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A descrição nas memórias literárias

 

22/07/2014

Autor e Coautor(es)
ROGERIO DE CASTRO ANGELO
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias, Lazuíta Goretti de Oliveira

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: organização estrutural dos enunciados
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: modos de organização dos discursos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Compreender a importância da descrição nas memórias literárias;

Fazer a distinção entre descrição objetiva e subjetiva e como isso pode ajudar na produção de memórias literárias.

Duração das atividades
2 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Familiaridade com textos literários narrativos.

Estratégias e recursos da aula

Estratégias

  • Leitura e discussão (em duplas) de texto literário;
  • Produção textual de memórias literárias.

Recursos

  • Texto de memórias literárias;
  • Questionário escrito;
  • Texto teórico sobre descrição;

Módulo 1

Atividade 1

Primeiramente o professor apresentará o texto abaixo, do gênero memórias literárias, para trabalhar com o conceito de descrição a partir dele.

Memórias

Disponível em: <http://www.megaartigos.com.br/blog/wp-content/gallery/curiosidades-cientificas-historicas-1/curiosidades-cientificas-historicas-9.jpg>. Acesso em: 20 jul. 2014.

 

Texto 1.

A minha cidade querida


Francieli Mabel Villagra


Conversando com a minha avó, fiquei sabendo mais sobre a sua vida.

Quando cheguei a esta terra, ainda adolescente, vinda do sertão nordestino, estranhei muito: as comidas diferentes, o sotaque, muitas coisas que eu conhecia com um nome aqui tinham outros.

Meu pai era agricultor, logo arrumou emprego numa fazenda bem próxima, e minha mãe era professora; ela bordava muito ponto cruz, que era moda; as vizinhas encomendavam e ela fazia. Nas horas de folga dava aulas particulares para algumas crianças cujas mães a procuravam por não ter uma escola por perto.

Era uma vila, com um canavial ao redor das poucas casas que existiam e muitos plantios de mandioca. Como era difícil transitar nos dias de chuva! Mas isso não impedia nossos passeios. Aqui moravam poucas famílias, somente as duas primeiras fundadoras e proprietárias do local.

Diversão no local não existia, tínhamos que nos deslocar até a cidade vizinha para as festas do padroeiro ou quermesse (festas juninas), que eram as mais frequentadas pelas famílias. Outra diversão era ir ao cinema de seu Antônio, que trazia os filmes da capital e passava para os poucos habitantes existentes.

Lembro-me bem de Love story e A lagoa azul. Como eram bonitas as histórias de amor contadas naquele tempo! Lembro-me do Charles Chaplin, que era muito engraçado, a gente dava muitas risadas com seus trejeitos.

Foram chegando famílias de outros Estados e construindo suas casas e montando seu comércio. Primeiro, foi a marcenaria de seu Honório, gaúcho, que começou a fazer móveis, cada um mais bonito que o outro. Depois, seu José e d. Zezinha, que montaram um armazém onde encontrávamos muitas coisas. Lá comprávamos para pagar no final do mês, quando o meu pai recebia o salário, mas para isso tínhamos uma caderneta em casa, onde minha mãe controlava tudo para não ultrapassar o ganho de meu pai e ainda sobrar para comprar roupas e calçados para todos.

A cidade foi crescendo, e foi criada uma escola, onde a primeira professora foi minha mãe, d. Elza. Tinha somente uma sala de aula, e foi lá onde terminei o primário. Também foi nessa época que conheci o meu primeiro namorado. Estudávamos na mesma série e come- çamos a “flertar”, que era como se chamava a paquera de antigamente. Ele havia chegado de São Paulo com seu pai, que comprara uma fazenda pertinho daqui, mas demorou pouco, resolveu ir embora para estudar.

Como era saudável o namoro daquele tempo. A gente trocava bilhetinhos amorosos; também brincava de passar o anel. Fazíamos um círculo e uma pessoa ia passando o anel e só o deixava cair na mão de quem gostasse mais. Era uma brincadeira simples, mas, para nós, divertida.

A vila cresceu rápido, virou cidade, e logo foram construídas escolas municipais, estaduais e particulares. Também foi quando apareceu um italiano que construiu uma indústria de farinha de trigo que depois passou a fazer macarrão, arroz e biscoito. Esta trouxe muitas famílias para trabalhar aqui, e a população foi aumentando. Daí veio a necessidade de mais casas, e apareceram os conjuntos habitacionais, e hoje temos esta cidade bonita e acolhedora.

