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LEITURA DE TEXTO INFORMATIVO

 

30/11/2009

Autor e Coautor(es)
Lúcia Helena Furtado Moura
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Regina Célia Martins Salomão Brodbeck

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Literatura Estudos literários: análise e reflexão
Ensino Médio Língua Portuguesa Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens
Ensino Médio Literatura Literatura brasileira, clássica e contemporânea: criações poéticas, dramáticas e ficcionais da cultura letrada
Ensino Médio Língua Portuguesa Gêneros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula
Leitura, compreensão e interpretação de uma "crônica informativa". Discussão da função social da leitura. Produção escrita.
Duração das atividades
6 aulas (recomenda-se a distribuição das atividades em 3 sessões de aulas geminadas)
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
É importante que os alunos conheçam o gênero crônica e já possuam habilidades básicas de leitura de texto informativo-jornalístico - capacidade de redigir.
Estratégias e recursos da aula

. Pesquisar sobre a biografia da autora;
- Conhecer as características do gênero crônica;
. Discutir os recursos empregados no texto;
. Redigir textos a partir das discussões (individualmente e em grupos);
. Selecionar outros textos da autora

1ª aula

SEQUÊNCIA DAS ATIVIDADES
- Fazer uma leitura individual e silenciosa da crônica “Brasileiro não gosta de ler?” de Lya Luft:

Lya Luft
Brasileiro não gosta de ler?
A meninada precisa ser seduzida. Ler pode ser divertido
e interessante, pode entusiasmar, distrair e dar prazer

Ilustração Atômica Studio


     Não é a primeira vez que falo nesse assunto, o da quantidade assustadora de analfabetos deste nosso Brasil. Não sei bem a cifra oficial, e não acredito muito em cifras oficiais. Primeiro, precisa ser esclarecida a questão do que é analfabetismo. E, para mim, alfabetizado não é quem assina o nome, talvez embaixo de um documento, mas quem assina um documento que conseguiu ler e... entender. A imensa maioria dos ditos meramente alfabetizados não está nessa lista, portanto são analfabetos – um dado melancólico para qualquer país civilizado. Nem sempre um povo leitor interessa a um governo (falo de algum país ficcional), pois quem lê é informado, e vai votar com relativa lucidez. Ler e escrever faz parte de ser gente.
     Sempre fui de muito ler, não por virtude, mas porque em nossa casa livro era um objeto cotidiano, como o pão e o leite. Lembro de minhas avós de livro na mão quando não estavam lidando na casa. Minha cama de menina e mocinha era embutida em prateleiras. Criança insone, meu conforto nas noites intermináveis era acender o abajur, estender a mão, e ali estavam os meus amigos. Algumas vezes acordei minha mãe esquecendo a hora e dando risadas com a boneca Emília, de Monteiro Lobato, meu ídolo em criança: fazia mil artes e todo mundo achava graça.
     E a escola não conseguiu estragar esse meu amor pelas histórias e pelas palavras. Digo isso com um pouco de ironia, mas sem nenhuma depreciação ao excelente colégio onde estudei, quando criança e adolescente, que muito me preparou para o mundo maior que eu conheceria saindo de minha cidadezinha aos 18 anos. Falo da impropriedade, que talvez exista até hoje (e que não era culpa das escolas, mas dos programas educacionais), de fazer adolescentes ler os clássicos brasileiros, os românticos, seja o que for, quando eles ainda nem têm o prazer da leitura. Qualquer menino ou menina se assusta ao ler Macedo, Alencar e outros: vai achar enfadonho, não vai entender, não vai se entusiasmar. Para mim esses programas cometem um pecado básico e fatal, afastando da leitura estudantes ainda imaturos.
     Como ler é um hábito raro entre nós, e a meninada chega ao colégio achando livro uma coisa quase esquisita, e leitura uma chatice, talvez ela precise ser seduzida: percebendo que ler pode ser divertido, interessante, pode entusiasmar, distrair, dar prazer. Eu sugiro crônicas, pois temos grandes cronistas no Brasil, a começar por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, além dos vivos como Verissimo e outros tantos. Além disso, cada um deve descobrir o que gosta de ler, e vai gostar, talvez, pela vida afora. Não é preciso que todos amem os clássicos nem apreciem romance ou poesia. Há quem goste de ler sobre esportes, explorações, viagens, astronáutica ou astronomia, história, artes, computação, seja o que for.
     O que é preciso é ler. Revista serve, jornal é ótimo, qualquer coisa que nos faça exercitar esse órgão tão esquecido: o cérebro. Lendo a gente aprende até sem sentir, cresce, fica mais poderoso e mais forte como indivíduo, mais integrado no mundo, mais curioso, mais ligado. Mas para isso é preciso, primeiro, alfabetizar-se, e não só lá pelo ensin o médio, como ainda ocorre. Os primeiros anos são fundamentais não apenas por serem os prim eiros, mas por construírem a base do que seremos, faremos e aprenderemos depois. Ali nasce a atitude em relação ao nosso lugar no mundo, escolhas pessoais e profissionais, pela vida afora. Por isso, esses primeiros anos, em que se aprende a ler e a escrever, deviam ser estimulantes, firmes, fortes e eficientes (não perversamente severos). Já se faz um grande trabalho de leitura em muitas escolas. Mas, naquelas em que com 9 ou 10 anos o aluno ainda não usa com naturalidade a língua materna, pouco se pode esperar. E não há como se queixar depois, com a eterna reclamação de que brasileiro não gosta de ler: essa porta nem lhe foi aberta.
REVISTA VEJA - Edição 2125 / 12 de agosto de 2009


