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As conjunções nos artigos de opinião

 

25/11/2014

Autor e Coautor(es)
ROGERIO DE CASTRO ANGELO
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UBERLANDIA - MG ESC DE EDUCACAO BASICA

Eliana Dias, Lazuíta Goretti de Oliveira

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: organização estrutural dos enunciados
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
  • Perceber a importância das conjunções como elementos articuladores na constituição dos artigos de opinião.
  • Aprender a reconhecer e se utilizar dos diversos tipos de conjunções.
Duração das atividades
3 aulas de 50 minutos cada
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
  • Os alunos já devem ter estudado as classes de palavras, em especial as conjunções.

  • O gênero textual artigo de opinião também já deve ser de conhecimento dos alunos, pois esta aula é um aprofundamento sobre a articulação entre as partes do texto.

Estratégias e recursos da aula

Estratégias

•    Leitura, análise e discussão de artigos de opinião.
•    Trabalho em duplas (análise de artigos de opinião).
•    Discussão de material teórico sobre conjunções.
•    Pesquisa sobre temas em discussão atuais (em jornais eletrônicos ou impressos).
•    Produção textual (individual).
•    Comentários sobre a produção dos pares.

 

Recursos

•    Coletânea de artigos de opinião.
•    Material explicativo sobre conjunções.
•    Material para produção textual.
•    Jornais ou acesso à internet (jornais eletrônicos).
 

Módulo 1


Atividade 1
 

As conjunções têm um papel importante na articulação entre as partes de um texto, contribuindo para a coesão textual, guiando o leitor, uma vez que indicam a relação existente entre as orações e as frases.


Focaremos nessa aula mais especificamente a utilização das conjunções em artigos de opinião.

Para que os alunos percebam a importância dos elementos coesivos na construção dos artigos de opinião, o professor entregará o artigo de opinião a seguir, que foi adaptado retirando-se dele as conjunções, que foram substituídas símbolo Ø.



Nessa atividade, sugerimos a seguinte sequência:


1.    Os alunos deverão fazer uma primeira leitura, individualmente, tentando identificar o que poderia ser colocado no lugar dos espaços onde aparece o símbolo “Ø”.


2.    Em seguida, os alunos, alternadamente, lerão o texto em voz alta, sendo que a cada vez que aparecer o símbolo Ø um aluno deverá dizer o que poderia ser colocado naquela posição do texto.


3.    Tendo feito a segunda leitura, discutir qual o tema está sendo discutido no texto e qual a tese defendida pelo autor do mesmo, bem como qual a relação entre o título do texto e seu conteúdo.


4.    Por fim, o professor discutirá com os alunos o papel das palavras que foram suprimidas, ressaltando que, embora seja possível interpretar o texto sem as palavras que foram suprimidas do original, elas têm um papel importante que é o de estabelecer uma articulação entre as diversas partes do texto.


5.    Em seguida, o professor entregará a versão original do artigo, com as conjunções presentes e destacadas, para que os alunos percebam como elas auxiliam na ligação entre as partes do texto, tanto no interior das frases, quanto na relação entre uma frase e outra, um parágrafo e outro.
 

A lei do silêncio dos advogados

Rogério Gentile

 20/11/2014  02h00  

SÃO PAULO - As revelações sobre o Petrolão têm preocupado Ø políticos e executivos de empreiteiras Ø advogados importantes que, normalmente, ganham muito dinheiro quando surgem escândalos de corrupção.

O motivo é a tal "delação premiada", mecanismo pelo qual vários acusados, entre os quais o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, estão entregando colegas, corruptos e corruptores, em troca da redução de suas penas.

Basicamente, reclamam que as acusações feitas mediante recompensa não merecem crédito Ø o delator não tem compromisso com a verdade, Ø com a sua sobrevivência – falaria qualquer coisa para melhorar a própria situação. Ø dizem que não é ético o Estado barganhar com um criminoso.

Utilizada em países como EUA, Itália e Alemanha, a delação premiada é um instrumento incorporado há relativamente pouco tempo no sistema jurídico do Brasil. Teve origem nas Ordenações Filipinas, que vigorou de 1603 até o Código Criminal de 1830, e serviu Ø na Inconfidência Mineira –Joaquim Silvério dos Reis teve dívidas perdoadas para trair seus companheiros. Somente a partir da década de 1990 leis com esse espírito foram aprovadas.

