partir de oportunidades de dialogar convergindo para o entendimento de que as pessoas dependem umas das outras, sendo portanto importante que exista uma consciência de que há de se respeitar os diferentes pontos de vista das pessoas.
Entendemos que a estratégia dessa aula está dividida essencialmente em dois momentos: discussões sobre os questionamentos; reflexão sobre as respostas. O primeiro centraliza-se em questões problematizadoras e o segundo parte da reflexão sobre as mesmas, e culmina no registro das conclusões.
1º Momento: discussões sobre os questionamentos
No primeiro momento sugere-se uma questão problematizadora. Seguem algumas sugestões:
Há, claro, várias outras questões que podem ser colocadas para fomentar a discussão inicial, especialmente sobre a realidade da turma. Para a discussão, as mesas dos discentes podem estar dispostas em formato de circunferência, facilitando a visualização de todos para com aquele que, no momento, expressa sua opinião a respeito da pergunta.
É bem provável que existam respostas que tenham parâmetros diferentes que estabeleçam os critérios de gostos sobre alimentos, filmes, ou qualquer outro tema escolhido pelo(a) professor(a). Caso não se verifique essa diversidade, o(a) professor(a) pode inserir mais questões. De qualquer maneira, é interessante que se coloque mais de uma pergunta e que a medida que os alunos forem expondo suas colocações, o(a) professor(a) ou algum dos estudantes as anote no quadro.
2º Momento: refletindo sobre as respostas
Após a discussão, o(a) professor(a) pode solicitar aos alunos que busquem padrões nas respostas para cada pergunta. Apesar de poder aparecerem algumas características que se repitam, certamente, em virtude das diversidades dos indivíduos, os parâmetros nas respostas também se revelarão diversos. Essa diversidade é o ponto central da aula.
Quando ficar claro que essa variedade é natural, pode-se introduzir mais um questionamento:
Entendemos que essa pergunta pode desencadear várias respostas, no entanto, entendemos que o tema central que une a diversidade e, por consequência, está relacionado a essa ultima indagação, é o ponto de vista! O ponto de vista de cada sujeito faz saltar nas respostas os diversos parâmetros. Logo, que fique sugestionado ao aluno que, o que divide o feio do bonito ou o certo do errado é, em geral o ponto de vista, que pode ser expressado por uma pessoa, ou até por várias delas, a partir de comunicados, e até mesmo leis em determinados casos. Ora, o que é bom para um, pode ser ruim para outro! O ponto de vista, mais adiante, poderá ser interpretado como o ponto de partida, a origem, o zero.
A partir daí a sugestão para o encaminhamento é que, possa se discutir “categorias” de opiniões negativas e positivas.
Cabe ao professor(a) instigar as discussões de forma que se exalte sempre o respeito à opinião alheia, de forma que não se permita apequenar os outros colegas e que essa ideia possa permanecer também fora da escola.
Para que o aluno possa sintetizar a discussão sugere-se a seguinte atividade:
Segundo o seu ponto de vista classifique como negativo ou positivo (justifique) e escreva qual o oposto. Depois escreva também qual o ponto, ou o que de fato divide esses opostos.
a) Felicidade
b) Crescer
c) Bonito
d) Prejuízo
Ao consolidar a atividade espera-se que os estudantes tenham se alertado para o respeito à diversidade de opiniões, bem como para a ideia de que o ponto de vista de cada um representa um ponto de partida para essas opiniões. A partir daí pode-se então iniciar uma associação direta com os números negativos e positivos (opiniões), bem como, com o zero (ponto de vista).
A síntese dessa discussão poderá ser lembrada quando o tema for números opostos ou simétricos, a partir de ideias que são opostas, por exemplo, se para o bom, colocávamos o ruim como oposição, para o 2 colocamos o -2. É importante salientar que, isso não deve associar o -2 a algo ruim, por exemplo, ele pode representar a queda no número de acidentes de trânsito causados por imprudência. Veja então, que novamente a ideia do ponto de vista deve vir a tona e, pode ser interessante, desenhar a reta estabelecendo o zero como ponto de vista e, assim, retomar alguns exemplos citados anteriormente, verificando com os(as) alunos(as) os critérios que os mesmos utilizam para posicionar esse ponto de vista. No entanto, essa é apenas mais uma sugestão para entrelaçar a relação de respeito e opiniões dos estudantes, ao estudo da matemática, ficando a critério do(a) professor(a) (dependendo dos encaminhamentos da aula) retomar, ou não, essas discussões.
Espera-se que essa seja uma discussão que potencialize o aluno a perceber que os números negativos e positivos não estão sozinhos, e que em nosso cotidiano há tantas oposições quanto àquelas representadas por tais números. Além disso, a intenção é que o estudante possa construir pensamentos significativos, no que diz respeito à sua constituição enquanto ser humano íntegro no respeito e na ética, respeitando as diferenças, os pontos de vista. Por fim, colocamos a ideia de que um número negativo não deve ser associado a algo ruim, da mesma forma um número positivo não necessariamente representa um ganho ou real beneficio ao indivíduo ou a sociedade, tudo depende do contexto.
Acreditamos que essa introdução pode levar, sobretudo aqueles estudantes rígidos e inflexíveis em seus pensamentos, a uma conscientização mais efetiva da realidade diversificada em que vivemos.
Professor(a) sugerimos que você acesse o link abaixo, que pode auxiliar na criação das perguntas problematizadoras, bem como ampliar seus conhecimentos a respeito de moral e ética:
O que é ética Mário Cortella
Fonte: Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=XNpfJwuh0Es. Acesso em 11 abr. 2014.
Bibliografia:
BRASIL. MINISTÈRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO. Parâmetros nacionais de matemática. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica: Brasília (DF), 1998.
Professor (a) sugerimos que a avaliação desse momento seja feita durante todo ele, observando a participação nos comentários e a elaboração dos registros.
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