- discutir com a turma o conteúdo do texto, a linguagem utilizada, a estrutura escolhida pela autora;

- pedir que os alunos escrevam, em tópicos, as principais lembranças de sua trajetória como leitor no enquadre escolar e fora do enquadre escolar.

- pedir que os alunos, reunidos em grupo, leiam suas anotações e identifiquem suas principais convergências e divergências nessas trajetórias.

2ª aula:

- A primeira parte dessa aula deve ser realizada no Laboratório de Informática da escola, onde os alunos devem acessar o site da Revista Veja ( se a escola não dispuser de um laboratório, observar se a Biblioteca da escola tem volumes suficientes da Revista Veja para consulta da turma).
- pedir que os alunos pesquisem, na revista Veja, outras crônicas da autora, apontando as temáticas desenvolvidas;
- promover uma apresentação, em grupos, dos textos pesquisados;

- promover um esquema , ainda de forma genérica, do gênero crônica. Esse esquema deve indicar os principais recursos discursivos e a estrutura ( formal e temática) recorrente nas crônicas.

3ª aula:
- tomando como exemplo o relato de Lya Luft, no 2º parágrafo, produzir (individualmente) uma pequena história de leitor (a);

- os alunos poderão utilizar suas anotações realizadas na primeira aula em forma de tópicos e acrescentar outras informações que sejam relevantes, espelhando-se no relato da autora.

- os textos deverão ser lidos e corrigidos, e a reescrita solicitada quando necessária, seguindo a prática escolar rotineira do professor para esse fim.

4ª aula:


- visando refletir sobre a função social da leitura, em grupos, promover uma discussão das seguintes afirmativas da autora:
1 – “ler e escrever faz parte de ser gente” (1º parágrafo);
2 – “Cada um deve descobrir o que gosta de ler” (4º parágrafo);
3- “E a escola não conseguiu estragar esse meu amor pelas histórias e pelas palavras” (3º parágrafo);
4- “Por isso, esses primeiros anos, em que se aprende a ler e a escrever, deviam ser estimulantes, firmes, fortes e eficientes (não perversamente severos)” (5º parágrafo);
5- “Qualquer menino ou menina se assusta ao ler Macedo, Alencar e outros: vão achar enfadonho, não vai se entusiasmar”. (3º parágrafo).
- o grupo deve nomear um redator para registrar o que foi discutido;
- o grupo deve nomear um relator para apresentar o que foi registrado, para toda a turma.