É claro que o testemunho dos "pentitos", como são chamados na Itália os mafiosos arrependidos, feito sob a expectativa de um prêmio, precisa ser confirmado por investigações. Sem documentos ou novas provas, não podem servir de base para condenações. Ø o fato é que, sem esse tipo de instrumento, muitas vezes, não há como se quebrar a couraça das organizações criminosas.

Ø sinceros pruridos* éticos e preocupações sobre a delação premiada, há em grandes escritórios uma indisfarçável motivação corporativa. Quem está disposto a falar não precisa, evidentemente, pagar verdadeiras fortunas a advogados brilhantes e bem relacionados no Judiciário para defendê-lo.

 

*prurido| s. m.

1. Sensaçãonapelequeprovocavontadedecoçar; fortetitilação.= COMICHÃO

2. [Figurado]  Grandedesejo.= IMPACIÊNCIA, INQUIETAÇÃO

"prurido", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/prurido [consultado em 20-11-2014].

 

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/rogeriogentile/2014/11/1550767-a-lei-do-silencio-dos-advogados.shtml>. Acesso em: 20 nov. 2014. (Adaptado)

 

Texto 2

    A lei do silêncio dos advogados


Rogério Gentile

    20/11/2014  02h00   

 SÃO PAULO - As revelações sobre o Petrolão têm preocupado não apenas políticos e executivos de empreiteiras, mas também advogados importantes que, normalmente, ganham muito dinheiro quando surgem escândalos de corrupção.

O motivo é a tal "delação premiada", mecanismo pelo qual vários acusados, entre os quais o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, estão entregando colegas, corruptos e corruptores, em troca da redução de suas penas.

Basicamente, reclamam que as acusações feitas mediante recompensa não merecem crédito uma vez que o delator não tem compromisso com a verdade, mas com a sua sobrevivência –falaria qualquer coisa para melhorar a própria situação. Além disso, dizem que não é ético o Estado barganhar com um criminoso.

Utilizada em países como EUA, Itália e Alemanha, a delação premiada é um instrumento incorporado há relativamente pouco tempo no sistema jurídico do Brasil. Teve origem nas Ordenações Filipinas, que vigorou de 1603 até o Código Criminal de 1830, e serviu, por exemplo, na Inconfidência Mineira –Joaquim Silvério dos Reis teve dívidas perdoadas para trair seus companheiros. Somente a partir da década de 1990 leis com esse espírito foram aprovadas.

É claro que o testemunho dos "pentitos", como são chamados na Itália os mafiosos arrependidos, feito sob a expectativa de um prêmio, precisa ser confirmado por investigações. Sem documentos ou novas provas, não podem servir de base para condenações. Mas o fato é que, sem esse tipo de instrumento, muitas vezes, não há como se quebrar a couraça das organizações criminosas.

A despeito de sinceros pruridos éticos e preocupações sobre a delação premiada, há em grandes escritórios uma indisfarçável motivação corporativa. Quem está disposto a falar não precisa, evidentemente, pagar verdadeiras fortunas a advogados brilhantes e bem relacionados no Judiciário para defendê-lo.

Rogério Gentile é Secretário de Redação da Folha. Entre outras funções, foi editor da coluna Painel e do caderno ‘Cotidiano’. Escreve às quintas.

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/rogeriogentile/2014/11/1550767-a-lei-do-silencio-dos-advogados.shtml>. Acesso em: 20 nov. 2014.
 

 

Atividade 2

 

 

Após os alunos terem observado a utilização das conjunções como elementos articuladores, na Atividade 1, o professor explicará aos alunos que esses elementos articuladores funcionam como verdadeiras placas de trânsito textuais, guiando o leitor no sentido de indicar quando as informações e argumentos apresentados seguem a mesma direção ou se há mudança de sentido (direção).

