02/10/2008
EZIQUIEL MENTA
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Médio | Filosofia | História da filosofia |
Inicie com a seguinte frase:
Realmente, antes de tudo existiu Khaos (Caos)...
(Hesíodo)
Os gregos – através de sua mitologia – consideravam os elementos da Natureza (o Sol, a Terra, o Céu, o Oceano, as Montanhas, etc.) como forças autônomas, honrando-os como deuses, elevados pela fantasia a seres ativos, móveis, conscientes e dotados de sentimentos, vontades e desejos. Estes deuses constituíam-se na fonte e na essência de todas as coisas do universo.
(Tales de Mileto, Wikipédia, 2007)
Vamos pensar sobre esta idéia de Hesíodo e a influência da mitologia na vida dos Gregos da antiguidade. Professor faça um desafio, ou seja, é a criação de uma necessidade para que o educando, através de sua ação, busque o conhecimento e estabeleça uma relação deste tema com os que já possuem.
Sugestões de questões que podem ser colocadas no quadro de giz para incentivar a turma sobre o tema:
Propomos que o professor utilize uma imagem para iniciar as atividades.
Por exemplo:
GAIA
Esta imagem foi estilizada a partir de outra imagem sobre a mitologia grega: Gaia é a personificação da Terra como deusa.
Questione sua turma:
Poderíamos iniciar a apresentação do tema com um fragmento que descreve a origem do universo, elaborada por Hesíodo em Teogonia.
Este texto foi retirado do Departamento de História da USP, disponível em http://www.fflch.usp.br/dh/heros/traductiones/hesiodo/teogonia/deusesprimordiais.htm. Traduzido do original grego por Jaa Torrano: Hesíodo, Teogonia, 3a edição, São Paulo, Iluminuras, 1995, p. 131-133
Teogonia
Deuses Primordiais: 116-153
Sim bem primeiro nasceu Cáos
depois também Terra de amplo seio,
de todos sede irresvalável sempre,
dos imortais que têm a cabeça do Olimpo nevado,
e Tártaro mevoento
no fundo do chão de amplas vias,
e Eros: o mais belo entre deuses imortais, solta-membros,
dos deuses todos e dos homens todos
ele doma no peito o espírito e a prudente vontade.
Do Cáos
Érebo e Noite negra nasceram.
Da Noite
aliás Éter e Dia nasceram,
gerou-os fecundada unida a Érebo em amor.
Terra primeiro pariu igual a si mesma
Céu constelado,
para cercá-la toda ao redor
e ser aos deuses venturosos sede irresvalável sempre.
Pariu altas Montanhas,
belos abrigos das deusas ninfas
que moram nas montanhas frondosas.
E pariu a infecunda planície impetuosa de ondas o Mar,
sem o desejoso amor.
Depois pariu do coito com Céu:
Oceano de fundos remoinhos
e Coios
e Crios
e Hipérion
e Jápeto
e Téia
e Réia
e Têmis
e Memória
e Febe de áurea coroa
e Tétis amorosa.
E após com ótimas armas
Cronos de curvo pensar,
filho o mais terrível: detestou o florescente pai.
Pariu ainda os Ciclopes de soberbo coração:
Trovão,
Relâmpago
e Arges de violento ânimo
que a Zeus deram o trovão e forjaram o raio.
Eles no mais eram comparáveis aos deuses,
único olho bem no meio repousava na fronte.
Ciclopes denominava-os o nome,
porque neles circular olho sozinho repousava na fronte.
Vigor, violência e engenho possuíam na ação.
Outros ainda da Terra e do Céu nasceram,
três filhos enormes, violent os, não nomeáveis.
Cotos,
Briareu e Giges,
assombrosos filhos.
Deles, eram cem braços que s altavam dos ombros, improximáveis
cabeças de cada um cinqüênta brotavam dos ombros, sobre os grossos membros.
Vigor sem limite, poderoso na enorme forma.
A mitologia grega
A linguagem utilizada pelos mitos é simbólica, mas seu sentido é mais profundo do que imaginamos. Estes conceitos mitológicos foram construídos ao longo dos séculos. A concepção de mito foi muito forte no ser humano, de tal forma que a realidade se expressava através de vertentes mitológicas de compreenderem a realidade, não somente entre os gregos, mas em todos os povos da antiguidade clássica.
Os mitos, para muitos povos, são considerados histórias que realmente aconteceram nos tempos antigos, envolvendo seres sobrenaturais que produzem uma nova realidade, como por exemplo, ainda muito forte nos dias atuais a concepção que Adão e Eva foram os primeiros habitantes de nosso planeta, que estes já possuíam conhecimentos como a fala, o raciocínio lógico, etc.
Segundo Hesíodo “realmente antes de tudo existiu o Khaos (Caos)..”. A concepção de caos que se tem, contemporaneamente, é de desordem e de confusão. Caos vem da palavra grega khínein, que quer dizer abismo. Assim, caos era concebido como o abismo profundo, algo indefinido, anterior a todas as coisas.
