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Música - Uma proposta de Aula Introdutória no contexto da EJA (aula 1)

 

30/11/2009

Autor e Coautor(es)
LUCIANO CINTRA SILVEIRA
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RIO DE JANEIRO - RJ COL DE APLIC DA UNIV FED DO RIO DE JANEIRO

Claudia Helena Azevedo Alvarenga

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Artes Música: desenvolvimento da linguagem musical
Ensino Médio Artes Música: Canal
Ensino Médio Artes Música: Contextualização
Educação de Jovens e Adultos - 1º ciclo Estudo da Sociedade e da Natureza Cultura e diversidade cultural
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Na aula inaugural do EJA propomos que seja amplamente discutido o conceito de ‘arte’ e de ‘música’ a fim de buscar construir coletivamente os conceitos que deverão nortear as aulas subsequentes. Nesse sentido, nós, professores, devemos fazer um esforço no sentido de renunciar, na medida do possível, aos juízos de valor, às hierarquizações estéticas e ao gosto. O aluno deverá ser provocado a pensar sobre ‘música’ em dimensões distintas: o fenômeno sonoro, o constructo social, o produto, a prática coletiva e os elementos que à música se associam, tais como: danças, festas, discursos e processos de identificação.
‘O que é música?’, uma pergunta instigante que, em geral, traz respostas diversificadas e muito desafiadoras no contexto do EJA, deve levantar outras questões que farão o aluno repensar, desconstruir e ser capaz – ao menos em um nível inicial – de estabelecer um pensamento crítico sobre música, e definir inicialmente ‘o que é música’, a partir das discussões propostas.

Duração das atividades
2 aulas de 50 minutos (1h40min)
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Na aula inaugural do EJA nos deparamos com uma plateia diversificada em idade, origem, nível socioeconômico e até mesmo nível de escolaridade. Isso faz com que as possibilidades de trabalho se multipliquem, e também as adaptações de nossa fala. Assumimos que o aluno não tenha conhecimento prévio formal de música, não obstante serem frequentes casos de alunos com vasta experiência, o que deve ser sempre valorizado.

Estratégias e recursos da aula
                                                                                      

Os Programas de Educação para Jovens e Adultos apresentam características bem particulares no que se refere à organização curricular e temporal, à heterogeneidade da plateia e suas necessidades específicas, e também à inserção da aula de música na grade curricular. Nesse primeiro bloco de seis aulas, pretendemos propor e discutir modelos de aula que componham um grande bloco introdutório, aplicáveis – não só a uma nova turma de EJA – mas também ao início do período letivo, seja semestral ou anual.
Devemos ter em mente que o aluno do EJA lida diariamente dentro dos limites da escola com a sensação de desconforto e inadequação que na maior parte das vezes é a causa comum da evasão escolar. A aula de música deve ser apresentada de forma muito sensível às necessidades do grupo, valorizando a todo momento os conhecimentos informais acumulados e trazidos pelos alunos. Dessa forma, poderá se constituir em um espaço que ofereça ao aluno a livre expressão de ideias e opiniões, tornando-se um forte elo que liga o aluno à escola e à turma. Encontramos no fascículo da Multieducação, publicado pela Secretaria de Educação do Município do Rio de Janeiro, uma referência a esse ponto:
              "Mediar o ensino de Arte no PEJA é nos colocarmos em processo de escuta do outro, é reconhecer a necessidade de socializar saberes, é respeitar e valorizar as diferenças e trabalhar na diversidade."

RIO DE JANEIRO. Secretaria Municipal de Educação. Multieducação: PEJA II -Linguagens Artísticas. Rio de Janeiro, 2007.(Série A Multieducação na Sala de Aula).

http://www.rio.rj.gov.br/sme/downloads/multieducacao/PEJAIILinguagensArtisticas.pdf

Depois das apresentações tradicionais de uma aula inaugural, proponha a pergunta ‘o que é música?’ como estímulo inicial. A princípio, os alunos do EJA se mostram tímidos, com pouca ousadia. É preciso ter calma e cuidado para não descartar qualquer resposta dada, mesmo que essas respostas nos afastem de nossos conceitos formalizados. Um ‘brainstorm’ de conceitos na tentativa de tatear a resposta deve se seguir. Estimule os mais tímidos a dizer algo. Se for necessário, faça perguntas de apoio sobre ‘o que ouvem’, ‘o que gostam’ e ‘o que entendem’. De modo geral, o aluno do EJA tentará adivinhar qual é a ‘resposta certa’, e fique atento para driblar a tentação de atender a essa solicitação de forma naturalmente previsível, conceituando música no quadro. Quando se sentirem à vontade para falar de seu próprio universo, os alunos se mostrarão mais confiantes em dizer até mesmo ‘isso é música boa!’, ‘isso não é música!’ etc.
Nesse momento questione os ‘porquês’ dessas falas, opondo opiniões antagônicas. É interessante escrever em tópicos tudo que for falado. Em seguida, questione novamente a fim de revelar as premissas que estão implícitas em cada fala, devolvendo a pergunta à turma. Por exemplo, se alguém se refere aos aspectos de letra de uma música ou gênero podemos questionar quanto aos aspectos melódicos e rítmicos etc.
Em um segundo momento, passe aos exemplos musicais. A coletânea de exemplos deve ser a mais instigante e diversificada possível. Use preferencialmente músicas do repertório da música brasileira, de todo e qualquer gênero, de diversos segmentos de mercado, de artistas consagrados e de desconhecidos. As músicas devem ser tocadas e comentadas de forma descritiva, e não analítica, pelo professor e pelos alunos. A pergunta ‘isso é música?’ deve acompanhar as execuções e, de modo geral, os alunos devem responder negativamente aos exemplos de black metal, música contemporânea, free jazz etc. Por outro lado, reconhecerão as músicas de seu universo, logicamente, mas também aquelas com as quais eles estabelecem ‘a priori’ uma relação instintiva de valoração. Nesse momento, percebe-se a busca pela ‘resposta certa’ e esse momento da aula provoca o passo seguinte: a reflexão.
No terceiro momento, coloque no quadro o(s) conceito(s) de música que escolher submeter à critica da turma: se está ou não de acordo com tudo que foi dito e ouvido, e o porquê. O conceito pode ser revisado pelo grupo que deverá lapidar com a orientação do professor a fim de contemplar aquilo que seja música para o grupo.