 

Para facilitar a identificação dos elementos articuladores, o professor entregará aos alunos os dois quadros abaixo. No primeiro, temos as conjunções separadas pelas ideias indicadas, no segundo quadro, temos os conectivos, agrupados em função do valor semântico, seguido de exemplos que ilustram bem como são utilizados.

 

É interessante que o professor leia os dois quadros com os alunos, sanando eventuais dúvidas, pois a próxima atividade dependerá dos conhecimentos sobre as diferenças entre os tipos de conjunções.

 

 

QUADRO 1

IDEIAS

SIMPLES

COMPOSTOS

causa

porque, pois, por, porquanto, dado, visto, como

por causa de, devido a, em vista de, em virtude de, em face de, em razão de, já que, visto que, uma vez que, dado que

consequência imprevista

tão, tal, tamanho, tanto ..., que

de modo que, de forma que, de maneira que, de sorte que, tanto que

consequência lógica

logo, portanto, pois, assim

assim sendo, por conseguinte

finalidade

para, porque

para que, a fim de que, a fim de, com o propósito de, com a intenção de, com o fito de, com o intuito de

condição

se, caso, mediante, sem, salvo

contanto que, a não ser que, a menos que, exceto se

oposição branda

mas, porém, contudo, todavia, entretanto

no entanto

oposição 

embora, conquanto, muito embora

apesar de, a despeito de, não obstante, malgrado a, sem embargo de, se bem que, mesmo que, ainda que, em que pese, posto que, por mais que, por muito que

comparação

como, qual

do mesmo modo que, como se, assim como, tal como

tempo

quando, enquanto, apenas, ao, mal

logo que, antes que, depois que, desde que, cada vez que, todas as vezes que, sempre que, assim que

proporção

 

à proporção que, à medida que

conformidade

conforme, segundo, consoante, como

de acordo com, em conformidade com

alternância

ou

nem ...nem, ou ... ou, ora ... ora, quer ... quer, seja ... seja

adição

e, nem

não só ... mas também, tanto ... como, não apenas ... como

restrição

que

 

 
 
 

QUADRO 2

Como indicar as circunstâncias e outras relações

Observe a correlação entre conectivos e as ideias expressas por eles, na tabela a seguir:

Conectivo

Valor semântico

Exemplo

Assim, desse modo

Têm valor exemplificativo, servem, normalmente, para explicitar, confirmar ou ilustrar o que se disse antes.

O Governador resolveu não se comprometer com nenhum dos candidatos a prefeito. Assim, ele ficará à vontade para negociar com quem quer que seja eleito.

E

Serve para anunciar uma progressão e não para repetir o que foi dito antes. Além disso, as ideias expressas devem poder figurar como complementos.

Correto: Este trator serve para arar a terra e para fazer a colheita.

 

Errado: Tinha preguiça de estudar e dormiu.

Ainda

Serve para a inclusão de elementos

As eleições devem servir para melhorar consolidar o processo democrático. Servem, ainda, para definir os rumos que os moradores querem para a cidade.

Aliás, além do mais, além de tudo, além disso

Introduzem um argumento decisivo, apresentado como acréscimo, como se fosse desnecessário, justamente para dar o golpe final no argumento contrário.

Os salários estão cada vez mais baixos porque os aumentos concedidos não acompanham a inflação. Além disso, os impostos acabam por deteriorar ainda mais os já achatados salários.

Isto é, quer dizer, ou seja, ou melhor, em outras palavras

Introduzem esclarecimentos ou retificações do que foi dito

Muitos jornais, principalmente em época de eleição, alardeiam sua neutralidade. Isto é, seu pretenso descompromisso com partidos e candidatos.

Mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto

Marcam oposição clara entre dois argumentos. Tudo o que vem depois deles é a ideia mais relevante na frase

 EUA é bom, mas é uma porcaria.

O Brasil é uma porcaria, mas é bom.

Queria muito ser admitido pela empresa, entretanto não possuía as qualificações necessárias.

Embora, ainda que, mesmo que

Estabelecem ao mesmo tempo relações de oposição e concessão. Servem para admitir um dado contrário para depois negar seu valor.

Ainda que a ciência e a técnica tenham presenteado o homem com muitos avanços e comodidades, não resolveram o problema das injustiças.

