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Pretérito perfeito vs Pretérito imperfeito nas memórias literárias

 

22/07/2014

Autor y Coautor(es)
ROGERIO DE CASTRO ANGELO
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias, Lazuíta Goretti de Oliveira

Estructura Curricular
Modalidad / Nivel de Enseñanza Disciplina Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: organização estrutural dos enunciados
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Datos de la Clase
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Identificar as diferenças de sentido entre o uso do pretérito perfeito do indicativo e o pretérito imperfeito do indicativo;
  • Perceber em quais situações é mais adequado o uso do pretérito perfeito do indicativo ou o pretérito imperfeito do indicativo.
Duração das atividades
3 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • Conhecimentos básicos sobre a classe de palavras "verbo";
  • Noções sobre a estrutura dos verbos.
Estratégias e recursos da aula

Estratégias

  • Leitura e produção de textos de memórias literárias;
  • Discussão oral de textos;
  • Identificação e análise de elementos linguísticos nos textos;
  • Resolução, em duplas, de questionários.

Recursos

  • Tabela sobre a estrutura dos verbos;
  • Coletânea de textos;
  • Material para produção textual;

 

Módulo 1

Atividade1

 

Verbo

Disponível em: <http://www.brasilescola.com/upload/conteudo/images/f698708775c136e6e8ba7f1ab78847e2.jpg>. Acesso em: 21 jul. 2014.

 

Primeiramente o professor revisará com os alunos a estrutura do verbo, focando principalmente a desinência modo-temporal, uma vez que o foco dessa aula será identificar as diferenças no uso do pretérito perfeito do indicativo e do pretérito imperfeito do indicativo.

 

Para revisar a estrutura do verbo, o professor poderá valer-se da seguinte tabela:

Forma verbal Radical Vogal temática Desinência Modo-temporal Desinência Número-pessoal
Estrutura do verbo
GANHAVAMOS GANH A VA MOS

 

Além de relembrar a estrutura do verbo, o professor deverá ressaltar que, modificando apenas a desinência modo-temporal, há uma alteração de sentido.

No caso específico que trataremos nessa aula, iremos contrastar o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito do indicativo, tal como no exemplo abaixo:

Conjugaçao

Disponível em: <http://www.conjugador.com.br/index.php?verbo=ESTUDAR&pesquisa=1>. Acesso em: 21 jul. 2014.

 

O professor deve ressaltar que o pretérito imperfeito do indicativo indica uma ação rotineira, habitual no passado, ao passo que o pretérito perfeito indica uma ação pontual que aconteceu no passado.

 

Atividade 2

Leitura

Disponível em: <http://www.crapb.org.br/wp-content/uploads/2014/02/leitura1.jpg>. Acesso em: 21 jul. 2014.

Após terem estudado sobre a estrutura do verbo e relembrado as diferenças entre o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito, os alunos deverão ler os textos abaixo, em duplas, identificando:

  • Quais os verbos no pretérito imperfeito;
  • Quais os verbos no pretérito perfeito;
  • Qual dos dois tempos verbais foi mais recorrente em cada um dos textos;
  • Qual dos dois tempos verbais foi utilizado para contar sobre fatos/ações rotineiras no passado? (Retire pelo menos 4 exemplos dos textos);
  • Qual dos tempos verbais foi utilizado para contar sobre um fato específico/pontual no passado? (Retire pelo menos 4 exemplos dos textos).

Vale lembrar que os textos são os finalistas das Olimpíadas de Língua Portuguesa (2010), redigidos a partir de entrevistas feitas pelos alunos com pessoas com mais experiências de vida.