Formei-me no magistério e comecei a lecionar em uma das escolas estaduais, depois fiz o curso de matemática e continuei como professora. Um dia chegou um rapaz para a vaga de português. Ele era muito sério, mas simpático. Fui a primeira a puxar conversa com ele, ficamos amigos e depois começamos a namorar, foi pouco tempo de namoro. Naquela época o rapaz não podia “alisar banco” por muito tempo e logo nos casamos. Tivemos dois filhos, que nos deram quatro netos.

Hoje estamos aposentados, tenho 65 anos e ele, 70. Passeamos na casa dos filhos, e estamos muito felizes com a família que construímos, com a vida que temos e com a cidade em que vivemos, porque ela nos acolheu como filhos e passamos a amá-la como se fosse a nossa terra natal. Por isso a chamamos de “minha cidade querida”.

(Texto baseado na entrevista feita com a sra. Dulce Pereira Melo, 65 anos.)

Professora: Maria das Graças de Sá Cavalcante Escola: Leonor de Souza Araújo – Polo • Cidade: Nova Alvorada do Sul – MS
 

Disponível em: <https://www.escrevendoofuturo.org.br/images/stories/publico/noticias/20101201memorias.pdf>. Acesso em 20 jul. 2014.

 

Após a leitura do texto, o professor pedirá aos alunos que identifiquem, em duplas:

  1. O narrador descreve, em alguns momentos, a "cidade querida". Trata-se de qual cidade?
  2. Quais as características elencadas sobre o lugar?
  3. Existem características positivas e negativas? Quais as positivas e quais as negativas?
  4. O narrador descreve apenas como o lugar era, ou também descreve como o lugar está atualmente?
  5. Em meio à descrição do lugar, o narrador utiliza-se de palavras que revelam seu sentimento sobre o lugar descrito ou não?

Atividade 2

Para aprofundarmos um pouco mais sobre o que é a descrição e quais as características de uma descrição, o professor apresentará os textos abaixo:

 

1. Definição e classificação da descrição:

O que é descrição? É a ação que você toma de descrever sobre algo ou alguém.

Então, o que é descrever? Vejamos: de acordo com o dicionário, é o ato de narrar, contar minuciosamente.

Então, sempre que você expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma paisagem a alguém, está fazendo uso da descrição.

Essa última é como se fosse um retrato distinto e pessoal de algo que se vê ou se viu!

Assim, para se fazer uma boa descrição, não é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do observador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa forma, o que será importante ser analisado para um, não será para outro.

Portanto, a vivência de quem descreve também influencia na hora de transmitir a impressão alcançada sobre determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento.

Os pormenores são essenciais para se distinguir um determinado momento de qualquer outro, desse modo, a presença de adjetivos e locuções adjetivas é traço distinto de um texto descritivo.

Quando for descrever verbalmente, tenha sutileza ao transmitir e leve em consideração, de acordo com o fato, objeto ou pessoa analisada: a) as cores; b) altura; c) comprimento; d) dimensões; e) características físicas; f) características psicológicas; g) sensação térmica; h) tempo e clima; i) vegetação; j) perspectiva espacial; l) peso; m) textura; n) utilidade; o) localização; e assim por diante.

Claro, tudo vai depender do que está sendo descrito. Em uma paisagem, por exemplo, a descrição poderá considerar: a posição geográfica (norte, sul, leste, oeste); o clima (úmido, seco); tipo (rural, urbana); a sensação térmica (calor, frio) e se existem casas, árvores, rios, etc.

Veja no exemplo:

“Da janela de seu quarto podia ver o mar. Estava calmo e, por isso, parecia até mais azul. A maresia inundava seu cantinho de descanso e arrepiava seu corpo...estava muito frio, ela sentia, mas não queria fechar a entrada daquela sensação boa. Ao norte, a ilha que mais gostava de ir, era só um pedacinho de terra iluminado pelos últimos raios solares do final daquela tarde; estava longe...longe! Não sabia como agradecer a Deus, morava em um paraíso!”

A sensação que o leitor ou ouvinte tem que ter em uma descrição é a de que foi transportado para o local da narração descritiva.

Da mesma forma, quando um objeto é descrito, o interlocutor dever ter a sensação de que está vendo aquele sofá ou aquela xícara.
 