Pois

Quando tem valor explicativo, denota que a ideia posterior a ele é a causa óbvia para o caso. Quando vem entre vírgulas, tem valor conclusivo.

Ele brigou feio com a namorada, pois ela o ofendeu gratuitamente.(explicativo)

 

Não conseguiu a nota esperada. Ficou, pois, decepcionado com eu desempenho. (conclusivo)

Porque, por isso que, visto que, uma vez que, haja vista que, em virtude de, devido a,

Estabelecem relações de causa e consequência

Negou-se a prestar esclarecimentos à polícia, devido a isso foi preso.

A fim de, para que, com o intuito de, com a intenção de, com o fito de

Estabelecem relações de finalidade, as quais revelam a intenção clara de quem praticou a ideia expressa.

 Acelerou o carro a fim de atingir o homem que atravessava a rua.

Tanto que, tão que

Estabelecem relações de consequência, as quais ao acidentais.

Acelerou tanto o carro que atingiu o homem que atravessava a rua.

 

A menos que, se, caso

Introduzem as condições para que um fato se dê.

 A menos que tenha de trabalhar, irei à festa.

Caso não tenha de trabalhar irei à festa.

 

Disponível em: < http://www.atelierderedacao.com.br/downloads/quadro-de-conectivos.doc>. Acesso em: 20 nov. 2014.
 
 

Atividade 3

 

O professor dividirá a turma em duplas para que eles façam a próxima atividade:


Os alunos receberão os artigos de opinião a seguir e deverão:


1.    Marcar no texto (circular ou sublinhar) os elementos articuladores.
2.    Identificar qual o valor semântico de cada um dos elementos articuladores encontrados.
3.    Indicar (com um asterisco) as passagens em que poderiam ser utilizados outros conectivos (escrevendo sobre o elemento utilizado um outro com mesmo sentido).
4.    Marcar no texto (com um triângulo) eventuais locais onde o autor não utilizou conectivos, mas que poderia ser acrescentado (indicando qual tipo de conectivo seria possível).
 

 

Texto 1

Temas ausentes

 

Mario Cesar Flores - O Estado de S. Paulo

19 Novembro 2014 | 02h

 

Dois temas que frequentam o cotidiano da mídia mundial estiveram ausentes das campanhas eleitorais de 2014: relações internacionais e defesa nacional. Na retórica das campanhas de Dilma, Aécio e Marina - e muito mais na dos nanicos - o Brasil aparentava ser um país que não afeta as/nem é afetado pelas atribulações do mundo na economia, na (des)ordem política e social e no meio ambiente; aparentava ser um país seguro, imune a ameaças e sem motivos para se preocupar com a defesa nacional. Não é essa a realidade

Vivemos enredados nas injunções da integração econômica global, sujeitos a seus trancos e solavancos; ao contrário do que disse o presidente Lula por ocasião da crise econômico-financeira de 2008 - tsunami lá fora, marolinha aqui - fomos atingidos por tempestade tropical, cujos efeitos ainda não estão de todo superados - quando já o foram em outros países! O caos econômico vigente na Venezuela e, mais impactante, na Argentina está tumultuando nosso comércio exterior e, é claro, nossa economia. A redução do ritmo de crescimento do mundo, em particular, da China, prejudica nossa exportação de recursos primários, forte alicerce econômico brasileiro. E a deterioração ambiental, a destruição de recursos naturais e a alteração perigosa do padrão climatológico transcendem fronteiras nacionais - afeta fora o que fazemos aqui, afeta aqui dentro o que é feito lá fora

Finalmente: o Brasil de 200 milhões de habitantes e 7.ª economia global já não pode ser indiferente, sobretudo em sua região (com atitude ao menos cooperativa mais além), a destemperos desumanos, como têm sido os massacres africanos e está sendo a atuação do Estado Islâmico (organização criminosa que a presidente Dilma viu, na ONU, como susceptível de diálogo); já não pode ser indiferente ao sofrimento infligido a povos mundo afora pela desordem político-social ou por catástrofes naturais (o terremoto no Haiti, por exemplo). A pretensão à cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU pressupõe a aceitação da responsabilidade correlata.

