18/12/2008
Taís Carmona Lavagnini
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Médio | Biologia | Origem e evolução da vida |
Sugerismo que, inicialmente, o professor sistematize com seus alunos o conceito de características exclusivas e compartilhadas como seus alunos através de aula expositivo-dialogada e/ou discussões para, posteriormente, desenvolver um exercício sobre este tema. Para tanto, o professor poderá buscar subsídios para desenvolver esta temática no livro A vida dos Vertebrados de Pough et al (disponível para download no site BIOCISTRON) ou nos sites Construindo cladogramas, Evolução e Sistemática e Understanding Evolution (o fato de o conteúdo ser apresentado na língua inglesa pode constituir um obstáculo para o desenvolvimento desta aula. Para tanto sugerimos - e encorajamos - o estabelecimento de parcerias entre professores de Biologia e Inglês para trabalharem o tema CLADOGRAMAS de maneira interdisciplinar).
Inicialmente, construa com seus alunos o conceito de que cladogramas e/ou árvores filogenéticas é uma representação gráfica da história evolutiva de várias linhagens de organismos. Desta maneira, a cladística se baseia no princípio de que os organismos devem ser classificados de acordo com as suas relações evolutivas. Termos como “mais ou menos evoluído”, “mais ou menos complexo” podem conduzir a erros e finalismos que acabam por distorcer a verdadeira relação de parentesco entre os grupos. Sendo assim, aconselhamos que desenvolva junto aos alunos a utilização dos termos “mais ou menos derivados”, pois a palavra “derivado” significa “diferente da condição ancestral”, ou "mais ou menos primitivo", remetendo assim à condição ancestral.
(Ressalte que os cladogramas não representam uma relação hierárquica do organismo mais simples para o mais evoluído, mas que evidenciam a história evolutiva dos diferentes grupos, relacionando-os de maneira a representar os ancestrais comuns e características compartilhados pelas diversas linhagens).
(Para a construção dos conceitos que seguem, é fundamental que os alunos possam visualizar um cladograma. Para tanto, sugerimos que o professor forneça uma cópia de uma cladograma para os alunos - como o exemplo abaixo - ou o desenho no quadro-negro).
Abaixo, temos um cladograma dos vertebrados que os relaciona de acordo com as características que os organismos deste grupo compartilham:
Em um cladograma, a base representa um ancestral comum compartilhado por todos os vertebrados, como no exemplo acima, e os ramos (clados), os descendentes. Ao lado do cladograma pode ser inserido uma escala do tempo geológico, facilitando assim a visualização do Período em que o grupo surgiu e, conseqüentemente, há quantos mil/milhões/bilhões de anos se deu este surgimento.
Cada dicotomia e/ou politomia presente no cladograma representa que, em um momento do passado, uma linagem ancestral sofreu processos de especiação e originou duas ou mais espécies diferentes.
Desta maneira, cada dicotomia representa um ancestral comum compartilhado por uma ou mais linhagens.
Esclareça que a maneira como os grupos estão distribuídos em um cladograma não representa uma hieráquia/escala do "mais simples para o mais evoluído", mas que os organismo estão classificados de acorodo com os ancestrais que compartilham e, conseqüentemente, com as características comuns que compartilham.
Sendo assim, quando uma bifurcação do cladograma é "girada", a história evolutiva dos organismos permanece a mesma e este fato vem corroborar que os cladogramas classificam os organismos de acordo com as relações de parentesco que estabelecem e não existindo "uma escala de complexidade".
Para a construção destes conceitos, sugerimos que o professor utilize um cladograma dos vertebrados, assim como o apresentado acima.
