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Os reality shows e a argumentação

 

27/10/2009

Autor e Coautor(es)
Júlia Maria Cerqueira
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JUIZ DE FORA - MG Universidade Federal de Juiz de Fora

Maria Cristina Weitzel Tavela

Estrutura Curricular
Modalidade / Nível de Ensino Componente Curricular Tema
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo Língua Portuguesa Análise linguística
Ensino Médio Língua Portuguesa Gêneros discursivos e textuais: narrativo, argumentativo, descritivo, injuntivo, dialogal
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: léxico e redes semânticas
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

Analisar um texto argumentativo e refletir sobre sua temática: os reality shows existentes na mídia. Além disso, o aluno irá formar sua própria opinião e defendê-la, utilizando argumentos.

Duração das atividades
4 aulas
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

Habilidade de leitura.

Estratégias e recursos da aula

ETAPA1:

  • PROFESSOR: Antes de iniciar a leitura do texto abaixo, pergunte a seus alunos:


• Quais são os programas aos quais vocês costumam assistir?
• Que tipo de programa costuma dar mais ibope hoje?
• Há uma apelação da mídia para ganhar ibope?
• Que tipo de apelação?
• A privacidade das pessoas é respeitada nos programas atualmente?

ETAPA 2:

Ler o texto abaixo:


Quanto vale a sua privacidade?

Autor: Eugênio Bucci

De mau gosto em qualquer lugar do mundo, essa brincadeira dos reality shows adquire uma torpeza particular no Brasil de hoje. Num país como o nosso, traumatizado pela indústria dos seqüestros, internar uma dúzia de bobos num confinamento prolongado, ao qual eles se submetem por dinheiro, é de fato uma piada horripilante. Seqüestros reais e circo praticamente se equivalem. O que leva o seqüestrador a libertar seu refém? O pagamento do resgate. O que leva um desses alegres habitantes das casas dos artistas ou dos big brothers a se manter no cativeiro por tantas semanas? O pagamento de um resgate às avessas. O primeiro, o seqüestrador da vida real, rouba a liberdade e depois a revende de volta a seu dono, como quem lhe devolve o direito de viver. O segundo, o seqüestrado do espetáculo, sacrifica a própria liberdade, vendendo-a por um dinheiro que nada mais é que o resgate às avessas. E ainda espera tirar um lucro extra: a fama.
Numa das versões desse tipo de brincadeira, a Casa dos Artistas do SBT, os presidiários são celebridades em baixa, gente que anda em déficit de popularidade e que pretende assegurar um lugar no picadeiro. Desejam ficar em evidência. Para quê? Para fazer propaganda, para atuar em novelas, para aparecer nas revistas e, enfim, para continuar em evidência. Querem portanto ficar em evidência para ficar em evidência. Na versão da Globo, o tal BBB, Big Brother Brasil, as coisas não são diferentes. Os seqüestrados são quase-anônimos, mas nem tão anônimos assim; alguns já tiveram na biografia alguma evidência. Todos demonstram um pantagruélico apetite pela fama. Desejam mais evidência. Há outras versões a caminho, você pode apostar, sempre com a mesma lógica: pela fama, tudo é sacrificável.
Acho difícil imaginar programas mais deseducativos. Sobretudo no Brasil, onde a liberdade virou uma mercadoria da "economia informal" em que se converteu o crime (os seqüestradores são "homens de negócio"). Os reality shows, com sua mensagem de que a fama justifica toda sorte de humilhação, são o pior tipo de moral que poderíamos ter. Penso nas crianças que vêem essas excrescências. Talvez elas indaguem, em algum lugar oculto da imaginação: "Por que é que todos batem palmas pra esses adultos aprisionados aí? O que os torna tão especiais?". Poderíamos fazer a mesma pergunta em outros termos: qual o sentido dessa "competição"? Dinheiro? Um carro zero-quilômetro? Sucesso? E sucesso por quê? Por um talento especial? Por uma proeza do raciocínio? Por uma obra? Ou sucesso simplesmente pela falta de zelo com a própria intimidade?
Eis o que esses programas ensinam: que privacidade e liberdade são valores que se trocam por meia dúzia de holofotes, que ser alguém na vida é ir para a Casa dos Artistas, que o circo televisivo tem o direito de seqüestrar qualquer um que a isso se submeta, que esse tipo de seqüestro é a sorte grande.
Quanto a nós, adultos, achamos que tudo é apenas diversão. A gente ri. Sob nosso riso complacente, as crianças entendem que esse tipo de circo é que diz o que é "ser alguém na vida", nos serve de critério entre o certo e o errado. A fissura pela intimidade atropelou de vez o zelo que uma vez tivemos com a educação dos nossos filhos e com a boa formação das noss as crianças.

Eugênio Bucci é professor de Ética Jornalística na Faculdade Casper Líbero

FONTE: Revista Nova Escola – Abril, 2002

ETAPA 3:

Propor as seguintes questões que deverão ser respondidas no caderno:

1) O autor, declara, logo de início sua opinão sobre os reality shows. Que opinião é essa?

2) Você concorda com o autor? Justifique.

3) Com que fato social violento o autor compara os reality shows? Explique em que se fundamenta essa comparação.

4) Releia a seguinte frase e marque a opção correta:


“Numa das versões desse tipo de brincadeira, a Casa dos Artistas do SBT, os presidiários são celebridades em baixa, gente que anda em déficit de popularidade e que pretende assegurar um lugar no picadeiro.”

Pelo contexto, podemos deduzir que os termos destacados seriam o mesmo que:

a) Procura por popularidade
b) Falta de popularidade
c) Cansaço de popularidade
d) Preocupação com popularidade

5) Quais os principais valores que são “mercantilizados” nesse tipo de programa, segundo o autor?


6) Retire do primeiro parágrafo do texto o adjetivo que qualifica os “brothers” de maneira semelhante aos palhaços?


7) A fama dos “brothers”, na indagação do autor, adviria de que circunstância? Por que ela contraria a maneira pela qual os artistas “comuns” obtém a fama?


8) Segundo o autor, uma criança poderia se indagar sobre o que torna os “brothers” tão especiais. Refletindo sobre a própria hipótese, ele afirma: “poderíamos fazer a mesma pergunta em outros termos”. Por que ele considera uma pergunta infantil como propulsora de um importante questionamento para os adultos? Marque um X na alternativa correta:

a) Por que a pergunta inocente da criança chama a atenção para uma importante questão que nós já banalizamos e nem sequer refletimos mais sobre ela
b) Por que deveríamos pensar nas crianças como parâmetro do que é saudável para se assistir na televisão
c) Por que as crianças de hoje são mais maduras que muitos adultos, tendo, portanto, sérias considerações a serem ouvidas
d) Por que as crianças sabem se posicionar diante de programas adultos também, devendo ser consultadas nesse tipo de assunto.

ETAPA 4:

PROFESSOR: Explique para seus alunos que este texto é um artigo de opinião, no qual o autor defende uma ideia, denominada tese. Para isso, ele selecionou argumentos pertinentes à defesa de seu ponto de vista. Explique também que, toda vez que argumentamos, tentamos convencer nossos interlocutores sobre nossas ideias.

Avaliação
Propor que o aluno escreva um texto argumentativo, como o de Eugênio Bucci, sobre os reality shows. Para isso, eles precisam posicionar-se em relação ao tema e selecionar argumentos para defender seu ponto de vista. 
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