Engenho da minha infância
Mariana Pedrosa Alves

Recordo muitos casos, dos tempos da minha infância, do engenho de cana-de-açúcar que havia aqui no Sítio Bonfim dos Pedrosas, uma pequena comunidade onde moro, a 2 quilômetros da cidade de Carrapateira, no alto sertão da Paraíba. Lembro-me muito bem do período das moagens, era uma verdadeira festa, a que vinham muitos habitantes das cidades vizinhas e até mesmo de outros Estados, como Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
O engenho, que foi fundado em 1935, tinha grandes moendas de ferro puxadas por boi, energia elétrica não havia por aqui, vivíamos no escuro, à luz de lampiões e candeeiros, mas isso não importava. Em noites de moagens os trabalhadores se reuniam no galpão do engenho e enquanto o mel engrossava para dar o ponto da rapadura contavam histórias, anedotas e até contos de assombração. Eu adorava ouvir essas conversas, esperando o momento do ponto da rapadura nas gamelas sair – repartimentos onde colocavam o mel em ponto de rapadura: era o momento mais esperado por todos nós para comermos a rapa quentinha da rapadura que sobrava nas gamelas.
Todos os anos, a partir do mês de agosto até meados de novembro, realizavam-se as moagens durante várias semanas. Eram tempos de muito trabalho, mas também de festa e alegria. Em noite de lua cheia meus amigos e eu brincávamos na bagaceira da cana, que mais parecia um escorregador, no qual rolávamos de cima a baixo, num sobe e desce de fazer gosto! Pela madrugada, meu pai me acordava, era hora de carregar os jumentos com a cana, que era levada do sítio para o engenho para alimentar os bois que puxavam a moenda. Eram tempos difíceis, de trabalho árduo, mas os donos do engenho e os produtores ficavam satisfeitos, pois gerava renda e emprego para muita gente. A rapadura era o produto mais famoso do engenho, que ainda hoje guardo na memória o cheiro e o doce que não encontro nas rapaduras de hoje.
O velho engenho cansou, funcionou pela última vez em 1976, ficamos tristes, o silêncio no nosso vilarejo fazia doer, tentamos reerguê-lo, mas o esforço foi em vão. Em outros centros a produção era mais rápida e com baixo custo, enquanto o nosso trabalho era quase artesanal e a precariedade já estava sendo vista a olho nu.
O engenho deixou também um rastro de tragédia e desespero: a filha de um dos donos do engenho caiu dentro de um cavudo – buraco onde jogavam as brasas do engenho –, a menina gritava, chorava e não conseguia sair, seu corpo derretia nas brasas como plástico velho em chamas. Revivo esse momento como se fosse agora, choro e me arrepio de emoção.
A menina sobreviveu, ficou com um dos braços paralisado e marcas e cicatrizes em todo o corpo, mas ela foi forte, lutou e venceu.
Ainda hoje sento-me debaixo de um juazeiro e, olhando o lugar em que era o engenho, me vem a lembrança daqueles momentos. Hoje sou agricultor e aqueles tempos que pare- ciam mais como festa de criança ficarão para sempre guardados em minha memória.

(Texto baseado na entrevista feita com o sr. Antônio Pedrosa da Silva, 64 anos.)


Chão varrido
Eduarda Moura Pinheiro

Não quero esquecer aquele cantinho só meu, cheio de vida, de sons e de cores que há muito tempo só existe em minha memória: a casinha de tábua onde morávamos; o fogão a lenha num dos cantos da cozinha, que tisnava tudo, manchando de preto narizes, paredes e o teto de palha; a casa de farinha – lugar de suplício para mim, que odiava lavar mandioca –, e a densa floresta ao redor, interrompida por pequenos roçados, de onde papai e mamãe tiravam, com muita dificuldade, o sustento da família...
Ali, meus velhos só viviam para o trabalho. E aos sábados, que nem burrinhos de carga, lotados de cestas, iam ao antigo mercado vender o que colhiam na lavoura e comprar o rancho, como denominavam a feira semanal.
Eu, menina levada, e minhas três irmãs, apesar dos trabalhos que éramos obrigadas a fazer (“pastorar” arroz, raspar e lavar mandioca, arrancar ervas daninhas dos roçados), nos divertíamos também. Brincávamos de casinha, de esconde-esconde e, às vezes, quando papai nos mandava pastorar o plantio do arroz, para enxotar passarinhos, nós aproveitávamos para jogar pedrinha – diversão arriscada, que papai nem sonhava acontecer! Por isso quando víamos vir em direção do roçado, começava a gritaria desenfreada:
“Xô, passarinho, xô!”.