No tocante à defesa propriamente dita, de fato não existem hoje ameaças clássicas (ameaças de Estados) ao Brasil, mas a dinâmica da História não nos sugere a continuidade indefinida da situação atual e Forças Armadas modernas não podem ser improvisadas quando surgir a ameaça, de um dia para o outro. Ademais, à semelhança do que ocorre no mundo em geral, o Brasil está sujeito às varias modalidades de ameaça irregular, dia a dia mais presentes no mundo do século 21. O poder político competente e responsável tem de estar atento a esse quadro inseguro. Não há hoje por que cultivar perspectivas radicais na defesa nacional, mas considerá-la prescindente de atenção é atitude incompatível com a responsabilidade do alto nível político.

Admitindo haver cabimento no conteúdo dos parágrafos anteriores - e os políticos postulantes aos altos cargos da República provavelmente o admitem -, cabe perguntar: então por que a omissão desses temas nas campanhas eleitorais? A razão não é a desimportância objetiva de tais temas, é sua desimportância eleitoral. Os marqueteiros das campanhas são balizados menos pela realidade nacional - e por ela no quadro internacional - e mais pelo que afeta o dia a dia do eleitorado, em grande parte alheio aos temas, por indiferença apoiada na ignorância ou na pressão de suas necessidades elementares mal atendidas - no que, sob o ponto de vista da vitória eleitoral, lhes cabe razão.

Passam ao largo do marketing popular/populista quaisquer comentários sobre assuntos como a competitividade econômica no mundo integrado, as relações com países desenvolvidos versus preferência pelo relacionamento neoterceiro-mundista bolivariano, as atribulações do Mercosul prejudicado pela tarifa externa comum (TEC) e pelo protecionismo argentino, a moderação do ritmo de crescimento global e sua consequência sobre nossa exportação de produtos primários... tudo em detrimento do comércio externo brasileiro. Mesmo questões que hoje sacodem o mundo - meio ambiente, ecologia, clima e recursos naturais - tampouco emocionam o eleitorado despreparado. A classe média já "mais ou menos" instruída lhes dá alguma atenção, mas a grande massa as ignora. Na verdade, ignora as influências em geral, que emolduram a inserção do Brasil no mundo. Assuntos dessa natureza soariam como perda de tempo no horário de propaganda gratuita.

O vazio é ainda mais evidente na defesa nacional. É curioso observar que nas pesquisas de opinião as Forças Armadas vêm sendo sistematicamente hierarquizadas em primeiro lugar no quesito confiabilidade. Mas não se trata de confiabilidade na capacidade militar de dissuadir ou abortar ameaças, de contribuir para a ordem regional e global. Isso não passa pela cabeça da grande massa, nem mesmo da classe média. Trata-se de confiabilidade na retidão comportamental, num universo público que nesse quesito beira a vergonha. A apatia estende-se a segmentos societários cujo preparo deveria qualificá-los para compreender a interação da defesa nacional com a vida nacional - fato que provavelmente ainda reflete algum resquício psicopolítico do passado de presença militar na vida política nacional.

Sintetizando, para finalizar: a propaganda eleitoral de 2014 praticamente ignorou a política externa e a defesa nacional, objeto de raras e superficiais menções, se tanto. Razão: ambas não rendem votos, por ignorância, indiferença mental e porque se trata de temas que - tanto quanto a grande massa pode entender - não afetam seu cotidiano comumente sofrido. Mas os candidatos não poderiam deixá-los de lado: suas postulações a cargos de alta relevância nacional implicam - no mínimo - deixar claro que eles reconhecem a existência desses temas e se preocupariam com eles, no exercício do mandato. Isso não aconteceu.

*Mario Cesar Flores é almirante

Disponível em: <http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,temas-ausentes-imp-,1594878>. Acesso em: 20 nov. 2014.

