24/11/2014
Eliana Dias, Lazuíta Goretti de Oliveira
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Médio | Geografia | Questões ambientais, sociais e econômicas |
Ensino Médio | Língua Portuguesa | Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens |
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Língua oral e escrita: prática de produção de textos orais e escritos |
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos |
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Análise linguística: processos de construção de significação |
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Análise linguística: modos de organização dos discursos |
• Compreender a diferença entre fato e opinião.
• Perceber como os autores mesclam fatos e opinião em seus textos.
• Atentar para o fato do alinhamento entre os fatos elencados e a opinião defendida pelo autor do texto.
É importante que os alunos já tenham trabalhado com o gênero artigo de opinião.
Em um primeiro momento, o professor explicará a diferença entre fato e opinião, partindo da definição desses dois termos.
fa·to|ct|
(latim factum, -i, aquilo que se fez, façanha, proeza, .ato)
substantivo masculino
1. Coisa realizada. = .ATO, FEITO
2. Acontecimento.
3. Sucesso.
4. Assunto (de que se trata).
5. Lance.
"fato", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013 http://www.priberam.pt/dlpo/fato [consultado em 20-11-2014].
o·pi·ni·ão
(latim opinio, -onis)
substantivo feminino
1. Modo de ver pessoal. = IDEIA
2. Juízo que se forma de alguém ou de alguma coisa.
3. Adesão pessoal ao que se crê bom ou verdadeiro. = CONVICÇÃO, CRENÇA
4. Manifestação das .ideias individuais a respeito de algo ou alguém (ex.: dar a sua opinião). = PARECER, VOTO
5. Credo político. (Usado também no plural.) = CRENÇA
"opinião", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/opini%C3%A3o[consultado em 20-11-2014].
Como podemos perceber, a partir da definição de “fato”, trata-se de um acontecimento, algo realizado, algum feito.
Já a opinião é o modo pessoal (individual) de encarar algum fato.
Nos textos, as opiniões são expressas por meio de adjetivos, locuções adjetivas e expressões que revelam o posicionamento do autor do texto em relação ao fato que esteja sendo discutido.
Após ter apresentado aos alunos a diferenciação entre fato e opinião, os alunos deverão assinalar os trechos sublinhados no texto abaixo como “F” – fato ou “O” – opinião.
Os donos do Brasil em cana. E depois? Guilherme Boulos 20/11/2014 10h49
"O universo está derretendo", disse um deputado do PMDB após a operação da Polícia Federal, no último dia 14. O dramalhão é justificado. A operação prendeu mais de 20 executivos e envolveu nove das maiores empreiteiras do país. Quatro delas –Camargo Correia, UTC, OAS e Ies – tiveram os próprios presidentes presos. A casa caiu!
Não nos iludamos porém. Não é a primeira vez que os donos do Brasil são expostos a nu nos últimos anos. O banqueiro Daniel Dantas foi preso em 2008 após a Operação Satiagraha. Executivos da reincidente Camargo Correia também foram presos em 2009 pela Operação Castelo de Areia. E a Delta Construtora foi desmascarada em operações de 2012 e 2013.
Os resultados após as prisões foram um tanto desanimadores. Dias depois, a turma foi invariavelmente solta. As empresas continuaram com seus negócios, inclusive com os contratos com o poder público. Em alguns casos, chegou-se ao extremo de os acusadores tornarem-se réus, como o delegado Protogenes Queiroz e o juiz Fausto de Sanctis, ambos da Satiagraha.
Ser honesto é algo perigoso, já disseram certa vez. Mexer com os donos do Brasil não é coisa que se faça impunemente. Os tentáculos dos grandes grupos econômicos no governo, no Congresso, no Judiciário e na mídia não devem ser subestimados. Isso nos autoriza a um certo ceticismo em relação ao que virá.
De toda forma, o escândalo atual, envolvendo contratos bilionários com a Petrobrás, tem circunstâncias muito particulares. A operação foi desencadeada num momento de grande polarização política e tem evidentes intenções de colocar em xeque a legitimidade do governo Dilma.
Delegados envolvidos na operação foram flagrados nas redes sociais exaltando Aécio Neves e proferindo ataques a Dilma e Lula. O escândalo tem sido o principal combustível do PSDB e dos golpistas dos Jardins em seus desfiles de sábado à tarde na avenida Paulista.
A posição do PSDB no caso é de uma grotesca hipocrisia. O senador Aloysio Nunes deu as caras no chá das cinco da Paulista e bradou altivo contra a corrupção. Faltou alguém que subisse ao carro de som para lembrá-lo de que sua campanha para o Senado recebeu mais de R$ 1 milhão em doações diretas de quatro das empreiteiras envolvidas no escândalo: UTC, Mendes Jr., OAS e Camargo Correia. Peroba nele!