Mas eu gostava mesmo era de ir ao roçado sozinha, porque ali procurava um galho de alguma árvore caída e passava a tarde me balançando e cantando o mais alto que eu podia. Eu adorava cantar e achava que estava abafando! Gostava de ouvir o eco da minha voz mata adentro...
Porém, as lembranças que mais me emocionam são da natureza e da simplicidade da vida naquele recanto: os riachos de água límpida e fria, onde passávamos parte do tempo nos banhando, mesmo a contragosto de nossos pais; as plantinhas de cores variadas, cheias de besouros coloridos; as espigas de milho, que para mim eram bonecas de cabelos lindos – cor-de-rosa, amarelinho, esverdeado...; os passarinhos diversos: rolinhas, curiós, beija-flores, sanhaços e outro montão de que nem me lembro mais os nomes. Nunca me esqueci do canto da passarada ao amanhecer: era trinado sem fim, uma festa diária na mata. Durante o dia, o céu limpinho me parecia ter sido varrido por alguém, assim como eu varria o terreiro. Santa inocência!
E as noites de verão? Como me encantavam as sombras das árvores que a lua cheia projetava no terreiro, onde ficávamos até mais tarde observando as estrelas, contando-as, nomeando-as, e elas me pareciam mais numerosas que hoje, penduradas no céu como enfeites de árvore de Natal... De repente, aquele estado de contemplação era interrompido por um tiro no meio da mata. Era uma armadilha de papai anunciando que havia paca ou tatu para o almoço de domingo. E lá se ia meu velho herói, portando um terçado, uma lanterna a pilha, e acompanhado de um vira-lata corajoso em busca de caça já agonizante. Tempos bons aqueles!
Mas, hoje, só saudades... Daquele lugar mágico, que minha memória resgata com tanta vivacidade, só vejo breves resquícios, prestes a se desfazerem também. Aquela exuberância 81 em verde e vida de toda a natureza ao redor foi apagada em nome do progresso. Pouco a pouco, o verdor da floresta foi sendo engolido pela motosserra, as águas, lambidas pelo fogo, as matas tombaram e cederam lugar a ruas, casas, igrejas, escolas, pastos... E eu, impotente, assisti a tudo, dando a cada dia um novo adeus lacrimejante a algum elemento que se ia embora, sem chance de regresso.
Mataram-me a mata e parte da minha história, destruíram meus castelos de sonho, e nada pude fazer para impedir. Aquele mundo encantado, que existiu concretamente, e ficava aqui em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, agora é abstrato, só existe em minha memória.

(Texto baseado na entrevista feita com a sra. Elisângela Oliveira Silva de Araújo, 31 anos.)