O professor poderá usar os exemplos em CDs, vídeos e mesmo executando ao vivo em seu instrumento.
Propomos quatro exemplos, a saber:

Veja os exemplos:

http://blogs.myspace.com/index.cfm?fuseaction=blog.view&friendId=349285712&blogId=510486756

1 - Música Indígena - Através desse exemplo, o professor pode explorar os aspectos das práticas coletivas, das significações e d as ritualizações que compõem o sentimento de 'pertencer'. A música como um conjunto de práticas que - vista dessa forma - extrapola os limites sonoros e está intimamente relacionada com o 'fazer' de tal forma que quando isolada se perde do próprio sentido musical.

http://www.youtube.com/watch?v=eeD_PTyC3m U

 

2 - John Cage 4’33’’ - Exemplo clássico da vanguarda do século XX: Cage toca exatamente na questão que estamos discutindo nessa aula, quando compõe uma música feita de apenas silêncio. Ótimo estímulo para discussão, sobretudo se for possível passar o vídeo para os alunos que, dessa forma, terão condição de perceber com nitidez a relação compositor/intérprete/público.

http://www.youtube.com/watch?v=HypmW4Yd7SY&rel=0


3 - Folia de Reis - Mais um exemplo de prática coletiva, de produção musical atrelada a uma prática social coletiva, mas que mantém o sentido musical quando dissociado da prática, embora inevitavelmente tenha seu significado comprometido. O professor pode discutir o aspecto popular e festivo da música, produzida coletivamente, mas que tem uma ponte com a produção autoral da música popular brasileira em longos e sucessivos processos de apropriação.

http://www.youtube.com/watch?v=vvnd--zl1b8


4 - Hermeto ‘Música da Lagoa’ - E finalmente, um lindo exemplo de Hermeto Pascoal, que traduz o fazer musical em uma prática tão estrita que dispensa o receptor - não considerando, é claro, o registro em filmagem. A composição de improviso como processo único e interno. O professor pode explorar, a partir desse exemplo, o grau de autonomia alcançado pelo compositor e o caráter único da música produzida, que não se atém a registros de quaisquer naturezas (escritos ou gravados).

http://www.youtube.com/watch?v=06Qm-Z5OsHw

Avaliação

A avaliação deve ser contínua durante a aula por meio da observação de como o pensamento do aluno pode ser provocado a novos questionamentos e da variação das questões com que ele demonstra estar lidando durante a aula.

O professor pode pedir que cada aluno produza um texto de sua própria reflexão a respeito de situações e/ou vivências próprias que estabeleçam um diálogo com as questões trabalhadas na aula como, por exemplo, sua relação com as músicas com que tem contato e as diversas práticas envolvidas.

Opinião de quem acessou

Cinco estrelas 2 classificações

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Opiniões

  • maria helena neves, ESCOLA MUNICIPAL ALCIDE DE GASPERI , Rio de Janeiro - disse:
    mnevez@gmail.com

    26/06/2010

    Cinco estrelas

    EXCELENTE AULA, DIDATICAMENTE MUITO BEM ELABORADA E, ACIMA DE TUDO, TEM A ESCALA DO HOMEM.É,DE FATO, UMA AULA COM A FORMA E TEMA QUE ATRAI OS ALUNOS. BACANA SUA PROPOSTA DE AULA. PARABÉNS PROFESSOR LUCIANO.


  • neuzenir, ESCOLA MUN.DR. MORAIS RÊGO , Pernambuco - disse:
    neuzenirtorres@hotmail.com

    24/03/2010

    Cinco estrelas

    muito boa sua sua sugestão de aula, hoje mesmo irei trabalhar na minha turma esta aula. se possível gostaria de receber outras sugestões de aula poís, trabalhar com turma de EJA é muito gratificante mais temos que trazermos novidade a cada dia.


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