Um caráter derivado é denominado apomorfia (do grego apo = para longe de, isto é, derivado de, e morpho = forma), ou seja, é uma caractística exclusiva de uma espécie e/ou grupo. (Se possível, construa esse conceito sem a presentar os termos científicos como APOMORFIA, por exemplo, pois os estudantes podem "assustar-se" com o mesmo. Para tanto, sugerimos que o professor utilize exemplos e probelmatizações para favorecer a compreensão deste conceito. Por exemplo, as extremidades de vertebrados terrestres possuem ossos distintos – os carpais, os tarsais e os dígitos. Essa disposição dos ossos das extremidades é diferente daquela do padrão ancestral encontrado em peixes com nadadeiras lobadas e todas as linhagens de vertebrados terrestres apresentam aquele padrão derivado de ossos das extremidades em algum estágio de sua evolução. (Alguns grupos de vertebrados terrestres – serpentes, por exemplo – subsequentemente modificaram aquele padrão de ossos das extremidades; porém, o ponto significante é que a linhagem evolutiva das serpentes apresentou esse padrão uma vez.). Assim, o padrão terrestre para os ossos das extremidades é um caráter derivado compartilhado por vertebrados terrestres.Segundo a cladística, os caracteres derivados compartilhados são denominados sinapomorfias (do grego syn = junto), ou seja, caracterísitcas compartilhadas por uma ou mais espécies e/ou grupos.
Certamente, os organismos também apresentam caracteres ancestrais compartilhados, isto é, caracteres que herdaram sem modificação dos seus ancestrais. Estes são denominados plesiomorfias (do grego plesios = próximo, no sentido de “similar ao ancestral”). Vertebrados terrestres possuem uma coluna vertebral, por exemplo, que foi herdada essencialmente sem modificações dos peixes com nadadeiras lobadas. Os caracteres ancestrais compartilhados são denominados simplesiomorfias (sym, assim como syn, é um radical grego que significa “em conjunto”). As simplesiomorfias não nos dizem nada a respeito dos graus de parentesco. O princípio de que somente caracteres derivados compartilhados podem ser usados para determinar genealogias é a base fundamental da cladística.
Esclareça aos estudantes que dentre as características compartilhadas entre os diversos organismos existem as características ancestrais compartilhadas, ou seja, características que surgiram em um passado remoto com o ancestral comum do grupo é mantem-se até o reente pois apresentam valor adaptativo para o grupo, como o caso da coluna vertebral. Há também as carcterísticas compartilhadas que são atuais, em relação ao tempo geológico, ou seja, são carcterísticas que surgiram com o aparecimento de novas espécies (no caso das sinapomorfias) ou são caractrísticas ancestrais que sofreram modificações aolongo da história evolutiva do grupo.
Como atividade prática para a compreensão deste conceitos, sugerimos o desenvolvimento de exercícios como os encontrados em Construindo cladogramas ou como o que segue abaixo. Acreditamos que a atividade torna-se mais significativa quando desenvolvida em grupos de quatro ou cinco alunos, favorecendo assim o desenvolvimento de conteúdo atitudinais como o trabalho em grupo, cooperação, respeito, o saber ouvir, etc. Nestas atividades, os alunos poderão trabalhar com a observação e levantamento de características, assim como a interpretação e elaboração de filogenias, favorecendo assim a apropriação dos conceitos.
Forneça a cada grupo uma cópia do desenho abaixo (o professor poderá utilizar outros organismos para o desenvolvimento desta atividade, como plantas e/ou outros animais, por exemplo).
Esclareça aos alunos que os gatos A, B, C, e D compartilham um ancestral comum e que os gatos E e F mantêm uma relação de parentes com com os outros quatro gatos, entretanto não compartilham o mesmo ancestral comum (ou seja, o ancestral compartilhado pelos seis gatos é mais primitivo em relação ao ancestral compartilhado por A, B, C e D; desta maneira, E e F guardam as características ancestrais do grupo Gatos), sendo por esse motivo denominados grupo externo. Diga aos estudantes para efetuarem observações comparando os gatos A, B, C e D em relação à E e F, anotando as características que estes quatro gatos possuem de diferentes do grupo externo em uma tabela como segue abaixo:
CARCTERÍSTICAS | A | B | C | D |
... | ... | ... | ... | ... |
... | ... | ... | ... | ... |
Diga aos alunos para nomearem as características de forma sucinta como, por exemplo, "Cabeça quadrada" observada no gato D. Oriente os alunos a colocarem o algarismo 1 para presença da característica e o algarismo 0 para ausência da mesma. Deste modo, os estudantes construirão uma matriz de dados para a posterior elaboração de uma hipótese filogenética para os gatos, representando-a em um cladograma. (Esclareça aos estudantes que não se deve utilizar características contraditórias porque estas dificultaram a construção do cladograma, por exemplo, se os alunos utilizarem a característica "cabeça quadrada", aconselho-os a não utilizar a característica "cabeça redonda".)