Entre baldes e fantasmas
Sabrina de Souza Rozado

Minha infância foi muito difícil. Trabalhava na roça para ajudar no sustento da família. Nós passávamos por momentos tristes: a falta de comida, roupas e remédios. Naquela época era comum que as crianças ajudassem a família e com isso acabavam largando cedo os estudos.
Ah, os baldes! Esses me deram forças... (risos). Tínhamos que caminhar até um rio mui- to longe para pegar água que servia para a nossa alimentação e higiene. Os baldes ficavam mais pesados a cada passo do interminável caminho. Mas, apesar das dificuldades, lembro-me desse tempo com muito carinho: o pedido de desculpas no olhar dos meus pais e os sonhos que tinham para o nosso futuro.
Naquele tempo, o jeito de namorar também era diferente. Recordo que quando conheci meu marido só podia namorar em casa com a vigilância dos meus pais. Sabia também que já estava “metida” em compromisso sério, pois não podíamos correr o risco de ficar mal faladas no bairro.
Casei e vim para a cidade “grande” à procura de uma vida melhor, uma oportunidade de emprego. Morei um tempo na cidade de Canoas e, mesmo trabalhando, sofríamos com as prestações do aluguel, pois a família foi crescendo e as despesas também. Então surgiu a oportunidade de comprarmos uma casinha em São Leopoldo; assim, vim morar no bairro Cohab. Lembro-me de que quando cheguei aqui as pessoas falavam que este lugar tinha sido um grande cemitério. Alguns moradores ficavam assustados, porque coisas estranhas aconteciam em suas casas. Até hoje, quando contam “causos” de assombração, sempre tem alguém que se lembra da história do cemitério e dos tais fantasmas que assombravam suas casas. Fui me apegando a este lugar e enfrentando os fantasmas da vida. Quando relembro São Leopoldo me emociono muito.
Minha casa era pequena e não tinha conforto. Os mercados eram distantes, as paradas de ônibus exigiam longas caminhadas e os horários de transportes eram restritos. Minha história foi se transformando dentro de minha São Leopoldo. Hoje, posso dizer que moro no maior bairro da cidade, conhecido como a “Grande Feitoria”. Há um comércio em cada esquina, posto de saúde e escolas espalhadas pelo bairro. Hoje São Leopoldo nos enche de orgulho com suas riquezas culturais e históricas: Casa do Imigrante, Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), Santuário Padre Reus, e até o trem que aqui já chegou. Claro, o progresso também tem suas consequências. Fico triste quando ouço falar da poluição do rio dos Sinos. Lembro-me dos velhos baldes d’água e da felicidade que temos no simples ato de abrir a torneira. Ao voltar no tempo, penso que mesmo na dificuldade minha vida sempre foi regada por momentos bons. Nesse vale vivo realizada. Sou uma senhora feliz, que entre baldes e fantasmas construiu sua vida.
Peço ao nosso querido padre Reus que me dê muitos anos ainda para que eu possa seguir crescendo com essa cidade, e quem sabe um dia uma menina querida escreva nossa história.

(Texto baseado na entrevista feita com a sra. Marinalda da Silva de Oliveira, 57 anos.


Saudoso recanto
Leslly da Silva Massalino

Faz muitos anos que moro em Santa Luzia do Norte. Antigamente existiam poucas casas. Quando caía a noite, nesse saudoso recanto, conversávamos sobre lendas, casos acontecidos durante o dia, conversas de compadres e comadres, como se dizia.
Quando criança, brincava de pega-pega, pular corda, essas brincadeiras seguiam de quintal em quintal, até que se ouvia a voz de mamãe chamando para entrar, já que a noite se aproximava e a luz era de candeeiro.
O cheiro quente e gostoso da comida tratava de convencer-me, se as tentativas de minha mãe não conseguissem. Ah, que lembrança gostosa! Tudo feito no fogão a lenha!
A casa onde morávamos era pequena e de taipa, “casa feita artesanalmente de barro e madeira”, nela só existiam três cômodos. Da cozinha via-se o quintal, celeiro de grandes momentos de felicidade, pequeno com um imenso pé de jambo.
A ida à escola era uma festa, a não ser os momentos de sufoco pelos quais passava quando tinha que repetir, exaustivamente, a tabuada. Se não conseguisse, viria o inevitável: o temido castigo.
Quando a luz elétrica chegou aqui ao município, foi um acontecimento: dormimos à luz de lamparinas e acordamos à luz da eletricidade.
Algumas poucas casas tinham televisores e, claro, nelas aglomeravam-se muita gente para se encantar com as maravilhas proporcionadas pela tecnologia.
E só se ouviram as falações: “Como é que aparece esse povo ai falando de tão longe!”
Por volta de 1990 consegui minha primeira TV, foi realmente um progresso. Senti como se o mundo entrasse todos os dias dentro da minha casa.
Minha cidade é, ainda hoje, pouco desenvolvida, mas repleta de antigas histórias que habitam na memória de quem até hoje reside nela.

(Texto baseado na entrevista feita com a sra. Zeferina Rosa da Silva, 70 anos.)