5ª aula:

- Levando em consideração as histórias de leitor produzidas individualmente na terceira aula, e as reflexões realizadas na primeira e quarta aula, os alunos, inicialmente em seus grupos e, depois, com toda a turma, sob orientação do professor, deverão:

(a) identificar as principais convergências e divergências em relação à prática de leitura da turma, tentando relacioná-las com as influências sociais, familiares, etárias, de gênero e culturais;

(b) identificar algumas obras que eles consideram ser importantes, a partir das conclusões tomadas, para constar no me nu de leitura a ser pra ticado pela turma ao longo do ano.

6ª aula:

Com base nas reflexões e discussões realizadas ao longo das 5 primeiras aulas, e retomando o texto de Lya Luft, os alunos deverão ler a reportagem publicada abaixo e escrever um texto de opinião: (a) considerando: a rotina de leitura dos brasileiros em comparação com os outros povos mencionados na reportagem, (b) inferindo sobre possíveis relações entre a rotina de leitura dos povos e suas culturas e, (c) identificando os impactos dos outros meios de comunicação sobre a prática de leitura dos brasileiros. Os alunos devem se posicionar em relação à reportagem. A leitura da reportagem deve ser precedida de uma discussão entre a relação  hábitos de leitura e cultura, e o professor deve oferecer informações suficientes sobre os países mencionados na reportagem para que os alunos possam processar adequadamente as informações contidas no texto.

Brasileiro gasta apenas 5,2 horas por semana com leitura


Pesquisa feita em 30 países coloca o Brasil em 27º lugar no ranking da leitura

Os brasileiros gastam em média apenas 5,2 horas por semana com a leitura, um dos índices mais baixos de uma lista de 30 países onde foi realizada pesquisa sobre hábitos das populações locais, promovida pelo NOP World Report Reports Worldwide, instituto que elabora rankigs sobre comportamentos do mercado mundial.

Esse índice deixou o Brasil na 27ª colocação entre os países pesquisados, à frente apenas de Taiwan, Japão e Coréia, e atrás de Venezuela (com média de leitura de 6,4 horas por semana, ocupando a 14ª colacação da lista), Argentina (5,9 horas/semana e 18ª posição) e México (5,5 horas/semana e 25ª posição). O país em que a população dedica mais horas à leitura, segundo o estudo, é a Índia, com média de 10,7 horas por semana usadas nesta atividade, mais que o dobro da marca brasileira.

Por outro lado, o Brasil ocupa o segundo lugar na audiência de rádio. Os brasileiros gastam em média 17,2 horas por semana com este hábito, contra as 20,8 horas semanais dedicadas pelos argentinos - líderes do ranking - à atividade.

O hábito de assistir TV também dá destaque aos brasileiros, que, neste quesito, ocupam a 8ª posição do ranking entre os 30 países pesquisados, com 18,4 horas por semana dedicadas à programação televisiva. A população que mais vê televisão, de acordo com o estudo, é a tailandesa, com 22,4 horas semanais.

A pesquisa do NOP World Report Reports Worldwide foi realizada com mais de 30.000 pessoas de mais de 13 anos de idade nos trinta países pesquisados. O estudo foi feito entre dezembro de 2004 e fevereiro de 2005.


* Com informações do NOP World Report Reports Worldwide

http://http://www.universia.com.br/materia/imprimir.jsp?id=7601

Referencial teórico para o professor
DIONÍSIO, Ângela Paiva (UFPE), MACHADO, Anna Rachel (PUC-SP), BEZERRA, Maria Auxiliadora (UFCG) – Organizadoras, Gêneros Textuais & Ensino, Editora Lucerna, Rio de Janeiro, 2002

Recursos Complementares
Laboratório de Informática para consulta ao site da revista Veja
Avaliação

- No decorrer das atividades, o professor deverá verificar o envolvimento e o interesse dos grupos, observando os aspectos analisados;

- as produções escritas feitas individualmente poderão ser lidas e comentadas pelo professor.

Opinião de quem acessou

Quatro estrelas 3 classificações

  • Cinco estrelas 1/3 - 33.33%
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