O aluno deverá ser capaz de compreender os conceitos de Pedal e Ostinato na música, reconhecê-los auditivamente e experimentá-los através de improvisações e de repertório conhecido.

O aluno deverá ser capaz de reconhecer a importância dessas duas técnicas de composição musical através da experimentação prática e do estímulo à busca de outras referências a seu respeito.

O aluno deverá ser capaz de trabalhar um conteúdo musical em grupo com o auxílio de instrumentos, favorecendo a participação equitativa de todos os integrantes do grupo e auxiliando-se mutuamente na compreensão e aplicação das técnicas e conceitos envolvidos.

Nesta coleção de 6 aulas os alunos irão compor suas próprias músicas utilizando Pedal e Ostinato, aprendendo mais acerca da história da música, da grafia musical e do uso de formas musicais básicas. 

2 aulas de 50 minutos (1h40min).

Noções de grafia musical tradicional: pentagrama, clave de sol e notação de alturas (notas), sem a obrigatoriedade de notação rítmica.

Domínio básico de um instrumento melódico ou harmônico (Flauta Doce, Xilofone, Metalofone, Escaleta, Gaita, Violão, Cavaquinho, Teclado, Piano, etc).

Noções básicas acerca de formas musicais simples, especialmente sua esquematização com o uso de letras (Ex.: forma ABA, forma ABACA, forma canção, etc.) e seu reconhecimento auditivo.

A partir do conteúdo da primeira aula desta coleção:

Compreensão dos conceitos de Pedal e Ostinato, sua importância como técnicas de composição musical através da história da música e o reconhecimento auditivo do seu uso em diferentes tipos de música. 

Conceitos

Pedal: Um som ou conjunto de sons sustentado continuamente por um trecho relativamente grande ou por toda a música.

Ostinato: Uma melodia ou sequência rítmica (motivo) repetida continuamente e sempre igual por um trecho relativamente grande ou por toda a música.

Observações importantes

Como indicam vários autores (ver os trabalhos de Robert Murray Schafer, John Paynter e Brian Dennis, por exemplo), é interessante não criar em crianças pequenas um ouvido musical calcado nos valores e princípios da música tonal, a fim de poder deixar sua escuta aberta a novas possibilidades (isso vale tanto para músicas de culturas que não são calcadas no tonalismo, quanto para a música de concerto contemporânea, a música popular experimental ou qualquer outra que se desvie desse modelo). Para isso, no caso destes exemplos de aulas, procure:

- selecionar e criar repertório de orientações variadas do ponto de vista da organização do material sonoro;

- não indicar regras harmônicas, de tensão ou resolução, ou de qualquer tipo de ordenação do material sonoro (um exemplo do que não deve ser feito seria a indicação de que os alunos trabalhem com intervalos de terça);

- enfatizar para os alunos a importância de que ouçam o resultado sonoro do que estiverem fazendo e de que deixem com que seus ouvidos guiem as escolhas musicais que fizerem.

Por experiência própria, observamos que os alunos são assim capazes tanto de repetir as soluções da música do seu entorno cultural, quanto de lançar mão de outras completamente inusitadas pela simples qualidade sonora que apresentam. Observamos isto tanto do ponto de vista da organização interna do material sonoro, quanto da organização formal de suas composições. Nesse sentido, é importante que os alunos ouçam os trabalhos uns dos outros, para que seus horizontes ampliem-se ainda mais no confronto com as soluções encontradas por outros grupos (isto será explorado nas aulas finais desta coleção).

Preparação a ser feita pelo Professor, anterior à aula

Selecione uma ou mais músicas do repertório que os alunos já dominam cuja melodia possa ser executada em conjunto, em contraponto a um Pedal e/ou Ostinato (cânones prestam-se especialmente bem a esse objetivo, mas é interessante tentar com outros tipos de música também). Crie exemplos de Pedal e Ostinato que possam ser utilizados contra essa(s) melodia(s). (Ver “Sugestão de melodia, com exemplos de Pedal e Ostinato” abaixo.)

Selecione e/ou crie exemplos de Pedal e Ostinato que possam ser executados pelos alunos como base para improvisação. Não apresente exemplos muito complexos ou cativantes, que levem os alunos a querer copiá-los em seus trabalhos de composição. A idéia é apresentar apenas o básico, para simples experimentação da técnica. (Ver “Sugestões de Pedal e Ostinato a serem usados como base para a improvisação” abaixo.)

Desenvolvimento da aula

Professor(a), inicie a aula fazendo uma recapitulação dos conceitos abordados na aula anterior (“Música – Pedal e Ostinato, uma experiência de composição com alunos em sala de aula – aula 01”): as definições de Pedal e Ostinato, sua presença e importância em diferentes gêneros e épocas da história da música e qualquer outro conceito importante que tenha sido abordado.

