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SEQUENCIA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE ARGUMENTAÇÕES (2): reconhecendo os argumentos

 

05/02/2010

Autor e Coautor(es)
Begma Tavares Barbosa
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Regina Célia Martins Salomão Brodbeck

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Ensino Médio Língua Portuguesa Gêneros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

i) identificar os argumentos que sustentam as teses defendidas nos textos lidos na aula (1) da sequência didática para ensino de argumentações.

Duração das atividades
50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Retomar com os alunos a noção de argumento: aquilo que sustenta os posicionamentos ou pontos de vista ou tese defendida em textos argumentativos.

Estratégias e recursos da aula

ATIVIDADE 1
Identificados os posicionamentos dos textos trabalhados na aula anterior, os alunos devem relê-los para encontrar os argumentos que sustentam os posicionamentos ou teses assumidas. O professor pode sugerir que os alunos façam marcações nas laterais do texto, enumerando os argumentos apresentados. Em seguida, sugerimos que registre no quadro os argumentos selecionados por cada um dos textos. pois nem todos estão explícitos no texto.

TEMA EM DISCUSSÃO: COTAS RACIAIS

NOSSA OPINIÃO

Maniqueísmo
A polêmica das cotas, na qual está em jogo o projeto de país que se quer – se aberto ou regido por normas capazes de dividir perigosamente a sociedade -, chegou ao Supremo Tribunal Federal, o fórum indicado para deliberar sobre um conflito dessa magnitude.
(...)
É mais um equívoco dos que pretendem racializar o contrato de convívio social num país miscigenado, sem o passado de choques entre brancos e negros existentes nos Estados Unidos, fonte de inspiração da política de cotas – por sinal, lá derrubada exatamente na Suprema Corte. As cotas funcionam como um Cavalo de Tróia, para contrabandear uma tensão racial inexistente no Brasil.
Quando se critica a proposta, um objetivo é impedir que haja um apartheid contra o branco pobre, um dos mais prejudicados pela idéia. Conforme alerta o documento encaminhado ao STF por 113 intelectuais, artistas, representantes de movimentos sociais e de sindicatos, as cotas, ao contrário do que se quer fazer crer, são elitistas, pois beneficiarão apenas uma franja da classe média, média/baixa, mantendo a grande massa de pobres, independentemente da cor, à margem do ensino. Para o governo, defensor das cotas, convém acenar com uma solução pretensamente milagrosa que o exima de executar com a pressa e prioridade necessárias a ação afirmativa mais indicada: melhorar o ensino público básico a toque de caixa e estimular programas específicos que permitam o acesso dos pobres – não importa se brancos, negros, mulatos, amarelos – à universidade pelos seus próprios méritos. E não por um artifício burocrático que de nada lhes valerá quando tiverem de disputar espaço no mercado de trabalho.

OUTRA OPINIÃO
Ricardo Vieira Alves – Reitor da Uerj

SOLUÇÃO TEMPORÁRIA

Há cerca de cinco anos introduziu-se no país a reserva de vagas nas universidades brasileiras. A Uerj foi a primeira a instituir essa política, através da lei aprovada na Alerj. Há hoje muita discussão sobre este tema e, ainda bem, haverá de ocorrer muito mais. O centro do debate está situado na decisão de criar uma reserva de vagas para a população negra brasileira. Estamos incorporando soluções americanas para os brasileiros? Estabelecendo uma política de racismo às avessas no país?
São questões relevantes, mas insuficientes para a análise criteriosa do debate. É um fato que a política de cotas promove um ato de desigualdade com o objetivo de promover e principalmente acelerar a igualdade. O Brasil teve quase quatro séculos de escravidão e, desde a instituição da República, não fez o “dever de casa” republicano. Dever de promover a igualdade e inserir a população negra descendente de escravos na condição de cidadãos.
As trágicas constatações feitas por pesquisadores do IPEA, associam o indicador de cor aos piores indicadores sociais do Brasil em escolaridade, condições de moradia, consumo de bens e salários, demonstram que não houve uma inserção definitiva dessa população nos valores e direitos da República. A política de cotas é um ato de força para acelerar um processo que, se não for feito, pode nos legar uma série significativa de gerações perdidas.
Não desejo que seja uma política permanente. A manutenção de políticas de cotas denuncia que o processo de inserção da população negra na sociedade brasileira não ocorre u. (...).
Tivem os coragem para instituir e é preciso que haja a mesma coragem para desfazer. Por isso é imperativo que Estado e sociedade acompanhem o desenvolvimento o desenvolvimento dessa política. Para tal, a partir do segundo semestre, a Uerj, com o apoio da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, fará uma avaliação profunda do sistema, apresentando, com total transparência, os dados para todo o país.