Hesíodo, em seu poema Teogonia, busca implicitamente demonstrar que tudo tem uma origem. Segundo ele, os primeiros “filhos” do Caos são: a Gaia, terra; o Tártaro, local mais pro fundo que Hades (o inferno dos gregos); e o Eros, amor, desejo, deus que supera todas as forças atraindo os opostos. A Terra se apoiava no Tártaro, que por sua vez era possível que se apoiasse no Caos. Naquele tempo, não se tinha a concepção de que a Terra pertencia a um sistema solar, ao universo, dentro de uma ordem. Posteriormente, se acreditou que a Terra era uma bolha imersa dentro do Caos.
Teogonia significa origem dos deuses. Nesse mito os deuses surgem através do desejo de união de outros deuses ou da separação.
Segundo o Prof. Paulo Ghiraldelli Junior (http://www.cef etsp.br/edu/eso/filosofia/aula1ghiraldelli.html):
A palavra mito também tem uma origem grega, ela vem de mythos. Há dois verbos que confluem para mythos: mytheo, que tem a ver com a conversação e a designação, e mytheyo, que tem a ver com a narração, com o contar algo para outro.
O mito narra algo que é inquestionável para quem está inserido fielmente na atividade de ouvi-lo. Ele tem a função de dizer algo que tal pessoa acredita sem que venha pensar muito de modo a colocá-lo em dúvida. Seu papel é de informar e dar sentido à existência de quem crê nele, mas, principalmente, o de socializar as pessoas e criar uma comunidade, a comunidade que forma o "nós", os que se organizam socialmente da mesma forma, exatamente porque, entre o que possuem de comum, o mito é não só alguma coisa forte, mas é exatamente a narrativa (única) que diz o que é comum para este "nós".
A partir do conceito de mito pode-se dizer então que as cosmogonias são de certa forma, narrativas sobre as origens do mundo. Em geral elas estão presentes nos mitos, isto quando não é a sua essência. Falam de união sexual entre deuses, que geram o mundo, ou união sexual entre deuses e humanos, que em geral criam situações complexas e dão o enredo a um a história que explica divisões, guerras, ciúme, paixões, disputa sobre a justiça, etc.
Na atualidade ainda temos vários rituais praticados por muitos povos, tais como as comemorações de nascimentos, casamentos, batizados, festas populares que lembram um fato, acontecimentos...
A partir desta concepção mitológica o homem foi evoluindo e pode-se dize r que os primeiros filósofos viveram no século VI a.C., sendo chamados de pré-socráticos, caracterizando pelo uso de métodos de raciocínio para medir, verificar e prever os fenômenos inicialmente, mais tarde rompe com a religião e com os mitos. São as chamadas cosmologias já estão mais para o campo do pensamento filosófico do que para o pensamento mitológico. As cosmologias são teorias a respeito da natureza do mundo. Já as cosmogonias são genealogias, diferentemente, das cosmologias que são conhecimentos a respeito de elementos primordiais, mas naturais. O pensamento cosmológico remete à phýsis, a palavra grega que tem a ver com o que é eterno e de onde tudo surge, nasce, brota. Trata-se de um elemento imperecível, que gera todos os outros elementos naturais, que são perecíveis.
A partir destes conceitos, estabeleça um diálogo com a turma, sentido de estabelecer ligações com os conhecimentos prévios, levantados no início da aula, fazendo relações com situações que eles vivenciam em seu cotidiano, presenciam nos meios de comunicação, na sua comunidade.
É muito importante que o estudante vá construindo conceitos, compreendendo quais principais idéias sobre o tema levantado. Esta atividade, inclusive poderá ser realizada com uma dinâmica de grupo.
Incentive os estudantes a procurarem na internet e livros, outros mitos da antiguidade grega, para ilustrar a aula e compreender a importância deste pensamento complexo para a filosofia. Sugiro que os professores a prove item estas pesquisas para divulgar entre os demais alunos da escola as descobertas da turma. Esta atividade pode ser realizada em sites que disponibilizam a escrita colaborativa.
Acesse o site: http://pt.wikiqu ote.or g/wiki/Filosofia para postagens de citações. Cada grupo de estudantes pode colaborar com citações relevantes selecionadas de autores pré-socráticos.
Fonte: WIKIQUOTE (http://pt.wikiquote.org/wiki/Filosofia)
No site http://pt.wikibooks.org/wiki/Filosofia é dedicado ao desenvolvimento e livre disseminação de livros e textos didáticos de conteúdo aberto, os estudantes poderão postar os conceitos, textos significativos, contribuindo com uma comunidade.
FONTE: Wikibooks (http://pt.wikibooks.org/wiki/Filosofia)
Professor, você poderá também criar um espaço colaborativo com seus alunos, usando diversos serviços on-line para postagem, tais como o pbwiki, wikispaces, Wikipédia, entre outros. Na internet encontramos muitos tutoriais para estes recursos.
Através de buscadores on-line, tipo Google, yahoo, UOL, entre outros, você poderá sugerir temas para pesquisa e criar um espaço para postagem dos trabalhos, após apresenta dos, discutidos e revisados, inclusive postar imagens e áudios.
