21/10/2009
Eliana Dias
Modalidade / Nível de Ensino | Componente Curricular | Tema |
---|---|---|
Ensino Fundamental Final | Língua Portuguesa | Língua oral e escrita: prática de escuta e de leitura de textos |
Educação de Jovens e Adultos - 2º ciclo | Língua Portuguesa | Linguagem escrita: leitura e produção de textos |
Ensino Médio | Língua Portuguesa | Produção, leitura, análise e reflexão sobre linguagens |
Educação Escolar Indígena | Línguas | Desenvolvimento da linguagem oral |
• Discutir questões relacionadas a fatos do casamento, como “perder a aliança” significa “infidelidade”;
• reconhecer os elementos constituintes das crônicas de humor;
• relacionar as diferenças entre texto e adaptação de texto para cinema.
• É importante que os alunos já tenham estudado as características da crônica, já que, durante a aula, isso será retomado.
• Atividade em grupo;
• apresentação de vídeo;
• dramatização.
AULA 1
ATIVIDADE 1
Para começar a aula, o professor deverá elencar no quadro as características das crônicas, de acordo com a fala dos alunos.
Importante: O professor deverá saber que a crônica, na maioria dos casos, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor. Isso faz com que a crônica apresente uma visão totalmente pessoal de um determinado assunto: a visão do cronista. Ao desenvolver seu estilo e ao selecionar as palavras que utiliza em seu texto, o cronista está transmitindo ao leitor a sua visão de mundo. Ele está, na verdade, expondo a sua forma pessoal de compreender os acontecimentos que o cercam. Geralmente, as crônicas apresentam linguagem simples, espontânea, situada entre a linguagem oral e a literária. Isso contribui também para que o leitor se identifique com o cronista, que acaba se tornando o porta-voz daquele que lê.
KONDER, Rodolfo. Sabor da Crônica, disponível em:
http://www2.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/cronicas/caracteristicas.htm
Em seguida, ele entregará cópia da crônica A aliança, de Luís Fernando Veríssimo e pedirá aos alunos que façam uma leitura silenciosa dela.
A aliança
Luis Fernando Veríssimo
Esta é uma história exemplar, só não está muito claro qual é o exemplo. De qualquer jeito, mantenha-a longe das crianças. Também não tem nada a ver com a crise brasileira, o apartheid, a situação na América Central ou no Oriente Médio ou a grande aventura do homem sobre a Terra. Situa-se no terreno mais baixo das pequenas aflições da classe média. Enfim. Aconteceu com um amigo meu. Fictício, claro.
Ele estava voltando para casa como fazia, com fidelidade rotineira, todos os dias à mesma hora. Um homem dos seus 40 anos, naquela idade em que já sabe que nunca será o dono de um cassino em Samarkand, com diamantes nos dentes, mas ainda pode esperar algumas surpresas da vida, como ganhar na loto ou furar-lhe um pneu. Furou-lhe um pneu. Com dificuldade ele encostou o carro no meio-fio e preparou-se para a batalha contra o macaco, não um dos grandes macacos que o desafiavam no jângal dos seus sonhos de infância, mas o macaco do seu carro tamanho médio, que provavelmente não funcionaria, resignação e reticências... Conseguiu fazer o macaco funcionar, ergueu o carro, trocou o pneu e já estava fechando o porta-malas quando a sua aliança escorregou pelo dedo sujo de óleo e caiu no chão. Ele deu um passo para pegar a aliança do asfalto, mas sem querer a chutou. A aliança bateu na roda de um carro que passava e voou para um bueiro. Onde desapareceu diante dos seus olhos, nos quais ele custou a acreditar. Limpou as mãos o melhor que pôde, entrou no carro e seguiu para casa. Começou a pensar no que diria para a mulher. Imaginou a cena. Ele entrando em casa e respondendo às perguntas da mulher antes de ela fazê-las.
— Você não sabe o que me aconteceu!
— O quê?
— Uma coisa incrível.
— O quê?
— Contando ninguém acredita.
— Conta!
— Você não nota nada de diferente em mim? Não está faltando nada?
— Não.
— Olhe.
E ele mostraria o dedo da aliança, sem a aliança.
— O que aconteceu?
E ele contaria. Tudo, exatamente como acontecera. O macaco. O óleo. A aliança no asfalto. O chute involuntário. E a aliança voando para o bueiro e desaparecendo.