A campanha presidencial de Aécio, por sua vez, recebeu cerca de R$ 20 milhões de seis das nove empreiteiras envolvidas. Assim como o PT e todos os outros partidos de sua base receberam. Quatro dessas empresas estão entre as dez maiores doadoras eleitorais de 2014. Digno de nota, o PSOL foi o único partido com parlamentares eleitos que não recebeu doação da quadrilha da vez.
Lamentável também foi a declaração de Dilma de que não devemos "demonizar as empreiteiras". Ora, coitadinhas! Essas pobres empreiteiras, sempre injustiçadas neste país, não é mesmo?
Se queremos tirar uma consequência prática deste escândalo, se queremos deixar de enxugar gelo com operações de Sísifo, temos que dar nome e solução ao problema.
O nome do problema é o sistema político brasileiro e seu estímulo à apropriação de fatias do Estado pelos grandes interesses econômicos através do financiamento de campanha. A forma de enfrentá-lo efetivamente chama-se reforma política.
As nove empreiteiras investigadas, envolvidas em três megaprojetos da Petrobrás, somaram mais de R$ 207 milhões em doações eleitorais neste ano. E não vem de hoje. O esquema da Petrobrás opera há pelo menos 15 anos, segundo o Ministério Público Federal.
Até mentecaptos como Lobão e as madames do chá das cinco sabem como as coisas funcionam. Doações de campanha abrem as portas para favorecimento em contratos — especialmente nas estatais, que conseguem escapar de licitações — e, em seguida, para aditivos bilionários aos mesmos. Esta tem sido a gramática de quase todos os escândalos de corrupção por aqui nos últimos 30 anos.
Assim os donos do Brasil mantêm seu poder. Dar fim ao financiamento privado das campanhas eleitorais é a primeira e mais óbvia medida para interromper o ciclo. Evidentemente, não acabará com a corrupção, mas diminuirá a margem da captura do Estado pelos grandes interesses privados.
A hora é esta. A prisão dos empreiteiros e de diretores da Petrobrás coloca na ordem do dia a necessidade de uma reforma política profunda no país.
Vejamos agora quem tem compromisso com a coerência. Indignar-se com a corrupção, muito bem. Vamos então defender uma reforma política, com ampla participação popular. Quem vem?
Guilherme Boulos,32, é formado em filosofia pela USP, professor de psicanálise e membro da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). Também atua na Frente de Resistência Urbana e é autor do livro "Por que Ocupamos: uma Introdução à Luta dos Sem-Teto".
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/guilhermeboulos/2014/11/1550909-os-donos-do-brasil-em-cana-e-depois.shtml>. Acesso em: 20 nov. 2014. |
Após terem assinalado as frases destacadas como Fatos ou Opinião, os alunos deverão analisar mais atentamente o texto, respondendo (em duplas) ao seguinte questionário:
1. Com base nas opiniões e fatos apresentados pelo autor do texto, como podemos responder ao questionamento feito no título?
2. Qual a tese principal defendida nesse artigo de opinião?
3. Quais fatos servem de argumento para sustentar essa opinião?
4. A opinião do autor aparece em pontos isolados ou está presente ao longo de todo o texto?
5. Os fatos apresentados confirmam ou refutam a opinião defendida pelo autor?
6. Esse alinhamento ou desalinhamento entre fato e opinião é proposital ou acidental?
Para continuar a discussão sobre a diferença entre fato e opinião, os alunos deverão ler o texto abaixo e identificar:
1. A tese defendida pela autora
2. Os fatos citados por ela (marcar no texto).
3. Os trechos que revelam a opinião da autora sobre o Novo Código Florestal
4. de que forma ela constrói sua argumentação em cima dos fatos e argumentos enumerados.
26/10/2012 - 03h30 Fato e opinião
Há um pensamento arrogante, derivado de um positivismo rudimentar, que prega a superioridade dos fatos objetivos sobre as opiniões, consideradas meras suposições subjetivas. Aí esconde-se uma esperteza: os fatos são cuidadosamente selecionados para comprovar uma opinião já formada com base em interesses, estes, sim, muito objetivos.
Os que contrariam tais interesses e contestam a escolha dos fatos são levianamente desqualificados como ideológicos e radicais. No debate sobre o ex-Código Florestal, cabe perguntar aos idólatras dos "fatos":
1) É fato que o agronegócio (cuja importância na macroeconomia e no comércio internacional ninguém nega) não é que coloca "comida na mesa" do povo brasileiro, que 60% da cesta básica é garantida pela agricultura familiar, também responsável por 7 em cada 10 empregos no campo?