Clip: The Odyssey
Imagem do filme The Odyssey
Fonte: http://i85.photobucket.com/albums/k41/yuominae_2006/liebestod/TheOdyssey.jpg
Neste momento os alunos devem produzir um texto que expresso os conhecimentos que se apropriou durante o desenvolvimento do tema proposto. Passaremos a elaboração teórica da síntese, isto é, da nova postura mental. Os estudantes deverão elaborar um pequeno artigo para compor um livro com a coletânea de todos os textos da turma, posteriormente encadernado em espiral e enviado à biblioteca da escola. Este artigo deve expressar as reflexões sobre o tema proposto, podendo conter citações de vários autores, fragmentos de histórias de mitos gregos, etc. Professor estabeleça um critério de número de páginas e normas de digitação da atividade.
Nova postura prática ante a realidade: Intenções, predisposições, prática, novo conhecimento.
O tema Mitologia Grega envolve muitos dos valores que a nossa sociedade ainda cultua. É importante que este tema seja discutido entre os familiares dos estudantes.
O objetivo da Filosofia é demonstrar que existem muitas formas de pensar o mundo, muitas vertentes filosóficas, religiosas que concebam a vida de formas diferentes e os estudantes devem aos poucos analisar quais os valores conceituais que estão de acordo com o seu ponto de vista.
Sugerimos que os estudantes apontem, em um texto para ser anexado ao livro da turma, como a sociedade brasileira pode viver melhor, ter mais conhecimento a respeito das pesquisas filosóficas e científicas.
Sugerimos a auto-avaliação para percebermos o nível de aprendizagem e de elaboração mental diante do tema proposto. Oriente o estudante para ler atentamente a ficha abaixo de auto-avaliação e indique o nível em que se enquadra. É opcional colocar valores em cada nível.
COMO VOCÊ, SITUA-SE DIANTE DAS SEGUINTES QUESTÕES?
AUTO-AVALIAÇÃO | INICIANTE 4,0 pontos |
APRENDIZ 6,0 pontos |
PROFISSIONAL 8,0 pontos |
MESTRE 10,0 pontos |
Na sala de aula | Esteve presente | Contribuiu nas discussões | Participou com bons argumentos | Participou ativamente com argumentos bem fundamentados |
Atividades coletivas | Acompanhou as atividades | Procurou participar | Empenhou-se na compreensão do tema e colaborou com todos | Participou ativamente em todos os momentos, contribuiu com todos na pesquisa. |
Artigo | Teve dificuldades | Elaborou o texto com alguns argumentos | Produziu um texto fundamentado nas pesquisas | Produziu um texto bem fundamentado com argumentos além dos pesquisados. |
Quatro estrelas 9 classificações
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18/05/2014
Quatro estrelasParabens pelo conteudo, ótma apresentação
06/01/2011
Cinco estrelasÓtimo aula, muito bem explicada e serve como parametro de abertura para o alunoentender o significado da Filosofia e sua importancia na atualidade, pois ao vincularmos questões atuais, filmes e modos de vidas verificamos que não estamos distantes da visão dos primeiros pensadores filosoficos.
24/11/2010
Cinco estrelasEXCELENTE PROPOSTA DE AULA SOBRE O MITO GREGO. GOSTEI, PORÉM ACHO QUE A PROPOSTA DE 2AULAS NÃO SEJA SUFICIENTE. COM CERTEZA UTILIZAREI FAZENDO CLARO UMA ADAPTAÇÃO.VALEU!
22/06/2010
Cinco estrelasA profa. está de parabéns pela organização e profundidade da aula. Merece mais que 5 estrelas, isto é, merece uma constelação toda. Obrigado por permitir que acessem está aula.
24/03/2010
Cinco estrelasAula muito interessante. É ótimo o destaque que dá ao conhecimento prévio do aluno e o incentivo à pesquisa dos mitos brasileiros, que muitos desconhecem. Parabéns!
24/03/2010
Cinco estrelasOlá! Ótima idéia, inclusive nos slides poderá acrescentar vídeos e áudios contando a mitologia grega, entre as apresentações. Você também pode utilizar um programa para transformar os seus slides em vídeos e rodar em DVDs caseiros ligados a TV (normalmente estes softwares também vem acompanhando os programas de máquinas fotográficas, no windows pode utilizar o movie maker ou baixar alguns da internet para o sistema linux.) Este tema é fascinante. Um grande abraço.
24/03/2010
Cinco estrelasEsta aula foi baseada no roteiro proposto pelo Prof. João Luiz Gasparin. Livro: GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. São Paulo: Autores Associados, 2007.
24/03/2010
Cinco estrelasAo analisar este plano, percebo que todos os recusos e métodos a serem inserido no desenvolvimento destas aulas foram aplicado de forma graciosa, respeitando todos um cronograma.
24/03/2010
Cinco estrelasPara desenvolver melhor essa aula, o professor poderá criar seu próprio slide contendo imagens e histórias mitológica.