História que o tempo não apaga
Aline Cristina dos Santos

Numa quarta-feira pela manhã papai saiu correndo para chamar a parteira – mulher que realizava partos naturais em casa. Não demorou muito e escutaram um chorinho: era uma linda menina. Foi assim que nasci. Adorava quando minha mãe contava essa história.
Vim de uma família simples e pobre, a casa onde morava era pequena, com poucos móveis: uma velha mesa e um fogão a lenha que aquecia nossos corpos e corações nas noites frias e longas. Ficava no São Miguel, bairro pioneiro de Uchoa. Foi ali que a cidade começou em volta de uma capela. Tinha poucas ruas, todas de terra, algumas casas, de onde era possível sentir o gostoso cheiro da mata verde que a rodeava por todos os lados.
Muito pequenina, já ia para a roça, mamãe me acomodava em uma manta em cima de um saco branco, o que impedia que as formigas me picassem enquanto ela colhia algodão. Assim tirava nosso sustento. Éramos onze, fora papai e mamãe.
Agora me arrisco a dizer “papai”, mas minha convivência com ele... Era um homem se- vero. Falava, todos respeitavam, obedeciam e pronto!
Mamãe, não. Era uma rosa e com seu amor irradiava ternura pelos quatro cantos da casa, dava atenção e acarinhava sempre que alguém precisava.
Fazia roupinhas para minhas bonecas de espiga de milho, limpava as palhas com jeitinho, penteava o cabelo para fora e desenhava seu rostinho com carvão. Assim era minha melhor boneca. Ah, como eu adorava!
Meus domingos eram uma festa! Acordava com o perfume do pão feito na hora, que aflorava pelas frestas da taipa do quarto em que dormíamos todos amontoados. Saíamos em disparada, trombando, para pegar o primeiro pedaço passar manteiga – feita em casa –, que derretia e chegava a escorrer na toalha manchada pelo tempo. Cada mordida era como se estivéssemos comendo pela primeira vez.
Mas a data mais esperada por mim era o Natal. Aguardava o bom velhinho o ano todo, porque era o dia que comia frango assado, macarronada com molho e tomava gasosa – refrigerante da época –, cujo nome lembro até hoje – Itubaína! Como era gostoso sentir aquelas bolhinhas formigando minha língua como se estivesse adormecida.
Ganhava também um doce, que mamãe comprava na venda e guardava escondidinho. Comia aos poucos para que durasse dias. Saboreava cada pedacinho!
Tempos muito difíceis. Presente nunca ganhei, não. Era muito diferente dos natais de hoje. Mas aprendi uma simpatia: quando aparecia manchinhas brancas em minhas unhas deveria colocar as mãos nos bolsos da calça de meu pai, porque assim ganharia presente. Fazia isso enquanto desamassava os montes de roupas com o pesado ferro de brasa. Nunca funcionava, mas não custava tentar.
As brincadeiras daquele tempo? Ah, que gostosas eram! Todas na rua e usava a imaginação, mas gostava mesmo era de pular corda que mamãe improvisava com um cipó e como ela me enfeitava com trancinhas coloridas. Enquanto pulava, meu cabelo balançava como folha de árvore em dia de ventania.
Sair de casa não podia. Somente nos dias santos é que ia à missa ou à procissão, e quando acabava ficava fazendo footing – dava voltas e mais voltas no jardim da praça da matriz.
Ali, conheci meu primeiro namorado e depois marido, que apesar de não ter sido escolhido por mim foi muito bom enquanto o tempo não o levou, juntamente com dois de meus filhos.
Hoje, com 80 anos, muitas vezes me pego dando corda no relógio do passado. Fico emocionada com passagens que o tempo não conseguiu apagar e com lembranças vivas que teimam em não adormecer.

(Texto baseado na entrevista feita com a sra. Jandira Teixeira dos Santos, 80 anos.)

Disponível em: <https://www.escrevendoofuturo.org.br/images/stories/publico/noticias/20101201memorias.pdf>. Acesso em 21 jul. 2014.

