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O poema como um instrumento de crítica social

 

20/10/2014

Autor e Coautor(es)
ROGERIO DE CASTRO ANGELO
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias, Lazuíta Goretti de Oliveira

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: modos de organização dos discursos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: processos de construção de significação
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos
Ensino Médio Língua Portuguesa Recursos linguísticos em uso: fonológicos, morfológicos, sintáticos e lexicais
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Perceber como os poemas podem servir de instrumentos de crítica social.
  • Compreender os diferentes tipos de crítica social que são feitos por meio de poemas.
Duração das atividades
3 aulas de 50 minutos cada
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • Os alunos deverão compreender o que é uma crítica social, bem como as diferentes formas de sua manifestação.
Estratégias e recursos da aula

Estratégias

  • Leitura e discussão de poemas.
  • Discussão em grupo.
  • Apresentação oral.
  • Produção textual.
  • Divulgação de poemas de crítica social.

Recursos

  • Coletânea de textos.
  • Apostila com poemas de crítica social.
  • Material para produção de poemas.

 

Módulo 1

 

Atividade1

 

Para introduzir a temática dos poemas como forma de crítica social, o professor apresentará os poemas abaixo para os alunos.

Após a leitura de cada um deles, o professor discutirá com os alunos qual tema está sendo discutido, bem como qual é a provável data de produção desses textos. Além disso, sobre cada um dos poemas o professor questionará os alunos se o problema relatado no poema pode ser associado a algum problema social nos dias de hoje.

Vale lembrar que se trata de poemas de cunho social, que visam denunciar algum problema ou situação incômoda da realidade social onde estavam inseridos os autores.
 

 

nao ha vagas

Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-wuTCKKITBEs/UMCRkFmySOI/AAAAAAAAHh0/ux0OZ7KHviE/s1600/nao-ha-vagas_grande.jpg>. Acesso em: 19 out. 2014.

 

Texto 1.

Não há vagas
(Ferreira Gullar)

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
 
– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
 
O poema, senhores,
não fede
nem cheira.

GULLAR, Ferreira. “Não há vagas”.
In: Toda Poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980. p. 224

Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/035/35cult_poesia.htm>. Acesso em: 19 out. 2014.

 

 

2+2

Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_DoipbXEGikQ/THkRR9t_x_I/AAAAAAAAAL0/KTCfriKSjNw/s400/2_2%3D4.jpg>. Acesso em: 19 out. 2014.

 

Texto 2.

"Dois e Dois são Quatro"
(Ferreira Gullar)

Como dois e dois são quatro
Sei que a vida vale a pena
Embora o pão seja caro
E a liberdade pequena
Como teus olhos são claros
E a tua pele, morena
como é azul o oceano
E a lagoa, serena

Como um tempo de alegria
Por trás do terror me acena
E a noite carrega o dia
No seu colo de açucena

- sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade pequena.

Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/frase/MzgxNzY/>. Acesso em: 19 out. 2014.

 

 

politica

Disponível em: <http://www.humaniversidade.com.br/boletins/politica_doenca_osho/politica_3.jpg>. Acesso em: 19 out. 2014.

 

Texto 3

Política literária
(Carlos Drummond de Andrade)

                                            A Manuel Bandeira

O poeta municipal
discute com o poeta estadual
qual deles é capaz de bater o poeta federal.

Enquanto isso o poeta federal
tira ouro do nariz

 De Alguma poesia (1930)

Disponível em: <http://www.horizonte.unam.mx/brasil/drumm2.html>. Acesso em: 19 out. 2014.

 

africano

Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-n5B8axFtkJU/UZAQAZi847I/AAAAAAAAABM/BzHlh-NUuLY/s1600/926940-1783-cp2.jpg>. Acesso em: 19 out. 2014.

 

Texto 4

A canção do africano
(Castro Alves)


Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão ...


De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!


"Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!


"0 sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!


"Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar ...


"Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro".


O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
Pra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!


............................


O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.


E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!

Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/frase/NTI0MDQy/>. Acesso em: 19 out. 2014.

 

Atividade 2

 

Após o professor ter lido e discutido com os alunos alguns poemas de crítica social, o professor dividirá a turma em grupos de 2 a 3 integrantes para realizar a próxima atividade.

 

O professor dividirá entre os grupos o material abaixo, chamado Vinagre: uma antologia de poetas neobarracos. Trata-se de uma antologia de poemas críticos que se referem à realidade brasileira do período das manifestações populares de junho de 2013.

O material tem ao todo 93 páginas, ao todo são mais de 80 poemas, divididos em 85 páginas.

 

vinagre

Disponível em: <http://www.mediafire.com/view/8xo1155vho004ir/VINAGRE_UMA_ANTOLOGIA_DE_POETAS_NEOBARRACOS_junho2013.pdf>. Acesso em: 19 out. 2014.

Download disponível em: <http://www.mediafire.com/download/8xo1155vho004ir/VINAGRE_UMA+ANTOLOGIA+DE+POETAS+NEOBARRACOS_junho2013.pdf>. Acesso em: 19 out. 2014.