2) É fato que existem mais de 140 milhões de hectares de áreas degradadas, improdutivas ou com baixíssima produtividade e que é possível dobrar a produção agrícola e o rebanho bovino sem desmatar novas áreas, bastando agregar tecnologia simples e disponível?
3) As propriedades com menos de quatro módulos fiscais (na Amazônia são 400 hectares) nem sempre coincidem com a agricultura familiar, que muitas são agregadas à pecuária ou às empresas agrícolas?
Se assim for, as reformas no código perdem a justificativa de defender os pequenos agricultores e, de fato, atendem ao interesse de grandes empresas. Mesmo porque, entre as mudanças feitas, há fatos que vêm sendo omitidos.
O art. 67 dispensa imóveis menores que quatro módulos fiscais de recuperar reserva legal desmatada até julho de 2008. Isso é anistia. O Ipea calcula que 3,9 milhões de hectares deixarão de ser recuperados.
O art. 63 abre várias exceções que anistiam desmatamento ilegal em topos de morro e encostas, e o art. 61-A oferece as mesmas bondades, dependendo do tamanho do imóvel, a quem desmatou ilegalmente margens de rios, nascentes, olhos d'água, lagos e veredas.
Quem não foi anistiado, ainda pode usar 50% de plantas exóticas (comerciais) para recuperar áreas degradadas (artigos 61-A 13 e 66, parágrafo 3º).
Nos mangues e apicuns, as áreas degradadas não serão recuperadas e novas áreas podem ser ocupadas com criação de camarões e loteamentos urbanos (art. 11-A). A mata ciliar deixa de ser contada a partir do ponto de cheia do rio e muda a definição de "topo de morro", reduzindo, em alguns casos, até 90% da área protegida.
A liberdade de pensamento é uma das maiores conquistas de nossa preciosa democracia. O código deixa de ser florestal, torna-se um sistema de concessões para a ocupação predatória de quem quer aumentar terras em vez de agregar tecnologia. Vai na contramão do século 21 e é um retrocesso.
MARINA SILVA escreve às sextas-feiras nesta coluna.
Marina Silva, ex-senadora, foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula e candidata ao Planalto em 2010. Escreve às sextas.
Disponível em : <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marinasilva/1175374-fato-e-opiniao.shtml>. Acesso em 20 nov. 2014. |
Para compreender melhor a discussão feita por Marina Silva em seu texto “Fato e opinião”, o professor levará os alunos para o laboratório de informática para que eles pesquisem um pouco mais sobre o chamado Novo Código Florestal.
Os alunos deverão fazer uma pesquisa sobre o que mudou do antigo para o novo código florestal, para embasar uma opinião sobre o mesmo.
Cada aluno deverá recortar as informações que achar relevante sobre essas alterações no Código Florestal e anotá-las numa folha a parte, pois essas informações servirão como suporte (os fatos) para defender um ponto de vista contrário ou favorável a ele.
Alguns links com informações sobre o Novo Código Florestal:
· http://www.infoescola.com/direito/novo-codigo-florestal/
· http://codigoflorestal.sistemafaep.org.br/wp-content/uploads/2012/11/novo-codigo-florestal.pdf
· http://www.pensamentoverde.com.br/governo/o-antigo-e-novo-codigo-florestal-brasileiro-o-que-mudou/
Após terem estudado sobre o Novo Código Florestal e de posse das anotações que os alunos fizeram durante a pesquisa, cada aluno deverá redigir um artigo de opinião, articulando fatos e opiniões sobre o sancionamento da Lei 12.651/2012 (Novo Código Florestal).
Após uma revisão textual e eventual reescrita dos textos, os alunos farão uma exposição dos textos produzidos, fazendo um mural sobre o Novo Código Florestal, fixando os textos produzidos, bem como algumas curiosidades ou pontos controversos do mesmo.
Material sobre fato, opinião e discurso direto e indireto (com exercícios).
Disponível em: <http://migre.me/n1hJd>. Acesso em: 20 nov. 2014.
Os alunos deverão ser avaliados qualitativamente durante todo o processo, para tanto, o professor deverá observar o engajamento deles nas atividades propostas.
Como instrumento de avaliação quantitativa, o professor poderá avaliar os artigos de opinião produzidos pelos alunos, observando se, na produção do texto, eles utilizaram, adequadamente fatos e opiniões.
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