Esse tipo de aula tem como objetivos principais estimular os alunos para: perceberem os limites do próprio corpo e do corpo do colega; reconhecerem as potencialidades e os limites diversos de movimentos de cada um; experimentarem movimentos fundamentais do futebol: chute, passe, corrida, etc.; descobrirem novas formas de jogar o futebol, frente a desafios postos pelo próprio corpo; desenvolverem coletivamente estratégias para incluir todos os alunos nas aulas e organizarem o jogo a partir de regras combinadas entre eles.

Não são necessários conhecimentos específicos para o trabalho com os alunos porque a proposta é desconstruir a idéia de que somente algumas crianças saibam e/ou possam jogar o futebol.

Espaço: amplo sem a necessidade de marcações de quadras, mas que possua uma superfície que não ofereça risco para as crianças.
Materiais: Bolas de iniciação, de borracha, de futebol ou outras (evitar bolas muito pequenas), cones (se necessário).

Atividade 1. Experimentar os chutes e a bola.
O professor deve marcar um espaço disponível com os cones para delimitar a área das atividades ou utilizar as marcações do próprio espaço (no caso de quadras já delimitadas). Dividir a turma em pequenos grupos de acordo com o nº de bolas disponíveis, sendo uma bola para cada grupo (ex.: 5 grupos de 5 alunos, total de 25). Deixar que os alunos chutem a bola uns para os outros da forma como quiserem/souberem, indicando que devem tentar sempre direcioná-la a um colega, rolando a bola no chão, sem ajeitá-la com as mãos. Quem receber a bola, deverá tentar pará-la com os pés e chutá-la para o outro. Variar a atividade modificando pés para o chute (direito e esquerdo), as formas de chutar (com o peito do pé, com a lateral externa do pé, com a parte interna do pé e com o bico/ponta), o tipo de chute (passando pelo chão, chute alto), a direção para onde vai a bola (para a esquerda ou para a direita) e, finalmente, a força com que o chute deve ter variando a distância entre os alunos do grupo. (aproximadamente 20min.).

Atividade 2. Chutes debaixo das pernas.
O professor deve manter os mesmos grupos anteriores ou pode diminuir o nº de grupos, aumentando a quantidade de alunos em cada roda (depende da necessidade dos alunos). Um aluno deve ficar no meio da roda, com as pernas afastadas, de frente para quem está com a posse da bola. O aluno que está com a bola, chuta para outro, passando a bola por debaixo das pernas do colega do centro, que se vira de frente para quem recebeu a bola. Todos os alunos devem passar por essa posição. (aproximadamente 20min.)

Atividade 3. "Peruzinho".
Divididos, agora, em grupos de 10 ou 15 alunos dispostos em círculo, fazer a brincadeira de trocar passes com os colegas, de forma livre, tentando desviar do aluno do centro que tentará tomar ("peruzinho") a bola dos outros. Pode-se variar a brincadeira, variando as formas de trocar a bola ou variando o nº de "peruzinhos", dificultando a brincadeira. O aluno que chutar a bola e perder a posse para o outro vai para o centro e vira o "peruzinho". (aproximadamente 30min.).

Atividade 4. Partida de futebol.
Divididos em dois times com mesmo nº de participantes, permitir que as crianças joguem o futebol da forma como sabem, pedindo que a bola passe por, pelo menos, três ou quatro alunos diferentes antes de chegar ao gol. O objetivo é estimular a participação de todos os alunos da turma. O professor pode deixar que escolham como irão jogar, mas deve ficar atento para estabelecer, coletivamente, algumas regras simples de organização do jogo. Por exemplo, quais serão os limites do espaço (caso não haja quadra demarcada), que lances valerão como fora, como falta, como pênalti, ou o que mais as crianças trouxerem de informações que já reconhecem nos jogos de futebol. (aproximadamente 30min.)

Pode-se avaliar os alunos pelo envolvimento em cada uma das atividades, perguntando diretamente para a turma. É interessante que o professor sempre reúna os alunos em roda para que todos vejam uns aos outros. É importante conversar sobre as impressões da aula e de cada atividade, especificamente, perguntando sobre as dificuldades e facilidades em brincar com a bola utilizando somente os pés. Também é importante conversar sobre as possibilidades que as aulas de Educação Física oferecem de vivência da prática, diferente da do treinamento. Portanto, os alunos que se dizem mais aptos para jogar futebol também se enriquecem com as brincadeiras com quem é considerado menos apto*. O registro do aprendizado pode ser feito pelo próprio professor a partir dos relatos dos alunos.