 

Texto 2

 

Arbitrariedades e aparelhamento político nas escolas públicas

Publicado em 20/11/2014 | Thiago Melo

 

A administração pública brasileira possui, na prática, duas diretrizes fundamentais: facilitar a vida de quem manda e reeleger quem está no poder. Essas duas diretrizes moldam uma administração que coloca os interesses particulares acima do bem comum. É notório que as ações políticas são feitas com vistas aos ganhos eleitorais que elas podem trazer, e não ao interesse público. O que não é muito notado é que as ações na administração pública são realizadas com vistas a facilitar o trabalho daqueles que mandam, e não com interesse institucional. A prorrogação súbita do mandato de diretores das escolas estaduais paranaenses e a proposta de acabar com o limite de reeleições escolares parecem ilustrar bem o funcionamento da administração pública brasileira.

 

No último dia 4 de novembro, a Assembleia Legislativa do Paraná prorrogou em um ano o mandato dos atuais diretores das escolas estaduais. Essa ação possui duas arbitrariedades. Em primeiro lugar, não foi considerada a posição da categoria (professores, pedagogos, funcionários e diretores), representada pelo sindicato dos professores. Foi levado em conta o pedido dos diretores que querem se perpetuar no poder das escolas. O interesse de uns foi colocado acima do interesse da categoria como um todo. Em segundo lugar, não foi respeitada qualquer carência para a vigência da nova regra. A prorrogação ocorreu com o processo eleitoral das escolas em andamento e de forma imediata, beneficiando apenas uma pequena parte de pessoas. Essas duas situações ilustram bem o problema das arbitrariedades: os interesses particulares são impostos em detrimento dos interesses coletivos. E é justamente para evitar arbitrariedades que existe carência para a vigência de novas leis e regras, e existe a democracia.

 

Vale lembrar que os deputados adiaram a votação sobre o fim da reeleição da Mesa Executiva da Assembleia Legislativa. Cabe a pergunta: por que não adiaram também a votação sobre a prorrogação dos diretores escolares, já que o processo eleitoral das escolas estava em andamento? Além do mais, caso fosse votado o fim da reeleição da Mesa Executiva, a nova regra só iria valer a partir da nova gestão. Outra pergunta: por que neste caso vai ser respeitada a carência, mas no caso dos diretores escolares a implementação foi imediata?

 

O deputado estadual Luiz Romanelli disse, em artigo publicado na Gazeta do Povo, que está propondo acabar com o limite de reeleições para diretor escolar e com a atual fórmula de apuração de votos. O deputado justifica as duas propostas alegando que o aspecto fundamental da democracia é o voto. Para ele, o voto de todos tem de ter o mesmo peso e o limite de reeleição não pode impedir o voto a ninguém.

 

Sobre a mudança na fórmula de apuração de votos, é muito questionável que pessoas em estágio inicial de formação intelectual e que não vão passar muito tempo em uma escola possam decidir os rumos da instituição. Por serem imensa maioria na escola, os alunos sempre vão ser determinantes na votação para diretor. Assim, é muito provável que sejam eleitos os funcionários que coloquem a vontade dos alunos acima dos interesses institucionais da escola, como o ensino. O inspetor que sempre deixa o aluno atrasado entrar, o professor que passa todos de ano sem cobrar o conteúdo necessário, o diretor que não pune a indisciplina do aluno e o pedagogo que sempre defende o aluno que não se esforça terão grandes chances de se eleger. Já aqueles funcionários que exercem sua profissão adequadamente terão pouquíssimas chances. Esse quadro não me parece o da escola de qualidade e democrática de que precisamos.

 

Quanto ao fim do limite de reeleição para diretores, basta olhar para as escolas onde os diretores estão há mais de dez anos no cargo. Nestas escolas, a maior parte das ações é feita para o bem do diretor. O nome que se dá para isso é aparelhamento político. O diretor trabalha para manter as pessoas com quem possui afinidades eletivas, e não os profissionais mais capacitados. As decisões pedagógicas são tomadas a fim de poupar trabalho para o diretor. Uma delas é a de procurar fazer o professor ceder em alguma medida educacional, já que é mais fácil convencer uma pessoa adulta e educada do que quatro ou cinco alunos indisciplinados. O simples uso de um data show passa a ser de uso restrito da direção, que não quer que ele seja desgastado em sala de aula. Em suma, com um diretor há muito tempo no poder a escola passa a funcionar em função dos interesses desse diretor, que com muita facilidade, em virtude desse aparelhamento, conseguirá ser reeleito. Nesta circunstância, também fica fácil os governos aparelharem politicamente as escolas.