Pergunte aos alunos quais foram as músicas que eles ouviram e que possuem Pedal e/ou Ostinato e se trouxeram consigo exemplos, como foi pedido na aula passada. Toque alguns exemplos e peça que identifiquem se há Pedal ou Ostinato. Discuta um pouco mais os conceitos com eles, focalizando rapidamente sua aplicação prática, ou seja, como fazer soar um Pedal, como construir um Ostinato, etc. Para isso é importante que você mesmo(a) tenha experimentado essas técnicas e que atente para as “Observações importantes” acima.

Apresente as atividades práticas a serem desenvolvidas nesta aula, definindo primeiro as seguintes regras gerais para o trabalho em grupo:

- todos devem ajudar-se mutuamente a atingir os resultados das atividades propostas, ou seja, a tônica está na cooperação entre os integrantes do grupo;

- todos devem executar, pelo menos uma vez, uma melodia, um Pedal e um Ostinato (improvisados ou não).

Agora, divida a turma em grupos, estabelecendo um limite mínimo de 2 e máximo de 4 alunos por grupo (um grupo maior que isso poderá gerar desconcentração). Para essa divisão você pode lançar mão de diversas estratégias, mas é importante que os alunos se sintam bem no grupo do qual vierem a fazer parte. Você mesmo(a) pode decidir a composição dos grupos, pode deixar com que os alunos decidam livremente, pode fazer algum tipo de sorteio, pode chamar alguns alunos que irão escolher alternadamente um membro para seu grupo até completarem o total desejado, pode estabelecer alguma regra (por exemplo: todos os grupos deverão ter meninos e meninas) e deixar com eles escolham como irão se dividir, etc.

Cada grupo levará consigo os instrumentos musicais necessários, as folhas distribuídas no início da aula e o material para escrever. O melhor é que usem lápis e borracha para facilitar a correção ou para refazer o trabalho que escreveram, caso haja necessidade.

Deixe com que cada grupo procure um espaço para trabalhar. Não tenha receio de enviar grupos para locais fora da sua sala de aula. Desde que os alunos estejam engajados na proposta e motivados para criarem algo que lhes interessa, a dispersão e a desconcentração serão minimizadas. É importante, no entanto, que você mantenha controle da situação, sabendo onde cada grupo se encontra (inclusive pedindo a eles para que não mudem de local), visitando continuamente cada um dos grupos para ver como estão trabalhando, estimulando-os a prosseguir o trabalho com elogios e afirmações positivas e tirando qualquer dúvida que possa surgir.

Professor(a), lembre-se de procurar evitar influir nas decisões dos alunos segundo os seus critérios musicais — deixe que eles criem livremente dentro da proposta apresentada. Confie que sua exposição do assunto e a escuta deles serão suficientes para que surjam soluções criativas. Atenha-se mais ao resultado sonoro do que eles fizerem do que a regras preestabelecidas de organização do material musical. Na nossa experiência, quanto mais os alunos estiverem acostumados a trabalhar criativamente com o material musical, tanto mais surgirão soluções musicais de grande expressividade.

Atividades a serem executadas pelos alunos em grupos

1a. Atividade

Com o auxílio da folha preparada anteriormente pelo(a) Professor(a) os alunos deverão executar a melodia em conjunto com o Pedal e o Ostinato propostos, alternadamente. Em seguida, deverão testar outros Pedais e Ostinatos para a mesma melodia, criando-os no momento, improvisados ou por sugestão do grupo. Se possível, deverão anotar seus experimentos na mesma folha.

2a. Atividade

Com auxílio da outra folha preparada anteriormente pelo Professor os alunos executarão os Pedais e Ostinatos propostos, improvisando melodias em conjunto com eles.

3a. Atividade

Improvisação/Criação livre de pedais, Ostinatos e melodias. Os alunos deverão explorar livremente novas possibilidades e anotar suas soluções na folha da 2a. Atividade.

Sugestões de desenvolvimento das atividades em grupo

Se a escola possui, por exemplo, vários Xilofones, dê duas baquetas e um Xilofone a cada grupo e instrua os alunos em como trabalhar com as folhas, a revezarem-se constantemente para que ninguém fique muito tempo esperando sem tocar e a anotar seus resultados.

Se os alunos estão aprendendo a tocar Flauta Doce, Violão, Cavaquinho ou qualquer outro instrumento melódico, deixe que os grupos utilizem seus instrumentos para a execução das tarefas propostas.

Sugestão de melodia, com exemplos de Pedal e Ostinato

Sugestões de Pedal e Ostinato a serem usados como base para a improvisação

Os alunos serão capazes de:

- definir claramente os conceitos de Pedal e Ostinato na música;

- reconhecer auditivamente a presença de Pedal e/ou Ostinato em um exemplo musical;

- utilizar Pedal e Ostinato como base para a improvisação melódica e/ou arranjo de repertório conhecido.