20/10/2014
Eliana Dias, Lazuíta Goretti de Oliveira
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Análise linguística: modos de organização dos discursos |
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Análise linguística: processos de construção de significação |
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos |
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos |
Ensino Médio | Língua Portuguesa | Recursos linguísticos em uso: fonológicos, morfológicos, sintáticos e lexicais |
Para introduzir a temática dos poemas como forma de crítica social, o professor apresentará os poemas abaixo para os alunos.
Após a leitura de cada um deles, o professor discutirá com os alunos qual tema está sendo discutido, bem como qual é a provável data de produção desses textos. Além disso, sobre cada um dos poemas o professor questionará os alunos se o problema relatado no poema pode ser associado a algum problema social nos dias de hoje.
Vale lembrar que se trata de poemas de cunho social, que visam denunciar algum problema ou situação incômoda da realidade social onde estavam inseridos os autores.
Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-wuTCKKITBEs/UMCRkFmySOI/AAAAAAAAHh0/ux0OZ7KHviE/s1600/nao-ha-vagas_grande.jpg>. Acesso em: 19 out. 2014.
Texto 1.
Não há vagas
(Ferreira Gullar)
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira.
GULLAR, Ferreira. “Não há vagas”.
In: Toda Poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980. p. 224
Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/035/35cult_poesia.htm>. Acesso em: 19 out. 2014.
Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_DoipbXEGikQ/THkRR9t_x_I/AAAAAAAAAL0/KTCfriKSjNw/s400/2_2%3D4.jpg>. Acesso em: 19 out. 2014.
Texto 2.
"Dois e Dois são Quatro"
(Ferreira Gullar)
Como dois e dois são quatro
Sei que a vida vale a pena
Embora o pão seja caro
E a liberdade pequena
Como teus olhos são claros
E a tua pele, morena
como é azul o oceano
E a lagoa, serena
Como um tempo de alegria
Por trás do terror me acena
E a noite carrega o dia
No seu colo de açucena
- sei que dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
mesmo que o pão seja caro
e a liberdade pequena.
Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/frase/MzgxNzY/>. Acesso em: 19 out. 2014.
Disponível em: <http://www.humaniversidade.com.br/boletins/politica_doenca_osho/politica_3.jpg>. Acesso em: 19 out. 2014.
Texto 3
Política literária
(Carlos Drummond de Andrade)
A Manuel Bandeira
O poeta municipal
discute com o poeta estadual
qual deles é capaz de bater o poeta federal.
Enquanto isso o poeta federal
tira ouro do nariz
De Alguma poesia (1930)
Disponível em: <http://www.horizonte.unam.mx/brasil/drumm2.html>. Acesso em: 19 out. 2014.
Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/-n5B8axFtkJU/UZAQAZi847I/AAAAAAAAABM/BzHlh-NUuLY/s1600/926940-1783-cp2.jpg>. Acesso em: 19 out. 2014.
Texto 4
A canção do africano
(Castro Alves)
Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão ...
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!
"Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!
"0 sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!
"Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar ...
"Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro".
O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
Pra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!
............................
O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.
E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!
Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/frase/NTI0MDQy/>. Acesso em: 19 out. 2014.
Após o professor ter lido e discutido com os alunos alguns poemas de crítica social, o professor dividirá a turma em grupos de 2 a 3 integrantes para realizar a próxima atividade.
O professor dividirá entre os grupos o material abaixo, chamado Vinagre: uma antologia de poetas neobarracos. Trata-se de uma antologia de poemas críticos que se referem à realidade brasileira do período das manifestações populares de junho de 2013.
O material tem ao todo 93 páginas, ao todo são mais de 80 poemas, divididos em 85 páginas.
Disponível em: <http://www.mediafire.com/view/8xo1155vho004ir/VINAGRE_UMA_ANTOLOGIA_DE_POETAS_NEOBARRACOS_junho2013.pdf>. Acesso em: 19 out. 2014.
Download disponível em: <http://www.mediafire.com/download/8xo1155vho004ir/VINAGRE_UMA+ANTOLOGIA+DE+POETAS+NEOBARRACOS_junho2013.pdf>. Acesso em: 19 out. 2014.
Para todos os grupos, é interessante que o professor disponibilize, na primeira página da apostila a ser entregue a cada um dos grupos, a dedicatória/introdução feita pelo grupo que organizou o material:
Por uma poética de trincheiras & quebradas: nós, Os Vândalos, apresentamos a coletânea Vinagre: uma antologia de poetas neobarracos. Feita por todos. Este trabalho é um trabalho coletivo. A ideia inicial nasceu como gesto público de solidariedade a todos os movimentos de contestação que acontecem simultaneamente no Brasil (& também no mundo). Chamados de vândalos pela imprensa vendida, presos pela polícia por causa do vinagre que portávamos, estamos todos na batalha, na rua. Ação direta. Solidariedade & apoio mútuo. Esta antologia é dedicada a todas as pessoas que participam de alguma maneira desse movimento de mudança. Até a vitória! Os Vândalos |
Além disso, o prólogo do material ajuda bastante a entender a proposta da publicação, e poderá ser incluído no início da apostila.
Os alunos, de posse de partes do material deverão anotar, em uma folha separada ou no caderno a análise dos poemas com os quais tiverem contato, buscando:
Cada grupo irá apresentar aos outros grupos os poemas analisados, fazendo primeiramente uma leitura do poema para a turma e, em seguida, cada integrante do grupo deverá abordar dois ou três aspectos analisados.
Neste momento, é importante que, após cada uma das apresentações, os outros grupos possam também expor suas opiniões sobre o poema que foi descrito, uma vez que cada poema pode suscitar várias interpretações.
Disponível em: <http://www.opoderosoresumao.com/wp-content/uploads/2013/08/reda%C3%A7%C3%A3o.jpg>. Acesso em: 20 out. 2014.
Após terem analisado uma série de poemas de crítica social sobre uma situação do cotidiano, os alunos deverão, individualmente, produzir seus próprios poemas de crítica social, tratando de temas que afetem sua cidade ou região.
Uma possível lista de temas para essa produção textual é:
Após a produção e revisão textual dos poemas de crítica social, o professor poderá ajudar os alunos a divulgarem os poemas produzidos, em meio à comunidade escolar (expondo os poemas em murais ou em jornais escolares), ou mesmo, mais amplamente, para a população, preparando um material semelhante àquele analisado nas atividades do Módulo 1 e publicando-o na internet.
Sobre poesia social:
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/literatura/poesia-social.htm>. Acesso em: 20 out. 2014.
Poemas de crítica social publicados em um concurso online de poesia:
Disponível em: <http://autoressa.blogspot.com.br/2011/07/top-13-critica-social.html>. Acesso em: 20 out. 2014.
A avaliação qualitativa deverá ocorrer de maneira processual, devendo ser observada a participação dos alunos nas atividades propostas.
Como instrumento de avaliação quantitativa, o professor poderá valorizar os poemas de crítica social produzidos pelos alunos, observando a temática e a estrutura dos poemas.
Cinco estrelas 2 classificações
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07/11/2014
Cinco estrelasÓtima ideia trabalhar com a produção cultural feita pelos jovens manifestantes de 2013. Faz com que a criação artística atual seja divulgada e também discutida na escola.
03/11/2014
Cinco estrelasPercebe-se que o conteúdo é muito interessante, pois há várias opções para trabalhar. Parabéns Rogerio.