Após o levantamento das características observáveis, é hora de construir o cladograma dos gatos! Discuta com os alunos, questionando-os como poderão representar a história evolutiva dos gatos em um cladograma a partir das características observadas. Durante as discussões favoreça a compreensão de que para a construção dos cladogramas é interessante iniciar pelas características compartilhadas com todos os gatos (base do cladograma) porque representam os caracteres herdados do ancestral comum e continue a construir o cladograma, percorrendo as características que agrupam dois ou três gatos até as características exclusivas de cada um. Abaixo segue um exemplo de cladograma que pode ser construído com base neste exercício:
(Este é um dos modelos que poderão ser construídos uma vez que a elaboração dos cladograms dependerá das características observadas pelos alunos).
OBSEVAÇÃO: Procure salientar durante toda a aula que os cladogramas podem ser utilizados para representar a história evolutiva de qualquer grupo de organismos pertencentes a qualquer um dos reinos dos seres vivos, podendo inclusive relacionar todos os seres vivos em um único cladograma. A proposta de relacionar todos os organismos do planeta em um único cladograma pode ser encontrada no site Tree of Life Web Project).
FUTUYMA, D. J. 1992. Biologia evolutiva. SBG/CNPq, Ribeirão Preto, 631p.
POUGH, F. H.; JANIS, C. M.; HEISER, J. B. Diversidade, evolução e classificação dos vertebrados. In:______A vida dos vertebrados. 3 Ed. São Paulo: Atheneu, 2003, p. 2-15.
RIDLEY, M. Evolução. Tradução de Henrique Ferreira, Luciane Passaglia e Rivo Fisher. Porto Alegre: ARTMED, 3ª ed., 2006, 752p. Original inglês.
Quatro estrelas 12 classificações
Denuncie opiniões ou materiais indevidos!
28/05/2012
Três estrelasA aula foi muito interessante, consegui entender mais sobre o assunto.
14/03/2012
Cinco estrelasAdorei, achei a materia muito bem esplicada.Aminha professora foi que indicou aos alunos resolvi acessar e achei o maximo.
12/10/2011
Cinco estrelasestava anciosa por encontrar algum texto que solucionasse minhas duvidas este não só foi de grande ajuda como vou levar suas instruções para dentro da sala de aula
02/10/2011
Cinco estrelasSua aula está muito interessante, e utilizei partes da mesma para elaborar a minha explanação. Tive o cuidado de citar as referências. Obrigada!
29/03/2011
Quatro estrelasÉ muito bom encontrar informações sobre filogenia em português. Gostei muito.
01/03/2011
Quatro estrelasTema muito bem explicado e de forma objetiva. Esse contéudo está incluso no currículo do ensino médio, apesar de ser complexo a forma como foi exposto acima facilita demais a compreensão. Quem tiver interesse pelo assunto recomendo o livro do Dalton Amorim " Sistemática e Evoluçao" É indiscutívelmente o melhor pesquisador na área. Abraços
25/02/2011
Cinco estrelasAmei esse conteúdo!!!! AH,ROBERTO... eu queria mais informações sobre o que você mencionou sobre a prof. Elineí,porque estou cursando ciências biologicas na UFRN e queria me aprofundar nesse assunto.
04/02/2011
Cinco estrelasParabéns pela exposição de um tema tão complexo mas necessário para o entendimento da biodiversidade num contexto macroevolutivo. Para os interessados existe uma obra organizada pela Prof. Elinei Araújo de Almeida (Ensino de Zoologia: ensaios interdisciplinares, EDUFPB, 2009), que traz uma exposição detalhada e um protocolo para o ensino da sistemática filogenética, entre outros temas intersssantes pertinentes ao ensino de Zoologia.
01/10/2010
Três estrelasGostei muito da forma como foi apresentado um tema difícil de ser trabalhado. A sequência esta muito boa.
01/05/2010
Uma estrelaExcelente, muito objetivo.
24/03/2010
Cinco estrelasApresentação muito didática que desmistifica termos importantes da classificação biológica.
24/03/2010
Cinco estrelasvcs estao de parabens