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Crônicas: flagrantes do cotidiano

 

19/08/2014

Autor e Coautor(es)
SELMA SUELI SANTOS GUIMARAES
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias; Lazuíta Goretti de Oliveira

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Língua Portuguesa Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: processos de construção de significação
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: processos de interlocução
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Dominar o conceito de crônica e suas características.
  • Ler, analisar e interpretar crônicas.
  • Produzir crônicas.
Duração das atividades
02 aulas de 50 minutos aproximadamente
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • Estratégias de leitura.
Estratégias e recursos da aula

Recursos:

  • Cópias impressas;
  • Data show (opcional);
  • Cartolinas.

Módulo 1

Atividade 1

Para introduzir o tema da aula, comece perguntando aos alunos se eles sabem o que é uma crônica. Se a resposta for positiva, peça aos alunos que citem alguns exemplos de crônicas que eles já leram ou já ouviram algum comentário sobre. Verifique se os exemplos dados correspondem realmente a esse gênero textual.

 

http://www.germinaliteratura.com.br/imagens/cronica_tit.jpg

Imagem disponível em: http://www.germinaliteratura.com.br/imagens/cronica_tit.jpg. Acesso em: 18 ago 2014.

 

Em seguida, entregue aos alunos um texto sobre o conceito de crônica. Disponibilize alguns minutos para que os alunos façam uma leitura silenciosa. Após a leitura, peça aos alunos que apontem as principais características da crônica. Verifique a compreensão dos alunos sobre o conceito desse gênero textual. Esclareça as possíveis dúvidas.

 

CRÔNICA

 

A palavra crônica vem do latim Chronica, cujo significado é “registro de fatos comuns, feitos em ordem cronológica”. Em épocas passadas, designava qualquer documento de caráter histórico. Por isso, a quem hoje se dá o nome de historiador, antigamente era chamado de cronista.

Hoje, crônica é um termo usado para definir um gênero narrativo ou reflexivo breve, episódico e comunicativo. A crônica se caracteriza por registrar, acima de tudo, um flagrante do cotidiano, em seus aspectos pitorescos e inusitados, com certa dose de humor e de reflexão existencial. Contém passagens líricas e comentários de interesse social e a linguagem é, quase sempre, coloquial e irreverente.


A crônica procura contar ou comentar histórias da vida, histórias que podem ter acontecido com qualquer um. O interesse será despertado pela escolha das palavras e pelo modo como elas serão colocadas, fazendo-nos conferir, pensar, refletir, questionar e entender melhor o que se passa dentro e fora da gente.

 

Texto disponível em: http://proflucimarlinguaportuguesa.blogspot.com.br/p/tudo-sobre-redacao.html. Acesso em: 18 ago 2014.

 

Atividade 2

 

http://mlb-s1-p.mlstatic.com/lingua-portuguesa-clarice-lispector-emergentes-do-idioma-14588-MLB2836815598_062012-F.jpg

Imagem disponível em: http://mlb-s1-p.mlstatic.com/lingua-portuguesa-clarice-lispector-emergentes-do-idioma-14588-MLB2836815598_062012-F.jpg. Acesso em: 18 ago 2014.

 

Prepare, com antecedência, cópias da crônica Medo da Eternidade de Clarice Lispector. Antes de distribuir uma cópia para cada aluno, apresente-lhes a autora. Comente um pouco sobre a vida e a obra de Clarice Lispector. Veja, em Recursos Complementares, sugestões de sítios onde você poderá encontrar informações sobre Clarice Lispector.

Depois de entregar a crônica aos alunos, peça-lhes que façam uma primeira leitura silenciosamente. Em seguida, sugira que cada aluno leia um parágrafo em voz alta, promovendo uma roda de leitura. Se for necessário, façam uma segunda leitura em voz alta.

 

Medo da Eternidade - Clarice Lispector

 

Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.

Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.

Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:

- Como não acaba? - Parei um instante na rua, perplexa.

- Não acaba nunca, e pronto.

- Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta.

- Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.

- E agora que é que eu faço? - Perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver.

- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.

- Perder a eternidade? Nunca.

O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.

- Acabou-se o docinho. E agora?

- Agora mastigue para sempre.

Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da ideia de eternidade ou de infinito.

Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar.

Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.

- Olha só o que me aconteceu! - Disse eu em fingidos espanto e tristeza. - Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!

- Já lhe disse - repetiu minha irmã - que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.

Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.

Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.

Texto disponível em: http://claricelispectorclarice.blogspot.com.br/2008/02/medo-da-eternidade-clarice-lispector.html. Acesso em: 18 ago 2014.

 

Atividade 3

 

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Imagem disponível em: http://1.bp.blogspot.com/-r0DAZImqOVM/TVbRZw4Bg3I/AAAAAAAABlw/-6kbOGqjKpQ/s320/ninos-leyendo.jpg. Acesso em: 18 ago 2014.

 

Para a compreensão do texto de Clarice, proponha uma pequena discussão a partir de questões como:

  1. Você conhece o significado da palavra eternidade?
  2. Na sua opinião, qual a relação entre a palavra eternidade e o chiclete?
  3. Por que a menina deixa cair o chiclete no chão?
  4. De acordo com o texto, qual ou quais sentimentos a personagem demonstrou em relação à irmã?
  5. Por que o narrador supõe a existência de um ritual para o simples ato de mascar chiclete?
  6. Há marcas de espaço no texto? Quais?
  7. No texto, o narrador descreve o chiclete primeiramente como "pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer". Qual é a expressão que descreve o chiclete e está em oposição à essa primeira impressão do narrador? ("aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada")

 

Atividade 4

 

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Imagem disponível em: http://exercicios.brasilescola.com/img/logo_home.jpg. Acesso em: 18 ago 2014.

 

Para completar a interpretação da crônica, peça aos alunos que releiam o texto e façam o exercício sugerido abaixo. Você poderá preparar cópias impressas e distribui-las entre os alunos ou preparar o exercício em um slide para ser projetado e então, resolver o exercício com toda a turma, de forma oral.

Exercício

Numere a segunda coluna de acordo com a primeira para descobrir o estado psicológico latente nas reações do narrador em cada fragmento do texto:

 

1. "... quase não podia acreditar no milagre." (     ) persistência
2. "Perder a eternidade? Nunca." (     ) surpresa, espanto
3. "Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade." (     ) embaraço, constrangimento,
4. "_ Como não acaba?" (     ) incredulidade
5. "_ Parei um instante na rua, perplexa." (     ) temor, receio
6. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita." (     ) intolerância
7. "E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da ideia de eternidade ou de infinito." (     ) decisão, firmeza
8. "eu mastigava obedientemente, sem parar." (     ) alívio
9. "Até que não suportei mais..." (     ) aflição, angústia
10. "Sem o peso da eternidade sobre mim." (     ) incerteza, perplexidade

Tabela de exercícios criada pela formadora.

 

Módulo 2

Atividade 1

 

http://3.bp.blogspot.com/--MJBi1f3TfA/TeVchYyGAjI/AAAAAAAAAEE/9Sb61A5PSeE/s1600/humanos%2B49.jpg

Imagem disponível em: http://3.bp.blogspot.com/--MJBi1f3TfA/TeVchYyGAjI/AAAAAAAAAEE/9Sb61A5PSeE/s1600/humanos%2B49.jpg. Acesso em: 18 ago 2014.

 

Para esta atividade, peça aos alunos para relembrar acontecimentos da infância. Entretanto, antes de iniciar a atividade, retome com eles alguns trechos do texto conceitual sobre crônica para ajudá-los a elencar esses acontecimentos.

Retome os seguintes trechos para reforçar as características de uma crônica:

  • "A crônica se caracteriza por registrar, acima de tudo, um flagrante do cotidiano, em seus aspectos pitorescos e inusitados, com certa dose de humor e de reflexão existencial."
  • "A crônica procura contar ou comentar histórias da vida, histórias que podem ter acontecido com qualquer um."

Anote, ou peça um aluno para anotar, no quadro todos os acontecimentos relembrados e citados pelos alunos.

 

Atividade 2

A partir da lista feita na Atividade 1, selecione, com a ajuda dos alunos, aqueles acontecimentos que vocês julgam ser interessantes para  tema de uma crônica.