CONFIRA!
O TEXTO 1 apresenta, pelo menos, quatro argumentos que sustentam a tese contrária às cotas do texto 1. São eles:
1- As cotas criariam entre nós uma “tensão social inexistente”.
2- As cotas raciais “excluem” o estudante branco pobre. Nesse sentido, poderiam ser elitistas.
3- As cotas seriam uma forma de adiar a melhor solução para o problema da exclusão dos pobres do ensino superior: a melhoria da educação básica.
4- As cotas, ao desprestigiar o mérito, acabam por prejudicar a entrada futura do estudante no mercado de trabalho.


O TEXTO 2 se vale de apenas um argumento: o da dívida histórica do país com a população negra, liberta da escravatura sem condições de inclusão na sociedade. Esse argumento é complementado com a afirmação de que a desigualdade social no Brasil tem um forte componente racial. Ao citar o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) o autor reforça seu argumento.


ATIVIDADE 2
Construindo a habilidade de argumentar
Expostos os argumentos utilizados pelos textos, o professor deve motivar os alunos a posicionar-se ante cada argumento, auxiliando-os a perceberem aqueles que são argumentos fortes, bem como motivando façam a contestação dos argumentos frágeis.

ATIVIDADE 3
Comparando os textos e refletindo sobre gêneros.
O professor deve, aqui, chamar a atenção dos alunos para o fato de o primeiro texto vir sem assinatura, pois se trata de um editorial, um texto cuja autoria se atribui a um veículo de comunicação, nesse caso um jornal. Isso é muito interessante para pensarmos que jornais atuam a partir de uma “ideologia”. É também característico de editoriais a utilização de linguagem formal e de temas políticos.
O texto 2 dialoga com o editorial, apresentando posicionamento contrário, o que é um recurso interessante do próprio jornal. Há sinalizações explícitas desse diálogo nas perguntas feitas no final do segundo parágrafo do texto 2, por exemplo.
Conforme sinalizamos nos objetivos listados para essas aulas, é importante que os alunos observem esse diálogo entre os textos como forma de constituição de um debate de idéias que ajuda a pensar questões relevantes ao país e a seus cidadãos.

Avaliação

O professor deverá avaliar:

i)) habilidades de leitura (identificação dos argumentos- ATIVIDADE 1), considerando as intervençoes da turma bem como as marcações feitas pelos alunos nos textos.

ii) habilidades produção de contra-argumentos (ATIVIDADE 2).

Opinião de quem acessou

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Opiniões

  • Sérgio Luiz dos Reis Lasserre, Não sou professor , Bahia - disse:
    serginholass@gmail.com

    27/03/2011

    Cinco estrelas

    A aula é clara, bem preparada e contém os elementos básicos para a obtenção do seu objetivo. Embora o ser humano possua a capacidade de pensar, de raciocinar, o desenvolvimento de uma perspectiva crítica sobre a realidade depende da construção de uma mentalidade voltada para a análise da informação recebida. Sem isso, a forma pode derrotar o conteúdo, transformando as pessoas em meras recebedoras e repetidoras de idéias cujo alcance final não estão sequer perto de conhecer e avaliar.


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