Por fim, vejamos a seguir os dois tipos de descrição existentes:

Descrição objetiva: acontece quando o que é descrito apresenta-se de forma direta, simples, concreta, como realmente é:

a) O objeto tem 3 metros de diâmetro, é cinza claro, pesa 1 tonelada e será utilizado na fabricação de fraldas descartáveis.

b) Ana tem 1,80, pele morena, olhos castanhos claros, cabelos castanhos escuros e lisos e pesa 65 kg. É modelo desde os 15 anos.

Descrição subjetiva: ocorre quando há emoção por parte de quem descreve:

a) Era doce, calma e respeitava muito aos pais. Porém, comigo, não tinha pudores: era arisca e maliciosa, mas isso não me incomodava.

Portanto, na descrição subjetiva há interferência emocional por parte do interlocutor a respeito do que observa, analisa.

Como você vai saber se fez uma excelente narração descritiva? Quando reler o seu texto e perceber se de fato outros leitores visualizarão como reais o que está sendo descrito!

Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras

Disponível em: <http://www.brasilescola.com/redacao/descricao.htm>. Acesso em: 20 jul. 2014.

 

2. Características de uma descrição:

 
- Utilização de verbos de ligação. Eles servem para ligar o sujeito ao seu predicativo, na grande maioria dos casos.
 
- Presença constante de adjetivos ou locuções adjetivas. Eles constituem os predicados nominais e são comuns nesse tipo de texto devido a constante caracterização que se dá ao objeto descrito.
 
- A imagem que vai se construindo é semelhante a um retrato, só que são utilizadas palavras, e por isso é chamada de imagem verbal. Dependendo da riqueza de detalhes e clareza de informações essa imagem vai se tornando mais nítida e mais acessível a todos os tipos de leitores. Esse deve ser o principal objetivo de uma boa descrição.
 
Disponível em: < http://www.infoescola.com/redacao/descricao/>. Acesso em: 20 jul. 2014. (Adaptado)
 
 

Atividade 3

 
Após apresentar o que é a descrição e quais os tipos de descrição, o professor pedirá aos alunos que observem novamente o texto da atividade 1 e analisem se nos trechos em que há descrição trata-se de uma descrição objetiva ou subjetiva.
 
Feito isso o professor deverá ressaltar que geralmente nos textos de memórias literárias encontramos descrições subjetivas uma vez que o narrador geralmente está descrevendo algo que foi marcante para ele no seu passado, e busca provocar no leitor os mesmos sentimentos que ele passa ao relembrar de lugares, pessoas ou situações vividas.
 

 

Módulo 2

 

Produção textual

Disponível em: <http://oqueeh.com.br/wp-content/uploads/2012/02/producao-de-texto.jpg>. Acesso em: 20 jul. 2014.

Atividade 1

Os alunos deverão produzir um texto de memórias, narrando algum acontecimento marcante de sua infância, devendo fazer uma descrição subjetiva do lugar onde ocorreu o fato ou das pessoas envolvidas, valendo-se das informações sobre a descrição apresentadas no módulo 1.
 
Para ajudar os alunos a lembrarem-se de um fato interessante, o professor poderá sugerir alguns temas possíveis, quais sejam:
  • Uma viagem inesquecível;
  • Um período de férias, em que o aluno tenha passado uma temporada em um lugar diferente de onde mora;
  • Um acontecimento marcante na casa onde o aluno morava quando criança;
  • Um passeio numa fazenda ou parque.


Atividade 2

O professor abrirá espaço para os alunos lerem seus textos para a turma.

Após uma revisão textual, verificando aspectos gramaticais e estilísticos, os alunos poderão publicar seus textos num blog de Língua Portuguesa ou exporem os textos num mural da escola.

 

 
Recursos Complementares

Textos finalistas das Olimpíadas de Língua Portuguesa. (2010)

Disponível em: <https://www.escrevendoofuturo.org.br/images/stories/publico/noticias/20101201memorias.pdf>. Acesso em 20 jul. 2014.

Material sobre o gênero memórias literárias.

Disponível em: <https://www.escrevendoofuturo.org.br/index.php?view=article&catid=23%3Acolecao&id=215%3Ao-genero-memorias-literarias&option=com_content&Itemid=33>. Acesso em 20 jul. 2014.

Avaliação

O professor poderá avaliar os alunos qualitativamente durante o processo das aulas, avaliando a participação dos mesmos nas atividades propostas.

Um instrumento de avaliação qualitativa poderá ser a produção textual feita pelos alunos, na qual o professor deverá avaliar a existência ou não de descrições subjetivas para a composição do texto de memórias literárias.

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