Faça, no quadro, uma tabela com três colunas. Na primeira coluna, vocês devem anotar o acontecimento da infância citado. Na segunda, anotem os adjetivos que podem qualificar esse acontecimento e na terceira coluna, anotem sentimentos que podem se relacionar com esse acontecimento. Essa tabela ajudará os alunos no momento da criação da crônica.

Veja uma sugestão de modelo para essa tabela:

 

ACONTECIMENTO ADJETIVOS SENTIMENTOS
primeiro dia na escola emocionante / triste / especial alegria / medo / curiosidade / 
um passeio na fazenda inesquecível / engraçado / alegre / divertido alegria / prazer / cansaço
     

 

 

http://noticias.universia.com.br/br/images/imagenes%20especiales/m/me/mel/melhorar-textos-leitores-imaginarios-noticias-universia-brasil.jpg

Imagem disponível em: http://noticias.universia.com.br/br/images/imagenes%20especiales/m/me/mel/melhorar-textos-leitores-imaginarios-noticias-universia-brasil.jpg. Acesso em: 18 ago 2014.

 

Atividade 3

http://noticias.universia.com.br/br/images/imagenes%20especiales/d/di/dic/dicas-escrever-melhor-noticias.jpg

Imagem disponível em: http://noticias.universia.com.br/br/images/imagenes%20especiales/d/di/dic/dicas-escrever-melhor-noticias.jpg. Acesso em: 19 ago 2014.

 

Divida os alunos em grupos pequenos, 2 a 3 elementos por grupo. Peça a cada grupo para escolher um dos acontecimentos anotados na tabela da Atividade 2. Cada grupo deverá escrever uma crônica sobre o acontecimento escolhido. Antes de começarem a produção textual, recorde com os alunos as características da crônica encontradas no texto conceitual: 

  • "crônica é um termo usado para definir um gênero narrativo ou reflexivo breve, episódico e comunicativo." 
  • "A crônica se caracteriza por registrar, acima de tudo, um flagrante do cotidiano, em seus aspectos pitorescos e inusitados, com certa dose de humor e de reflexão existencial." 
  • "Contém passagens líricas e comentários de interesse social"
  • "a linguagem é, quase sempre, coloquial e irreverente."
  • "A crônica procura contar ou comentar histórias da vida, histórias que podem ter acontecido com qualquer um."
  • "O interesse será despertado pela escolha das palavras e pelo modo como elas serão colocadas, fazendo-nos conferir, pensar, refletir, questionar e entender melhor o que se passa dentro e fora da gente."

Enquanto os alunos escrevem a crônica, o professor poderá circular entre os grupos para esclarecer dúvidas e responder questionamentos. Ao final da atividade, o professor deverá recolher os textos para correção posterior.

 

Atividade 4

Terminada a correção dos textos, o professor os devolverá aos alunos que deverão preparar uma cópia corrigida e uma ilustração. Os textos poderão ser colados em um pedaço de cartolina. Depois, vocês poderão preparar uma bonita exposição no pátio ou no corredor da escola. É interessante também preparar um momento de leitura das crônicas por seus autores durante o período da exposição.

 

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Imagem disponível em: http://2.bp.blogspot.com/-TUzT0U9Z6UU/UnhM2BrTcXI/AAAAAAAADo8/KddO7c0NmaA/s1600/SDC10598.JPG. Acesso em: 18 ago 2014.

Recursos Complementares

Para saber mais sobre o texto Medo da eternidade de Clarice Lispector, acesse:

http://www.infoescola.com/livros/medo-da-eternidade/. Acesso em: 18 ago 2014.

Para mais informações sobre Clarice Lispector, acesse:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Clarice_Lispector. Acesso em: 18 ago 2014.

http://www.releituras.com/clispector_bio.asp. Acesso em: 18 ago 2014.

http://www.brasilescola.com/biografia/clarice-lispector.htm. Acesso em: 18 ago 2014.

Avaliação

A avaliação qualitativa  será processual, isto é, durante o desenvolvimento de todas as atividades. Para isso, o professor deverá observar a participação dos alunos nas atividades propostas, verificando sua compreensão nos momentos de leitura e discussão sobre o conceito de crônica e também na interpretação da crônica sugerida. A avaliação quantitativa poderá ser feita por meio da análise e correção dos textos criados pelos alunos.

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