 

Para todos os grupos, é interessante que o professor disponibilize, na primeira página da apostila a ser entregue a cada um dos grupos, a dedicatória/introdução feita pelo grupo que organizou o material:
 

Por  uma  poética  de  trincheiras  &  quebradas:  nós,  Os  Vândalos,  apresentamos  a coletânea  Vinagre:  uma  antologia  de  poetas  neobarracos.  Feita  por  todos.  Este trabalho  é  um  trabalho  coletivo.  A  ideia  inicial  nasceu  como  gesto público  de solidariedade a todos os movimentos de contestação que acontecem simultaneamente no Brasil (& também no mundo). Chamados de vândalos pela imprensa vendida, presos pela polícia  por  causa do  vinagre  que portávamos,  estamos todos  na  batalha,  na rua. Ação direta. Solidariedade & apoio mútuo.  

Esta antologia é dedicada a todas as pessoas que participam de alguma maneira desse movimento de mudança. Até a vitória!

Os Vândalos

 

Além disso, o prólogo do material ajuda bastante a entender a proposta da publicação, e poderá ser incluído no início da apostila.

 

Os alunos, de posse de partes do material deverão anotar, em uma folha separada ou no caderno a análise dos poemas com os quais tiverem contato, buscando:

 

  1. Identificar se tem ou não título.
  2. Se houver título, qual a relação do título com o conteúdo do poema.
  3. Identificar o que está sendo criticado em cada poema (tema).
  4. Descrever a forma do poema (em quantos versos/estrofes; ou poema visual).
  5. Analisar se há ou não recursos poéticos evidentes, tais como rimas, metrificação (poemas com versos de mesma extensão) etc.
  6. Posição do eu-lírico em relação ao tema (observador/participante).
  7. Utilização ou não de recursos gráficos (pontuação ou imagens utilizadas de forma diferente da usual).


     

Atividade 3

 

Cada grupo irá apresentar aos outros grupos os poemas analisados, fazendo primeiramente uma leitura do poema para a turma e, em seguida, cada integrante do grupo deverá abordar dois ou três aspectos analisados.

 

Neste momento, é importante que, após cada uma das apresentações, os outros grupos possam também expor suas opiniões sobre o poema que foi descrito, uma vez que cada poema pode suscitar várias interpretações.

 

Módulo 2

 

Atividade 1

escrevendo

Disponível em: <http://www.opoderosoresumao.com/wp-content/uploads/2013/08/reda%C3%A7%C3%A3o.jpg>. Acesso em: 20 out. 2014.

 

Após terem analisado uma série de poemas de crítica social sobre uma situação do cotidiano, os alunos deverão, individualmente, produzir seus próprios poemas de crítica social, tratando de temas que afetem sua cidade ou região.

Uma possível lista de temas para essa produção textual é:

  • transporte público;
  • mobilidade urbana;
  • saúde pública;
  • acesso à moradia;
  • saneamento básico;
  • violência;
  • segurança pública;
  • espaços de esporte e lazer:
  • (mal)uso dos recursos hídricos;
  • falta d'água / desperdício de água;
  • preservação do meio ambiente;
  • limpeza das vias públicas;
  • poluição visual e sonora.

 

Atividade 2

 

Após a produção e revisão textual dos poemas de crítica social, o professor poderá ajudar os alunos a divulgarem os poemas produzidos, em meio à comunidade escolar (expondo os poemas em murais ou em jornais escolares), ou mesmo, mais amplamente,  para a população, preparando um material semelhante àquele analisado nas atividades do Módulo 1 e publicando-o na internet.

Recursos Complementares

Sobre poesia social:

Disponível em: <http://www.brasilescola.com/literatura/poesia-social.htm>. Acesso em: 20 out. 2014.

 

Poemas de crítica social publicados em um concurso online de poesia:

Disponível em: <http://autoressa.blogspot.com.br/2011/07/top-13-critica-social.html>. Acesso em: 20 out. 2014.

Avaliação

A avaliação qualitativa deverá ocorrer de maneira processual, devendo ser observada a participação dos alunos nas atividades propostas.

 

Como instrumento de avaliação quantitativa, o professor poderá valorizar os poemas de crítica social produzidos pelos alunos, observando a temática e a estrutura dos poemas.

Opinião de quem acessou

Cinco estrelas 2 classificações

  • Cinco estrelas 2/2 - 100%
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Opiniões

  • Luciane Hernandez, Col. Est. ACM , Bahia - disse:
    luhernandez123@hotmail.com

    07/11/2014

    Cinco estrelas

    Ótima ideia trabalhar com a produção cultural feita pelos jovens manifestantes de 2013. Faz com que a criação artística atual seja divulgada e também discutida na escola.


  • Daniela Merello, E.E.João Goes , São Paulo - disse:
    daniella_sann@yahoo.com.br

    03/11/2014

    Cinco estrelas

    Percebe-se que o conteúdo é muito interessante, pois há várias opções para trabalhar. Parabéns Rogerio.


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