 

Como podemos ver, esse “impulso democrático” nas escolas públicas pretendido pelos governantes não pode ser mais perigoso. É perigoso porque desvia ainda mais a escola de sua função principal, que é o ensino, perdendo a qualidade. E é perigoso também porque permite que algumas pessoas se considerem infalíveis, ficando acima do bem e do mal. Até onde sei, a democracia serve para inibir tal situação.

 

Thiago Melo é professor de Filosofia na rede estadual de ensino.

 

Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=1514864&tit=Arbitrariedades-e-aparelhamento-politico-nas-escolas-publicas>. Acesso em: 20 nov. 2014.
 

 

Módulo 2

 

Atividade 1

 

Os alunos deverão produzir um texto opinativo (artigo de opinião) sobre algum tema relevante que esteja sendo discutido na mídia, atentando-se para a utilização dos elementos articuladores estudados.

Para essa atividade, eles deverão buscar temas para a produção deste artigo de opinião nos jornais de circulação local e nacional (jornais físicos ou disponíveis na internet).

 

Atividade 2

O professor trocará os textos dos alunos que deverão analisar os textos (uns dos outros), avaliando se o colega utilizou ou não corretamente os conectivos, de forma a contribuir para a coesão textual.

Nos trechos em que houver alguma inadequação no uso dos elementos articuladores, marcando com uma caneta de cor diferente da que o autor do texto havia utilizado. Em seguida, os textos voltarão para seus respectivos autores, para que estes possam fazer as eventuais alterações.

 

Atividade 3

 

Depois do processo de reescrita dos artigos de opinião e tendo em vista que os textos tratam de temas atuais, os alunos poderão expor os textos produzidos publicando-os em um blog da escola ou fazendo um mural de textos de opinião.

 

 

Recursos Complementares

Material sobre conjunção.

Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.php>. Acesso em: 20 nov. 2014.

 

Lista de articuladores textuais.

Disponível em: <http://manoelneves.com/2013/02/17/articuladores-textuais/#.VG3MXcmzHV0>. Acesso em: 20 nov. 2014.

 

Apostila de comunicação técnica. Ressaltamos aqui a parte sobre coesão textual (páginas 7 à 15).

Disponível em: <https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/f/f2/APOSTILADECOMUNICACAO.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2014.

Avaliação
  • Os alunos serão avaliados qualitativamente quanto à participação nas atividades e discussões;
  • Como instrumento de avaliação quantitativa o professor poderá avaliar os artigos de opinião produzidos, observando a adequação ou não do uso das conjunções como elementos de articulação.
     
Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 4 classificações

  • Cinco estrelas 1/4 - 25%
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Opiniões

  • DEBORA PEREIRA VALADAO, HORACIO QUAGLIO PROF , São Paulo - disse:
    deb.valadao@yahoo.com.br

    25/02/2015

    Quatro estrelas

    Excelente usarei em minhas aulas!


  • REGINA CORREIA DO NASCIMENTO, RAIMUNDO NOGUEIRA EEM , Ceará - disse:
    regnsouto@hotmail.com

    14/02/2015

    Três estrelas

    Muito bom! Pretendo adaptá-lo às minhas aulas.


  • Isabela Silva, Escola Monsenhor Mário Pessoa , Bahia - disse:
    silvabela@gmail.com

    10/12/2014

    Quatro estrelas

    Gostei muito das atividades, principalmente dos textos apresentados. Materiais sobre este conteúdo ainda são raros, pois quando encontramos estão apresentados de forma bem tradicional, com frases soltas e voltadas para o aprendizado das nomenclaturas. Farei adaptações e pretendo utilizar em sala de aula. Obrigada.


  • SELMA CRISTINA FREITAS PUPIM, Secretaria Municipal de Educação de OURINHOS , São Paulo - disse:
    selmapupim@ig.com.br

    05/12/2014

    Cinco estrelas

    Conteúdo apropriado e bem interessante para a prática de produção textual.


Sem classificação.
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