 

Atividade 3

O professor pedirá que os alunos leiam suas respostas às perguntas, verificando se eles conseguiram identificar corretamente os verbos no pretérito perfeito do indicativo e os verbos no pretérito imperfeito do indicativo.

Além disso, o professor deverá explicar para os alunos que, nos textos de memórias literárias, em se tratando de um gênero que lida com os fatos acontecidos no passado e que foram marcantes para aqueles que contam, há uma predominância de verbos no pretérito imperfeito, pois geralmente narra-se sobre aquilo que era costumeiro no passado (e que já não mais se faz), fazendo menção apenas vez ou outra sobre um fato específico, pontual, para o qual recorre-se ao pretérito perfeito do indicativo.

 

Atividade 4

Para que os alunos percebam mais claramente qual a diferença de sentido entre usar-se o pretérito perfeito do indicativo e o pretérito imperfeito do indicativo, os alunos, em duplas, deverão selecionar um trecho de um dos textos da coletânea trabalhada durante a atividade 2 e fazer a alteração (em no mínimo 2 parágrafos) passando os verbos do pretérito perfeito para imperfeito e vice versa, como no exemplo:

 

Trecho do texto 2

"Eu, menina levada, e minhas três irmãs, apesar dos trabalhos que éramos obrigadas a fazer (“pastorar” arroz, raspar e lavar mandioca, arrancar ervas daninhas dos roçados), nos divertíamos também. Brincávamos de casinha, de esconde-esconde e, às vezes, quando papai nos mandava pastorar o plantio do arroz, para enxotar passarinhos, nós aproveitávamos para jogar pedrinha – diversão arriscada, que papai nem sonhava acontecer! Por isso quando víamos vir em direção do roçado, começava a gritaria desenfreada: 'Xô, passarinho, xô!'. "

Transformando os verbos do perfeito para o imperfeito do indicativo (e vice versa):

Eu, menina levada, e minhas três irmãs, apesar dos trabalhos que fomos obrigadas a fazer (“pastorar” arroz, raspar e lavar mandioca, arrancar ervas daninhas dos roçados), nos divertimos também. Brincamos de casinha, de esconde-esconde e, às vezes, quando papai nos mandou pastorar o plantio do arroz, para enxotar passarinhos, nós aproveitamos para jogar pedrinha – diversão arriscada, que papai nem sonhou acontecer! Por isso quando vimos vir em direção do roçado, começou a gritaria desenfreada:
“Xô, passarinho, xô!”.

O professor deve levar os alunos a perceberem, a partir do exemplo que, ao fazermos as substituições, mudamos o sentido do texto.

 

Módulo 2

Atividade 1

Os alunos deverão redigir um texto de memórias literárias sobre um período de suas vidas, valendo-se tanto do pretérito perfeito quanto do pretérito imperfeito do indicativo.

Uma sugestão é que os alunos elaborem um texto sobre a rotina escolar de um dos anos anteriores ao que eles estão cursando, evidenciando as eventuais diferenças em comparação ao presente.

 

Atividade 2

Após terem redigido seu texto de memórias literárias, os alunos deverão fazer uma revisão gramatical do texto produzido para que o mesmo possa ser socializado com a comunidade escolar, por meio de murais ou da publicação em um blog da Língua Portuguesa.

 

 

 

 

Recursos Complementares

Material sobre a estrutura do verbo.

Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/verbo---estrutura-radical-vogal-tematica-e-desinencias.htm>. Aceso em: 21 jul. 2014.

 

Marcas distintivas entre pretérito perfeito e imperfeito do indicativo:

Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gramatica/preterito-perfeito-imperfeito-marcas-distintivas.html>. Aceso em: 21 jul. 2014.

Avaliação

O professor deverá avaliar a participação do aluno durante as atividades, principalmente aquelas em duplas, para que todos participem positivamente.

Como avaliação qualitativa, o professor poderá avaliar os textos produzidos pelos alunos, observando:

  • a adequação no uso dos tempos estudados (pretérito perfeito e imperfeito do indicativo);
  • o atendimento ou não ao tema e ao gênero solicitados.
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