05/02/2010
Regina Célia Martins Salomão Brodbeck
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Médio | Língua Portuguesa | Recursos linguísticos em uso: fonológicos, morfológicos, sintáticos e lexicais |
Ensino Médio | Língua Portuguesa | Gêneros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal |
A função das conjunções em textos argumentativos, particularmente o papel das conjunções chamadas "adversativas" na indicação de posicionamentos contra-argumentativos e de ressalva.
Sugere-se que o professor retome com os alunos seu conhecimento sobre conjunções: o que são conjunções, qual sua função no texto, o que são conjunções adversativas.
ATIVIDADE 1
O que são conjunções? Para que servem? Quais são as conjunções chamadas "adversativas"?
Levantado o conhecimento sobre as CONJUNÇÕES, o professor deve sistematizar esse conhecimento, com foco no estudo das conjunções adversativas e sua função como recurso de contrajunção nos textos.
ATIVIDADE 2
Identificando vozes em confronto no texto contra-argumentativo
Retomando o texto da aula anterior, o professor proporá que os alunos assinalem fragmentos que exibem, claramente, posicionamentos contra-argumentativos.
COTAS DE IGUALDADE E DE DESIGUALDADE
Emir Sader - Jornal do Brasil
Todos são iguais diante da lei. Na sociedade mais desigual do mundo, aí começa a injustiça. A igualdade jurídica foi uma grande conquista democrática contra os Estados absolutistas, os privilégios feudais, as concepções que misturavam política e religião, a escravidão e a servidão. No entanto, desde que passaram a encimar todas as constituições de origem liberal, a desigualdade no mundo aumentou ao amparo de leis que ou são esvaziadas e ficam no papel, ou acobertam mal e mal a reprodução das desigualdades.
No Brasil, sabe-se que a Lei de Terras, de meados do século 19, precedeu o fim da escravidão, legalizando a posse das terras pelos latifundiários e bloqueando a possibilidade dos escravos que se tornavam “homens livres” de terem acesso à terra. Sabemos que a transformação da questão da escravidão na questão da terra é um dos fatores fundamentais que fazem do Brasil, até hoje, um país estruturalmente desigual e injusto.
O recente início da corajosa política de cotas de acesso à universidade, posta em prática pela Uerj, levanta uma série de contestações – de argumento e judiciais -, que invocam a igualdade jurídica garantida pela Constituição e aparentemente se sustentam em argumentos democráticos. No entanto, o que é que eles escondem? Como à igualdade jurídica não se seguiram a igualdade nos planos econômico, social, político e cultural, os negros e os pobres continuarão “menos iguais” que os outros. Entra ano sai ano, entra governo e sai governo, com ditadura ou com democracia, com recessão ou com expansão econômica, a desigualdade social e racial persiste. Quando a ditadura militar acelerou a degradação do ensino público no Brasil, este deixou de conter no seu seio a saudável convivência entre crianças e jovens das classes média e pobre, com aqueles fugindo, na medida do possível, para escolas privadas. Consolidou-se, paralelamente ao modelo seletivo de consumo das altas esferas do mercado, uma linha de classe entre as escolas públicas – amplamente majoritárias em quantidade de alunos – e privadas, com deterioração da qualidade daquelas e o privilégio dos que têm recursos para ter acesso a esta para aceder às universidades públicas.(...)
A política de cotas não resolve nem poderia resolver o problema da injustiça social no Brasil e nem sequer no meio educacional, mas somente por colocar temas essenciais em discussão, já teria valido a pena. No entanto, o mais importante é que cria espaços de promoção para os que são reiteradamente postergardos do acesso às universidades públicas e têm tantas vezes que se contentar com péssimas universidades privadas, pagando muito caro por um ensino de qualidade muito ruim – como todas as avaliações demonstram.
Os argumentos que esgrimem os que tentam com recursos judiciários ganhar vagas nas universidades é a igualdade diante da lei. Mas é preciso verificar se eles conseguiram obter resultados melhores que os alunos das cotas por capacidade própria ou por ter tido recursos econômicos e ter freqüentado escolas privadas e cursinhos pa gos. Neste caso, é a desigualda de que os fez terem conseguido esse resultado. Portanto, é a desigualdade que os fez chegar à pontuação. E no entanto é em nome da “igualdade” que eles querem obter vagas em detrimento dos discriminados econômica, social e racialmente.
(...)
Uma sociedade democrática deve garantir acesso livre e universal a todos nas escolas públicas, gratuitas e de boa qualidade. Esse é o horizonte de luta de todos os jovens que lutam pelo direito inalienável de acesso ao conhecimento, à ciência, à cultura e à técnica, que são patrimônios universais. O essencial não tem preço, educação não deve e não pode ser mercadoria. Para produzir cidadãos livres, uma sociedade democrática deve generalizar o ensino público e gratuito a todos. A política de cotas é transitória, é um instrumento de resgate dos que foram e são preteridos e discriminados. Aperfeiçoá-la é compromisso dos que querem um país de homens e mulheres livres, conscientes, desalienados e donos de seu destino, para que a igualdade seja regra e não produto de política de cotas.
ATIVIDADE 3
Função textual das conjunções adversativas: identificando os marcadores discursivos de contra-argumentação.
Em muitos casos, os procedimentos contra-argumentativos do texto estão marcados pelas conjunções adversativas: os alunos devem ser auxiliados a reconhecer, nos fragmentos assinalados no texto, os conectores MAS E NO ENTANTO enquanto recursos que sinalizam a contraposição de idéias, o confronto entre duas vozes discordantes.
ATIVIDADE 4
Identificando marcadores discursivos de ressalva
Além de marcar procedimentos de contra-argumentação, as conjunções adversativas evidenciam posicionamentos de ressalva no texto, como em: “A política de cotas não resolve nem poderia resolver o problema da injustiça social no Brasil e nem sequer no meio educacional, mas somente por colocar temas essenciais em discussão, já teria valido a pena". Essa é uma função importante desse conector e que deve ser estudada com os alunos. O professor deve auxiliar os alunos a fazer a diferença entre os diferentes valores do mesmo conector, considerando os sentidos que apresentam no texto.
ATIVIDADE 5
Identificando outros marcadores discursivos.
Identificar outros conectores que promovem articulações importantes no texto, como a conjunção “portanto”, que pode sinalizar o fechamento de um tópico de parágrafo, a conclusão de um argumento ou o “fechamento” do texto.
Para aprofundar o estudo das conjunções adversativas, consultar:
http://www.tvcultura.com.br/aloescola/linguaportuguesa/problemasgerais/e-comvalorde-mas.htm
Quatro estrelas 3 classificações
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04/10/2013
Quatro estrelasfoi ótimoa essa dica de aula!! ;))
31/07/2010
Quatro estrelasGostei muito, trabalhar conjunções com textos argumentativos é perfeito. Vou utilizar esta aula, até porque discutir política de reparações é sempre importante.
27/05/2010
Cinco estrelasAdorei. Uma explicacao bem rapida, facil e clara. Muito pratica. Obrigada.