— Que coisa - diria a mulher, calmamente.
— Não é difícil de acreditar?
— Não. É perfeitamente possível.
— Pois é. Eu...
— SEU CRETINO!
— Meu bem...
— Está me achando com cara de boba? De palhaça? Eu se i o que aconteceu co m essa aliança. Você tirou do dedo para namorar. É ou não é? Para fazer um programa. Chega em casa a esta hora e ainda tem a cara-de-pau de inventar uma história em que só um imbecil acreditaria.
— Mas, meu bem...
— Eu sei onde está essa aliança. Perdida no tapete felpudo de algum motel. Dentro do ralo de alguma banheira redonda. Seu sem-vergonha!
E ela sairia de casa, com as crianças, sem querer ouvir explicações. Ele chegou em casa sem dizer nada. Por que o atraso? Muito trânsito. Por que essa cara? Nada, nada. E, finalmente:
— Que fim levou a sua aliança? E ele disse:
— Tirei para namorar. Para fazer um programa. E perdi no motel. Pronto. Não tenho desculpas. Se você quiser encerrar nosso casamento agora, eu compreenderei.
Ela fez cara de choro. Depois correu para o quarto e bateu com a porta. Dez minutos depois reapareceu. Disse que aquilo significava uma crise no casamento deles, mas que eles, com bom-senso, a venceriam.
— O mais importante é que você não mentiu pra mim.
E foi tratar do jantar.
VERÍSSIMO, Luis Fernando. As mentiras que os homens contam. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2000. p. 37.
ATIVIDADE 2
Para essa atividade, o professor deverá entregar aos alunos uma ficha com alguns pontos a serem discutidos oralmente sobre o tema da crônica:
• A crônica inicia-se com “Esta é uma história exemplar, só não está muito claro qual é o exemplo”. Qual a relação desse trecho com todo o desenrolar da história?
• Em sua opinião, por que o marido pensou que a esposa não acreditaria no que realmente aconteceu? Que relação há entre esse fato e aquilo que é posto pela sociedade?
• Por que a atitude da esposa foi diferente nas duas situações: aquela em que o marido contou a verdade e a outra, que era inventada?
Para enriquecer a aula, o professor deverá fazer uma exposição rápida sobre o que é uma Crônica de Humor.
Importante: O professor deverá saber que a crônica de humor apresenta uma visão irônica ou cômica dos fatos em forma de um comentário, ou de um relato curto. Um exemplo interessante é «Sessão de Hipnotismo», de Fernando Sabino. É uma crônica muito próxima do conto. Procura basicamente o riso, com certo registro irônico dos costumes. Se o professor se interessar por conhecer a crônica para ilustrar a aula, pode acessá-la em:
http://www.jornaldebrasilia.com.br/impresso/noticia.php?IdNoticia=308045&edicao=1716
AULA 2
ATIVIDADE
O professor deverá iniciar a aula pedindo aos alunos que preparem uma leitura dramatizada da crônica “Aliança”. Para tanto, deverá organizá-los em grupos. Dar um tempo para ensaiarem e apresentarem. (Essa atividade poderá ser feita no pátio ou outro ambiente externo da escola).
AULA 3
ATIVIDADE 1
O professor conversará com os alunos sobre como eles imaginariam a crônica adaptada para o cinema. Nesse momento, é importante que toda a turma ouça a opinião dos colegas para que, depois de assistirem ao filme, possam verificar se suas opiniões confirmaram.
ATIVIDADE 2
O professor reproduz o vídeo para os alunos assistirem.
Vídeo disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=1HCvVXO-iGY
Depois de assistirem ao vídeo, o professor abrirá espaço para uma conversa com os alunos a respeito do filme: se suas expectativas foram ou não contempladas. Deverá também pedir aos alunos que escrevam um texto opinativo sobre suas impressões a respeito da adaptação da crônica.
Sugestões de leitura para o professor:
A Crônica, disponível em:
http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/794029
Acesso em 17/09/09
• Os alunos serão avaliados de acordo com sua participação nas atividades orais. É importante observar o envolvimento deles durante a realização das tarefas e se responderam as questões de acordo com o que elas solicitavam. Em relação à dramatização, é necessário observar a entonação, expressão corporal dos alunos em relação às falas das personagens. A atividade escrita também contribui para verificar se o aluno esteve atento ao vídeo.
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