05/02/2010
Regina Célia Martins Salomão Brodbeck
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
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Ensino Médio | Língua Portuguesa | Gêneros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal |
A aula 1 é a primeira de uma SEQUÊNCIA de aulas para o ensino da argumentação. São objetivos gerais para a sequência:
i) desenvolver habilidades de leitura de textos argumentativos, a partir do estudo de sua macroestrutura bem como das estratégias discursivas e recursos de linguagem presentes em diferentes gêneros do argumentar;
ii) refletir sobre a importância de ler argumentações, um tipo de texto que permite acompanhar o debate público de questões sociais relevantes.
iii) aproximar o aluno da leitura de jornais, de modo a que ele perceba, nessa atividade, a possibilidade de maior participação cidadã, na medida em que ela o torna mais informado e lhe possibilita formar opinião.
Objetivo específico da aula 1: trabalhar o conceito de tese (posicionamento ou ponto de vista), um componente essencial da macroestrutura de argumentações, através da identificação desse elemento em textos argumentativos.
Série recomendada: 3ª série do Ensino Médio
Recuperar os conhecimentos que os alunos têm sobre argumentações, organizando suas respostas no quadro. Sem dúvida, os alunos possuem conhecimentos sobre esse tipo de texto. Em seguida, verificar se costumam ler jornais, o que gostam de ler nesse suporte e por quê.
ATIVIDADE 1
Analisando a organização do jornal impresso.
Apresentar jornais aos alunos para que observem nele os espaços reservados a argumentações: editoriais, artigos de opinião, cartas de leitor etc. É importante apontar para os títulos das colunas, como “Tendências e Debates”, “Opinião”, “Espaço do Leitor”, títulos que sinalizam serem esses espaços dedicados à publicação de textos argumentativos, importantes para a formação de opinião.
ATIVIDADE 2
Conversa motivadora com os alunos.
O professor deve conversar com os alunos sobre o que é argumentar, a partir das contribuições anotadas no quadro. Deve-se reforçar, nesse momento, a importância de ler textos argumentativos como forma de acompanhar um debate público, que os jornais, de modo especial, exibem. O tema dos textos a serem lidos é “A política de cotas para acesso à universidade pública”. Sendo um tema polêmico, as políticas de ação afirmativa têm ocupado espaço na mídia, suscitando debates intensos e acirrados. É o que a leitura dos vários textos irá mostrar.
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ATIVIDADE 3
Leitura silenciosa dos textos
Os alunos devem fazer uma leitura silenciosa dos textos abaixo, publicados no jornal “O Globo”. Sugerimos que o professor proponha o seguinte objetivo de leitura: ler os textos procurando identificar o posicionamento de cada um.
TEMA EM DISCUSSÃO: COTAS RACIAIS
NOSSA OPINIÃO
Maniqueísmo
A polêmica das cotas, na qual está em jogo o projeto de país que se quer – se aberto ou regido por normas capazes de dividir perigosamente a sociedade -, chegou ao Supremo Tribunal Federal, o fórum indicado para deliberar sobre um conflito dessa magnitude.
(...)
É mais um equívoco dos que pretendem racializar o contrato de convívio social num país miscigenado, sem o passado de choques entre brancos e negros existentes nos Estados Unidos, fonte de inspiração da política de cotas – por sinal, lá derrubada exatamente na Suprema Corte. As cotas funcionam como um Cavalo de Tróia, para contrabandear uma tensão racial inexistente no Brasil.
Quando se critica a proposta, um objetivo é impedir que haja um apartheid contra o branco pobre, um dos mais prejudicados pela idéia. Conforme alerta o documento encaminhado ao STF por 113 intelectuais, artistas, representantes de movimentos sociais e de sindicatos, as cotas, ao contrário do que se quer fazer crer, são elitistas, pois beneficiarão apenas uma franja da classe média, média/baixa, mantendo a grande massa de pobres, independentemente da cor, à margem do ensino. Para o governo, defensor das cotas, convém acenar com uma solução pretensamente milagrosa que o exima de executar com a pressa e prioridade necessárias a ação afirmativa mais indicada: melhorar o ensino público básico a toque de caixa e estimular programas específicos que permitam o acesso dos pobres – não importa se brancos, negros, mulatos, amarelos – à universidade pelos seus próprios méritos. E não por um artifício burocrático que de nada lhes valerá quando t iverem de disputar esp aço no mercado de tr abalho.
OUTRA OPINIÃO
Solução temporária
Ricardo Vieira Alves – Reitor da Uerj
Há cerca de cinco anos introduziu-se no país a reserva de vagas nas universidades brasileiras. A Uerj foi a primeira a instituir essa política, através da lei aprovada na Alerj. Já hoje muita discussão sobre este tema e, ainda bem, haverá de ocorrer muito mais. O centro do debate está situado na decisão de criar uma reserva de vagas para a população negra brasileira. Estamos incorporando soluções americanas para os brasileiros? Estabelecendo uma política de racismo às avessas no país?
São questões relevantes, mas insuficientes para a análise criteriosa do debate. É um fato que a política de cotas promove um ato de desigualda de com o objetivo de promover, e principalmente acelerar a igualdade. O Brasil teve quase quatro séculos de escravidão e, desde a instituição da República, não fez o “dever de casa” republicano. Dever de promover a igualdade e inserir a população negra descendente de escravos na condição de cidadãos.
As trágicas constatações feitas por pesquisadores do IPEA, associam o indicador de cor aos piores indicadores sociais do Brasil em escolaridade, condições de moradia, consumo de bens e salários, demonstram que não houve uma inserção definitiva dessa população nos valores e direitos da República. A política de cotas é um ato de força para acelerar um processo que, se não for feito, pode nos legar uma série significativa de gerações perdidas.
Não desejo que seja uma política permanente. A manutenção de políticas de cotas denuncia que o processo de inserção da população negra na sociedade brasileira não ocorreu. (...).
Tivemos coragem para instituir e é preciso que haja a mesma coragem para desfazer. Por isso é imperativo que Estado e sociedade acompanhem o desenvolvimento o desenvolvimento dessa política. Para tal, a partir do segundo semestre, a Uerj, com o apoio da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, fará uma avaliação profunda do sistema, apresentando, com total transparência, os dados para todo o país.
ATIVIDADE 4
O professor irá tomar as respostas dos alunos, solicitando que apontem para as pistas textuais que sinalizam os posicionamentos de ambos os textos. O exercício de identificar as pistas que sustentam as leituras produzidas em sala de aula é muito importante para o desenvolvimento de HABILIDADES DE LEITURA.
A avaliação será realizada ao longo da aula, através das atividades propostas e das respostas que oferecem ao professor.
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